41. Caso Jéssica
**obs: contém cenas fortes**
A manhã chegou, Valquíria e Sophie chegaram ao mesmo tempo, elas se cumprimentaram e a detetive entregou o café que comprou para a outra, abrindo logo em seguida a porta do departamento. A loira agradeceu e passou por ela. O dia no departamento ocorreu "tranquilo" quando Valquíria se dirigiu para a sala de Sophie, ela bateu na porta da legista e a outra a mandou entrar.
- Queria mesmo falar com você. Não tenho boas notícias. Nenhuma das frequências dos alelos corresponde com o DNA isolado na tábua.
- Não temos nada? – Van Dahl a fitava novamente.
- Não.
- Detetive Van Dahl – corria um policial procurando por ela desesperadamente. – Detetive Van Dahl
- Aqui! - informou ela.
- Encontramos outra vítima, elas foram arremessadas pelo que falaram e parou no campo de esportes dos oficiais.
A primeira vítima uma mulher, jovem de trinta e dois anos, casada com uma mulher, a equipe de investigação com os documentos encontrados viram que ambas eram casadas. As mulheres foram conduzida para a sala da Doutora Seyfried que fez o mesmo procedimento de Jéssica Lins. Sophie averiguou que as esposas, Samanta Buarque e Simone Carla haviam estado na noite anterior no Prik bar, eram as noivas que haviam casado, no qual Valquíria tinha se apresentado.
A hora da morte foi correspondida com a de Jéssica Lins, possuía os mesmos versos bíblicos, as mesmas escoriações, o alvejante que limpou a pele, tudo estava exatamente igual, até mesmo a outra arma do crime. A legisla e a detetive estavam diante de um mesmo assassino.
- Tudo está apontando para um crime de ódio, Sophie – disse a detetive. - Você fez o exame de toxicológico nas duas?
- Sim, a mesma coisa da primeira vítima, negativo. Não havia nenhum sinal de veneno ou qualquer substância no corpo.
- Estou começando a pensar que não seja algo detectável no sangue. – falou a detetive. - Precisamos nos apressar ou teremos mais alguma outra vítima, Sophie.
Valquíria estava começando a ficar preocupada, o modus operandi era o mesmo, mas as vítimas não seguiam um padrão de esteriotipo, com exceção de que eram homossexuais. – Eu vou voltar para o bar e ver o que descubro, Sophie.
Valquíria voltou para aquele local, Raquel carregava algumas caixas de bebidas para repor o balcão. Valquíria queria saber o que ela sabia sobre as vítimas de ontem. Enquanto ela estava arrumando as garrafas de Vodka, mimosas, absolut e outros tipos de bebidas.
- O que sabe sobre as duas vítimas que segundo suas pulseiras estavam ontem no seu bar?
- Elas eram clientes frequentes da casa, detetive – dizia Raquel com pesar – sempre estavam juntas, eram um casal que aparentava estar bem. Aquele casal que você se apresentou no bolinho que preparamos e tudo, se conheceram aqui, pois é, nesse bar já aconteceu de muitas pessoas encontrarem a sua cara metade, de haver realizações de pedido de casamento. E agora está ocorrendo isso. – Raquel expressava preocupação.
- Não suspeitou de ninguém?
- Hum... não. – disse pausadamente – bom, pode não ser nada, mas a mesma pessoa que importunou a doutora Seyfried no dia que vocês estavam aqui, importunou o casal.
- Sabe dizer como era essa pessoa e se ela teve o encontro com a Jéssica Lins?
- Agora que você tocou no assunto, sim... estava.
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Sophie havia terminado seu trabalho, caminhava pé ante pé para o estacionamento do departamento, onde só restava poucos carros ali. Tudo estava um breu, o trabalho daqueles dois corpos levara muito tempo. Enquanto ela caminhava, resolveu ligar para Valquíria, deixou chamar e estava caindo na caixa postal.
- Val, sou eu, Sophie. Estou saindo agora do departamento para ir para casa. Não te vi mais desde que foi para o bar, então se tiver mais alguma notícia sobre o caso e desejar passar lá em casa estarei esperando. Me avi.. – Sophie sentiu apenas duas mãos tapando a sua boca. Ela emitiu alguns grunhidos para a detetive conseguir localizá-la.
- Fique quietinha... – foi o que aquela voz falou e Sophie foi desmaiando ali mesmo.
Valquíria colhia os dados visuais do que Raquel estava falando e não prestou atenção no celular. Ao final do retrato falado que ela mesma teve que fazer, mostrou para a Raquel que conseguiu reconhecer a pessoa. Enviou um fax para o departamento de polícia para fazerem um escâner de reconhecimento facial. Após desligar o telefone, percebeu que havia uma mensagem de voz de Sophie. Ela apertou para escutar
"Val, sou eu, Sophie. Estou saindo agora do departamento para ir para casa. Não te vi mais desde que foi para o bar, então se tiver mais alguma notícia sobre o caso e desejar passar lá em casa estarei esperando. Me avi.. – grunhidos indecifráveis e - Fique quietinha"
Valquíria apertou o celular com tanta força que os nós dos dedos estavam esbranquiçados, o assassino havia pego a Sophie. Ela seguiu em disparada para o departamento de polícia após enviar o áudio de Sophie para ser analisado pela equipe, assim poderia isolar o fragmento de voz do suspeito.
O alarme já havia sido feito no departamento, todos estavam alvoroçados para encontrar o assassino, qualquer minuto que se passava era um minuto a menos para encontrar Sophie. Valquíria trocava de roupa, colocava um colete a prova de balas, as calças do uniforme e coturnos pretos. Seu coldre estava guardado na cintura.
- E então, alguma notícia? – inquiriu para o patrulheiro que estava isolando o áudio.
- A voz era feminina. Jovem, estava na casa dos 30 anos.
- Excelente, procuramos uma jovem com aproximadamente 30 anos e quanto ao retrato facial que a Raquel falou, nosso banco de dados encontrou algo?
- O rosto foi compatível com Alexia Carneiro, vive na rua Abel Montenegro, bairro de nova Hallen Amsterdam.
- Ok pessoal! Vamos lá!
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Sophie não sabia onde estava ou o que estava acontecendo, mas quando acordou seus pés e mãos estavam amarrados. Sua roupa havia sido quase completamente tirada, restando ali, o seu sutiã e a calcinha. Parecia que aquele local era algum lugar subterrâneo. A única luz que havia estava sobre sua cabeça e impedia de ver qualquer coisa a sua frente. Ela estava com medo, horrorizada, como alguém conseguiria a encontrar naquele local que nem mesmo ela saberia dizer onde estava?
Uma voz falou naquele recinto, era um homem, seguido por uma mulher:
- Você não deve fazer ideia da razão de estar aqui hoje, não é minha jovem? – dizia a voz masculina.
- Mas não precisa temer, hoje é seu dia de sorte. – agora o lugar dava voz a uma mulher. – você foi a escolhida, sairá dessa vida de pecado e poderá descansar em paz!
Quando ambos aproximaram-se da luz, estavam encapuzados.
- Quem são vocês e o que querem, por que estão fazendo isso?
- Nós somos os escolhidos de Deus para realizar o processo da purificação. Andamos vendo a cada tempo que passa como a humanidade está se transformando, em uma verdadeira escoria, você não sabia disso? Mas eles não possuem culpa, foram apenas fracos demais. E nós somos os escolhidos para libertá-los dessa vida - ela informa sobre a água benta para fazer parte desse processo de purificação. - Logo você estará liberta minha jovem!
- O que vocês fazem é totalmente ilegal, é um homicídio, um crime de ódio contra as pessoas! – gritava Sophie, rubra de raiva, de medo, de horror.
- Homicídio? Mas nós apenas libertamos essas pobres almas. Agora chega de falar minha jovem. – eles aplicaram um tranquilizante em Sophie que aos poucos foi apagando.
- Iremos agora começar o tratamento de purificação, vamos lavar o corpo dela meticulosamente.
Valquíria foi uma das primeiras a chegar na casa informada, estava escuro. Bateu na porta uma vez, duas vezes... girou a maçaneta e nada. Girou os calcanhares para olhar a casa, "Aguente firme Sophie" pensava ela com a arma na mão. Mais algumas viaturas estavam chegando e se aproximando. O reforço estava se acumulando nos fundos da casa. Van Dahl tentou a porta dos fundos e novamente a porta estava trancada, apontou a arma para a moldura da porta e disparou dois tiros com o silenciador, chutou duas vezes a porta e a madeira se partiu.
Fez sinal para dois dos homens a seguirem, eles correram agachados, a cada cômodo revistado falavam "limpo". A sala, os banheiros, cozinha, quartos, tudo estava limpo, não havia ninguém. Estavam na casa errada? Era a suspeita errada? Não, era ali, Van Dahl sabia, sentia que Sophie estava ali. Alguns policiais estavam saindo, se comunicando pelo rádio. Algo estava muito errado.
Valquíria se encostou na ilha da cozinha, ficando inclinada e levando as mãos até a cabeça, olhando para frente.
- Sophie, cadê você? – suspirou.
Havia uma pequena fresta por trás de uma cortina, algo mínimo que somente naquela posição poderia ser visto. Valquíria se aproximou, fez força e puxou uma espécie de fundo falso dali e por trás havia uma porta que havia luz. Sim, havia luz. Ela retirou alguns grampos e tentou abrir de forma silenciosa. Desceu lentamente degrau por degrau até encontrar a sua frente um corpo com pés e tornozelos amarrados. Duas pessoas estavam ali e uma delas preparava uma seringa.
- Polícia, parados! – dizia Valquíria pedindo para aquelas pessoas afastarem do corpo. – Coloquem as mãos na cabeça e deitem no chão.
Eles estavam fazendo lentamente tudo o que a detetive falava e ela bradou raivosa um "AGORA!" extremamente exigente. A mulher seminua era Sophie. Valquíria falou pelo rádio informando que havia encontrado e deveriam descer. Antes dos policiais chegarem, ela encontrou um tipo de manta e cobriu a amiga.
Verificou o pulso de Sophie, estava fraco, mas aparente. Os policiais prenderam o homem de 50 anos, um ex-bispo.
- Vocês estão presos pelo assassinato de Jéssica Lins, Samanta Buarque e Simone Carla, além de do sequestro e tentativa de homicídio contra a doutora Seyfried. Vocês tem o direito de permanecerem calados, tudo o que vocês disserem poderá e será usado contra você no tribunal, vocês tem o direito a assistência da família e de um advogado, conforme o artigo 5º inciso LXIII da nossa Constituição Federal.
Enquanto, a jovem era a filha dele. Eles haviam assumido que mataram as três mulheres anteriormente, colocaram fentanil e misturaram com água para não ser detectado. Introduziram um console, pois fazia parte de um velho ritual de purificação. Assim as almas das outras mulheres estariam salvas. O homem e a filha foram presos.
Sophie foi levada para o hospital, porém sua situação não era grave, apenas estava com calmantes na corrente sanguínea e logo mais pararia de fazer efeito e poderia ter alta. Contudo, os médicos do Hospital Central de Nova Amsterdam desejava que ela passasse a noite ali para poderem observá-la. Valquíria não saiu dali por nenhum momento. Os pais de Sophie eram divorciados e nenhum deles morava no estado, praticamente ela estava sozinha ali, assim, a detetive se passou por esposa da vítima com uma documentação falsa feita rapidamente com a ajuda de um editor de imagens para acrescentar o Seyfried em seu nome. Assim, ela estava observando a doutora dormir calmamente.
Quando a madrugada chegou, Sophie acordou assustada e Valquíria a acalmou, disse que estava tudo bem e que estava segura, era um hospital e ninguém iria fazer nada com ela.
- Sou eu, Sophie. – a detetive falava de forma baixa, acariciando os cabelos loiros da outra que aos poucos se acalmou e voltou a dormir.
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No outro dia, Sophie já encontrava-se em casa com Valquíria, ela havia tido alta e assim regressou, iriam comer para poderem voltar a trabalhar. Nenhuma das duas queria parar, Sophie não deixaria o medo lhe dominar, eram alguns ossos do ofício. Enquanto a loira estava um pouco deitada em sua cama, Valquíria recebia a ligação do chefe do departamento informando que ambas estavam de parabéns e receberiam algum tempo de folga para Sophie se recuperar. O caso, foi encerrado com sucesso e ambas haviam solucionado com maestria aquele crime de ódio horrendo. Ela agradeceu e desligou o telefone.
- Era o chefe, mandou melhoras, parabéns e estamos agora de folga até sua recuperação. – disse a morena quando deitou do lado da outra na cama. – O que você precisa?
- Conseguimos resolver o caso, mas infelizmente, não conseguimos fazer com que as pessoas entendam que temos o direito de amar quem quisermos e cabe ao outro ter respeito por isso. – suspirou Sophie. – o que eu preciso? Com um mundo assim, acho que só de uma taça de vinho para ficar tudo mais palatável.
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Final do capítulo
Olá pessoal, estamos de volta e o que acharam desse capítulo?
Cenas mais fortes e intrigantes e princiipalmente, ainda acontecem, o nível de crime de ódio
ainda há. Assim, é um capítulo reflexivo para todos nós, independente de sexualidade, etnia e etc. Todos nós temos o direito a liberdade e escolhas, principalmente, respeito.
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