35. Que tipo de mulher você gosta?
Ambas se encontraram na cozinha, Sophie com seu habitual short jeans acima do meio das coxas e uma camisa folgada regata verde. Logo atrás, saía Valquíria, com shorts pretos no meio das coxas e uma camisa babylook também preta. Colocava o notebook de Jessica na ilha.
- Obrigada pelas roupas. – apontou para si, precisamente para as peças de roupas.
- Não se preocupe. – Seyfried engoliu em seco ao ver as coxas torneadas da morena e voltou a se concentrar no que estava fazendo.
- Preciso que assuma e crie um perfil para mim, eu termino de por a mesa. - a detetive indicou para Sophie criar o perfil dela. A outra acabou por não protestar.
Sophie sentou no local que a outra estava anteriormente e entrou no site: "Soparaelas.com". Ela começava a cadastrar coisas falsas sobre a detetive, como nome falso, o único nome que Sophie acabou lembrando foi: Safira Padilha, deixou a idade próxima a da vítima e havia algumas questões como: "Qual tipo de estilo você se define? " as opções eram: (a) feminina (b) masculina (c) andrógino (d) esportista (e) dyke (f) caminhoneira e outras". Sophie arqueou uma sobrancelha, o que fez Valquíria questionar: qual era o problema.
- O site quer que eu coloque você em algumas dessas categorias, é como se pudessem classificar as pessoas. Acho isso um pouco desnecessário. – Sophie parecia indignada ao apontar para a tela do notebook.
- Qual foi a opção que Jéssica Lins escolheu? - Valquíria agora estava atrás de Sophie, inclinada com um braço do lado esquerdo da bancada, olhando por sobre o ombro da legista. Tendo seus rostos bem próximos.
Sophie suspirou com essa aproximação, podia sentir o cheiro do perfume da outra. Outra vez engoliu em seco.
- Ela selecionou esportista. – tentou voltar a se concentrar.
- Esportista? Hum... tudo bem, vamos ao estilo à paisana - rio minimamente. O que fez a legista rir com a sua forma descontraída que ninguém via no departamento.
Elas comeram pasta com camarão e molho de queijo branco, algo que ambas amavam e foram para a sala degustar um bom vinho. Sophie levou novamente o notebook, terminava de preencher os últimos detalhes e apertou "cadastrar". Finalizou e colocou o notebook na mesinha da sala.
- Pronto. - disse Sophie - Cadastrada! Agora só precisamos esperar.
Valquíria foi até a cozinha e colocou os dois pedaços de torta para ambas como sobremesa, voltou e entregou para a outra e apenas confirmou que sim com a cabeça.
- Certo. No dia irei querer que se disfarce também, pode ser de funcionária do estabelecimento, a atendente garantiu que se você aceitar estará tudo bem. Você topa? - a detetive sentou no sofa.
- É claro que sim, você sabe que adoro quando me coloca nas missões. Vou poder usar a escuta? – Sophie falava ansiosa, adorava essas boas oportunidades. De fato pareciam como parceiras, pois ambas ajudavam a outra em suas atividades quando cabiam a elas.
- Claro que vai, ainda lembra os funcionamentos como mostrei para você? – questionou Van Dahl.
- Absolutamente, lembro perfeitamente e os melhores locais para colocar. – piscou em forma de cumplicidade.
- Excelente, deixarei duas escutas com você, sabe que uma escuta as pessoas podem encontrar, porém, poucos são aqueles que acham que temos duas. Assim, teremos uma garantia em caso de ocorrências. – bebericou um gole do vinho e depois retornou o olhar para Sophie que falou.
- Praticamente temos tudo sob controle, mas algo ainda me deixa curiosa... – começou a legista.
- O que? – Valquíria arqueou a sobrancelha, pois a expressão de Sophie parecia querer tratar de algo delicado e ao mesmo tempo engraçado.
- Você sabe se passar por lésbica? – Sophie foi direta e objetiva, o que fez a detetive olhar furtivamente para ela pelo canto dos olhos. – Eu questiono isso, porque você odeia dar entrevistas e sabe da sua não habilidade com pessoas. – Valquíria levantava a sobrancelha. – Vamos, Val – a loira a chama pelo apelido que a deu depois de alguns anos. – você praticamente quase deixava a filha do chefe da máfia devastada quando ela questionou se ele havia sofrido muito na hora da morte. Pensei que ela teria uma sincope quando disse que os atiradores foram misericordiosos, apesar do tiro nas costas. – Valquíria rolou os olhos após a fala da legista
- Então, você está dizendo que não acredita no meu disfarce? Mas é um disfarce, eu terei que sair do meu eu e incorporar a... – tentava ver o nome que Sophie escolheu para ela.
- Safira Padilha. – disse a legista prontamente.
- A esportista, Safira Padilha. – Valquíria parecia relaxada com isso.
- Acha mesmo que vai se sentir a vontade e lidar com tudo isso? – Sophie estava preocupada, raramente Valquíria precisou se disfarçar nos últimos anos. Então, não sabia como a outra iria se sair com suas habilidades sociais.
- Bom, se acha que eu não conseguirei devido a minha falta de habilidade em interagir com as pessoas, porque você não simula um encontro comigo, assim tiraremos nossas dúvidas e poderei aprender com você. – Valquíria dizia de forma seria, fazendo dessa vez Sophie engasgar com o vinho, nenhuma expressão foi alterada pela detetive, apenas pegou um guardanapo que estava repousado ali perto de ambas e deu para a amiga que pegou rapidamente e limpou a boca por onde tinha escorrido o vinho.
- Obrigada. – ela se limpou – você quer simular comigo, está falando sério? – Sophie estava totalmente incrédula.
- Não vejo outra pessoa além de nós duas nesse recinto, então... é óbvio Sophie. Não compreendo suas reações, é apenas uma simulação. – continuava a detetive com sua postura séria e imparcial – Sua preocupação é genuína e fazendo uma simulação as chances de que algo saía fora do controle é menor. Sem riscos.
Sophie estava olhando para a detetive, colocaram uma música de fundo para simular o ambiente do bar. Ambas já estavam com seus drinques na mão. Não acreditava que estava fazendo isso com a policial. Decidiu ser a primeira a começar.
- Necessariamente, não precisamos ir tão a fundo, mas se a Raquel irá me deixar trabalhar por lá, sempre ofereça bebidas para elas, assim, poderei coletar as amostras de saliva, assim que cada uma terminar seu drinque irei recolhe-los e colocar atrás do bar com o nome de cada pessoa. Não tenho mais tantos encontros, mas escute-as, mulheres gostam de pessoas que ligam e escutam o que elas dizem. É algo mais de expor seus sentimentos. – gesticulou enquanto falava, estava um pouco nervosa.
- Hum... deixa-las falarem..- disse Valquíria, ficando tranquila nesse quesito. - eu sou boa nisso.
- Exatamente, demonstre certo interesse e pelo amor de Deus, tente não mostrar ou controlar um pouco sua indiferença, precisamos coletar qualquer informação. – a mensagem foi como um alerta. Valquíria ia sempre direto ao ponto, não costumava pegar o caminho mais longo, isso chegava para as outras pessoas como indiferença ou mesmo falta de interesse. Mas era o jeito dela e Sophie já havia aprendido a lidar.
- Que tipo de mulher você gosta, Sophie? – Valquíria foi direto ao ponto, inquiriu de repente e a outra ficou em choque.
- E-eu? Por que essa pergunta tão repentina? – gaguejou, precisava tomar outro gole do vinho e foi o que fez para disfarçar.
- Estamos simulando e você disse que eu deveria demonstrar interesse. Estou fazendo isso – a outra novamente apontava o óbvio. – Vamos, diga-me.
Sophie não acreditava que estaria fazendo isso, ter que dizer as qualidades que gosta em uma mulher, o tipo. Ela estava interessada em Valquíria então como poderia enganar uma detetive treinada? Ela não sabia como, mas iria tentar.
- Bom, gosto de mulheres fortes, não fisicamente, mas a força interior dentro de cada uma. Independente, que tenha sua crítica bem trabalhada e não ligue para o que as pessoas digam dela, apenas seja ela mesma. Mulheres que sejam verdadeiras, sinceras, que além de dizer o que sentem elas possam agir. Eu acredito que as palavras e a ação devem seguir juntas, muito mais as ações, pois palavras repletas de sentimento sem o agir para comprovar aquilo que se ouve, de nada vale. Hum.. – fez uma pausa – não me importo com o que esse site diz sobre: mulheres femininas, masculinas, esportistas, Na verdade são só o que elas carregam por fora, eu não sou de olhar para o que há por fora. Já fiz isso e de nada serve esse tipo de relacionamento, são rasos. Li um artigo a um tempo atrás de um antropólogo e um outro de um sociólogo que acabavam discutindo a mesma questão: a "liquidez das relações amorosas no mundo contemporâneo" e de fato estamos correndo para esse tipo de relacionamento, quando criamos vínculos frágeis e superficiais. – argumentava a doutora. – Mas e quanto a você Valquíria, não sei se gosta ou desgosta de mulheres e qual seria o seu tipo? Isso seria bom para você refletir, afinal, as mulheres que sairá em disfarce podem indagar sobre suas preferencias e a riqueza da mentira está nos detalhes. – Na verdade Sophie aproveitou esse momento para saber o que a outra mulher tinha a dizer sobre mulheres. Todos esses anos, Sophie nunca a viu com ninguém, sempre Valquíria estava atrás da mesa de trabalho, quando não, estava com ela na necropsia ou nos arquivos com Raphaëlle estudando e revisando casos que poderiam ter informações.
- Nunca parei para pensar em qual tipo de mulher me chama mais atenção ou qual eu deveria ter preferencia. É claro que ao me chamar de Valquíria, você saiu um pouco da sua personagem, não sei se devo entender isso como esquecimento ou falta de costume, pois estamos começando ainda nossa simulação ou se de fato foi uma questão para o meu eu verdadeiro. Dessa forma, tomarei a seguinte atitude, responderei das duas formas. Eu Valquíria: não sei se gosto ou desgosto de mulheres, nunca fiquei com uma mulher que eu gostasse verdadeiramente, além de assuntos de trabalho – isso fez Sophie entender que Valquíria já tinha ficado com mulheres, mas por questões profissionais, de fato ela ficou pasma "Quando e onde ocorreu isso?". – Então, acho que só posso responder essa sua pergunta como Valquíria se gosto ou não de mulheres quando não for algo profissional. Já em minha versão disfarce como Safira Padilha, sim, eu gosto de mulheres. Qual meu tipo? Hum, como Valquíria acho que alguém com suas qualidades, Sophie, me chama atenção, suas qualidades, cuidados com o próximo, a eficiência em tudo o que faz. Por outro lado, como Safira eu não sei do que ela gostaria, será que deveria interpretar uma pessoa fútil ou não? Acredito que para a minha personagem, ela se enquadra no que você acabou de argumentar.
Sophie tinha parado de ouvir o resto quando Valquíria revelou que uma mulher com as qualidades que ela tinha a chama atenção. O que isso significava? Valquíria teria uma queda correspondente por ela também? Será que deveria investir mais? Iria perguntar, quando uma notificação sonora subiu no notebook chamando a atenção das duas para a tela.
- Parece que você chamou atenção de algumas mulheres. Mais de dez mulheres curtiram o seu perfil e foto, deixando mensagens para se encontrar com você no bar "PRIK BAR" a partir das 18 horas.
- Pelo visto temos uma missão para amanhã, e certamente poderei estar jantando com o assassino de Jéssica Lins. Vamos descansar, tivemos um dia cansativo nas duas últimas noites.
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Olá, olá!!
Essas duas são engraçadas juntas, Sophie quase teve o momento de poder perguntar mais coisas para a Valquíria, mas de repente o notebook para atrapalhar, mas o que vocês acharam da fala da detetive? Será que ela deu mole ou na verdade foi só a Valquíria sendo ela mesma e sem tato na sua habilidade social?
Mas ai vem uma pergunta e você caro(a) leitor que tipo de pessoa você gosta em um relacionamento?
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