Cantadas Horríveis


- Mais alto, mais alto - eu gritei.

-Calma aí, pequena gafanhota -meu pai riu e me empurrou mais alto no balanço.

- Se eu cair pai, você me protege né? - falei insegura enquanto o balanço chegava cada vez mais rápido.

- Sempre, filha.

-Essa pequena gafanhota tem que comer também junto com o mestre san - minha mãe riu enquanto tirava da cesta de piquenique três sanduíches.

- Ebaaaaa - pulei do balanço e fui correndo em direção a minha mãe.

- Me troca por comida, não é? - senti meu pai caminhando atrás de mim.

- Eu amo os dois, não largo nenhum. - os abracei até a altura que eu alcançava.

Minha mãe sorriu e entregou os sanduíches acompanhado de um suco.

- Feliz aniversário de 4 anos, pequena gafanhota - meu papai sorriu.

- Esse foi o melhor dia da minha vida Thomas, nossa filha foi a melhor coisa que podia acontecer - mamãe encostou a cabeça no ombro dele.

- Concordo plenamente, Valentine - ele me juntou ao abraço.

- Concordo com vocês - falei olhando os últimos raios de sol indo embora. Abro os olhos e fico momentaneamente cega, eu não estava mais com o meu pai nem com a minha mãe, quando meus olhos se acostumam com a luz, olho em volta e percebo onde estou. Lembranças inundam minha mente, em um segundo estávamos cantando, no outro tudo ficou preto e agora estou em um hospital. Onde está meu pai? Ele está bem?

Sou tirada de meus pensamentos com uma pessoa entrando no quarto, viro para ver quem é e vejo um Nathan com algumas olheiras.

- Oi - tento falar, mas minha voz sai rouca e fraca pela falta de uso.

- Você acordou! - diz ele vindo em minha direção e me abraçando, gemo involuntariamente pela dor que sinto em algumas partes do corpo.

- Eu te machuquei? - pergunta preocupado

- Não, eu estou bem, o que aconteceu? Onde está meu pai? - pergunto ignorando as dores quando tento me sentar.

Nathan logo muda sua cara de felicidade para uma expressão de tristeza e quando vai falar um homem com um jaleco branco entra no quarto.

- Fico feliz que acordou, srt. Bennet. Vou fazer alguns exames e poderá receber visitas, para depois descansar. - diz anotando algo em sua prancheta.

- Eu vou avisar os outros que ela acordou. - diz Nathan saindo do quarto.

Vejo Alex entrando na minha sala.

- Nunca mais faça isso, me assustou demais - ele disse se sentando na cadeira ao meu lado.

-Não precisava se preocupar, eu tô bem - digo me deitando de novo e uma Scarlet desesperada entra no quarto, seguida por Pietro e Nathan, que fechou a cara ao ver Alex aqui.

- Você tá bem?! - pergunta me abraçando

- Não quebrei nada, se é isso que você quer saber. - digo sorrindo.

- E alguém pode me dizer sobre meu pai?

- An... É que assim, o seu pai bateu a cabeça muito forte, teve traumatismo craniano e es tá em coma, não sabemos quando ele vai acordar.

- Você é muito legal pra dizer isso, Let -Alex bufa

- É melhor ela saber logo. - Let diz dando de ombros.

Deito de novo na cama, eu acabo de ganhar um pai e perco ele de novo.

- O estado dele é muito grave? - pergunto sentindo a cor sair do meu rosto.

Vejo Alex assentir devagar.

Agora não tenho mais meu pai pra me proteger se eu cair do balanço. Pequenos pontos pretos aparecem em minha visão e um zumbindo invade o meu ouvido. Tudo fica escuro novamente.

Abro os olhos devagar. Aquilo não foi um pesadelo. Eu estava mesmo em hospital. Meu pai estava mesmo em coma.

- Boa noite - vejo o médico novamente com a prancheta.

-Eu desmaiei de novo? - pergunto o olhando.

- Sim senhorita, acho que pelo susto. Bem, entrarão três pessoas com sua janta. - Ele disse sorrindo e saiu da sala.

Kym, Bia e Gus entram sorrindo pra mim. Bia carregava um bandeja de comida, era bobo de galinha. Pelo menos uma coisa boa neste dia.

- Nathan e Alex estavam muito cansados, e Let acabou dormindo no banco de espera. Eles foram para a agência descansar um pouco - Kym fala enquanto senta na poltrona ao lado.

- Aqui está seu lanchinho - Bia sorri pousando a bandeja em minha barriga, como um pouco e faço uma careta.

- Isso está sem sal. - reclamo

- É um hospital, você quer o que? Torta de morango? - Gus dá de ombros.

- Porque? Vocês trouxeram? - pergunto ansiosamente.

- Será?- Kym da um sorrisinho.

- Digam que sim. - tento fazer cara de cachorrinho que caiu da mudança

- Sim. - Bia diz

- Sério? - pergunto com os olhos brilhando.

- Não - diz sorrindo

- Você vai ter que comer isso ai - Diz Kym.

- Vocês são maus - volto a comer a sopa.

Ficamos falando das coisas novas da vida, sem citar nenhuma vez meu acidente de carro. Era doloroso demais.

O pensamento de Gus ser o cara que enviou a mensagem martelava na minha cabeça.

- Tá tudo bem? Você tá com uma cara estranha. - pergunta Kym preocupada.

- Nada não. - dou de ombros e lanço um olhar para a parede.

Eles foram embora e voltei a dormir. Olhei para o lado e Nathan estava me esperando.

-Boa madrugada - ele deu uma risadinha.

- Quando saio daqui? - pergunto colocando o braço em meus olhos.

- O médico disse que amanhã de manhã. - diz ficando em pé ao lado da cama.

- Finalmente, não aguento mais ficar aqui.

- Mas você vai ficar sem treinar até ficar totalmente recuperada. - Nathan diz sério.

- Agora que estou pegando jeito - falo cruzando os braços.

-Pode ir nas teóricas, mas nada de se mexer. - ele deu uma bronca.

- Agora virou meu pai? - pergunto ironicamente.

- Não, mas não vou deixar você fazer nada até melhorar, srt. Teimosa- ele deu um sorrisinho de canto.

Encarei os olhos azuis dele, e estava meio perdida em seu olhar até Alex entrar no quarto.

- Melhorou Tamara? - ele disse chegando cada vez mais perto de mim.

- Você sabe que meu nome não é Tamara - dou um leve em soco na barriga dele.

- É que mesmo doente, você tá maravilhosa. - diz sorrindo, começo a gargalhar e Nathan fecha a cara

- Que cantada horrível. - diz Nathan

- Tenho que concordar. - digo ainda rindo e vejo Nathan olhar com um sorriso vitorioso para Alex.

Alex sorri.

-A sua risada é a mais linda que já ouvi.

- Além de dar cantadas ruins é mentiroso - ouço Nathan falar rindo e saindo da sala.

- Ei! - reclamo e rio mais.

- Não liga pra ele. - Alex fala vindo pra perto de mim.

-Gosta de Harry Potter ? - ele diz sentando no lugar que antes estava Nathan.

- Amo - falo fazendo um coração com a mão.

-Eu disse Accio Gostosa e ele me trouxe você - ele diz.

- Que merda - digo gargalhando.

- Você não é Dumbledore, mas sempre foi meu alvo - ele parecia se animar a cada nova gargalhada.

- M..e..u De..u..s- digo arfando.

- Gosta de Jogos Vorazes? -ele sorri cada vez mais radiante.

- Sim - digo me preparando mentalmente para a próxima cantada

- Você é a presidente do distrito 13? Porque você me Coinquistou.

- Oh my Gosh - falo rindo mais ainda.

- Acho que pelo menos te animei um pouco - ele fala passando as pontas dos dedos no meu queixo.

- É. - sorrio fraco e Alex se aproxima.

Sua respiração está acelerada e a minha também, ele ia me beijar. Dessa vez não tinha como recuar. Até porta é aberta e Kym fica nos olhando com expressão de desagrado.

AÍ MEU DEUS. A KYM GOSTA DO ALEX.

- Atrapalhei alguma coisa?

- Eu não gosto mais de você, Kymberly - Alex revira os olhos.

Vejo os olhos de Kym se encherem de lágrimas. E ela sai correndo. VOCÊ É UMA IDIOTA NAIME BENNET.

- Onde paramos? - Alex se aproxima novamente.

- Em lugar nenhum, hoje não Alex, hoje não - sorrio fraco

- Ela acabou com o clima, ótimo. - diz e sai do quarto bufando.

Passando alguns minutos que Alex saiu, Nathan entra.

- Estou muito orgulhoso de você - ele sorri - Deu um fora no cara que eu mais odeio

- Eu não dei um fora nele, só... Okay, talvez eu tenha dado um fora. Mas o que aconteceu com ele e com a Kym?

- Só sei que eles namoraram e aconteceu alguma coisa que machucou ela, ela nunca mais foi a mesma. Não queria que ele machucasse você.

- Mas do que estou machucada, impossível.

- Não fala assim. - diz colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. - Ninguém vai mais te machucar, eu não vou deixar.

- Tudo mundo me deixa uma hora, e um dia você vai me deixar - falei passando a minha mão pela ponta dos seus dedos.

- Ei, eu não vou te deixar, eu prometo.

- De dedinho? - pergunto dando um sorriso fraco e levantando o dedo mindinho.

- De dedinho. - diz entrelaçando nossos dedos e se aproximando de mim.

Olhei para seus olhos e me perdi na imensidão daquele azul, podia sentir sua respiração acelerada em meu rosto e jurava que ele estava escutando as batidas do meu coração, que pareciam ter sido multiplicadas por mil, até que Nathan acaba com essa tortura e encosta seus lábios nos meus, fecho os olhos e sinto suas mãos passarem por meu pescoço e me puxarem mais para cima, parecia estar no paraíso e ele tinha gosto de menta, o beijo que começou calmo foi acelerando até precisarmos respirar. Nathan terminou o beijo com selinhos e encostou sua testa na minha, ainda de olhos fechados.

- Estou aqui pra o que o precisar.


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