Robôs humanos super óbvios.


- O Gustavo? Você deve estar maluca, vou te levar em um médico. - ele solta aquele sorrisinho irônico.

- Ele estava estranho e é bom com essas coisas de computadores. - tento argumentar.

- Ele é uma das pessoas que eu mais confio - ele cerrou os olhos.

- Nem sempre as pessoas são confiáveis - percebi que já estava quase gritando.

- Se você conseguir provar que é ele, eu acredito.

- Vou provar - falo me acalmando - Só isso então?

- É, agora eu tenho algumas coisas para resolver. - diz indo em outra direção.

Volto pro meu quarto e tento dormir.

**********

Acordo e decido ir de pijama mesmo até a sala do meu pai, ele deveria passar um tempo comigo. O escritório estava uma bagunça, a mesa estava cheia de papeis e ele aparentava estar cansado.

- Está muito ocupado? - pergunto me aproximando.

- Um pouco, mas não é nada preocupante. Em que posso ajuda-la, querida? - pergunta colocando o tablet na mesa e olhando para mim.

- Eu queria passar um tempo com você, não te vejo faz 13 anos - digo fazendo um biquinho infantil.

- Prometo que passaremos muito tempo juntos, mas não posso agora... Que tal se você passasse a tarde com sua mãe? Ela ia adorar. - diz sorrindo

- Eu posso? - pergunto quase pulando de alegria.

- Pode, mas o Nathan irá também. É para a sua segurança. - diz vendo que não gostei do fato de Nathan ter que ir.

- Tudo bem, acho que posso atura-lo por uma tarde. - digo bufando

- Eu sei que pode. - diz rindo - Pegue sua coisas e espere o Nathan má frente da SSI. E tome um cartão de crédito, pode comprar o que quiser - ele me entrega, suspiro e saio.

Chego no quarto e entro no closet, visto uma blusa rosa com um short jeans rasgado, pego uma bolsa e coloco o cartão de crédito, procuro meu celular e lembro que ele está com o idiota do Nathan.

Tenho que sair da empresa, mas não faço a mínima idéia onde seja a saída. Uso o elevador apertando o último botão. Vejo que estou na dispensa, Kym entra no elevador.

- Esta perdida? - vejo que ela quer rir, mas está se segurando.

- Onde fica a entrada da SSI?

- Botão 4 - ela aperta pra mim e solta uma piscada.

Chego ao meu destino, nunca tinha visto onde era local onde ficava a SSI. Era uma fazenda e na frente estava escrito:

"Vendemos Frutas"

Disfarce total, rio com meu pensamento e dou um pulo quando sinto uma mão tocar meu ombro.

- Vamos, srt. Assustadinha? - pergunta Nathan ironicamente.

-Seu sobrenome poderia ser Irônico - rebato.

- Bem, iremos de moto - ele diz me entregando um capacete.

- Moto? - pergunto insegura.

- É, nunca andou? - pergunta curioso

- Não. - digo olhando para a moto.

- Prometo não te deixar cair, agora vem. - diz colocando outro capacete e montando na moto, engulo em seco e sento atrás dele. Nathan liga a moto e o agarro com força, eu não quero cair.

- Vou te fazer andar de moto mais vezes. - sussurrou baixinho.

- O que? - pergunto sem ter certeza se ouvi direito.

- Nada não. - diz.

Fecho os olhos sentindo o vento bater em meu rosto, andar de moto não é tão ruim assim. Minutos e minutos depois Nathan para em frente a minha antiga casa, sorrio e desso da moto, bato na porta e sinto Nathan atrás de mim.

- Filha! - minha mãe diz sorrindo quando abre a porta.

- Mãeeeee - digo quase pulando para cima dela. -Que saudades!

- Você está cada dia mais linda! - o sorriso dela vai de orelha a orelha. - E que moço bonito é esse? Seu namorado? Não me diga que já tá namorando e não contou a novidade!

- O quê? Nós não namoramos. - digo enquanto Nathan sorri.

- Me chamo Nathan, prazer em conhece-la. Aliás, a senhora é muito bonita. - diz Nathan beijando a mão da minha mãe.

- Que simpático! Vão entrando, aproveite que ninguém está em casa.

Entro ao lado de Nathan, me jogo no sofá, estava com saudades desse lugar. Olho o relógio perto da bancada da TV.

- São 10 horas da manhã , tem certeza que a Maya não está dormindo?

- Ela saiu cedinho, lá pelas 7.

- Eu falei que a Maya tinha sido substituída - viro me para Nathan -Vamos falar com meu pai sobre E.Ts estarem atacando a terra!

- Sua irmã não é um E.T, ela só ia sair com a amiga nova. - diz minha mãe revirando os olhos e Nathan ri.

-Vou preparar um lanche para vocês, quero saber como você está indo lá na SSI. - Ela diz correndo para a cozinha.

- Eu sou terrível. - digo

- Você não é tão ruim assim, só não está completamente acostumada com tudo. - diz Nathan.

- Está vendo, eu acredito nele. - diz minha mãe trazendo alguns lanches.

- Eu ainda quero que você me visite lá, mãe! Você é a pessoa que eu mais confio do mundo , estava com tanta saudade. - começo a lacrimejar.

- Eu também estava com saudades, mas que tal assistimos um filme? - pergunta indo para a prateleira de DVDs.

- Qual? - pergunto animada.

- Deixe o visitante escolher - minha mãe sorri fazendo um sinal para Nathan escolher.

- Invocação do Mal - Nathan diz sorrindo

- Ótimo, eu adoro esse filme. - diz minha mãe pegando a caixinha do filme.

- Ah, mas eu não - faço cara de brava.

- Eu te protejo, meu amor - minha mãe riu.

Suspiro e o filme começa, minha mãe senta no outro sofá, conto dois minutos e ela dorme, enquanto eu estou com Nathan ao meu lado. Presto atenção no filme até o momento em que me assusto e escondo rosto no pescoço de Nathan agarrando seu braço.

- Tudo bem? - pergunta ele enquanto minha mãe ronca no outro sofá.

- Tudo - fico meio envergonhada e me desencosto dele.

Ao passar do filme eu já tinha morrido de susto umas 44656565 vezes. Assim que o filme acaba escuto o barulho de carro estacionando..

- Será que Marc já chegou?- minha mãe levanta em um pulo.

Ao mencionar o nome do meu padrasto Nathan faz uma cara de quem comeu limão e vai olhar pela janela.

- Só se o carro dele for uma van.

Minha mãe pega rapidamente uma arma que ficava escondida atrás de um quadro de frutas.

- Saiam daqui, procedimento 51 Nathan. Na cozinha. - Nathan me faz leva-lo até a cozinha e saímos pelas porta do fundos.

- O que é procedimento 51?

-Fugir - ele me puxa para o jardim e nos escondemos atrás de um arbusto.

Vejo dois caras saindo da van, eles eram meio estranhos, na verdade eram iguaizinhos.

- Eles andam que nem um robô - comento vendo eles andar sicronizadamente.

- Porque são robôs! - ele fala come se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Minha mãe dispara dois tiros pelas janela acertando em cheio os robôs mais óbvios do mundo.

- Agora vamos - nos dirigimos a moto.

- Será que a minha mãe está bem? - pergunto preocupada enquanto sentamos na moto.

- Ela sabe se virar, foi treinada na SSI. Uma das melhores agentes, assim como você será. - diz ligando a moto e dando partida, em uns vinte minutos estamos na faixada da SSI.

- E agora? - pergunto preocupada

- Agora nós vamos falar com o seu pai. - diz indo para o elevador e apertando o botão do andar do meu pai. Saímos do elevador e Nathan entra na sala sem bater.

- Aconteceu alguma coisa? - pergunta meu pai.

-Uns robôs humanos quase atacaram sua ex-esposa, na própria casa, mas ela atirou nos dois.

- Vou verificar isso - ele aperta um botão na sua mesa - Quero Luchis e Mariane de guarda na casa de Valentine. Vocês se machucaram?

- Não, estamos bem. - digo e sorrio.

- Muito bem , podem sair - ele faz um sinal com mão .

**********

- Como vão? Meu nome é Julius e vou ensinar a vocês a lutar, a agência tem um jeito próprio, misturamos Muay Thai, judô e alguns outros tipos de luta, irei ensinar á vocês - O nosso instrutor falou - Vocês precisam estar atentos a uma luta, desviar de um golpe pode ser a chave entre a vida e a morte, os olhos sempre atentos ao local, nem sempre você estará com uma arma ou um apetrecho, tentem achar o ponto fraco do inimigo. O soco no queixo é sempre uma boa saída.

A sala inteira prestava atenção nele, enquanto falava imagens dos golpes apreciam atrás dele. Julius era um espião meio revoltado, cheio de tatuagens dos pés à cabeça, careca e musculoso para completar, se eu visse alguém assim eu sairia correndo.

- Estou com medo dele - ouço Bia sussurrar atrás de mim .

- Quero total atenção aos golpes. Hoje daremos aprenderemos Muay Thai - ele para e respira um pouco - Alguma pergunta?

Todos da sala ficam em silêncio.

- Vamos começar então, Jab: é um soco lançado com a mão que está à frente da guarda e tem como alvo o queixo do oponente;

Direto: é um soco lançado com a mão que está atrás da guarda e tem como alvo principal o queixo do adversário;

Cruzado: é um golpe utilizado a média distância e cruza a linha frontal da guarda do oponente;

Upper: é um golpe executado a média distância e é realizado de baixo para cima, tendo como alvo preferencial o queixo do adversário. - olhou diretamente para nós. Céus, esse homem dava medo.

- Instrutor? - Nathan levantou a mão.

- Sim?

- Posso sair? Tenho coisas mais interessantes para fazer - todos olharam de boca aberta para ele, esperando aquele professor começar a lutar com ele ali mesmo.

- Pode sim - ele apenas deu um sorrisinho.

Nathan deu de ombros e levantou se dirigindo á saída.

- Vamos continuar... - ele passou mais um slide pronto para as novos golpes - O round kick ou pontapé circular: é a técnica mais utilizada no boxe tailandês e é conhecido como o "rei de todos os pontapés". Ele pode ser aplicado na cabeça, coxa ou canela do adversário;

O front kick ou pontapé frontal: tem como função principal parar um ataque e preparar o lutador para um segundo golpe;

O spin back kick ou pontapé de remoinho traseiro: quando o lutador dá uma volta sobre si mesmo e acerta no adversário com o seu calcanhar.

Eu estava entendendo, graças a Zeus, algo que eu entendia mais ou menos. Nessa matéria eu ia me sair bem.

- Kao dode: é quando o praticante salta para cima do adversário e com o joelho dá o golpe certeiro na perna do oponente;

Kao loi: é quando o praticante salta para o lado com um pé e dá o golpe certeiro com o joelho nessa mesma perna;

Kao tom: o lutador dá uma joelhada para cima em linha reta, acertando no adversário;

Kao noi: é uma joelhada aplicada na coxa ou na barriga do adversário -apareceu alguns vídeos explicando a técnica.

Não era tão difícil. Eu ia impressionar meu pai com isso.

- Os ombros, braços e pernas (canelas) são utilizados no Muay Thai como um "escudo protetor", pois são estes os membros que aparam os golpes dos adversários e obstruem as suas técnicas principais. É por isso que a defesa é um dos melhores ataques e quanto melhor for a defesa de um praticante, maiores serão as suas probabilidades de se sagrar vencedor de um determinado duelo e/ou competição. O clinch:

O clinch é uma técnica específica que ajuda a prender o pescoço ou o corpo de um adversário. A sua execução passa por apertar uma zona sensível do corpo do oponente (normalmente o pescoço) com o intuito de o levar ao tapete ou à desistência. Cada praticante pode realizar um clinch com cotoveladas e joelhadas para fragilizar ainda mais o seu adversário.

Já entenderam a teoria? Quero prática, vamos treinar os golpes com alguns robôs, tem um para cada um. Boa sorte - ele sorriu e sentou em uma mesa, pronto para fazer as anotações.

Fui até um robô, ele era bem branci e tinha escrito qual golpe tínhamos que dar. Respirei e comecei. O primeiro era Jab, lembrei das palavras de Julius e ataquei.

O robô previu o que ia fazer e segurou meu braço. Aproveitei o momento de desatenção e dei um soco com a outra mão. Dentro da tela mudou de nome para kao dode.

Ok, vamos lá, acertei ele em cheio e os nomes mudavam toda hora para um golpe, com o tempo a prática estava se tornando uma coisa fácil e muito legal. Aos poucos já lutava com um robô em velocidade de luta com um humano. O nome mudou pra Clinch, eu ia conseguir. Apertei a zona sensível do robô, que seria o pescoço levando ele a desistência.

- Muito bem senhorita, acho que será minha aluna preferida - Julius deu uma piscadinha e voltou ao olhar os outros que estavam lutando.

**********

Estava no meu quarto depois de muitos dias de treinamento. Eu praticamente saia da sala de luta para outra luta. Eu era boa nisso e gostava.

Escutei uma batida na porta e fui atender.

- Surpresa - Meu pai me pegou e rodou no ar.- Acho que alguém merece sair um o pouco.

- Você consegui um dia de folga? - pergunto com os olhos brilhando.

- Sim - ele sorriu - Vamos na sorveteira da Tia Ete! - ele falou e me senti com quatro anos de novo. Desde dos meus dois anos meu pai me levava para essa sorveteria, era algo nosso. Algo que fazia 13 anos que não se repetia.

- Eu não acredito - abracei ele com toda a força.

- Então vamos? - ele sorriu. - Mas pegue um casaco, deve estar frio lá fora - ele riu e ri junto, peguei um casaco e segui ele até a saída.

Lembrando que se o mundo começar a ser infectado por muitas pessoas estranhas, que não tem sentimento. A culpa não foi minha. Deixando bem claro isso.

Chegamos a sorveteria e sentamos em uma mesa próxima a janela.

- Flocos, abacaxi e cobertura de morango? - pergunta meu pai sorrindo.

- Sempre. - rio e fazemos o pedido.

-E como foi que escola nesses anos todos?

- Simplesmente terrível, nunca foi boa com aquela gentinha da escola - falo em meio a uma colherada e outra do sorvete.

Ele solta um sorriso e começa a conversar sobre o que aconteceu durante todos esses anos e como podemos recuperar o tempo perdido.

- Já está tarde, vamos? - pergunta meu pai pagando a conta.

- Vamos. - sorrio e vamos em direção ao carro.

- Da próxima vez você escolhe o lugar. - diz enquanto liga o carro e continuo sorrio ligando o rádio.

Estávamos cantando Yesterday dos Beatles de forma totalmente desafinada quando uma luz veio em alta velocidade em nossa direção, meu pai tenta desviar, mas acho que o cara teve a mesma ideia. Sinto minha cabeça bater e tudo fica preto.



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