2. "Should I stay or should I go?"
Após terem esnobados os rapazes do carro, as duas mulheres pegaram uma outra estrada repleta de altos coqueiros com diversas casas longas e suntuosas. As irmãs continuaram por aquela rua até as residências ficarem para trás e a multidão de condomínios luxuosos darem as boas-vindas. Elas estavam seguindo para o condomínio de Henrique, um antigo amigo de muitos anos atrás de ambas, quando Vivienne resolveu relembrar do último ocorrido:
- Por um momento achei que você estava flertando com eles Kitty! - dizia incrédula ao lembrar do que a irmã fez.
- Achou mesmo que eu ficaria com aqueles idiotas? - indagou com ar risonho e continuou - maninha, a quanto tempo você não me vê mesmo?
- Fora aqueles longos anos, cerca de duas horas, quando você foi lá no hotel me ajudar a descer com as malas e depois subiu de novo com um ar de derrota por subir as escadas já que o elevador enguiçou. - Vivienne alternava entre olhar para a irmã e a estrada, preferia sempre manter os olhos atentos, pois sabia que das duas, Kitty era a mais avoada.
- Eu não acredito que um hotel como aquele, pode deixar tal situação ocorrer! Enfim, o que eu fiz hoje foi a maior prova de amor já realizada pelo ser humano! - dirigia, enquanto gesticulava sem parar. Um hábito que Vivienne pensa que ela deve ter herdado dos ancestrais europeus. Duzentos e dez degraus subidos pela escada de incêndio mais monótona de todo o Brasil, Vivienne. Você deveria construir um monumento com os dizeres "melhor irmã do mundo" - enfatizou Catherine, orgulhosa de si, apontando para as bagagens no banco de trás e algumas no porta-malas.
A estrada foi calma, poucos carros haviam agora. O vento estava tão refrescante que desligaram o ar condicionado do veículo e abriram as janelas. Os altos coqueiros lado a lado nas calçadas, proporcionavam uma bela vista à sua frente, lembravam ligeiramente a famosa avenida americana, Beverly Hills. Aos poucos, um condomínio suntuoso se erguia diante delas. A entrada era maravilhosa, com um jardim bem cuidado na frente, espécimes raras do exterior exalavam sua beleza para os moradores ou visitantes do Residence La Vie. Um enorme portão branco ficava entre as duas guaritas que cuidavam separadamente da entrada e saída de veículos. Uma moça trajando um uniforme bege e uma blusa branca por dentro abriu a janela. Seus olhos eram cor de amêndoas, seu cabelo preto estava preso em um rabo de cavalo bem forte, sem nenhum fio fora do lugar. Era dona de um sorriso de lado acompanhado de uma ligeira covinha no lado esquerdo da bochecha. Dizia "boa tarde" com tamanha cordialidade. Catherine dirigiu-se para a entrada do condomínio, recebendo a guarda com o mesmo sorriso e desejando uma boa tarde, a guarda continuou dizendo:
- Senhoritas, Catherine e Vivienne Lamartine ? - ela retirou os óculos pretos para fitarem as duas garotas no veículo.
- Como sabe quem somos? - disse Catherine um pouco nervosa, tentando se explicar.- Eu só fui fichada uma vez na polícia por liderar um grupo contra testes em animais, mas desde então estou limpa, eu juro!
- Calma, calma - tranquilizou a morena que prendeu o riso com a história. - O senhor Hernandez, me avisou sobre vocês. Ficarão durante um tempo no apartamento dele. Não há com o que se preocupar. Além do mais, ele falou a placa do automóvel, só fiz verificar.
- Ufa! - suspirou Catherine descendo os ombros.
- Sabem onde se localiza o prédio dele? - indagou a guarda que ao se aproximar pode ser visto seu nome no crachá, River Rodriguez.
- Noir, B, 3001? - indagou Vivienne.
- Afirmativo, aqui está a chave do apartamento - disse ao entregar e começou a explicar o caminho. - Sigam em frente, virem a primeira à esquerda a segunda à direita e peguem a primeira de novo e vão em frente. Sejam bem-vindas, senhoritas.
- Ah sim, sim, obrigada - sorriu Catherine, quando o portão foi aberto e depois virou para a irmã. - Você anotou isso, não anotou?
--
Residence La Vie, era luxuoso demais, hollywoodiano demais, surreal demais para Catherine e Vivienne. Já haviam entrado naquele condomínio diversas vezes, mas nunca haviam se acostumado com a grandiosidade do lugar ou mesmo aprendido o caminho. Parecia um outro mundo dentro de outro mundo. Um local proibido para pessoas de classe média. Só os poderosos dos poderosos eram dignos de pisar na terra sagrada ou como Catherine costumava falar, "a cidade das esmeraldas". Sempre que viam os jardins de cada bloco, seja o Blanc, Jaune, Rouge, Noir ou Rose, os únicos que puderam ver até agora, pois existiam muitos outros blocos se admiravam com a decoração de cada um deles. Cada bloco possuía sua flor representativa, como o bloco Rose, com flores de cerejeiras rosas, Rouge com suas rosas vermelhas, Jaune, com lindos girassóis ou rosas francesas amarelas. Mas o Bloco Noir, não possuía rosas negras, afinal, não existe flor de tal coloração, salvo quando já estão mortas e secas ao chão. Então, pensando na estética, como também na representatividade do bloco, Margaret Mee*, uma botânica de renome e fanática estudiosa por plantas, decorou o bloco com várias flores da lua, conhecida cientificamente por, Epiphyllum Oxypetalum. Suas belíssimas flores parecem exaustas pela manhã, são preguiçosas, penduradas por ramos finos. Mas mostra todo seu aroma e esplendor quando todos adormecem, tal flor, entrega-se totalmente à luz da lua. Desse modo, quando todas as flores se fecham para adormecer a noite, o bloco Noir, apresenta sua forma majestosa e esplendida, sendo o único a chamar atenção a noite, fazendo jus ao nome.
Após algumas entradas erradas e poucos acertos das garotas, chegaram no bloco que a guarda havia explicado. Ele era enorme, com trinta andares e um lindo hall de entrada. A flor da lua encontrava-se exatamente ali, exibindo-se de forma preguiçosa e sem muito encanto. Vivienne percebeu o quanto aquelas flores haviam crescido desde a última vez que aparecera naquele lugar. Fazia muito tempo desde a última visita das garotas na casa do velho amigo. Eram muitas lembranças que carregavam, festas que somente eram compartilhadas pelos três. Procuraram a vaga da garagem do amigo e estacionaram. Vivienne foi a primeira a sair do carro, abrindo rapidamente a porta de trás, retirando algumas bolsas e colocando rapidamente no chão. Catherine, fazia seu velho ritual de alongamento após sair do carro. Odiava dirigir, suas pernas e braços ficavam pesados e exaustos, parecia ter corrido uma maratona com dez antílopes amarrados por correntes nos seus quatro membros. Dirigiu-se a parte de trás e abriu o porta-malas retirando quatro malas e três bolsas. Colocou a mão nas costas depois do esforço, fingindo dores e cansaço, recebeu um leve rolar de olhos pela irmã.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
NOTAS DO AUTOR:
* Margaret Mee* referencia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Margaret_Mee. Margaret Mee é uma personagem que não me pertence, a senhora é uma botânica inglesa que se especializou em plantas da amazônia brasileira. Nasceu em 1909 e veio a óbito em 1988, morou por muito tempo no Brasil, mas faleceu na Inglaterra.
* O que estão achando até agora? Existem fatos curiosos, históricos nessa estória se desejarem saber basta demonstrarem pleno interesse.
NOTAS INFORMATIVAS:
* Quanto a questão de publicação, ainda não sei como irá ficar. Esses primeiros capítulos estão sendo distribuídos por uma simples razão, é o mais tranquilo de todos e não chegamos a completar a sua totalidade do primeiro capítulo escrito. Todavia, liberar 5.359 mil palavras é demasiadamente cansativo e desmotivador. Principalmente para pessoas que não dispõe de muito tempo para leitura. Dessa forma, a minha obra, tornaría-se intragável e esse não é o objetivo.
Dessa forma, optei por fragmentar os capítulos
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top