CAPÍTULO 06 - TERÇA-FEIRA

Os Mortos Nunca Mentem


Rogério chegou até a sala de autópsias, onde o legista e sua assistente, os aguardavam com o corpo da garota Isabel. Uma sala iluminada por uma luz fria, assim como o ambiente. As paredes forradas por um azulejo azul claro e o piso antiaderente de um tom terracota, completavam o cenário.

A mesa onde jazia a jovem estava no centro da sala, iluminada por uma luz, vinda de um lustre metálico. O corpo estava descoberto, mas respeitosamente protegido por duas peças de tecido branco.

— Olá detetive! Sou doutor Jonas e esta é minha assistente Rosa.

Olhou por sobre o ombro dele:

— Eu esperava dois de vocês.

— Prazer, doutor. Sou Rogério Alencar. Meu parceiro foi até os pais da garota, para dar a triste notícia.

— É lamentável ter que dar uma notícia como esta, realmente. Mas alguém precisa fazer este trabalho. Assim como eu, preciso ajudar vocês a descobrir o que aconteceu com a jovem.

— De fato, doutor. Não como gostaríamos, mas enfim!

Olhou na direção do corpo.

— O que o senhor pode me adiantar?

O médico pegou a planilha que sua assistente lhe alcançava, onde um desenho simples de corpo humano estava marcado com círculos e detalhes técnicos. O médico se aproximou do corpo, chamando Rogério para ir explicando o que descobrira.

— Sabe detetive, os mortos nunca mentem e nos dizem o que lhes aconteceu. — Percebeu o olhar confuso do detetive.

— Sobre suas mortes. Se souber ouvi-los, saberemos o que houve.

Rogério olhou para o médico, mas nada disse para não o fazer perder a linha de raciocínio.

— Olhe este hematoma na testa, por exemplo. Existe um maior e mais contundente que está no lobo frontal direito da jovem.

Usando luva, ia mostrando os hematomas:

— O primeiro, com certeza absoluta certeza que foi algum galho, cortando seu supercilio. Recolhemos alguns micro-pedaços de galho seco. Agora, o maior, creio que foram feitos pela queda e algo pontiagudo, mas não afiado, provocando o corte, levando à uma hemorragia interna.

— Então, podemos adiantar que ela foi atacada. Isto que provocou a sua morte? — Se inclinou mais para ver de perto.

— Calma policial. Ainda não acabei. Vê esta marca no pescoço? Foi feita antes dela morrer.

Rogério olhou, incrédulo:

— O senhor está me dizendo que, quem matou a menina, tentou esgana-la?

— Foi o corpo que me disse. Mas, ainda preciso verificar com mais cuidado.

— Por que? Onde estão suas dúvidas? — Perguntou ainda olhando aquela marca na traqueia dela.

— A marca foi feita por mãos pequenas. — Sorriu.

— Alguém muito jovem ou...?

— Possivelmente por uma mulher. — Concluiu.

Se afastou um pouco, indo até os joelhos da Isabel e mostrou as esfoliações e cortes, em ambos.

— Estas marcas, foram feitas bem antes dela morrer. — Pegou as mãos dela, mostrando para Rogério. — E veja as palmas das mãos

— Estão esfoladas, assim como os joelhos.

Olhou diretamente para o legista:

— Seria marcas de proteção? O solo estava bem escorregadio.

— Provavelmente, detetive. Ela deve ter escorregado, caído de joelhos, apoiado as mãos nas pedras ásperas e machucou-se.

O homem enrugou a testa, pensativo.

— Ela fez esforço demais, para se encontrar com alguém, não?

— Alguém que valeria todo sacrifício, com certeza.

— Mas, se era alguém querido dela, então, por que? — Lamentou.

— Eu fiz esta pergunta para ela. Então examinei suas coxas, recolhi material nas unhas, apesar de bem ruídas, além de cabelo, boca, vagina. Recolhemos material estomacal e exame de sangue.

— E que mais descobriu, doutor?

— Ela não morreu pelas mãos de seu algoz ou algozes.

— Não? Como, não? — Perguntou, incrédulo.

— Calma, detetive. Não recebi o laudo do laboratório, mas posso adiantar que, nos cabelos da moça havia três tipos de material estranho.

— E o que o senhor pode me adiantar?

— Havia, musgo que possivelmente era do local mesmo, um material oleoso e raspas de madeira.

— As raspas não seriam também do local? Existiam vários tipos de árvores e o este outro, oleoso, não seria algum tipo de resina?

— Mandei tudo para ser analisado, porém aos meus olhos, as raspas eram de madeira trabalhada e aquele óleo mais parecia automotivo. Mas, seria prematuro dizer qualquer coisa.

O legista se afastou, largando sua planilha, enquanto sua assistente, cobria o corpo da jovem Isabel.

— Tenho absoluta certeza que ela levou uma paulada, perdendo os sentidos, caindo na água e...

— E...? — Perguntou, Rogério.

- Ela se afogou! - Completou a frase do médico.

— Nossa! Mas, como o senhor sabe, sem ver os pulmões dela?

— Havia petéquias nos olhos dela, indicando que ela se afogou. Mas, prefiro terminar todo o processo de autópsia forense e prepará-lo para os senhores.

Fixou os olhos num ponto, para pensar sobre tudo que acabara de ouvir.

— E este óleo automotivo... Estou juntando as peças. — Continuou.

— Este é seu trabalho, detetive. Nas unhas, encontramos terra e um tipo de creme. — Sorriu.

— Nada de pele humana?

— Pode ser que tenha junto com este creme. Parece hidratante ou protetor solar, mas só terei certeza quando chegar os resultados. — Assentiu.

Rogério se sentia frustrado. Esperava respostas definitivas, mas agora, só restam os laudos do laboratório. Mas, aquelas informações fizeram uma luz surgir na mente dele. Lembrou de perguntar, antes de sair do legista:

— Doutor Jonas, tenho uma pergunta.

— Sim, se eu puder ajudar. O que queria saber?

— Isabel foi estuprada?

O médico desviou o olhar, antes de responder.

— Fizemos exames com o kit, mas não havia sinal de penetração forçada.

— Entendo... Pelo menos isto! — Estalando a língua.

O legista se manteve em silêncio, esperando que Rogério lhe fizesse mais alguma pergunta, antes de continuar os exames.

— Certo, doutor! Antes de mais nada quero agradecer pelo seu trabalho minucioso e, desejo receber os laudos o mais rápido possível.

— Pode deixar, detetive. Vou mandar entregar no seu departamento, assim que receber os resultados. Vou pedir prioridade neste caso.

— Ótimo! E, vamos manter tudo em sigilo.

Saiu, se despedindo do médico legista.

Rogério, já no carro, pegou seu bloquinho e anotou alguns dados relevantes.

Óleo lubrificante (automotivo? Graxa?)

Lascas de madeira tratada (móvel, bastão. Arma do crime?)

Creme nas unhas (hidratante? Protetor solar? Loção pós barba?)

Tentativa de estrangulamento mecânico após a morte (raiva passional?)

Afogamento?

Ele olhou suas anotações, guardando em seguida no bolso. Afivelou o cinto, soltando um suspiro longo, se preparando para dirigir até o departamento e aguardar o retorno de Amadeo. Enquanto dirigia, deixou que seus pensamentos ganhassem espaço em sua mente.

— O que fizeram com você, Isabel? Com quem você ia se encontrar? Me conte tudo, me mostre o caminho! — Murmurou.

"- Não! Não! Minha filha, não!! Não! Eu quero minha filha de volta!!"

Aquelas palavras ainda ecoavam na mente de Amadeo. O choro desesperador e as lágrimas da mulher não era novo para ele, mas mesmo assim, doloroso o suficiente para balançá-lo. Estava ao lado de Rogério, que ouvia as explicações técnicas do médico legista, mas sem prestar atenção em nada que diziam. Seus olhos, pousados no corpo minúsculo, coberto por um lençol azul desbotado, faziam-lhe lembrar a angústia estampada no rosto da senhora Maria Palmas.

— Não concorda, Amadeo?

Perguntou Rogério, tirando-o abruptamente de seus pensamentos.

— Como? Desculpe, você pode repetir?

— Eu falei que já podemos pedir aos pais que entrem para fazer o reconhecimento. O que acha?

Amadeo, apenas concordou com a cabeça, saindo da sala fria do IML. Seu parceiro nunca o vira tão consternado daquela forma. Não era a primeira jovem a ser encontrada morta e nem seria a última, então, por que aquela reação tão significativa? Foi atrás de seu parceiro, para conversar com ele em um lugar mais tranquilo.

— Amadeo? — Tocou seu ombro.

— Sim?

— O que houve, cara? Você está diferente, desde que achamos o corpo da Isabel. — Falou, com o cenho enrugado.

— O que este caso se diferencia dos inúmeros que já trabalhamos, Amadeo?

Amadeo não sabia a resposta. Olhou seu parceiro, sem saber exatamente o que dizer.

Rogério, após alguns minutos vendo seu parceiro em silêncio, resolveu falou, antes de se retirar.

— Ok, Amadeo! Vou autorizar os pais, para ver o corpo da filha. Já volto, pra continuarmos com as investigações.

Deu as costas, indo até uma sala de espera, onde os Palmas aguardavam. Chegando lá, avistou o casal abraçados, cabisbaixos. Sabia que era difícil, mas necessário. Como de praxe, usou sua psicologia, para com os pais. Com um tom de voz suave e baixa, explicando que um deles já era o suficiente, caso os dois não estivessem preparados para ver a filha.

— Não! Nós queremos vê-la, detetive! — Falou dona Maria.

— Queremos olhar pra nossa filha!

— Tudo bem, senhora. Por aqui, por favor. — Fez sinal para que o seguissem.

Abriu a portinhola da sala de identificação. Uma janela de vidro grande o suficiente, para que pudessem ver a mesa com o corpo coberto e uma jovem com planilha na mão ao lado, estava do lado oposto. O ambiente frio e estreito tornava o momento ainda mais mórbido. Rogério nada disse, pois o momento era de extremo respeito pela dor do casal.

— Podemos ir até ela, policial? — Disse Pedro, consolando a esposa.

— Por favor, detetive Rogério! Nos deixe olhar para ela!

O pedido desesperado da mãe, não passou despercebido por ele. Fez um sinal com a cabeça, para Rosa, a assistente, para que esta abrisse a porta e os deixasse entrar.

— Podem ir, por gentileza. — Disse, finalmente. — Estarei aqui, caso queiram conversar comigo.

Maria Palmas, se aproximou do corpo da filha, escondida naquele lençol azul, percebendo alguns fios dos canelos negros, que surgiam para fora do lençol. Rosa, delicadamente, puxou o lençol, deixando que o casal olhasse para aquela que lhe deu a vida.

— Eu posso tocá-la? — Pediu a mãe, em prantos.

— Sinto muito, senhora. Ainda estamos fazendo exames.

Pedro abraçou a mulher, que se entregou às lágrimas, enquanto as suas, silenciosamente desciam em sua face enrugada.

— Minha princesinha... Mamãe e papai estão aqui. Não precisa mais ter medo de nada. — Sussurrou.

— Mamãe te ama mais que tudo nesta vida, minha filha... Pode dormir, filha. Nenhum mal irá lhe atingir, porque papai do céu está embalando seu sono, meu anjo. Ninguém vai lhe magoar mais. — Maria disse, se voltando para o corpo.

— Nunca mais, minha filha. — Disse Pedro.

Rogério, olhava do lado oposto do vidro, mesmo assim, sentiu sua traqueia espremer a emoção. Era sua obrigação manter a postura e agora, compreendia a reação do amigo.

Pedro, passou o braço pelo ombro da esposa, saindo da sala:

— Venha meu bem. Vamos deixá-la descansar. Por favor...

— Eu quero minha filha de volta, Pedro! — Chorava a mulher.

Rogério pediu ao policial Sérgio, que passava ali, para ajudar a senhora, enquanto ele levava Pedro até a sala de espera.

— Senhor Pedro, por favor? Venha conosco. Acho que precisamos de uma xícara de café.

Olhou para o parceiro.

— Poderia trazer um café forte para o senhor Palmas, Amadeo, por favor?

Alguns minutos depois, o investigador veio com uma xícara fumegante.

— Todos nós estamos desolados e sabemos que sua dor não tem como ser aplacada com um café. Faremos todo o possível para descobrir o que aconteceu com sua filha.

Pedro, em estado de choque, apenas concordou, pegando a bebida e dando um pequeno gole. Rogério sentou ao lado do homem, enquanto seu colega sentava em frente, de forma estratégica numa cadeira. Assim poderia analisar, sem atrapalhar nas perguntas.

— Então? Quer conversar conosco? Desabafar?

Pedro segurava o café sem beber, olhando para o chão. Era visível seu estado deplorável, mas Rogério era conhecedor das artimanhas do ser humano e, queria saber o que estava errado ali.

Lembrou-se das palavras de seu parceiro "(...)tem algo que não se encaixa..."

— Eu sempre exigi que nossa filha fosse a melhor em tudo. Eu jamais aceitei uma nota escolar menos que nove. Não queria ela envolvida com estranhos, nem com tipos da zona baixa da cidade. Todas as roupas dela deveriam estar em perfeita ordem, passadas organizadas e só vestia as que eu separava com antecedência, sobre sua cama. Eu queria uma filha perfeita, campeã, que se destacasse, que fosse motivo de inveja e orgulho!

As lágrimas desciam, pingando dentro da xícara.

— Você acha que arruinou a adolescência da sua filha?

Ele, em prantos bebeu em um só gole todo o café, encarando-os, destruído por dentro, juntando as mãos no rosto:

— Sim! Sim! Eu sou responsável! Matei minha filha, detetive Rogério! Eu não aguentarei ficar sem minha menininha!

Os policiais se entreolharam, apenas.

— Eu deveria tê-la tratado com respeito! Livre! Eu sabia que ela me odiava, mas eu não queria o mal dela, entendem? Vocês compreendem?

— Você a matou? É isto que está tentando nos dizer? — Disse, Amadeo por fim

— Não! Claro que não! Eu jamais tocaria num fio de cabelo da minha filha! Mas, de certa maneira me sinto responsável! -O homem recuou o corpo pra trás.

— Sei que parece cruel, mas precisamos eliminar o senhor, como suspeito. — Falou Amadeo. — Venha conosco. O senhor e sua esposa precisam assinar os termos para podermos liberar o corpo.

O homem, arrasado, foi levado até o local indicado por eles e após se despedirem, voltaram para o departamento de investigação. Agora não era mais um caso simples de desaparecimento e sim, um caso de homicídio.

E, se tinha uma coisa que Rogério odiava, depois de predadores sexuais, era um assassino cruel.

— Já está pronto o laudo da perícia? — Perguntou Amadeo.

— Já, sim. Mas, uma coisa que o médico disse, não me sai da cabeça, amigo.

— E o que seria?

— Havia graxa e lasca de madeira envernizada, Amadeo. Algo me diz que nós conhecemos quem fez isto.

Rogério encostou o carro fora da estrada, saindo em direção ao local do crime. O céu em tom âmbar, denota a aproximação da noite, então resolveu apurar o passo. Foi descendo o barranco quase às escuras apoiando -se nas árvores tentando se equilibrar, mas com dificuldade. Parava para fazer suas anotações, conforme as dificuldades iam surgindo sempre olhando ao redor e cronometrando o tempo.

Levou quase o dobro do tempo que a equipe e os policiais chegaram até onde Isabel foi encontrada. O detetive deu um suspiro se inclinando, tirando os sapatos e o paletó para sentir as dificuldades que ela deveria ter sentido naquela noite. Caiu várias vezes, levantou-se. Machucou o rosto em um galho retorcido, mas prosseguiu, sentindo as gotas de suor descer pelo rosto. O sal do suor penetrou no pequeno corte, fazendo Rogério resmungar, passando as costas da mão no ferimento. Foi quando perdeu o equilíbrio e teve que se segurar em arbustos e galhos secos, até chegar à beira do lago. Respirou fundo e arregaçou as mangas da camisa suja de lama e limo, sentando em uma das pedras. Anotou o tempo que levou, olhando o relógio.

— Então foi assim que você se machucou, menina? Por que tanto sacrifício? Por quem? — Murmurou.

Pegou seu celular no bolso das calças, ligando para o colega.

— Alô, Amadeo? Quero que me encontre agora no DP, ok? Tenho algo pra contar!

[— Certo! Estou indo pra lá, agora! Onde você está? No local?]

— Exatamente! Precisamos ver a autópsia da garota. Até lá!

[— Até já!]

Ao desligar, algo no chão brilhou, chamando sua atenção. Um brinco de pérola entre as folhagens podres. Tirou do bolso seu lenço e com muito cuidado, passou a joia para ele e enrolou. Ergueu-se, guardando no bolso, pegando o caminho por onde veio com um nível de dificuldade ainda maior, pois a noite caíra e apressou o passo.

Seus pés estavam encharcados e enlameados, quando chegou ao carro. Isto fez com que tivesse se arrependido de ter tirado os sapatos. Sentou-se no banco do carro, com o corpo virado para fora do veículo, retirando as meias grossas de lama e não sabia ao certo o que fazer com elas, bufando pela sua falta de criatividade com detalhes tão simples então, num ímpeto de raiva, socou as duas dentro dos sapatos, jogando no banco traseiro, de forma displicente.

Foi dirigindo até o departamento de homicídios, quando se lembrou do seu estado lamentável, indo assim direto para sua casa.

"Não posso aparecer desta forma! Preciso de um banho, antes ''. — Pensou.

Uma hora depois, ele surge no departamento. Amadeo, com cara de poucos amigos, o encarava:

— Vá agora para o departamento, Amadeo. Já estou indo, Amadeo. Claro, Rogério! Já vou correndo, para não te fazer esperar mais de uma hora! — Esbravejou

— Ei! Relaxa, Amadeo!

— Sim! Relaxa! O que são noventa minutos, não?

— Levei uma hora e meia? — Falou surpreso.

— Não! Foram exatamente uma hora e trinta e dois minutos, para ser mais preciso!

— Se você visse meu estado, me mandaria de volta pra casa e tomar um banho.

— E aí? O que você descobriu, afinal? — Disse, vendo que o detetive nada falava.

— Vamos para minha mesa. Quero mostrar algo pra você! — Saiu em direção a sua sala, com Amadeo no seu encalço.

Alguns minutos depois, Rogério tirou do bolso seu bloco e entregou para seu amigo. Este leu devagar, olhando em seguida para o investigador, que lhe sorria.

— Ela levou todo este tempo, para chegar da estrada até o lago?

— Exatamente.

Amadeo olhou o bloco de novo, indo até o mural da linha do tempo da investigação, colocavam as evidências que iam coletando.

— Ok! Então ela deveria ter se encontrado com os amigos, na praça às 17:30, certo?

Rogério confirmou com a cabeça.

Amadeo fixou os olhos no mural:

Deveria ter se encontrado com os amigos as 17:30

DUAS LINHAS DE TEMPO:

SE ELA PEGOU CARONA COM O SUSPEITO:

*ela saiu às 18:00

*ela chegou por volta das 18:30

*ela desceu o barranco e chegou até o lago às 18:50 (levando o dobro de tempo que a perícia)

SE ELA FOI ANDANDO ATÉ O LOCAL:

*ela saiu às 18:00

*ela chegou às 20:00/20:30

*ela chegou até o lago às 20:20/20:50

SENTIRAM FALTA DELA: às 19:30

LIGAÇÃO FEITA PARA EMERGÊNCIA POLICIAL: às 19:35

HORA DA MORTE FEITA PELO MÉDICO LEGISTA: entre às 19:00 e 21:00

— O celular dela foi encontrado pela perícia, certo? Tinha alguma coisa útil? — Perguntou Amadeo, ainda de frente para o mural.

— Nada. Ela fez questão de destruir o aparelho. Mesmo que o pessoal da informática salve alguma coisa, duvido muito que irá nos ajuda.

— Certo. Continuando nosso raciocínio. O suspeito teve tempo suficiente para matá-la e voltar para casa? — Virou-se para Rogério.

— Podem ser suspeitos, meu caro amigo Amadeo!

— Por que diz isto? —Assombrou-se com as palavras do parceiro.

Foi então que, Rogério retirou do bolso o pequeno embrulho, abrindo na frente do amigo:

— Veja, Amadeo. Encontrei no local do crime. Interessante, não?

Amadeo olhou, pegando com todo o cuidado em suas mãos, abrindo o lenço, contendo o brinco de pérola. Olhou de volta para seu parceiro, tentando entender, coçando o queixo:

— Interessante, é. Mas lá é um local visitado pelos jovens. Não poderia ser de qualquer garota ou até da própria Isabel? — Tentando acompanhar o raciocínio do outro.

— Poderia, realmente! — Bateu no ombro do investigador. — Mas eu vi o corpo de perto, no local e ela usava um par de brincos dourados em forma de meia lua. — Continuou.

Amadeo ficou entre perplexo e esperançoso:

— Então, é possível que tenhamos uma mulher no local! Maravilha, Rogério!

— E é isto que vamos investigar e eliminar como prova, mas até que se possa provar, esse brinco vai nos ajudar, meu querido amigo!

— Vou pedir para que se faça exames de DNA no brinco, para descobrirmos de quem pertence. Apesar que desconfio de quem seja.... — Enrolou, cuidadosamente.

— Certo! Eu vou ver com o doutor Jonas se já podem liberar o corpo da jovem, para a família.

— Perfeito! Enquanto isso, irei seguir investigando. Ok? — Enfiou o embrulho num saquinho de evidência, escrevendo o nome da Isabel na frente.

Rogério, que até aquele momento parecia distraído, levantou o polegar, fazendo um gesto positivo com a mão, indo até o mural e fixando os olhos nas fotos dos jovens envolvidos. Passou os olhos em cada detalhe que as fotos revelavam. Parou os olhos na foto de Isabel. Mostrava um semblante sereno, um sorriso encantador e uma postura confiante.

"Esta pose nunca te definiu realmente, não é Isabel?" — Pensou, sacudindo a cabeça.

Olhou novamente as outras fotos, com mais cuidado. Se aproximou ainda mais de uma das fotos, fixando o olhar:

— Mas como não havia percebido isto? Eu tenho uma desconfiança do que aconteceu... — Pensou em voz alta, enrugando a testa.

Terminou de falar, pegou sua jaqueta e saiu correndo do departamento, sem se despedir do pessoal de plantão.

(3414 palavras)

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