Capítulo 15

Algum tempo se passou desde então. Celima vivia com tanta tranquilidade ao lado de sua versadeira família que parecia ter nascido novamente.

Toda aquela liberdade e felicidade parecia tão impossível era agora uma realidade em sua vida e esse tempo fez com que tudo se encaminhassem de forma perfeita, permitindo que seu casamento com Ethan pudesse acontecer naturalmente.

A data fora finalmente marcada e a cerimônia aconteceria na casa da montanha em uma reunião íntima. Os convites foram enviados a cerca de 50 pessoas quatro semanas antes do grande dia.

Toda a decoração já estava devidamente posicionada pelo jardim da casa, na manhã do dia seguinte eles se casariam. Da janela do quarto principal Martin e Laura os observavam caminhar pelos arredores do local, Celima estava agarrada a um dos braços de Ethan e eles caminhavam lentamente observando tudo com atenção.

— Olhe só para eles – pediu Martin.

— Estão muito felizes.

— Me lembro do dia do nosso casamento... Eu mal conseguia conter minha ansiedade.

— Eu estava tão contente que nem consegui dormir – relembra Laura, rindo de si própria.

— Foram bons momentos.

— Muito bons.

— Acho que devíamos dormir... Amanhã teremos um dia cheio.

Lucinda chegou tarde da faculdade e os viu sentados na primeira fileira de cadeiras. Celima repousava a cabeça sobre um dos ombros dele, que por sua vez, acariciava-lhe os cabelos com delicadeza. Ela entrou na casa tomando o devido cuidado para não incomodá-los.

— Quase não consigo acreditar que vamos nos casar.

— Pois então acredite... A partir de amanhã você será minha esposa.

— Esse lugar está mais lindo do que imaginei.

— Tem razão... Sua mãe fez um ótimo trabalho.

Celima acordou com os barulhos e a movimentação pela casa, da janela ela viu algumas pessoas andando pelo jardim. Os comes e bebes já estavam sendo posicionados na grande mesa e alguns convidados estavam chegando. O pianista dedilhava melodias, alguns empregados preparavam a pista de dança e o padre arrumava o altar com a ajuda de Ethan, que ao vê-la deu um tímido sorriso e acenou rapidamente.

— Que bom que já está acordada – diz Lucinda, entrando no quarto.

— Que horas são? – pergunta Celima, sonolenta.

— Faltam apenas quatro horas para seu casamento... Tem que tomar um banho e se arrumar.

— Tudo bem, eu já estou indo.

— Quando terminar eu volto para preparar o cabelo e a maquiagem.

Enquanto Celima se preparava mais familiares chegavam para a festa, Martin e Laura estavam encarregados de receber a todos e contar resumidamente como a jovem havia retornado para suas vidas.

— Ethan, querido! Você está lindo – comenta Laura, vendo-o aparecer em seu terno azul-marinho.

— Como está se sentindo? – pergunta Martin, tocando-lhe o ombro.

— Estou um pouco nervoso.

— Não se preocupe... Vai dar tudo certo.

Lucinda foi até a janela a fim de ver como estavam os preparativos e viu Ethan conversar com seus pais. Ele parecia um pouco inquieto, suas mãos enfiadas nos bolsos comprovaram a timidez em meio a multidão que ele mal conhecia.

— Seu noivo está tão bonito.

— Onde ele está? – pergunta Celima, caminhando até a janela.

Ethan viu Celima outra vez observando-o. Ele sorriu para ela e voltou a conversar com um de seus primos, que agora o acompanhava em receber os convidados da cerimônia.

— Vamos colocar o vestido – fala Lucinda puxando-a pelo braço.

— Você me ajuda?

— Mas é claro!

Assim que Celima terminou de se vestir Laura apontou na porta e não pode evitar se maravilhar com a imagem de sua filha, tanto que suas palavras nem conseguiram escapar pela boca de tanta emoção.

Na mão ela segurava o buquê de rosas-vermelhas que se destacou em absoluto no vestido branco. No pescoço um colar de pérolas, presente de Lucinda, e no dedo o anel de noivado que recebeu de Ethan à beira-mar.

— Você está linda.

— Obrigada!

— Seu noivo vai encher os olhos com tanta beleza.

— Já estão quase todos aqui... Vamos esperar até a hora da cerimônia, enquanto isso não pode sair do quarto.

— Tudo bem!

— Eu preciso ir me trocar agora, logo o papai vem te buscar – disse Lucinda, desaparecendo pelo corredor ao lado de sua mãe.

Lucinda trocou-se o mais rápido que pôde e se dirigiu para a cerimônia que já estava começando. Ela seria madrinha ao lado do primo de Ethan chamado Phillip Moison, aquele que não muito tempo depois viria a ser seu marido.

— Minha filha, como você está linda – disse Martin, emocionado em vê-la em seu vestido branco.

— Obrigada, pai!

— Venha querida! Está na hora.

Quando o pianista começou a tocar todos se levantaram para recebê-la. Era impossível não notar o quanto os convidados ficaram admirados não apenas pela beleza, mas por ser a irmã gêmea que muitos jamais esperavam ver algum dia.

A cerimônia foi rápida, porém, emocionante e foi seguida por uma dança dos noivos e dos convidados que os acompanharam na pista. A festa durou até o início da madrugada, tempo suficiente para que todos pudessem conhecê-los e lhes desejar muitas felicidades.

Naquela mesma noite eles saíram para uma viagem de duas semanas nas Ilhas Marshall, um presente dos pais de Celima, e quando retornaram passaram a viver na casa da cidade.

Laura teve seu bebê na casa da montanha, um menino chamado Otávio, que lhe devolveu a oportunidade de cuidar de seu filho sem tantas preocupações e turbulências assim como desejou ter feito com suas meninas.

O primeiro filho de Ethan e Celima viria dois anos após o casamento, um menino chamado Nicolas. Depois ainda viriam as meninas, Mary Jane e May Johnson.

Ethan permaneceu no controle da empresa de Martin em FoxWood e Celima voltou a dar aulas de piano em sua casa e estava com quase todo o seu tempo ocupado com seus alunos. Sua popularidade crescia cada vez mais pelos arredores por sua dedicação e bom desempenho como professora.

Lucinda se casou na igreja com Phillip em uma cerimônia simples e bela como a de Celima. Um ano após o casamento chegaria o primeiro filho Louis e dali dois anos a menina Júlia.

Muitas coisas todos eles viveram durante esse tempo, eram uma grande e unida família que compartilhava todas as conquistas, algo que realmente tinha importância não apenas para Celima, mas para todos.

Celima viria a inaugurar uma escola de música alguns anos depois, onde os alunos poderiam aprender a tocar instrumentos como piano, violino, harpa e outros instrumentos de corda.

Lucinda já formada em medicina como Obstetra abriria um consultório próprio onde também trabalharia seu marido Phillip, formado em Pediatria, num lugar não muito distante da escola de música de sua irmã.

— Eu sempre gostei de violão – disse uma garotinha, que observava Celima pendurar panfletos na vitrine da escola de música. — Você trabalha aqui?

— Sim.

— Na cidade onde eu moro não tem uma escola destas... Mas minha mãe contratou um professor particular... Ela é demais.

— E você é uma boa aluna, eu imagino – falou Celima, ajoelhando-se perto da menina.

— Minha mãe diz que sou muito boa... Que faz ela lembrar da outra filha que teve – dizia a garotinha.

— Celima – chamou-lhe uma voz conhecida.

Passaram muitos anos e várias coisas aconteceram antes que Celima encontrasse Sara Walters novamente. Ela parecia bem, não lembrava quase nada a mulher que costumava ser. Ao seu lado um rapazinho segurava sua mão e observava Celima com atenção.

— Eu vejo que você está muito bem e fico feliz por isso.

— Obrigada.

— Eu me casei novamente, ele se chama Romeu – contou Sara, animada. — Estes são Rubens e Marta, são filhos dele e agora são meus também.

— Ela gosta muito de você – afirmou Celima, vendo Marta agarrada à vitrine –, fico feliz em saber que está dando tudo certo na sua vida afinal.

— Sim... Demorou um tempo, mas agora estou realmente bem.

— Como está Zoe?

— Eu não a vejo desde que me casei novamente, ela foi embora.

— Talvez seja melhor mantê-la longe de sua vida.

— Você tem razão... Eu tenho que ir encontrar meu marido agora, mas fiquei realmente contente em ter te encontrado novamente... Mesmo que nunca me perdoe pelo que fiz, estou sempre lembrando de você e desejando o melhor sempre.

— Eu te perdoei pelo que fez... Muita coisa mudou até hoje e isso é algo que fiz já tem um tempo... E eu estou mais aliviada de poder te dizer isso pessoalmente.

— Você não sabe o quão feliz acaba de me deixar... Desejo muitas alegrias a você, de coração.

— Eu também.

— Adeus, Celima!

— Adeus.

Celima a viu seguir pela longa avenida com os dois filhos do lado até desaparecer em um carro vermelho. Depois deste dia ela nunca mais viu Sara novamente e a vida seguiu da melhor forma que poderia ser.

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