49. Vamos sair: o combinado (parte 1)


*SUGIRO ASSISTIREM AO VIDEO PROMOCIONAL, POIS MOSTRA O AMBIENTE QUE ELES ESTARÃO.


O celular de Sophie vibrou naquela manhã como de costume, ela já sabia quem a mandava mensagem, uma certa mulher de cabelos platinados. Ela pegou o aparelho telefônico e começou a ler: "Bom dia, Lô! Nesses últimos dias nossas vidas foram corridas, você falou que algo aconteceu e que estava tendo aulas práticas de defesa e tiro com a Rainha do gelo. O que ocorreu? Vamos nos encontrar aqui em casa, não aceito um não como resposta! Separei seu vinho preferido"

Sophie riu com a mensagem da amiga, sabia que ela ficaria preocupada se soubesse o que de fato ocorreu, mas uma hora teria que contar. Era um dia tranquilo, então iria encontrar com a Elizabeth no início da tarde no seu apartamento.

Como de costume e ritualmente, fez a sua higienização matinal, tomou seu café da manhã, colocaria algumas roupas para lavar, pois passou dez dias seguidos na casa de Valquíria, ela sabia que durante esse tempo que passou na casa da morena, sua amiga iria querer saber os detalhes e se de fato aconteceu alguma coisa. Riu com o pensamento. Elizabeth sabia ser insistente quando queria.

Pegou seu notebook e passou a digitar algumas linhas para enviar a um periódico de medicina legal. Seu artigo abordava sobre os efeitos positivos da autópsia como método investigativo para saber o diagnóstico e causas da morte. Passou o resto da manhã entre algumas leituras e atualizações de seus trabalhos e artigos, verificando sempre a hora para não chegar atrasada na casa da amiga. Próximo ao iniciar de 13h20 se espreguiçou, tomou mais um outro banho e se arrumou para ir até a casa da outra.

Na recepção do prédio, Sophie esbarrou com uma ruiva que também aguardava o elevador, ela deu passagem para a outra entrar primeiro quando aquelas portas se abriram. Notaram que ambas iam para o mesmo andar, pois no andar delas, só possuíam dois apartamentos por andar.

- Me desculpe, não deixei de perceber que está indo para a cobertura, o Henrique se mudou? Ele é um antigo conhecido e como tenho estado trabalhando muito, estamos pouco nos falando. – Sophie encarava aquela jovem com ar de dúvida.

- Ah, não, ele não se mudou, inclusive chegou a pouco tempo de viagem. Eu estou passando algumas temporadas na casa dele. Me chamo Vivienne Lamartine. – Vivienne estirou a mão para apertar a da outra que reproduziu o mesmo gesto.

- Sophie Seyfried, eu sou amiga da vizinha do Henrique e acabei conhecendo ele na estrada. – a loira falou com um sorriso simpático.

- Ah, então você é atriz – continuou Vivienne – ou então advogada, ou as duas coisas. A Elizabeth costuma fazer muitas coisas ao mesmo tempo.

Sophie acabou por rir com aquele comentário.

- Não, longe de mim ser atriz ou advogada, sou patologista, estudo as causas da morte. Em suma, eu sou a legista chefe do departamento de polícia daqui do Estado. – explicou Sophie.

- Patologista, deve ser um trabalho e tanto, descobrir as causas e consequências daquela morte. Uma responsabilidade e tanto. Elizabeth possuí muitos amigos de diferentes áreas. - Vivienne acabou percebendo isso.

- Sim, uma das partes mais difícil, ainda continua sendo dar as noticias para os familiares. – Sophie relembrava das inúmeras vezes que tivera que explicar para os familiares a morte de seus entes queridos.

- Bom, chegamos no nosso andar, podemos conversar mais depois. – propôs a ruiva.

De repente, as duas portas, uma atrás de Vivienne e a outra atrás de Sophie se abriram, eram Elizabeth e Henrique.

- Sophie, pensei ter ouvido sua voz – dizia Elizabeth, - Henrique, você voltou de viagem, quando chegou, meu amigo? – foi até a porta cumprimentá-lo.

- Liz! – o homem saiu de seu local e abraçou a outra, depois se soltou para abraçar Sophie! – Sophie! Não acredito que as mulheres mais quentes estão no meu andar. – brincou. – Já conhecem outra mulher quente aqui? Sophie, essa é a Vivienne, minha velha amiga.

- Nós já nos conhecemos no elevador – explicou Sophie.

- Que maravilha! Não imaginava encontrar todas aqui, vocês estão ocupadas agora? – questionou ele querendo propor algo para todos elas.

Elizabeth acabou falando:

- Por que a gente não entra no meu apartamento e vamos conversar?

- Era exatamente isso que iria oferecer – explicou o rapaz.

- Por mim tudo bem, Vivienne, nos acompanha? – Sophie a convidou.

- Não quero atrapalhar vocês com a minha presença. – Vivienne falava a verdade, achava que poderia se sentir deslocada. Embora sempre vivesse nas festas do Alexander com pessoas do alto escalão, nunca se acostumava. Se sentia inferior a eles e deslocada.

- Vamos, Blues está com saudade de você – dizia Elizabeth, sorrindo de lado para a outra.

- Tudo bem! – o convite foi aceito pela ruiva que estava com certa relutância, ainda não tinha identificado com quais das irmãs estava diante, se com Bess ou Izzy.

Elizabeth pediu para todos ficarem a vontade, iria preparar alguma coisa para beberem e comerem. Vivienne adentrou na cozinha também, enquanto Sophie conversava animadamente com Henrique. Ambos estavam conversando quando o pequeno filhote chegou para fazer ainda mais festa.

As outras duas mulheres continuavam na cozinha e falavam baixo, de forma que ninguém conseguia ouvir; Vivienne indagava qual das gêmeas estava ali.

- Sou Izzy. – Elizabeth a olhou arqueando a sobrancelha. – O que foi, existe um problema? Não vai dizer que você tem preferencia pelas irmãs? – revirou os olhos enquanto batia vodka, limão e um pouco de leite condensado.

- Exatamente, tenho uma preferencia sim, afinal, você é a responsável pelas minhas noites não dormidas. – dizia em tom baixo para ninguém ali ouvi-las.

- Teve um dia que eu não fiz barulho nenhum e você ficou sem dormir, já disse, não tenho nada a ver com a sua falta de sono. Atualmente você tem dormido que percebi, então deixa de drama. Aqui prove essa bebida! – estirou um copo quando terminou de bater.

Vivienne rolou os olhos e provou.

- Está faltando umas folhas de hortelã, acredito que ficaria perfeito – devolveu o copo para a outra, informando que não iria beber.

- Hum.. hortelã, gostei, farei exatamente isso. – Elizabeth pegou o copo de volta e picotou todo o hortelã, colocando uma colher de café de hortelã picado, voltou a misturar tudo e deu para Vivienne experimentar.

- Agora sim, perfeito! Coloque só gelo a gosto, porém, nesse ponto está ótimo. – devolveu o copo para a outra, que retornou a beber.

- Tem um bom paladar. – disse por fim. – não me admira que venha junto com a língua afiada. – piscou a gêmea mais travessa ali.

Vivienne revirou os olhos.

Vivienne levava alguns frios, salame, queijos, amendoins, como degustação, enquanto Elizabeth levava a sua criação de limão a base de vodka. Ainda sobrou na geladeira e sabia que em breve isso terminaria.

- Então, qual o assunto que eu perdi? – dizia Elizabeth, se sentando.

- Sophie falando dos dias que passou com a detetive gelo! Aquela mulher é poderosa – retrucava Henrique.

- Hum.. então, um excelente assunto! Já que estamos todos aqui, poderíamos viajar todos nós, fazermos uma trilha! – propôs.

- A pé ou de carro? – inquiriu o outro para ver onde isso iria chegar.

- Qual é Henrique, pode ser 4x4, vamos ficar na minha casa de praia que temos no litoral norte, lá tem umas dunas maravilhosas e bancos de areia interessante, alguns períodos rochosos também. Claro, preciso trocar o meu carro para essa aventura. Mas podemos levar Blues, Sophie vai com a rainha do gelo, caso ela não tenha 4x4 conheço um pessoal para alugar. Henrique convide alguns de seus amigos e se a Vivienne quiser, levaremos a Kitty no meu carro, o que acham? Um momento só para nós nos atualizarmos e quem sabe, Sophie arranca o primeiro beijo dela na detetive. – Elizabeth riu e fez a outra rir ainda mais.

- Você não presta albina! – tomou um gole do seu drinque.

- Eu não aguento mais essa demora, quatro anos, gente, está pior do que capítulo de novela mexicana! – brincava a platinada. - O que me dizem?

- Concordo! – disse Henrique.

- Também concordo. – foi a vez de Sophie confirmar

- Tudo bem, acho que conseguimos ir. – Vivienne expressava certo grau de relutância na voz, ficar um final de semana com uma das irmãs Heinz? Qual iria e qual não iria? Esta era a sua grande dúvida.

- Vamos Sophie, conte para a gente o que se passou durante esses dez dias. – Henrique estava curioso. Elizabeth estava bebendo outro de seus drinques, sua expressão era de embriaguez.

- Vamos Lô, não me diga que dentre esses dez dias não rolou nada entre vocês, - a platinada revirou os olhos – estou desistindo desse casal, não sai nunca!

- Talvez... bom... talvez ela tenha algum motivo para não se envolver ainda. Algum segredo ou pode estar espantada de se ver encantada por uma mulher, o que foge de muitas coisas. – Vivienne que estava sentada em uma poltrona vermelha, segurando um copo de suco, ao invés de bebida, falava enquanto encolhia os ombros. "O que estou dizendo... eu nem mesmo sei o que quero dizer."

- Vocês dois são terríveis, ao menos Vivienne está aqui para ser a razão nessa desordem. – Sophie retomou a fala. – O que eu estava dizendo é que dentre esses dez dias fui chamada para ficar na casa dela. O que eu ainda não falei foi a razão de ter ido passar o tempo lá. O que direi aqui é estritamente confidencial. – enfatizou a legista – nos últimos tempos estivemos resolvendo um caso de um assassino de uma mulher homossexual no bar Prik, lembra Liz? - a outra confirmou que sim, enquanto Sophie voltou a contar. - Estávamos ficando sem tempo, não tínhamos arma do crime, o toxicológico dava negativo e sem suspeitos. Tudo parecia um verdadeiro caos, quando nossa segunda e terceira vítima foram encontradas com o mesmo modus operandi. É claro que refiz todos os exames e descobrimos as mesmas nuances da vítima número um.
"O que não contei como situação, era ser sequestrada pelo assassino. Foram momentos caóticos e de terror para mim, ainda não é fácil falar sobre isso. Foi graças a Valquíria que estou aqui contando a história para vocês. Ela me salvou. Depois do sequestro fiquei em observação no hospital da polícia, em nenhum momento ela saiu dali. A maioria de vocês devem saber que meus pais moram fora daqui do estado, não tenho mais parentes aqui, desde que voltei. Elizabeth deve lembrar que na época de faculdade, quando ainda morava aqui nos reuníamos para algumas festas e encontros. Foi nessas reuniões que conheci a albina. Quando terminei a universidade me mudei com meus pais para fora do estado e depois disso fui transferida a uns quatro anos atrás e desde então, minha família tem sido vocês e a Val."
"Como também sabem, os hospitais só dão informações para pessoas da família, Valquíria se passou por minha esposa e conseguiu o acesso para estar comigo no quarto, ela não saiu de lá até que eu recebesse alta."

- Por que você não nos avisou antes, Lô? – Elizabeth a interrompeu, estando agora preocupada.

- Não era necessário já que o pior passou. Em todo caso, estou contando agora bem e viva. – sorriu de lado para confortar a amiga. – Não se preocupe, já estou bem! – retomou o que falava – Nosso chefe nos deu 10 dias de recesso. Valquíria apenas pegou algumas roupas minhas e fomos direto para a sua casa. No primeiro dia ela pegou leve comigo, não iniciamos de imediato, mas ela quis aproveitar bem esses dias. Treinos de luta na parte da manhã e tiro a noite. Me mostrou os pontos certos para evitar um sequestro com um homem maior do que eu e as posições corretas do porte de arma. Ficamos em locais diferentes na hora de dormir até que eu tive pesadelos nos cinco dias que se seguiram, foi aí que ela mudou de quarto e passou a ficar comigo nessas noites. O que mais rolou foram conversas profundas pessoais, gestos carinhosos, companheirismo, ela me contou sobre o acidente aéreo com os pais; compreensão pelo meu atual estado frágil, em nenhum momento ela foi incompreensiva. Talvez não tenha rolado nada mais por mim e toda a situação pelo qual estava enfrentando, pois não me sentia segura. Após as aulas, algumas conversas, estou ficando melhor. Valquíria não quer que eu descarte uma visita ao psicanalista depois desse evento traumático. – Sophie finalizava sua fala ali.

- O que ocorreu com você, foi intenso, uma experiência de quase morte, é mais forte do que aparenta doutora – Vivienne a estava admirando.

- Só Sophie, não estou em meu horário de trabalho e todos somos conhecidos e amigos, não precisa de formalidades, Vivienne. Agora contem como todos acabaram se conhecendo, cidadezinha pequena essa. – sorriu por cada vez mais saber o quanto Nova Amsterdam tem surpresas.

A vez de falar um pouco do passando foi Vivienne e de como estava hospedada na casa de Henrique e Elizabeth a tentou beijá-la ocorrendo diversas brigas e por fim, um trabalho que conectava com a outra.

- Albina sempre foi assim, ela roubou meu beijo em uma brincadeira de verdade ou desafio – relembrava Sophie.

- Você também queria! Não coloque a culpa toda para cima de mim. – protestou, partindo em sinal de defesa. – Com Vivienne, foi até um momento não pensado, só aconteceu.

- Só aconteceu da sua parte, não é? – retrucou Vivienne.

O assunto mudou o rumo para a viagem que eles iriam fazer até o momento, pois precisavam saber os posicionamentos tanto de Kitty como de Val, as duas que não estavam ali naquele momento. Vivienne olhou a hora no relógio e achava que a irmã já teria desocupado de qual trabalho ela estivesse fazendo hoje, discou o número e contou o que estavam planejando. Kitty informou que aceitava ir numa boa, o único problema é que Melissa havia viajado e teria que passar algumas semanas com o Archie. Ela falou para os outros a situação da irmã e do pequeno Archie.

- Não tem problema, a Blues vai também e será ótimo para ela socializar com um cãozinho maravilhoso e calmo como o Archie. Vocês vão comigo ou Kitty com Henrique, não tem problema – dizia Izzy, pois Vivienne já sabia qual a irmã estava falando.

- Pronto, a Elizabeth disse que não tinha problema, você pode trazer o Archie para cá. Te vejo mais tarde, hrum, ta beijo! – desligou o telefone. Vivienne acabara de desligar o telefone dizendo que estava tudo certo.

- Pronto, agora só falta a Rainha do Gelo, Sophie, por que não tenta ligar para ela? – sugeriu Henrique.

- Também acho que ela esteja livre agora. Vamos tentar. – Sophie ligou a primeira vez e caiu na caixa postal, iria tentar só mais uma vez até que a outra atendeu. Ela explicou tudo o que estava ocorrendo, quais amigos iriam, como seria e só pode escutar um: "Sophie, sabe que não tenho uma habilidade social agradável e se seus amigos não entenderem?". O tom preocupado era genuíno em sua voz, um mini sorriso brotou nos lábios da legista, de fato Valquíria tinha baixa habilidade social, muitas vezes só apresentava esse lado frágil e vulnerável para Sophie, afinal se os homens do departamento soubessem, engoliriam a detetive viva. Tudo era assim, bastava um pequeno deslize para aqueles machistas caçoarem e dizer que a mulher não deveria estar em um departamento de polícia. Valquíria dava duro para aquele emprego, respirando 99,99% trabalho.

- Eu estarei lá... – tudo o que Sophie disse foi isso. – Nosso chefe ainda nos deve dias de folgas. - Tudo que Sophie escutou da outra linha foi um "Está bem, eu irei. Pego você no dia para irmos. Aquele seu Nissan baixo, não aguentará para onde vamos. Então, tomarei conta disso, depois nos falamos, tchau.". Ambas se despediram e estava tudo certo. Agora era arrumar as coisas para poderem ir no final de semana.

- Eu tenho um amigo empresário que aluga carros, se a sua amiga precisar de um 4x4, Sophie. – dizia Henrique. – A casa de praia da Liz fica depois de uns bancos de areia e dunas, é mais rápido fazer um off-road do que seguirmos pela estrada.

- Me manda o contato dele pelo Telegram que irei encaminhar para ela. – Henrique pegou seu celular, um iPhone de última geração, e enviou o contato para a amiga. – Ótimo, acabei de encaminhar para a Val.

- Bom, então eu preciso trocar meu carro, vou em uma concessionária ainda hoje. Aliás, vocês podem ficar a vontade que venho logo. – dizia Elizabeth

- É, dê o seu carro de entrada, uma das coisas que não consigo entender de pessoas poderosas é fazer coleção de carros, entendo ter um carro e uma moto, é bem prático. Porém, para quê deixar essas coisas paradas se estragando. – Henrique terminava sua bebida.

- Eu prefiro fazer uma rotatividade! – concordava Elizabeth que pegava as chaves e tirava de uma gaveta de mogno escuro os documentos do carro. – Vou naquela loja que conhecemos, Henrique, podem ficar a vontade.

Elizabeth saiu de casa e ligava para a Bess, contando e atualizando a situação e que iria trocar de carro.

- Hum.. mas é esse final de semana, esqueceu que fomos convidadas para dar aula em uma universidade, será uma turma de pós-graduação. – dizia Bess do outro lado da linha.

- Mas que droga! Esqueci totalmente. Vamos fazer assim, Você viaja com eles a primeira noite que será essa sexta-feira. Eu termino o slide das aulas e a gente destroca – sugeriu a irmã. – O Archie estará lá, então ele vai saber quando é você e quando sou eu. Normalmente você sempre fala com ele primeiro. Sem falar que ele irá hoje para a casa do Henrique, precisamos destrocar hoje, pode ser?

- Certo, traga o novo carro para cá e deixa a aula comigo, já estou imersa no assunto. Quando sair da universidade passo em casa para destrocarmos. – Falou a irmã mais velha analisando toda a situação.

- Tudo bem, se está de acordo. Você quer escolher o carro, dessa vez? Afinal, esse fui eu que escolhi e eu sei que não é muito fã. – Riu a irmã.

- Ora, ora, ora, você está bem certa. Eu prefiro os 4x4, você sabe. Se vamos fazer um pouco de trilha e poeira, compre um Wrangler... Andei assistindo a nova atualização dele e os eixos articuláveis para escalar caminhos rochosos está incrível, sem falar que a tração no modo auto está dando conta de qualquer desafio. A nova geração da Wrangler Rubicon de quatro portas está incrível! – falava com entusiasmo na voz.

- Começou com os carros estilo tratores! Tudo bem, Tudo bem, eu irei mostrar para você e se está do seu gosto. – falava a irmã entrando no carro – Não entendo qual é o problema do meu estilo de carros.

- É a minha vez, te amo maninha, agora preciso ir e terminar os assuntos, te vejo mais tarde.

- Também te amo, vejo você depois.

A noite chegou e com ela todos os outros integrantes que faltavam, Valquíria havia estacionado na vaga de visitantes, ela parecia ter um gosto parecido com o de Bess, pois comprou um Jeep Rubicon Recon branco de duas portas para fazerem a viagem:

A detetive falou com todos, desejando boa noite, sabia que Sophie iria beber o famoso vinho que a sua amiga havia prometido e resolveu busca-la para não ir com nenhum estranho em um carro desconhecido. Embora, Sophie informasse que Elizabeth ou alguém ali iria deixa-la em casa. Mesmo assim, a detetive preferia pegá-la pessoalmente.

Todos conversaram um pouco mais, até Sophie perceber como estava o processo de cicatrização da outra. Lembrava que a algumas semanas atrás tinha suturado o ferimento da detetive. Valquíria sabia para onde ela estava olhando e disse que estava tudo bem, já havia curado rapidamente.

- Ficou cicatriz, eu avisei que ficaria. – alertou a legista um pouco lenta.

- É uma boa lembrança, – Valquíria falou e Sophie ficou sem entender. Fazendo a outra completar – pois foi você que suturou.

A conversa agora tinha tomado rumo sobre o carro do Henrique.

Ele estava com um carro distinto na sua garagem, as mulheres admiravam o designe distinto, também era um 4x4. Henrique já havia ajeitado o seu carro para as trilhas, colocando um snorkel para impedir a entrada de água no motor em trechos alagados e adaptado os pneus. Era um compacto Tac Stark preto.

E para finalizar, Elizabeth trocou de carro, comprando um Jeep Wrangler Rubicon preto quatro portas, parecido com o de Valquíria, com capota e portas removível e teto desmontável para aqueles amantes do vento no rosto e que gostam de ficar próximo a natureza, com acessórios extras de "para-barros" devido aos desafios que iriam enfrentar em uma pista off-road; estribos laterais.

O Jeep Wrangler Rubicon da Elizabeth, tinha um motor 2.0 turbo 4x4, com quatro cilindros, era econômico sem diminuir a potência; com câmbio automático e oito velocidades; rodas com aro 18; O sistema de tração nas quatro rodas com uma caixa de transferência 4Wd Caixa de transferência. Bess e Izzy haviam destrocado, e a gêmea mais velha subia no elevador. Ela voltou para casa e encontrou Sophie, conversando com Henrique, Kitty, Vivienne e Valquíria, enquanto Archie e Blues brincavam de pega-pega. Foi uma cena calorosa que a fez sorrir. Ela trazia em mãos as novas papeladas do carro e guardou no mesmo lugar.

- Olha quem voltou, a senhorita de carro novo! – Henrique Brincava.

– Lizzy tem mais bebida? – quis saber a legista – estou esperando o meu vinho.

- Vou pegar e Kitty, detetive Van Dahl o que desejaria? – indagou a Elizabeth, ajeitando as mangas da camisa xadrez para ir até a cozinha após o pedido das mulheres.

- Liz, qualquer coisa para mim está bom – dizia Kitty – ah, obrigada por nos convidarem. – Kitty estava sentada no sofá, ao lado de Henrique.

- Eu não irei beber hoje, e pode me chamar de Valquíria. Aceito apenas uma água tônica. – Valquíria queria se manter sóbria para levar Sophie em segurança para casa.

- Não agradeça, acho que todos estamos precisando. – Bess se dirigia para a cozinha. Vivienne a observou e ela fez de volta, parecia que a ruiva sempre procurava algo nos olhos das gêmeas.

Enquanto isso, Vivienne recolhia os copos para levar até a pia e saber quem era que estava na cozinha.

- Eu trouxe os copos... – falava a ruiva mais nova.

- Deixa na pia, logo mais eu lavo.

A ruiva esperava algum movimento que a outra fizesse para entregar qual a gêmea que havia voltado. Ela colocou os copos na pia e resolveu lavá-los. Bess pediu licença e tocou na cintura da outra, fazendo Vivienne sentir um pequeno calor dentro de si, ela sussurrou:

- Bess... – Elizabeth não tinha dado nenhuma bandeira de que era ela, os braços estavam cobertos, pegava as coisas com ambas as mãos, ela queria testar a ruiva. A outra sussurrou em seu ouvido, enquanto pegava algumas taças e copos limpos.

- Como soube dessa vez? – respondeu sussurrando para ninguém escutar ou perceber.

- Eu não soube... apenas senti que era você. – confessou a mais nova.

- Izzy disse que você havia ficado na dúvida com ela. – disse por fim até se afastar - Mas, acho que está sabendo reconhecer quando sou eu. – sorriu de lado.

- Ei meninas, a dra. Sophie quer saber quando vão servir o vinho que prometeram para ela. – Kitty chegou de supetão assustando Vivienne. – E eu estou curiosa para saber qual é.

- Logo irei levar, obrigada por avisar, Kitty. – a irmã da ruiva saiu e Elizabeth acalmou a outra. – fique tranquila, nós já estamos acostumadas. Só aja como sempre. Eu vou levar o vinho para a Sophie ou ela me matará. – tocou no braço da outra e depois soltou, seguindo para a sala.

A noite chegou e Sophie estava um pouco embriagada. Adorava mesmo aquele vinho, Valquíria segurava a legista firmemente pela cintura. Seu Nissan sentra vermelho ficaria guardado na garagem de Elizabeth na parte de visitantes. Kitty e Henrique voltaram para o apartamento do outro para tomarem um banho frio e tirar a sensação de embriaguez. Archie e Blues passariam a noite juntos, Elizabeth pediu para deixar o mais velho lá, seria bom para Blues se acostumar com outros cães. Ela ligou o home theater, plugando através do bluetooth do seu celular. Naquele momento as músicas eram instrumentais, deixando leve o ambiente.

As duas mulheres, a ruiva mais nova e a gêmea alguns minutos mais velha estavam juntas. Elizabeth acabara de fazer um café cremoso, uma de suas especialidades, adicionou chocolate em pó meio amargo e levou para a outra.

- Aqui – entregou para a mais nova –, pensei em fazer algo especial para você.

Vivienne provou.

- Hum... está uma delícia. Não sabia que era quase uma chef – brincou com a outra.

- Ainda tenho alguns truques na manga. – Sentou no sofá perto da outra. – Preciso falar para você o que conversei com a Izzy e a viagem que faremos.

- Hrum, como será? – Vivienne fez o mesmo gesto que a outra e sentou no sofá.

- Eu vou ficar a primeira noite, porém, preciso voltar cedo para dar aula em uma universidade, será quase o sábado todo e não terei condições de voltar. É uma longa viagem e estradas estreitas, já que teria que pegar a auto estrada e não fazer o percurso que vamos fazer para ir. É mais perto, porém, voltar a noite por ele, é perigoso e também dirigir cansado não é prudente. Izzy estará mais descansada, então ela irá voltar e ficará o resto da noite do sábado e provavelmente o domingo. Você voltará com ela ao que parece. – explicava a mais velha. – Na nossa casa, há um casal de amigas que tomam conta de lá. Não gostamos de deixar nossos imóveis solitários, principalmente pelo tamanho de terra. Tudo que você precisar ou qualquer um deles, basta falar com a Carole e a Ruby.

- Tudo bem, eu entendi. Mas, não poderia fazer o inverso? Você dormir as duas outras noites e Izzy a primeira? – a ruiva mordia os lábios, um gesto que não passou despercebido pela outra que acabou achando fofo.

- Debatemos sobre isso e faríamos a troca assim, Izzy até preferia. Ela disse que vocês não estão se dando tão bem ainda – deu um riso – contudo, o Archie é muito apegado a mim, ele me reconhece e preciso deixar tudo direitinho para a Blues e ele no primeiro dia, junto com os outros cães da casa. Além disso, a aula sou eu que estava organizando, ela teria que rever meu material, então é um tanto descabido. – Bess colocou uma mecha teimosa de Vivienne que caía para frente, atrás da orelha da outra, admirava o pequeno nariz, os olhos intensos, a boca carnuda, recolheu seu braço lentamente, pois não queria quebrar aquela aproximação, nem deixar nada estranho entre elas.

- Compreendo, já que não tem outro jeito. – A mais nova tomou seu café cremoso. 

- É tão difícil ficar comigo? – inquiriu a outra e depois refez a pergunta – quis dizer, com a minha irmã?

- Ela só desperta uma raiva incontrolável. – riu um pouco. – Acho que não tivemos uma boa introdução.

- Talvez seja o momento de fazerem amizades, eu conversarei com ela. – prometeu a outra.

- Acho que com você é mais fácil de manter um diálogo. – confessou a ruiva.

- Não se esqueça, a mesma pessoa que posso ser, ela também pode. Dê uma chance para ela... – deu uma piscadela.

Algumas batidas soaram na porta, era Kitty, avisando que iria sair, pois tinha um encontro. Vivienne informou que eles sairiam cedo amanhã. Ela disse que estaria de volta logo. A música que sempre tocava ao fundo começou a mudar:

Tell me somithing,

girl are you happy in this modern world?

Or do you need more?

Is there something else you're

searching for?

I'm falling in all the good times

I find myself longing for change

And in the bad times I fear myself.

Aquela melodia acalentava e abraçava Vivienne que seguiu em direção a varanda fitar a noite. Elizabeth a encarava encostada na porta de correr com os braços cruzados. Ela se aproximou mais da ruiva sem fazer muito barulho e sussurrou uma frase da canção "do you need more?" Vivienne refletiu sobre isso, ela precisava de mais ou estava satisfeita?

Era a segunda vez que ouvia essa mesma música com Bess ao seu lado, o que de fato queria dizer? Era coincidência? Um alerta? Shallow era uma canção maravilhosa, falava de mudanças, profundidade, de cansaço. Parecia sempre que a cantora estava em um diálogo com outra pessoa indagando se ela era feliz, se isso bastava ou havia a necessidade de mais. Questionava ela se estava cansada de tentar preencher esse vazio se a vida que deixou para trás estava boa ou se ela queria e ansiava por mudanças. Vivienne pegava-se sempre reflexiva com essa música, talvez durante toda sua vida ela esteve no raso e por isso foi machucada e ferida. Havia um trecho da música que despertava ainda mais a atenção "Where they can't hurt us; We're far from the shallow now" está longe da superfície era seguro, ficar longe do raso iria proteger Vivienne. Então ela se perguntava, como poderia ir para longe da superfície?

Elizabeth estava atrás de si, um arrepiou percorreu o seu corpo, os olhos mais intensos que já vira estavam fitando curiosamente os seus. "Essa seria a profundidade? A parte distante da superfície?" Não saberia dizer naquela noite, mas com toda certeza a atmosfera daquele lugar, estava diferente só com elas duas, a ruiva já havia percebido que quando era a outra gêmea, a atmosfera sempre mudava, uma força magnética conectava ambas. Estavam perdidamente focadas uma na outra quando o terceiro toque do celular a despertaram.

- Oi, H²... – dizia Vivienne tímida, como se tivesse sido pega por alguma coisa que fez de errado.

- Vem, vamos ajeitar nossas coisas, ruiva. Estou bem animado para ir – o amigo parecia ter colocado um som alto, pois ela conseguia ouvir mais a música do que o que ele dizia.

- Tudo bem, estou indo aí – Vivienne falou por fim, antes de desligar. – O H² quer arrumar as coisas, está animado demais e precisa de mim. – Vivienne dizia fitando a Bess, mas se se afastar dali.

- Ah, claro – a platinada parecia um tanto triste por esse ocorrido. – Eu posso entender. Farei a mesma coisa aqui. Você quer ficar com a Blues?

- Não, não, tudo bem... ela está com o Archie, como você disse, será bom para ela está em contato com outros cães para socializar. Depois você prometeu me ensinar uns comandos, lembra? – tentou quebrar aquele magnetismo e clima intenso que tornou-se costumeiro se formar quando ambas estavam a sós.

- Claro, não iria esquecer disso. Faremos isso. – Elizabeth acompanhou Vivienne até a porta e desejou-lhe boa noite. Vivienne a abraçou e por um momento aquele abraço pareceu longo demais e apertado demais, Lizz sentia o seu cheiro, apertou a cintura da outra, quase a fazendo-a erguer, percebendo o quanto desejava aquela proximidade, ela foi a primeira a se afastar. – A gente se vê amanhã. – Soltou rapidamente a outra. E cada uma foi para sua residência fechando a porta.

Mas ali, encostada a porta fechada atrás de si, Vivienne soltou um suspiro, seu coração parecia palpitar e sua respiração parecia descompassada: "o que está acontecendo comigo?"

- Vih, é você? Vem, vamos arrumar tudo. – dizia H² de onde estava.

- Estou indo, Henrique. – falou a ruiva.


25 de fevereiro de 2018

Shallow – version Floor Jansen – disponível em: &list=PL8iSYWeQhlilDPohfKzmFC_wdTOllD3jh&index=1

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