Wake up!
Olá!
P quem já me segue, sabe que eu tenho algumas fanfics ainda não terminadas, então não prometo atualizar tão regularmente essa!
Eu tinha essa ideia já há um tempo, e ela mudou muito seu curso conforme eu não a botava em palavras, então resolvi escrever logo, antes que a estória em si se perdesse...
Espero que tenham paciência comigo caso gostem do enredo.
Boa leitura!
Por favor, curtam e comentem...
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Sua visão estava enegrecida, ele sabia que os olhos se mantinham fechados porque podia enxergar flashes amarelados vez ou outra, quando seu globo ocular girava em sua própria órbita lhe causando dores de cabeça.
Jungkook notou que algo estava errado no momento em que seus olhos finalmente resolveram obedecer, abrindo vagarosamente para encontrar um quarto de hospital decorado de forma que não parecesse um.
Ele tentou sentar, mas sua cabeça latejava com o movimento e os milhares de fios conectados em seu corpo repuxaram sua pele, causando vários estágios simultâneos de dor.
O apito de uma das máquinas conectadas a ele se tornou ensurdecedor. Jungkook tentou gritar por ajuda, notando que tinha um tubo em sua garganta, o arranhando e lhe impedindo de falar.
De repente seu pulmão tentou puxar mais ar do que devia, movimento causado pelo seu pânico repentino por não saber o que estava acontecendo, o tubo enfiado em sua boca cortou sua traquéia, lágrimas caíam por seus olhos esturricados e doloridos.
Uma enfermeira correu pelo quarto assim que viu Jungkook se debatendo contra os fios em sua cama de hospital, administrando um sedativo no soro conectado a ele o mais rápido possível, só para depois cuidar dos machucados recém causados pelo próprio paciente.
…
Quando Jungkook acordou novamente, todos os cabos conectados a ele tinham sumido, exceto pelo soro em seu antebraço direito que tinha mais hematomas que a junção de todos que já conquistou durante sua vida.
Ele notou uma pessoa distraída, olhando algo pela janela.
Era de manhã, ele sabia pela claridade amena do sol que a janela permitia entrar. Seus pés estavam mornos porque parte da luz batia neles.
Jungkook suspirou pesado tentando sentar mais uma vez, agora com um pouco mais de êxito, apesar da máquina apitar desesperada mais uma vez, já que seus batimentos cardíacos subiram com o pequeno esforço.
O barulho deve ter chamado a atenção do garoto que olhava a janela, porque o próximo passo dele foi virar em sua direção, os olhos arregalados e as mãos pequenas nos lábios.
Jungkook nunca havia visto um homem tão delicado, pequeno e belo em toda sua vida, mas ele não reparava muito em homens, então tinha isso.
- Quando o médico me ligou eu achei que era alguma espécie de trote ou sei lá. - Ele riu alto, deixando claro seu nervosismo, mordendo a boca para conter o riso enquanto tocava delicadamente na mão de Jungkook. - Não que eu me mantivesse muito longe, fico a maior parte do tempo aqui com você. - ele tentou se consertar, balançando a mão livre em frente ao rosto enquanto negava veemente o fato de ter se afastado dele em algum momento.
Jungkook sentiu um choque estático passar por suas mãos e atirou as mãos pequenas do estranho de abrupto, o deixando assustado e confuso.
- Desculpa, acho que continuo acumulando estática. - o garoto se desculpou notando que tinha dado um pequeno choque no mais novo.
- Quem… - Jungkook tentou falar, mas sua garganta queimou parecendo rasgar com o ato.
Jimin arregalou seus olhos castanhos, a boca num bico grande demonstrando um traço infantil de preocupação.
- O Dr. Kim pediu pra não deixar você tentar falar, caso acordasse. - O garoto sorriu sem graça, passando a mão nos cabelos, os deixando cair em cascatas na testa. - Quer um pouco de água?
Jungkook concordou com a cabeça, estranhando o porque estava perdido em pensamentos sobre cada detalhe do cara estranho em seu quarto. Ele olhou assustado para a porta, pensando se seus pais não estariam por perto.
Talvez ele fosse um administrador do hospital ou coisa assim, já que vestia um terno azul marinho elegante. Se bem que ele parecia mais, um daqueles modelos em uma capa de revista cara.
- Quem é você? - Jungkook conseguiu perguntar depois que sugou água o suficiente pelo canudo que o homem desconhecido colocou em sua boca.
O garoto riu um pouco confuso, mas obviamente achando que Jungkook estava brincando.
Jungkook continuou o encarando, a expressão neutra enquanto assistia o estranho perder o sorriso confuso.
Um silêncio assustador se perdurou sobre eles, rompido pelo copo de vidro que o homem deixou cair ao lado da cama, espirrando água e cacos de vidro para todos os lados.
- Jimin? - Uma mulher o chamou da porta, um pouco tímida em atrapalhar, olhando entre Jungkook e Jimin algumas vezes.
Então seu nome era Jimin. Combinava com ele!
- Omma? - Jungkook chamou com a voz rouca e chateada, tomando a atenção de sua mãe.
Jimin riu sarcástico passando mais uma vez a mão nos cabelos loiros enquanto se virava para a janela mais uma vez, as mãos na cintura e o rosto que refletia no vidro repleto de lágrimas, caindo pelo rosto feito corrente, obviamente magoado por Jungkook ter reconhecido outra pessoa que não ele.
- O que está acontecendo? - A mãe de Jungkook perguntou enquanto abraçava o filho, tentando acalmá-lo com seu toque familiar.
- Jimin? - Ela o chamou mais uma vez.
Jungkook viu ele limpar as lágrimas com suas mãos pequenas e gordinhas, se virando com um sorriso fraco no rosto e se aproximando com calma.
- O que aconteceu comigo? - Jungkook perguntou para sua mãe, ficando ainda mais confuso e assustado.
- Acho que ele não se lembra de mim. - Jimin falou engasgando na última palavra que saiu com dificuldade.
- Quem é ele? - Jungkook perguntou fazendo sua mãe arregalar os olhos em sua direção, como se ele tivesse caluniado algo santo.
- Por que diabos ele não me reconhece? - Jimin perguntou exasperado, parecendo finalmente perder a paciência.
Os apitos na máquina conectada ao Jungkook começou a soar alto e de maneira emergencial enquanto Jungkook assistia Jimin morder forte seus lábios grossos, até um corte se formar ali.
Algo em ver o garoto se machucar o incomodava, mas ainda assim ele podia jurar nunca tê-lo visto em toda sua vida. Até porque ele tem certeza que se lembraria se tivesse.
- Vai chamar o médico. - A mãe de Jungkook falou para Jimin depois de notar que o garoto deixava o filho agitado e isso não era bom para o seu corpo ainda em recuperação.
Jimin concordou com a cabeça demonstrando respeito a mulher em cada gesto que fazia antes de sair do quarto.
- Quem é ele Omma? O que está acontecendo? - Sua mãe o olhou assustada.
- Você sofreu um acidente de carro filho, estava em coma. Jimin foi chamar o Dr. Kim e vamos te explicar tudo ok?
Acidente?
Jungkook tentou lembrar qual foi sua última memória antes de acordar, mas nada veio em sua mente além de mais pontadas de dor na cabeça.
Um cara que não parecia muito mais velho que ele apareceu na porta de seu quarto de hospital. Os cabelos castanhos caindo na testa, o jaleco um pouco grande para seu corpo magro e alto.
O médico colocou a mão livre nos ombros de alguém que Jungkook não conseguia ver por causa da parede, mas não por muito tempo, logo a pessoa entrou nos braços do médico e em sua visão.
Jungkook se remexeu inquieto na cama. era Jimin e ele estava chorando, seu corpo se inclinou para o médico, que o abraçou de lado enquanto falava algo em seu ouvido.
Seu corpo se retesou inconsciente, como quem declara posse do que é seu por direito, suas mãos fecharam em punho, a respiração pesada.
Por que todos esses sentimentos por um estranho?
Passaram-se boas horas até Jungkook ter a atenção voltada pra ele. Jimin parecia ter ido pra casa tomado um banho ou coisa assim, ele parecia diferente, menos cansado e muito mais encantador. Todo o tempo que Jungkook teve para “processar” as novas informações, não valeram de nada depois que Jimin apareceu para confundir sua cabeça mais uma vez.
- Jeon Jungkook, meu nome é Dr. Kim Namjoon e eu sou responsável por sua recuperação. - O médico sorriu carinhosamente para o mais novo que empinou seu nariz e cruzou seus braços, bloqueando qualquer aceitação de informação por parte dele, inconscientemente ou não.
Isso não passou despercebido por RM, porém suas covinhas no rosto não diminuíram e sua calma se assomou por todos na sala.
- Sei que pode ser confuso para você, mas eu estou aqui para ajudar.
Jimin tomou sua posição ao lado de Jungkook de maneira inconsciente, porém ele pareceu ser o único a não perceber o quanto o mais novo estranhou tal ato.
- Chegou a minha atenção que você não se lembra… - RM olhou receoso para Jimin. - … Não se lembra de alguns acontecimentos.
- Aparentemente alguns fatos um tanto quanto importantes. Como o fato de ser gay por exemplo. - Jungkook disse com nojo na voz, o que fez Jimin se encolher ao seu lado, enrolando a barra da blusa de lã dois tamanhos maior que o ideal para o seu tamanho, deixando a manga branca cobrir suas mão pequenas com facilidade, a gola alta ressaltar seus brincos longos e o loiro quase branco de seu cabelo armado e um pouco cacheado, como se não tivesse visto um secador já há um tempo.
Jungkook se viu engolindo em seco mais uma vez pela beleza impactante do garoto, principalmente agora que deixava seus lábios cheios, vermelhos de tanto mordê-los.
- Sinto muito se te ofendeu. - Jungkook falou diretamente com Jimin que se assustou por ter o mais novo direcionando a palavra a ele.
- Está tudo bem. - Jimin respondeu carinhoso, mesmo que as coisas não estivessem realmente bem.
- Do que se lembra Jungkook? - RM perguntou.
- Sei lá. De nada. - Jungkook revirou os olhos, implicando mais uma vez com o médico.
RM olhou alarmado para Jimin que deu de ombros e sorriu em resposta. RM finalmente sorriu, abaixando a cabeça um pouco tímido.
Aparentemente o jeito Jimin de ser, mexia com o médico também.
Por um lado era bom que médico reagisse daquela forma com Jimin, pelo menos ele não se sentia um louco atraído pela órbita dos encantos de um estranho, homem ainda por cima. Por outro lado o médico estava reagindo daquela forma com Jimin.
Não que ele sentisse algo pelo Curly boy ao lado, mas Jimin era dele não era? Ele tinha o direito de não gostar daquele flerte descarado.
Certo?!
- O que foi? - RM perguntou genuinamente intrigado com o recém comportamento do menor.
- Nada, é só que se ele…
- Jimin. - RM o corrigiu.
- Se Jimin é quem diz ser. Você não estaria íntimo demais dele não? Todas essas trocas de olhares aí?- Jungkook apontou de um para o outro irritado.
Jimin estufou o peito, segurando uma risada de orgulho, como se Jungkook de repente tivesse defendendo sua honra ou algo assim que fez RM segurar um sorriso também.
- Vocês são amantes ou algo assim? - Jungkook perguntou, agora realmente nervoso.
RM e Jimin trocaram olhares cúmplices.
- Acho que seria algo imprudente. - RM respondeu amoroso. - Já que sou padrinho do matrimônio de vocês.
Jungkook enrugou a testa confuso. Ser casado ainda era algo inconcebível a ele.
- RM também é responsável por termos nos conhecido. Foi quase um milagre você olhar pra mim, você tinha tendências curiosas a respeito de líderes de torcidas na época da faculdade. - Jimin sorriu como se aquele fato não o incomodasse.
- Espera. - Jungkook sentou um pouco mais confortável na cama enquanto todos o encaravam estáticos.
- Eu lembro da faculdade. - Ele olhou animado para sua mãe. - Sim! Semana que vem eu tenho prova de estudo da arte, eu estudei tanto. - Jungkook olhou animado para RM. - Acha que consigo fazer ainda? É minha última chance de não reprovar na matéria. Espera! Quanto tempo fiquei em coma?
De repente aconteceu um daqueles momentos em que tudo parece congelar, como se a engrenagem do relógio parasse de rodar, as gotas da chuva torrencial do lado de fora, tivesse silenciado suas batidas no concreto e seus corações parados ao mesmo tempo. Exceto por Jimin, que agora tinha ambas as mãos na boca evitando de gritar dentro de um hospital durante a noite.
Seus olhos encheram de lágrimas enquanto ele olhava para RM num grito silencioso por ajuda.
Jimin soltou uma gargalhada assustadora, assim que RM negou com a cabeça anotando algo na planilha que carregava com o histórico de saúde Jungkook.
- Jimin. - RM o alertou, trocando um olhar preocupado com o menor e finalmente perdendo seu sorriso amistoso.
Aparentemente seu paciente vinha antes de sua amizade afinal.
- Péssimas notícias amor, você super reprovou naquela maldita prova, o fato de ter saído com Lisa, a líder de torcida dos Tigers talvez tenha algo com isso.
- Jimin, se retire do quarto por favor. - RM levantou da cadeira para impedir o mais novo de causar mais danos, mas parou no meio do caminho assim que Jimin levantou as mãos em sinal de desistência. - Não se incomoda. Eu sei o caminho da saída, afinal eu faço ele a porra dos últimos seis meses em que você esteve aqui. - Jimin gritou antes de sair batendo os pés fortes contra o chão enquanto andava tentando dar passos bem largos para um baixinho, na opinião de Jungkook.
- Seis meses? - Jungkook sorriu ansioso enquanto olhava para a cara de preocupação de sua mãe e do médico. - Seis meses não é tanto tempo assim, né?
- Você tem certeza que a faculdade são suas últimas memórias? - sua mãe perguntou segurando sua mão gelada e branca feito papel.
- O que está acontecendo? - Jungkook olhou para os dois, agora realmente preocupado.
- Você saiu da faculdade tem cinco anos filho.
Jungkook sentiu seu coração desacelerar e então acelerar com tudo, fazendo seu peito doer.
Cinco anos?!
…
Jimin entrou no quarto, assim que a mãe de Jungkook saiu conversando com RM.
- Você ta bem? - Jimin perguntou, entrando um pouco tímido, os olhos vermelhos e inchados.
- O que você acha? - Jungkook perguntou o encarando com seu nariz vermelhos e os olhos espelhando os do mais velho.
Jimin sentou na cama, se inclinando para limpar o nariz de Jungkook com a manga da sua blusa longa demais.
Jungkook foi um pouco pra trás, assustado com a aproximação, mas logo aceitou os cuidados de Jimin.
- Acho que peguei um pouco pesado antes. - Jimin sorriu tímido, os olhos ficando brilhantes com lágrimas mais uma vez.
- Você acha? - Jungkook revirou os olhos fazendo Jimin rir exageradamente, deitando o corpo no colo de Jungkook que levantou as mãos para se afastar, mas acabou sorrindo com o gesto inocente do menor.
- Por que sempre coloca as mãos na boca quando sorri? - Jungkook perguntou rindo quando Jimin se levantou de seu colo.
- Oh! É que tenho vergonha dos meus dentes tortinhos. - Jimin mostrou os dentes, mordendo o lábio inferior, o que inexplicavelmente o arrepiou por inteiro.
- Eu mexo com você. Não mexo? - Jimin tocou em sua mão delicadamente, passando uma onda de choque por todo o corpo de Jungkook, que dessa vez não se afastou.
- Como isso é possível? - Jungkook alisou os dedos pequenos e gordinhos de Jimin. - Nunca senti esse tipo de coisa antes, como ondinhas de choques, só que quentes.
Jimin sorriu alisando os dedos de Jungkook em retorno.
- Choque normais são gelados?
Jungkook revirou os olhos enquanto Jimin perdia o sorriso, alisando a mão do mais novo.
- Eu fui seu primeiro. - Jimin falou fazendo Jungkook arregalar seus olhos redondo enquanto suas bochechas tinham um tom avermelhado.
- Você tá tímido. - Jimin apertou a bochecha de Jungkook que empurrou suas mãos para longe, o fazendo rir.
- Tinha me esquecido que é como se tivesse dezoito anos novamente. - Jimin riu, mas a tristeza o tomou logo em seguida.
- Como sabe?
- Sua mãe.
Jungkook concordou, alisando a aliança no dedo anelar de Jimin.
- Por que estou sem aliança?
- Seus dedos incharam, por causa do acidente. Eles tiveram que cortar com alicate de bombeiro.
Jungkook abriu a boca perplexo.
- Se sua memória estivesse intacta, você estaria surtando agora. Eu ouvi por anos o quanto aquela aliança foi cara.
Jimin se arrependeu assim que as palavras saíram de sua boca.
- Desculpa. Eu não quis…
- Tá tudo bem. Vou precisar me acostumar a ouvir isso de qualquer forma.
Jimin concordou de cabeça baixa, rindo ao pensar em algo.
- O que?
- Nada.
- Fala. No que está pensando?
Jimin encarou Jungkook.
- Dezoito anos, sem as espinhas e com essa cara sexy até que não parece uma má ideia.
Os dois ficaram em silêncio, até Jungkook romper em gargalhada.
- Parece uma péssima ideia Jimin.
Jimin cuspiu uma risada que tentava segurar, colocando as mãos na boca novamente.
- É parece uma ideia terrív… - Jimin começou a falar, mas foi interrompido por Jungkook que afastava as mãos do rosto do menor.
- Gosto do seus dentes tortos. Não os esconda.
Jimin arregalou os olhos.
- Você sempre os odiou.
Jungkook enrugou a testa.
- Eu te tratava mal Jimin?
Jimin imediatamente negou com a cabeça várias vezes, assustado com aquela conclusão.
De repente Jungkook pulou da cama, colocando as mãos no próprio rosto.
- Eu estou muito diferente? - Ele colocou as mãos nos cabelos e no rosto.
- Só melhor. - Jimin falou se levantando e entrando numa porta lateral que Jungkook ainda não tinha reparado.
- Você cresceu bem. - Jimin falou se aproximando com um espelho enquanto sacudia os cabelos de Jungkook de um jeito brincalhão e orgulhoso.
Jungkook ficou admirando seu rosto, passando seus dedos nos detalhes que ele achou diferente.
- Eu tenho a mandíbula quadrada. - ele sorriu largo para Jimin que revirou os olhos.
- Tinha esperanças que seu egocentrismo fosse apagado no meio do caminho também.
- Eih! Isso foi rude. - Jungkook bateu em Jimin com o cotovelo que aconteceu de fazer com que Jimin caísse em seu ombro e parar ali, rindo do mais novo e o deixando rígido, com o coração acelerado e uma dormência por todo o lado que o corpo quente de Jimin tocava.
Isso pareceu causar efeitos em Jimin também, que parou de sorrir e encarou Jungkook pelo espelho que o olhava de volta, intensamente.
- Vocês fazem um casal lindo. - A mãe de Jungkook falou da porta do quarto, os fazendo se afastar de abrupto.
- Desculpa, não quis atrapalhar.
- Não atrapalhou. - Jungkook tossiu um pouco tímido enquanto se recompunha. - Aconteceu algo?
- Não. É só que… - A mãe de Jungkook se aproximou um pouco sem jeito. - Dr. Kim disse que não tem motivo nenhum para que fique no hospital, desde que mantenha seus exames de rotina e eu acho que fiquei presa na parte do endereço. - ela olhou para os dois, um pouco sem graça por abordar o assunto.
- Como assim? Ele vai para casa. Onde ele pertence. - Jimin olhou para Jungkook que baixou a cabeça, a testa franzida enquanto mordia o lado interno da bochecha.
- Não é?
Jungkook levantou o rosto para Jimin, negando com a cabeça.
- Eu quero minha casa, desculpa, mas eu não te conheço.
Jimin ignorou o aperto no peito.
- Você tem sua própria casa. Nossa casa.
- Jimin. - A mãe de Jungkook alertou que ele talvez estivesse passando dos limites mais uma vez.
Jungkook se manteve quieto, parecendo assustado.
- Você deve estar adorando isso, não é? - Jimin estava ríspido pela primeira vez com a mãe de jungkook que parecia ofendida com a insinuação.
- Eu só quero o que é melhor para o meu filho. - Ela se aproximou do filho, alisando seu cabelo. - Você deveria querer o mesmo. - ela enfatizou.
Jimin olhou indignado para Jungkook que não falou nada, se encolhendo confuso nos braços da mãe.
- Tinha me esquecido de tudo que tive que passar para ficarmos juntos.
Jungkook sentiu lágrimas na garganta, pela expressão cansada do menor, mesmo que não fizesse ideia do que ele estava falando.
- O que quer dizer?
Jimin passou as mãos nos cabelos, fazendo eles se armarem mais. O efeito era tão incrível quanto quando ele estava liso. Jimin era lindo!
- Vamos só dizer que foram cinco longos anos. - Jimin se aproximou da porta para ir embora sem dizer mais nada.
Isso magoou Jungkook.
- Você não me quer de volta. Quer? - Jungkook afastou da mãe. - Quero dizer, agora que estou danificado.
Jimin travou na porta, mudando seu curso para perto de Jungkook. Beijou seus cabelos com cheiro de baunilha que ele mesmo lavou por todo aquele tempo.
- Você sempre será bem-vindo na sua casa. - Jimin beijou a bochecha quente do mais novo. - Leve o tempo que precisa Bunny. Não irei a lugar nenhum. - Jimin falou a última parte olhando para a sua sogra que o ignorou.
Jungkook ainda tinha os dedos alisando a parte do rosto onde Jimin havia tocado, que aliás ainda formigava.
- Vamos preparar seu antigo quarto para sua chegada? - a mãe de Jungkook beijou os cabelos de Jungkook que sorriu um pouco sem graça pra ela enquanto encarava a porta por onde JImin tinha saído.
...
As mãos de Jimin tremiam enquanto ele atravessava os corredores brancos e assépticos despercebido, como todas as milhões de vezes que o fez naquele ano. Ele entrou no banheiro masculino, indo direto até a pia, segurando forte na porcelana, até seus dedos tornarem brancos e sua circulação parasse, deixando suas falanges dormentes. O espelho sujo retratava seu rosto exatamente como imaginava estar.
Uma completa bagunça!
Ele não queria fazer o que estava prestes a fazer, mas sua mente não impediu seus gestos, assim que ele alcançou o celular no seu bolso e começou a discar o número que não tinha na sua lista de contatos, mas não é como se ele precisasse de qualquer forma.
Ele o sabia decor.
“ Não posso falar agora” . - A pessoa do outro lado da linha falou grosseiramente.
“ Preciso de você”.
Jimin pôde ouvir a gritaria de fundo do outro lado da linha, uma típica torcida ensandecida fazendo ele adivinhar onde o mais velho estava.
Uma risada sarcástica chegou ao seu ouvido, seguido de silêncio.
“ Por favor” - Jimin cruzou os dedos na tentativa de que a sorte tivesse algo a ver com isso.
Alguém num megafone começou a gritar seu nome enquanto pessoas iam à loucura.
“ Preciso desligar”
“ Jungkook acordou”. - Jimin praticamente gritou no telefone, atropelando as palavras na pressa.
Silêncio.
“ Alô? Ainda está aí?”
Silêncio.
A linha não tinha sido interrompida ainda, então Jimin grudou o aparelho em seu ouvido e esperou por uma resposta.
Nada.
“ Eu estou no Hospital. Vou te esperar debaixo do salgueiro” - Jimin suspirou desanimado sabendo que ele não apareceria.
A ligação ficou muda.
…
Jimin sentia cada gota congelantes da chuva atingir seu corpo agora que sua roupa estava úmida.
Ele estava há uma hora debaixo do salgueiro no jardim feito pelo hospital para caminhadas de pacientes que passavam por fisioterapias, exatamente como ele falou que estaria.
A chuva era grossa, porém rala graças aos diversos galhos da enorme árvore que parcialmente o protegia da chuva, mas não podia fazer nada a respeito do frio.
Jimin achou que ele não viria e já estava prestes a voltar para o hospital quando ouviu alguém pisar num galho seco atrás de si, atraindo sua atenção.
- Achei que não viria. - Jimin falou se virando.
A sombra protegida pela escuridão se aproximou dele, mostrando um rosto todo cortado, lábios inchados e sagrando, mesmo com a toca do moletom preto o protegendo a chuva ainda fazia o vermelho escorrer por um corte feio no seu supercílio esquerdo.
- O que aconteceu com seu rosto? - Jimin se aproximou assustado, mas o garoto se afastou do toque do menor, como se fossem as próprias mãos que o machucaram.
- Eu bati minha cabeça contra um punho.
Jimin ficou pasmo.
- Repetidas vezes.
O menor mordeu seus enormes lábios, engolindo um soluço.
- Você precisa ver um médico.
- Cuidado! Assim pode parecer que realmente se importa.
- É óbvio que me importo.
A respiração do garoto de frente para Jimin ficou falha, ele tentou esconder com uma tosse, mas não deu muito certo.
- O que estou fazendo aqui Jimin?
Jimin balançou o corpo sobre o próprio peso, indeciso com o que dizer.
- Já disse, preciso de você.
- Tem certeza? Porque eu sou seu fundo de reserva. Agora que a vossa realeza acordou, não entendo porque ainda sou necessário.
- Não fala assim.
Ele deu de ombros, tocando imediatamente no ombro direito com dor, provavelmente por ter deslocado mais uma vez.
- Por que estava em outra luta ilegal? - Jimin perguntou revoltado. - Uma contusão não basta pra você?
- Estava juntando dinheiro para nossa fuga shakespeariana.
- Tô falando sério.
- Bem! Você parece ter um interesse particular em caras em coma, pensei que poderia ter uma chance real se me arriscasse.
- Min Yoongi.
- Park Jimin.
Os dois mantiveram seus olhares grudados um no outro até Jimin desistir e bufar com o fato de sempre perder quando se tratava de conquistar autoridade com Suga.
- Por que está tão apegado ao fato do moleque ter acordado afinal? Você já não deu entrada no processo de separação?
Jimin começou a rodar a barra de sua blusa impaciente. Suga tirou os olhos do seu ombro deslocado para encarar o menor.
- Jimin?
Jimin tremeu com voz grave de Suga.
- O que você não me contou?
- As coisas mudaram.
Suga ficou em pausa por um tempo, até arregalar os olhos e negar com a cabeça diversas vezes.
- Não. Não. Jimin, você prometeu.
- Eu sei, mas talvez essa seja uma segunda chance enviada a mim para consertar as coisas.
- Você disse que cuidaria dele até ele morrer ou acordar de vez, era sua forma de se redimir. Depois você voltava pra mim.
- Ele acordou diferente. - Jimin tentou se aproximar, mas Suga se afastou de seu toque.
- Isso não muda o fato de que tenha prometido.
Lágrimas corriam pelo rosto de Jimin agora e um “Sinto Muito” saía de seus lábios, mesmo que ele não os movesse para tal.
- Jimin.
- Vê-lo daquela forma, como ele era antes comigo. O começo.
- Ele usou você de todas as formas possíveis, usou seu dinheiro, te traiu mais vezes do que ele mesmo é capaz de contar.
- Ele não se lembra.
- É isso que mudou? Que ele não se lembra?
- Ele não era assim no começo.
- Ele não era assim, ou você não queria ver quem ele realmente era desde o começo? - Suga gritou, mordendo a boca com dor por ter mexido seu braço involuntariamente.
- Você não entende…
- Você é quem não entende. - Suga se aproximou prendendo seu rosto mesmo que seu braço doesse com o movimento. - Perda de memória não é o mesmo que perda de caráter Jimin. Ele vai voltar a ser quem era. - Suga selou seus lábios, os dois sentindo o gosto de sangue e água de chuva. - E quando isso acontecer…
Suga se afastou e se virou para ir embora.
- Não me procure. Não estarei lá por você dessa vez.
Jimin sentiu os soluços virem antes das lágrimas e seus joelhos encontraram a grama coberta por água.
Ele só torcia por ter feito a escolha certa.
…
Jungkook estava pronto para sair daquele quarto claustrofóbico, mas antes que sua mãe voltasse com os papéis de liberação assinados ele resolveu ir até a janela que Jimin tanto encarava, se atropelando com as muletas de início.
De alguma forma, ele sentia essa urgência em saber mais sobre o garoto desconhecido que fazia seu coração queimar de um jeito estranho.
A chuva caía com violência do céu, filetes de água batiam com força no vidro.
Jungkook abriu a janela, sorrindo para a sensação de água gelada chocando contra o seu rosto, o ar fresco e o cheiro de grama recém cortada, molhada de chuva.
Era uma sensação incrível.
Algo atraiu sua atenção para uma parte do jardim a sua frente, ele não podia ver muito bem o que era de início, até reconhecer o casaco de lã branco que parecia ainda maior, já que provavelmente estava molhado.
Jungkook estava prestes a descer até lá e ordenar que Jimin saísse da chuva, quando alguém vestindo um casaco escuro saiu da sombra e o beijou.
Caralho!
Jungkook sentiu o gosto de sangue por um corte no lado interno da bochecha, já que o mordeu com violência enquanto batia a janela contra seu trinco.
Parece que seu marido era um anjo só de aparência afinal.
- Filho? Está pronto para irmos? - A mãe de Jungkook perguntou da porta do quarto.
Jungkook assistiu Jimin se ajoelhar na chuva, ele parecia estar sofrendo. Algo em seu peito pareceu apertá-lo de dentro pra fora, mas ele balançou a cabeça tentando afastar o sentimento assim que ele chegou na superfície.
Ele estava machucado também e ninguém estava ali por ele. Por que por Jimin seria diferente?
- Vamos sair logo daqui. - Jungkook respondeu se afastando da janela e emocionalmente para longe de Jimin também.
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