CAPÍTULO 02 - SÁBADO

Querido Amigo Diário

        Bryan acordou cedo e decidiu ir até a casa dos pais de Isabel, para saber novidades sobre a amiga, quando avistaram uma viatura estacionando na frente da casa, além de um carro preto, onde um homem descia, no exato momento em que se aproximava. Ficou observando a movimentação, sem coragem de chegar em casa, distância confortável. Foi quando reparou que o mesmo homem olhou na sua direção, se aproximando com um sorriso. Ficou imaginando os motivos e resolveu não sair correndo, como era o pensamento principal.

— Olá? — Falou o homem enquanto o encarava.

Era um homem alto e loiro, com um ar intimidador, que todo policial tinha.

— E aí? Beleza? — Bryan o encarava, num misto de medo e ansiedade.

— Então! Você conhecia a jovem que desapareceu? — Se aproximou mais do rapaz, apontando para a residência dos Palmas.

— Ela era minha amiga. — Desviou os olhos para a rua.

O detetive sorriu condescendente, na tentativa de acalmá-lo:

— Sou Rogério, detetive do departamento de desaparecidos da polícia. Você é....?

— Meu nome é Bryan. — Enfiou as mãos nos jeans. — Já descobriram onde ela está?

— Ainda precisamos conversar com os pais e recolher provas. — Olhou na direção da casa.

— O investigador responsável deve estar juntando evidências, como cabelos na escova ou algo que vai nos ajudar nas buscas. 

Colocou as mãos na cintura, voltando a olhar na direção do garoto.
—Precisamos descobrir onde ela pode estar.

— Sei... — Bryan estava visivelmente nervoso.

— Podemos conversar um pouco? — Desconversou.

Bryan ficou incomodado com a pergunta. Não era muito confortável "ter um papo" com policiais, quando se é negro.

— Podemos, mas não sei se poderei ajudar, detetive. Não sei de nada!

— Ei! Relaxa, garoto! Só quero saber o perfil da jovem, através da ótica dos amigos. E como você me falou que era, me faz crer que saiba mais que os pais dela. Estou certo?

— A Isa não era o tipo de mina que escondia qualquer lance dos pais.

— E que tipo de garota era ela, Bryan?

— A melhor. Sempre obediente, estudiosa. Estas coisas.

Rogério pegou seu bloquinho inseparável e anotou o que o jovem havia dito.

— Até os anjos têm segredos. — Murmurou. - Se estava tudo tão bem, por que ela sumiria?

O garoto sabia que no final das contas o policial tinha razão, mas neste caso até pra ele que a conhecia há tanto tempo, era tudo muito estranho:

— Tudo bem! - Sacudiu os ombros. — O que quer saber?

— Vamos dar uma voltinha? Podemos conversar com mais tranquilidade.

— Não! Eu mal conheço você! — Se afastou, desconfiado. — Não tens que interrogar os pais dela?

— Certo. Tens razão. — Sorriu. — Mas como meu parceiro já está fazendo isso, pensei em conversar com quem realmente conhecia ela. Os amigos.

Rogério sentiu a resistência do rapaz e teve uma ideia. Precisava quebrar o gelo entre eles, se quisesse saber mais a fundo quem era Isabel Palmas e o que aconteceu com ela.

— Além de você, ela tinha muitos amigos? — Foi anotando.

— Ela era legal, mas amigos mesmo, eram poucos.

— E você, um deles. — Sorriu. — E quem são os outros?

— Somos em três, detetive. — Cruzou os braços, contrariado.

— Pode me passar os nomes deles? Dos outros amigos dela?

— Por que?? — Piscou, confuso.

— Preciso ouvir o que eles têm pra me dizer, Bryan. Quer que a encontremos, não é?

Bryan assentiu, concordando.

— Ela e vocês se encontravam para conversar, além das redes sociais?

— Sim, claro! Geralmente lá na quadra de skate. Às vezes na sorveteria. — Ergueu as mãos, tentando mostrar a direção dos locais. — Mas por que quer saber? Isto vai ajudar a encontrá-la?

—Vai, e muito. Eu sei onde e como esta informação tão simples poderá nos ajudar.

Bryan estava um pouco cético, quanto aquele papo todo de "Sou como vocês, blá, blá". Mas, também o desejo de saber o paradeiro da amiga, era ainda maior. E também o quanto mais ele falasse, mais rápido aquele homem se calava.

— Nosso encontro também é na praça principal. Onde tem um velho parquinho e geralmente sentamos num dos bancos de concreto de lá. — Enrugou a testa, como se estivesse tentando puxar da memória. — Fazemos isto há muitos anos, já. Desde que éramos crianças.

— Ela tinha algum namoradinho ou namoradinha? Alguma paquera? Vício?

Bryan não sabia se ria daquelas perguntas ou dava as costas. Mas fazia parte do trabalho da polícia e não seria ele que iria atrapalhar.

— A Isa? — Riu — Não para as três questões, cara! Não que eu saiba, claro!

Rogério ia anotando, enquanto sorria para ele.

— Posso ir, agora? Não posso demorar muito.

— Não ia nos Palmas? — Apontou com a cabeça, na direção da casa.

— Eu queria visitar os pais dela, mas só vou atrapalhar com vocês lá. — Deu as costas, voltando pra casa.

— Antes de ir, pode me dizer onde mora?

— Não muito longe, policial. Se dobrar a esquerda, vais encontrar um sobrado verde. Lá no fim da rua. — Falou, apontando para a esquina.

Rogério olhou na direção que o garoto indicava.

— Não tem erro, detetive Rogério. — Piscou o olho. — Meu pai é o veterinário daqui do bairro. — Sorriu

— Se eu precisar, poderei ir até sua casa para conversar?

— Pode ser! Mas não sei onde posso ajudar. — Fez uma careta, encolhendo os ombros.

— Às vezes, uma pequena coisa, um mínimo de detalhe, pode nos ajudar a seguir uma linha de raciocínio e elucidar o caso.

— Entendi... Posso ir, então?

Rogério assentiu com a cabeça.

Se despediu, indo para casa com passos largos e desajeitados. Antes de dobrar a esquina, olhou na direção do homem.

— Encontre minha amiga, ok? — Disse, com tristeza na voz.

— Este é o meu trabalho, garoto.

Bryan deu as costas, seguindo em direção à sua casa. Rogério ficou olhando o rapaz se afastar e dobrar a esquina, analisando a conversa que tivera com ele. Não notou que a presença de Amadeo, o investigador se aproximava.

— Quem era aquele?

— Um dos amigos da jovem E, pelo jeito nutria um sentimento por ela.

— E você descobriu isto, conversando ou ele falou? — Perguntou, olhando diretamente para o parceiro.

— Os olhos dele me falaram mais que a boca, amigo.

— Você e suas frases de efeito. Você vai conversar com os pais da menina? Já estão te aguardando e bem nervosos.

— Vamos, lá, então. — Seguiu o parceiro. — A perícia já recolheu algum indício?

— Já. Não tinha muita coisa, mas estava tudo embalado e anotado.

— Perfeito! — Disse, por fim.

Suspirou, olhando para a casa dos Palmas, indo conversar com os pais desolados da menina, guardando seu bloquinho no bolso.

— Temos que analisar as emoções deles. Pelo que o amigo disse, Isabel era a personificação da menina perfeita.

— Ninguém é perfeito, Rogério!

— Exatamente, Amadeo! Exatamente! — Coçou o queixo barbeado.

— Para mim, é mais um caso de menina que fugiu com o namorado.

Estavam à beira da porta, onde um policial fardado, os aguardava, com um pequeno saco de evidências em mãos.

— Só faltou este item, detetive. — Disse, mostrando um caderno grosso com figuras recortadas e costuradas, no tecido rosa xadrez.

— Obrigado, policial. Pode encerrar, por hora. — Bateu no ombro do homem fardado. — Tenha um bom dia.

— Pode ser, mas meu instinto me diz que existe muita sujeira por debaixo deste tapete. — Falou, se virando para o colega e entrando no interior da casa.

Os pais se encontravam no sofá, desolados com tudo aquilo. Junto deles, mais duas pessoas.

— Com licença? Bom dia, senhoras. Vocês são da família? — Falou, se dirigindo para as duas senhoras em pé.

— Somos vizinhas, senhor — Falou a mais nova das duas, com um copo de água com açúcar.

— Agradeceria muito se pudéssemos conversar com os Palmas, a sós, senhoras. Se tiverem algo para somar as informações, deem seus endereços para o guarda à porta, sim? — Apontou a porta da rua.

Elas se olharam, inconformadas e em seguida, despediram-se do casal amigo.

— Obrigado, senhoras. Não esqueçam de deixar nome, endereço e telefone para o guarda, ok? — Falou, enquanto as duas saiam.

— Bom dia, senhores. Podem se sentar. — Falou Pedro Palmas, que tinha o braço sobre os ombros da esposa, consolando-a.

— Senhor e senhora Palmas, gostaria de me apresentar. Este é meu parceiro, investigador Amadeo e eu serei o detetive encarregado no caso do desaparecimento da sua.

— Prazer, senhores. — Disse Pedro, desolado.

— Enfim. Pela minha experiência, acredito que logo teremos uma conclusão sobre o paradeiro da sua filha, se nos ajudarmos contando tudo que sabem e nos derem os mínimos detalhes. Isto irá ajudar a resolver o caso, o mais rápido possível.

— Faremos de tudo para que encontrem minha filhinha! — Disse a mãe, aos prantos.

Amadeo observava o casal e era visível a exaustão de ambos, pelas olheiras. Ficou calado até o momento, para não atrapalhar a linha de raciocínio do detetive.

— Gostaria de dizer para não se preocuparem, mas não faria nenhum sentido, numa situação como esta. — Falou, de maneira serena. — O que eu posso dizer é que faremos todo o possível para encontrá-la e trazê-la de volta pra casa.

Maria desabou em prantos, sem conseguir falar. Foi Pedro que agradeceu com um fio de voz.

— Às vezes adolescentes tendem a sair de casa e ir para um amigo, dar um tempo, sem medir as consequências. — Disse Amadeo, de forma descontraída, a fim de ajudar nas investigações.

— O senhor acha mesmo que ela só está chateada com alguma coisa? — Maria murmurou com a voz embargada.

— Sim. É uma possibilidade. Por mais que sejam bons filhos, os adolescentes se sentem perdidos, com provas, com obrigações, amores não correspondidos. Existem tantos motivos. Mas sempre acabam retornando. — Deu uma pausa, esperando que o casal absorvesse.

— Podemos conversar? — Disse Rogério, com a voz suave, porém firme. — Me falem da última vez que falaram com ela e o como ela estava emocionalmente.

— Isabel era uma menina maravilhosa! Nunca deu nenhum problema! — Pedro falou, se desvencilhando dos braços da esposa.

— Nossa menina nem tem namorado! Ela estava tranquila ontem, quando saímos pra ir a uma reunião na igreja. Ela falou que iria começar as provas. Nossa filha acabou de entrar na faculdade. Tudo era novo, pra ela, detetive.

Amadeo ia anotando, enquanto Rogério, fazia as perguntas.

— O que ela estava vestindo, quando sumiu? — Perguntou, Rogério.

— Eu senti falta de uma camiseta branca com uma banda de rock na frente, shorts jeans desbotado, e.... Eu não lembro mais! — Chorou

Rogério pigarreou, olhando a reação do pai da garota, esperando que a mãe se acalmasse e prosseguisse.

— A senhora poderia me dar uma foto dela, para imprimir alguns cartazes de desaparecida?

Maria Palmas, secou o rosto no seu lenço amarrotado entre os dedos, se levantando até a lareira, onde havia várias fotos emolduradas em bonitos porta-retratos. A maioria delas, da jovem em várias fases da vida.

— Tome. — Alcançou uma, onde o rosto de Isabel, enchia a fotografia com seu belo rosto. — Esta é a mais atual. Foi na formatura do ensino médio. Ela teve as melhores notas. — Choramingou.

— Precisamos ver o quarto dela, senhora. — Disse Amadeo, se levantando. — Poderia nos acompanhar até lá, por gentileza?

Ela assentiu, dando as costas e subindo as escadas, devagar. Parou na primeira porta do corredor, onde o nome "Isabel", pendia na porta, com as letras coloridas. A mulher respirou fundo e abriu a porta para os dois entrarem.

— Fiquem à vontade, detetives. Eu não consigo nem entrar, sem sentir uma vertigem.

— Obrigado, senhora. Não vamos demorar ou retirar nada. — Tentou amenizar. — Só vamos observar, se há alguma coisa que possa nos ajudar.

— Está bem. Eu preciso de um calmante... — Sussurrou.

Os dois se entreolharam. Já tinham visto cenas como aquela. A mulher estava a ponto de desabar.

— Ok! Vamos analisar tudo com muito cuidado, Amadeo.

— Certo!

— Olhe em volta, Amadeo.

— Estou olhando. E...?

— Estou me imaginando no lugar dela. De Isabel. — Disse, indo até o espelho, se olhando nele.

Ele se virou e sentou na beira da cama, olhou os bichinhos de pelúcia, as maquiagens todas muito bem organizadas na penteadeira.

— O que você está vendo de errado, Amadeo?

— Dois marmanjos no quarto de uma adolescente? — Ergueu os braços em rendição.

— Não, cara! O quarto! Ele estava impecável — Disse, irritado.

— Meninas tendem a ser organizadas, Rogério! As mães tendem a limpar os quartos dos filhos, sabia? Onde está o estranho, aí?

— Uma mãe que não conseguiu entrar e quase entrou em pânico? — Disse, piscando o olho.

— É claro! Que mãe arruma ou pensa em arrumar o último local onde a filha esteve e no dia seguinte, entra em parafuso? — Estalou a língua, dando com o bloco na própria testa. – Não faz sentido!

— Mas, e se não foi a mãe que arrumou? Pode ter sido o pai. — Amadeo seguia a linha de raciocínio do detetive.

— Ok, ok! Concordo! Poderia, mas estava arrumado como se ninguém tivesse mexido em nada! Como se não quisessem deixar nenhum vestígio, nenhuma prova... — Andou pelo quarto, olhando as fotos na porta do roupeiro.

— Hummm... — Parou, olhando fixamente para uma em especial. — Interessante...

— O que é interessante? — Se aproximou, olhando a mesma foto. — Tem marca de brilho labial nela. Provavelmente da garota.

— Ainda tem o aroma de morango e está úmido. — Cheirou a foto por um tempo.

Se olharam, em silêncio, compreendendo que, antes de sair, ela beijou aquela foto.

— Vamos descer e voltar para a delegacia. Quero olhar o que a perícia conseguiu e montar o caso.

— Temos um caso de desaparecimento, agora. — Saiu do quarto, sem esperar pelo Rogério, que puxou a foto e guardou no paletó.

— Senhor e senhora Palmas. – Olhou os dois. — Vamos fazer uma busca pelos quarteirões, só para ter certeza que não nos escapou nenhum detalhe.

— O senhor promete que trará nossa menininha pra casa? — Disse a mãe, se apoiando no braço do senhor Palmas.

— Tenho certeza que tão logo ela sentir a falta dos senhores, irá ligar pra vocês. — Rogério tentava passar tranquilidade para o casal.

— Qualquer coisa, entrem em contato conosco. — Disse Amadeo, esticando a mão, com um cartão de visitas na direção da mulher.

Se despediram, entrando no carro e assim, fizeram algumas voltas pelas redondezas, anotando alguns pontos estratégicos e fazendo perguntas para alguns vizinhos e seguiram em direção ao departamento de polícia.

Já no escritório, o detetive Rogério e o investigador, estavam juntando todas as evidências colhidas pela perícia e tentando montar as peças, sobre o caso da jovem Isabel. Eles sabiam que havia algo a mais que as pessoas não falavam

Apesar de ser prematuro e parecer só um caso de adolescente que saiu de casa, sua intuição lhe dizia para vasculhar mais a fundo. Amadeo acabou tirando-o do seu pensamento investigativo.

— Rogério! O diário da garota! Deve ter muita coisa nele! — Pegou o saco de dentro da caixa de arquivo, contendo o caderno xadrez rosa.

— Mas é claro! Como não pensei nisso, Amadeo? — Disse, se virando na direção do outro.

Amadeo sentou na beira da mesa, enquanto colocava o saco em frente ao detetive. Sabia que Rogério era dedicado em tudo que fazia e não perderia tempo em investigar a fundo sobre aquele caso.

— Estava pensando, Rogério... — Falou, tamborilando os dedos na mesa bagunçada. — A perícia não teve por lá? De repente foram eles que tiraram os fios da escova. Ou, também pode ter sido a própria garota, para evitar que recolhêssemos algum indício de onde ela pode ter ido ou quem esteve no quarto.

— É uma ótima linha de raciocínio, Amadeo. Faz mais sentido. — Coçou o queixo, pensando. — Mas, por que ela faria isto?

— Porque a intenção dela não era voltar para casa.

Eles se olharam por um tempo, analisando tudo que disseram, para montar uma linha de investigação.

— Não havia nenhum risco no espelho. Os livros estavam organizados como se fosse uma biblioteca. Sei que pareço paranóico, mas adolescentes deixam seus rastros de alguma forma, certo? — Enquanto falava, o investigador encarava o amigo à sua frente.

— Ela limpou tudo... Porque já sabia que seus pais não estariam em casa e era o dia que se encontrava com os amigos. — Rogério enrugou a testa, olhando o diário nas mãos.

— Certo! Continue.

— Pensei, se eu fosse a Isabel, onde deixaria todos os meus desabafos? Onde ninguém iria me julgar? No diário! — Disse, finalmente, apontando para aquele caderno forrado com tecido rosa xadrez.

— Sim! O diário! — Rogério abriu um largo sorriso.

Sabia que isto poderia mudar o rumo das investigações pois tendo uma visão das coisas, pela ótica da jovem, ele teria como prosseguir. Sabia também que se dependesse das pessoas envolvidas nada descobriria. Portanto, este diário veio bem a calhar.

— Isto irá nos ajudar com o caso, meu caro Amadeo!

— Vou pegar um café, Rogério. Quer forte, sem açúcar e sem leite. Já sei, já sei! — Riu, dando as costas para o outro.

Rogério abriu de forma aleatória, o pequeno diário de Isabel. Se ajeitando na cadeira, iniciou a leitura, sem prestar atenção no colega, que saiu resmungando algo. A letra bem desenhada da jovem, expressava a personalidade frágil e organizada:

Querido amigo diário:

Hoje foi um dia longo! Parecia que aquela missa chata não tinha mais fim! Ai! Como eu odeio fingir que sou o que não sou! Até quando terei que ser arrastada até o covil do velho tarado? Será que só eu percebo as coisas sórdidas que acontecem neste fim de mundo?

Merda de vida, viu!

Amanhã vai ter aula de canto, na escola! Super Animada, diário! Ele estará lá!

LOVE, LOVE, LOVE!

Rogério ficou surpreso com o que lia. Anotou num bloco ao lado:

Padre Bartolomeu

Amor desconhecido (professor? colega?)

Continuou lendo:

Meu amigo diário:

Estou com muita raiva do meu pai!

#Ódio!

A vontade que eu sinto agora, é envenenar a cerveja dele! Falso moralista! E minha mãe? Nem vou falar nada!

Minha sorte é ter amigos como Quim, a Meg e Bryan!

Lembrete: Trancar a porta do meu quarto!

#Risos!

Coçou o queixo, anotando:

Problemas com os pais (pai alcoólatra? Mãe submissa?)

"Odeio fingir que sou o que não sou".

Joaquim, Megan, Bryan (investigar)

Ficou pensativo, enquanto lia o diário da jovem

"Quem era a verdadeira Isabel? Para onde foi e não menos importante, com quem?"

— Toma. — Disse Amadeo, alcançando um copo fumegante de café. — Vais continuar lendo, aqui?

— Não. Pretendo levar pra casa e ler com mais calma. — Sorveu a bebida, num pequeno gole. — Você sempre acerta, cara! — Sorriu. — Melhor café! Valeu.

O outro sorriu, indo na direção da sua própria mesa, deixando o relatório para o sargento Thompson.

— Que tal uma pausa pro almoço? — Disse Rogério, se aproximando.

— Bora! Vamos à lanchonete, aqui perto e voltar. — Disse Amadeo desligando o computador à sua frente. — Tenho que entregar alguma coisa pro chefe.

— Eu ainda nem comecei! — Riu.

Depois de almoçar juntos e decidir os próximos passos nas investigações, voltaram para suas mesas e iniciaram os relatórios, sem conversar por um bom tempo. Atenderam algumas ligações, separaram os itens recolhidos, tiraram algumas fotos e fizeram anotações pessoais no mural do departamento de desaparecidos. Amadeo, já cansado, se virou para o parceiro.

— Já providenciei os cartazes. — Disse, largando alguns na mesa do detetive. — O pessoal já está pronto para espalhar com voluntários.

— Perfeito, Amadeo. — Olhando o cartaz com a foto da garota.

— Achou algo de interessante, Rogério? — Falou, organizando a papelada, na mesa.

— Muita coisa, meu amigo. Mas, terei de continuar em casa mesmo. Tá ficando tarde. — Rogério levantou da cadeira, colocando o diário de volta no saco e enfiando debaixo do braço. — Amanhã conversamos melhor. Pode ser?

— Certo. Nem esquenta, Rogério.

— Boa noite, meu amigo! — Deu uma batida no ombro do parceiro, saindo do departamento, rapidamente.

— Boa noite! — Falou, digitando, sem levantar os olhos.

Entrou no carro, colocando o saco no banco do carona, juntamente com um dos cartazes dobrado. Estava decidido em achar aquela garota onde quer que ela estivesse. Havia muita coisa errada e ele não ia descansar até encontrá-la.

(3409 palavras)

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