Eu senti meus punhos amarrados, mal conseguia me mexer. Estava de costas, deitado na cama, olhando o teto comum do quarto de casal onde  dividia com Jimin.

Toda minha compreensão era válida naquele momento,  eu não estava assustado, porque sabia onde estava e podia-se dizer que tinha uma breve ideia do que estava fazendo ali, mas ainda assim o fato de ter acordado algemado na cabeceira da cama, com meus movimentos constringidos, ainda era um pouco assustador.

- Jimin. - Minha voz saiu rouca, entregando a insegurança que vinha com a vulnerabilidade.

Eu ouvi umas risadinhas abafadas, que me fez levantar a cabeça e procurar a origem do som ao redor do quarto.

Oh! Aí está você.

Sorri, ainda um pouco nervoso ao enxergar uma sombra encolhida perto da porta do quarto. - Oi amor, você está aí. - Eu sorri amoroso tentando me soltar das algemas em um movimento falho, o que ocasionou um futuro roxo ao redor do meu punho, tenho certeza.

Jimin riu um pouco mais alto, as mãos na boca tentando abafar o som. Ele parecia um garotinho atrevido, vestido só com um moletom lilás que ia até quase seus joelhos.

- Por que eu estou amarrado, querido? - Perguntei de maneira carinhosa, na tentativa de não assustar a única pessoa que poderia me tirar dali sem maiores constrangimentos.

- Eu quero brincar. - Jimin soltou dando pulinhos até ficar bem próximo da cama.

- Brincar comigo? Como, pequeno? - Meu coração disparou com ansiedade, nervoso ou será que era expectativa? Jimin nunca tinha sido tão atrevido assim, eu ainda não sabia se gostava.

- Eu quero que você me olhe. - Jimin deu de ombros fingindo desinteresse, mas seus olhos sorridentes me analisavam disfarçadamente através dos cílios longos roçando em sua pele levemente, como pequenas asas de borboletas.

- O que quer que eu olhe meu amor? - Tentei me ajeitar na cama, praguejando quando o metal das algemas enterrou na pele sensível e já machucada .

Jimin mexeu com seus dedos delicados a barra do moletom, aparentemente inseguro com seu plano.

- Jimmin-ah. - Chamei carinhosamente. Jimin não pareceu ouvir. - Minnah. - Tentei mais uma vez.

Jimin arregalou os olhos, sorrindo para o apelido carinhoso.

Sua mãe o chamava assim, Jimin sempre derretia quando o mais novo usava.

- Oi. - Eu disse, sorrindo nasalado quando Jimin finalmente deu atenção. - O que quer que eu veja? - Perguntei quase aos sussurros para não assustá-lo.

Jimin parecia tão nervoso que seus ombros vibravam em resposta ao som da minha voz. O pequeno mordeu seus lábios, cheios e chamativos.

Por Deus! Ele era uma perdição.

Jimin, ainda inseguro puxou a barra da sua blusa, expondo sua pele leitosa e macia.

Eu senti todo ar do meu pulmão se esvair através dos meus lábios. Minha boca ficou aberta por mais tempo que eu desejava, precisando lamber os lábios secos para lubrificä-los.

Jimin pareceu gostar muito do que provocava em mim. Ele não vestia nada por baixo do moletom, além de uma calcinha rendada branca, com rendinhas caindo em camadas ao redor do tecido, tão delicada quanto ele.

- Você é tão lindo pequeno príncipe. - eu sussurrei vendo a pupila de Jimin dilatar em resposta.

- Você gostou. - ele afirmou surpreso, bem menos inseguro.

- Eu gostaria muito mais se pudesse te tocar. - retruquei.

O garoto cruzou os braços ao redor do seu peito e negou decidido.

- Você nunca deixa eu me tocar. Nunca. - Jimin argumentou, erguendo o indicador indignado na minha direção.

Eu mordi meus lábios, na tentativa de conter um sorriso. O pequeno queria ser levado a sério, eu não podia rir agora.

- E me amarrou por isso Jiminnie? Estou sendo punido?

Jimin enrugou a testa, olhando para os próprios pés, confuso de início, mas voltou a sua postura indignada em tempo recorde.

- É isso mesmo. Estou me vingando. -  Jimin decidiu.

Minha risada soou baixa e divertida, não alegrando nem um pouco Jimin.

- Você tá rindo de mim? - Ele perguntou indignado.

- Nunca. - respondi sem esconder o sorriso brincando no rosto.

- Sente vontade de rir agora ? - Jimin perguntou tirando a calcinha com lentidão, para depois alisar seu pau com calma e precisão, a boca entreaberta, seus gemidos saindo em intervalos rompidos pelas vezes que ele mordia seu lábio inferior. Eu podia jurar que sabia exatamente o gosto que iria sentir se lambesse seus lábios brilhantes.

Cereja.

- Jimin. - O chamei sem humor, sentindo meus lábios secarem enquanto me machucava ainda mais tentando me soltar das algemas. - Me solta agora, ou juro por Deus…

- Gosta quando eu faço isso? - Jimin perguntou manhoso enquanto chupava dois dos seus dedos, os deixando lambuzados com saliva.

Porra!

- Jimmin-ah. Por favor. - Eu implorei sentindo a dor dos meus punhos turvarem minha visão e meu julgamento. Tudo que eu queria era tocá-lo.

Jimin ajoelhou na cama de costas para mim, se inclinando até encostar seu rosto no lençol enquanto rodava seus dedos molhados por sua entrada.

- Hmm… Eu estou tão quente e pronto. Me fode Kookie, por favor. - Jimin choramingou entre gemidos enquanto afundava um de seus dedos dentro de si.

…

Jungkook pulou da cama, conferindo imediatamente seus punhos machucados, mas não havia nada ali. Mais uma vez ele não sabia se sentia felicidade ou chateação por ter sido apenas um sonho ou mais provavelmente, outra lembrança.

Ele olhou no relógio de cabeceira, eram três horas da manhã. Pensou em como estaria Jimin, dormindo no quarto ao lado.

Ele não queria se sentir triste por não estar dormindo com o garoto agora. Ele queria estar ao lado do garoto. Jimin ofereceu afinal.

Mas seria estranho, não seria?!

- Que porra você pensa que está fazendo? - Jimin entrou praticamente derrubando a porta ,como se tivesse sido literalmente invocado por ele.

- Jimin?! - Jungkook pegou o travesseiro ao lado, cobrindo sua ereção o melhor que pôde enquanto secava o suor pingando na sua mandíbula.

- Você não estava dormindo. - ele realizou assim que viu Jimin vestido com uma roupa um tanto quanto sexy.

Calça jeans branca colada no corpo, delineando suas coxas, camiseta branca que iam até os joelhos, boné branco e correntes de prata e ouro branco.

Lindo! Simplesmente lindo.

- Não. Eu não estava em casa, eu estava no bar bebendo todo meu ódio, depois de descobrir que você me acha um caso de caridade.

- Eu ? - Jungkook se encolheu na cama, suspirando sua urgência latente de usar o banheiro. - O que eu fiz? - ele perguntou um tanto quanto afobado.

- Pagou minhas contas. Como se eu fosse incapaz? Necessitado? E ainda teve a audácia de colocar minha dívida no débito automático? Minha dívida - Jimin se aproximou de Jungkook, exalando álcool e flores ao redor deles.

Jimin cheirava incrivelmente bem.

- Escuta aqui. Eu não sou obra de caridade de ninguém. Não precisei de você antes, não preciso de você agora. Você me entendeu? - Jimin gritou na direção de um Jungkook um tanto quanto em choque.

O silêncio perdurou entre eles. Jimin esperava uma resposta, já Jungkook ainda não estava raciocinando, a boca aberta e os olhos arregalados, Jimin teria pena dele em qualquer outra circunstância.

- O que ? O gato comeu sua língua? - Jimin gritou fazendo Jungkook pular na cama.

- E...eu… - Jungkook levantou da cama, arrastando o travesseiro sob sua ereção, enquanto tateava os móveis que apareciam na sua direção. - Preciso ir ao banheiro?! Um minuto. - Jungkook sorriu, mesmo depois de quase chorar com a cara indignada e lívida de Jimin enquanto ele fechava a porta na sua cara.

Seu corpo deslizou na porta do banheiro assim que ela foi fechada. Seus olhos fechados, a pulsação em seu peito explodindo a medida que seus pensamentos silenciavam a ponto dele sentir seu peito cansado.

 O menor era definitivamente divertido bêbado, Jungkook teria achado graça se não tivesse tão amedrontado e sonolento.

- Jimin é intenso. - ele sussurrou pra si antes de suspirar, agora mais calmo.

Assim que saiu do seu propositalmente demorado banho, Jungkook se deparou com o quarto vazio, ele secou o cabelo com a toalha, ainda pensando no que fazer, porém não precisou pensar muito ao ouvir um barulho vindo provavelmente da cozinha.

Ele pendurou a toalha úmida ao redor do pescoço e vestiu uma calça de moletom. Se o fato de não ter vestido uma camiseta ter sido justamente para provocar Jimin, ele não saberia dizer, mas sabia que não foi um ato tão displicente ou impensado assim e isso o assustou um pouco.

- Oi. - Jungkook riu sem graça ao entrar na cozinha.

Jimin virou o corpo apoiado na pia, sorrindo torto enquanto babava no corpo exposto do maior. - Chá? - ele perguntou com as bochechas vermelhas e os olhos quase fechando.

- Por favor. - Jungkook puxou a cadeira da cozinha, sentando nela assim que Jimin entregou uma caneca com chá, canela e creme.

- Não sei se ainda gosta de chá servido assim. - Jimin falou um pouco tímido.

- Você está melhor? - Jungkook tomou um gole do chá e sim, o gosto era perfeito. Ele só não lembrava de já ter tomado aquilo antes.

- Menos bêbado. - Jimin respondeu desanimado. - Jungkook, por favor…

- Se estiver pensando em pedir desculpas, por favor não peça.

- Era exatamente o que eu ia fazer.

Os dois ficaram um tempo indeterminado se olhando.

Jimin foi o primeiro a desviar o olhar, o clima entre eles estava extremamente intenso, desde o último beijo em que trocaram no Rio Han. Era como se um magnetismo os atraísse, mas eles estavam relutantes em obedecer.

- Eu não devia ter feito aquilo sem te falar nada, foi algo errado e sem pensar.

Jimin balançou a mão em frente ao rosto.

- Não pensei direito antes de fazer um escândalo sobre, sei que você tinha boas intenções.

- Eu tinha todo esse dinheiro parado na minha conta e você disse…

- Aquele dinheiro era para os seus estudos, não devia ter mexido nisso.

- Isso é ridículo. Eu larguei a faculdade, não sei se um dia pretendo voltar, ainda mais depois de tudo isso. - Jungkook disse exaltado, controlando o volume da voz ao lembrar do horário.

- O que eu quero dizer é que não devia se preocupar com as contas, você não está em condições de pensar nisso agora.

- Jimin, eu tenho mais que suficiente, você não precisa mal conseguir andar de tanto trabalhar porque não temos dinheiro suficiente, porque na verdade temos mais que o suficiente. - Jungkook queria tanto contar sobre o emprego que ele descobriu que tinha, mas o medo do menor nunca mais falar com ele era maior que sua vontade de jogar limpo. - Se quiser, podemos sei lá, dividir as contas?

Jimin suspirou desanimado, os olhos turvos pareciam mais focados agora que o álcool estava mais diluído em sua corrente sanguínea.

- Nós nunca fomos de dividir antes. - Jimin coçou a cabeça, confuso com todas aquelas mudanças, apesar de pequenas, significativas.

- Eu só quero ajudar, sinto muito…

- Não. Você tá certo. - Jimin sorriu amoroso e acanhado. - Desculpa por ter surtado.

Jungkook sorriu um pouco desanimado, lembrando que Jimin chegou em casa tarde.

- Você sempre fez isso? - Ele perguntou um pouco tímido.

- Isso o que?

- Você sabe. Voltar para casa assim, tarde.

Jimin sorriu da timidez do mais novo.

- Você quem fez questão desse acordo, eu não pergunto aonde você vai, você não pergunta onde estou. - Jimin deu de ombros. - Você nunca cumpriu com sua parte do acordo no entanto. - ele sorriu um pouco triste.

- Eu perguntava onde você ia? - Jungkook enrugou a testa pensativo.

Jimin negou com a cabeça, os dedos desenhando os formatos irregulares da sua xícara.

- Você me seguia, ou descobria onde eu estava e aparecia por lá. - ele suspirou antes de continuar. - Eu confesso que senti falta da sua obsessão nos últimos tempos. Deus! Isso é algo tão errado de se dizer.

Jimin passou a mão nos cabelos, deixando que eles caíssem sob os olhos em camadas. Jungkook ficou hipnotizado com a cena, mas logo tratou de se recompor.

- Você gostava? - ele perguntou quase rouco.

- No começo sim. - Jimin deu de ombros. - Acho que me sentia seguro, protegido.

- Eu sinto o impulso às vezes. - Jungkook se ajeitou na cadeira, um pouco ansioso com sua confissão. Ele não tinha colocado esses sentimentos em palavras ainda e era estranho que tinha feito isso com Jimin. - Eu tenho tido algumas lembranças recorrentes de te assistir de lugares.

Jimin enrugou a testa, mas não disse nada a respeito.

- Eu  tenho esse sentimento explosivo, mesmo agora consigo sentí-lo por minhas veias.

- Eu poderia dizer que foi essa merda que destruiu nosso casamento, mas eu estaria mentindo.

Jungkook encarou Jimin confuso, se lembrando de a de suas memórias mais confusas.

- Quando eu te vigiava de longe, em alguma das vezes você estava com esse cara. Não era Suga. - Jungkook torceu o tecido da toalha, a jogando na cadeira ao lado. - Vocês se beijaram na minha frente.

Jimin negou com a cabeça, os olhos tristes.

- Foi quando nos separamos pela primeira vez. Eu saí com outra pessoa.

Jungkook sentiu o estômago embrulhar, um aperto estranho no peito.

- Mas, nós morávamos juntos?

Jimin negou com a cabeça.

- Eu morei uma época com Suga. - ele deu de ombros.

- Mas nós voltamos…

- Você ficou doente. - Jimin disse, o interrompendo. - Não queria voltar para sua mãe, você só tinha a mim, então quando pediu pra que eu voltasse, eu voltei.

Jungkook concordou, os olhos distraídos a procura de um passado no qual não conhecia. Jimin pegou a caneca de chá frio de Jungkook, colocando na pia junto com sua xícara. Os dois queriam prolongar o tempo juntos, mas os motivos pareciam vagos.

- Jimin, eu ronco? - Jungkook perguntou do nada.

Jimin soltou uma risada gostosa, dobrando os joelhos levemente enquanto colocava sua mão gordinha para impedir a própria risada.

- Não. Como assim?

Jungkook riu tímido, deixando seus dentinhos pra frente à mostra.

- É que você nunca mais me chamou pra dormir com você, eu achei que…

- Nunca mais é uma palavra forte. Eu só achei que você estivesse desconfortável com isso, depois do nosso beijo no Han, você começou a agir estranho. - Jimin riu do garoto tímido à sua frente.

- Eu acho que tem razão. É um pouco estranho beijar um garoto, eu acho - Jungkook deu de ombros, começando a espelhar o menor sem nem perceber.

- Kookie, sobre hoje…- Jimin se aproximou do mais novo, ficando a pouco centímetros de distância. - … Você, por acaso ficou acordado me esperando?

- Não, não. Eu tinha acabado de acordar de um sonho conturbado, na verdade.

Jimin concordou com a cabeça fazendo um biquinho distraído e fofo.

- Amanhã eu tenho algo pra fazer, então talvez eu chegue tarde de novo.

Jungkook se remexeu, querendo pela primeira vez algo para vestir, já que se sentia exposto demais aos olhos avaliativos do menor.

- Algo pra fazer? - Jungkook levantou a cabeça para olhar o menor. Seus olhos grandes e curiosos, a boca aberta, parada na pergunta que não pronunciou.

Jimin riu se aproximando para alisar a mandíbula do maior que se arrepiou dos pés a cabeça com esse simples movimento.

- É um clube de luta. Quer ir ? - Jimin perguntou sorrindo doce para Jungkook que relaxava com o toque delicado do mais novo.

Ele concordou sorridente, o coração leve sem motivo.

- Eu passo aqui pra irmos juntos então.

Jungkook sorriu mais largo, se sentindo um idiota por estar feliz com a inclusão na vida do menor.

- Fofo. - Jimin sorriu na sua direção, o olhando estranho.

Jungkook nunca foi fofo antes. Isso era novo.

- Posso te perguntar uma coisa, hmm estranha? - Jungkook perguntou educadamente fazendo Jimin concordar com um sorriso doce nos seus lábios indecentes.

- Você tem algemas em casa?

Jimin escorregou da ponta da mesa, quase caindo no chão, se não fosse pelos braços fortes de Jungkook, que o seguraram a tempo.

- Você tá bem? - Jungkook perguntou quase sem ar ao sentir o corpo de Jimin inteiramente colado ao seu.

Jimin suspirou com a voz sussurradas de Jungkook provocando lufadas de ar quente nos seus olhos.

O maior o soltou quando pareceu certo assim fazer. Jimin em contrapartida, pareceu um pouco instável, agora livre do apoio que Jungkook fornecia.

- Algemas? - Jimin perguntou entre suas tosse falsa, na tentativa de disfarçar o choque com a pergunta aleatória.

- Eu tive um sonho onde acordava de um sonho algemado. - Jungkook riu com a confusão de sua explicação, mas não saberia explicar diferente. - Você não parecia o mesmo, então não sei dizer se era mais uma lembrança ou um sonho um tanto quanto imaginativo.

O clima definitivamente alterou entre eles. O ar parecia mais denso e a temperatura mais alta.

- Diferente como? - Jimin perguntou, mas Jungkook não conseguiu responder, dando de ombros como resposta.

Jimin mordeu seus lábios, pensando onde deveria ser seu limite com o garoto, mas ele ainda estava meio bêbado e consequentemente meio foda-se também, o que ocasionou num Jimin afastando a cadeira de Jungkook, os olhos brilhantes carregados de más intenções.

Jungkook travou ambas as mãos na cadeira enquanto encarava Jimin irresistivelmente próximo.

- Era algo mais ou menos assim? - Jimin colocou um dedo na boca e balançou seu corpo de modo infantil. A outra mão agarrou a barra da sua camisa longa, o olhar parecia inocente e seu sorriso era falsamente encantador.

Jungkook puxou o ar audivelmente, concordando de forma lenta enquanto viajava naquele semblante encantador de garotinho que Jimin interpretava com maestria.

- Eu fui um menino mal Hyung? - Jimin perguntou sentando no colo de Jungkook.

Jungkook enrugou a testa confuso, ele era o mais novo ali. Por que Jimin o chamou de Hyung?

Ele gostou.

As mãos de Jungkook foram direto para a cintura de Jimin, sua respiração pesada saía por sua boca com dificuldade à medida que Jimin rebolava no seu colo.

- Jimin. - Jungkook o chamou manhoso, sem saber se queria realmente dizer algo.

- Me conta seu sonho. - Jimin sussurrou em seu ouvido, sem realmente encostar nele.

Jungkook queria desesperadamente ser tocado por Jimin. Era estranho o fato do garoto conseguir praticamente pairar sobre ele.

- Eu acordei amarrado na nossa cama…

Jimin gemeu pelo simples fato de ter ouvido o “nossa cama” na frase. Jungkook apertou ainda mais forte a cintura do menor, em resposta ao gemido baixo.

- Você vestia um moletom enorme no seu corpo, era roxo, ou algo assim. - as mãos de Jungkook ficaram trêmulas ao ter a representação viva de Jimin, bem ali no seu colo.

- Continua. - A voz de Jimin a esse ponto, já era um tanto quanto pornográfica, era quase injusto para o pobre Jungkook que tentava tão fielmente se controlar.

- E…eu… quer dizer...você dançou, mais ou menos e lambeu seus dedos. - Jungkook sentiu o ar sair falhado por sua boca trêmula.

Jimin riu, o sorriso torto e malicioso estava de volta no seu rosto. Seus lábios tocaram a clavícula de Jungkook, que suspirou assustado com a intensidade de um simples beijo.

Ele sentiu Jimin passar os lábios molhados do seu ombro para seu pescoço. Suas mãos fizeram o mesmo movimento, acabando na bunda enorme e empinada de Jimin.

Jimin gemeu quando Jungkook o apertou com força, mordendo o pescoço de Jungkook em resposta.

- Por Deus, Jimin. - Jungkook sussurrou fazendo o garoto rir em resposta, o que provocou um arrepio por toda parte molhada dos beijos de Jimin em seu pescoço.

Jungkook gemeu com a sensação, mas colocou Jimin em pé logo em seguida.

- Passei dos limites? - Jimin perguntou um pouco tímido e amedrontado. Jungkook não sabia mais diferenciar atuação de realidade.

- Não. Não. Eu pedi, lembra?! - Jungkook levantou também, sentindo uma tontura prazerosa. - É só que…- ele olhou nervosamente para Jimin que o incentivou com um gesto de mão a continuar. - é estranho sentir isso por um homem. - Jungkook disse honestamente.

Jimin sorriu carinhosamente.

- Imagino que seja. - ele se remexeu sem sair do lugar, pensando no que diria a seguir, com muito cuidado, mas achou melhor não dizer nada.

- Jimin, você acha que passaríamos muito dos limites se eu e você… - Jungkook mordeu os lábios, olhando em todos os lugares que não envolvesse os olhos curiosos de Jimin.

- Eu e você?

Jungkook resolveu encarar o garoto.

- Eu queria saber como é. - ele puxou o ar, se preparando para continuar. - Eu tenho esses sonhos conflitantes, todas as noites, eu sei que gosto no sonho, mas quando acordo eu acho estranho, me sinto errado. Sem contar a enorme ereção desconcertante, por sonhar com um cara. - Jungkook puxou os cabelos para trás. - Não sei o que sentir ou o que pensar, não me pareço com a pessoa nos meus sonhos.

Jimin mordeu os lábios, segurando um sorriso travesso.

- Jungkook, você está pedindo pra transar comigo? - ele perguntou sem conseguir segurar a risada no meio da frase.

- Parece muito ridículo? - Jungkook perguntou rindo também.

Jimin tinha uma risada contagiante, tinha dias que ele nem ao menos sabia porque estava rindo.

- Não. Não é estranho, é só que você nunca pediu antes.

Jungkook riu, agora sim, um pouco sem graça.

- Acho que estou fora de prática. Talvez devesse te chamar para jantar antes?

Jimin gargalhou jogando o corpo para trás, em completa diversão com o assunto. Jungkook  ficou feliz, porque pelo menos ele não parecia ofendido.

- Acho que me chamar para jantar é uma boa ideia, mas não vejo problema com o convite.

- Ok. - Jungkook sorriu animado com a ideia um pouco mais tangível pela primeira vez, mas suas mãos tremiam com nervosismo.

Era realmente o que ele queria?

Ele não sabia se era pior, reconhecer o cara de suas lembranças nele ou ter mudado até nisso.

…

Jimin saiu do banho vestindo um moletom. “O moletom”.

Jungkook, que estava sentado na cama, se empertigou, chocado com a materialização da blusa.

- Pelo visto foi exatamente essa blusa, a dos seus sonhos. - Jimin disse sorrindo conforme Jungkook confirmava com a cabeça, ainda babando nas pernas expostas de Jimin. O moletom parecia um pouco mais velho que os de sua lembrança, mas era definitivamente o mesmo.

O garoto era gostoso pra caralho.

- Jimin, eu… - Jungkook passou a mão no rosto sem saber como continuar aquela frase. Ele nem sabia se a humanidade já tinha inventado palavras para o que ele sentia no momento.

- Antes que se decepcione, não tenho mais a calcinha de rendas. - Jimin fez um bico fofo e triste. - Você rasgou ela inteira naquela noite.

Jungkook arregalou os olhos conforme Jimin se aproximava.

- Eu nunca chego nessa parte, sabe...

Jimin ficou surpreso com isso, de alguma forma ele achava que Jungkook já o conhecia por completo, mesmo que por sonhos. Talvez fosse esse o motivo que era tão estranho olhar para Jungkook pela manhã. Pensar se ele havia sonhado com seu corpo aquela noite ou não.

- Você não sabe como é então? - Jimin subiu na cama, ajoelhando entre o corpo de Jungkook, sentando no seu colo, como se fosse algo comum entre eles. - Nem em sonhos? - Jimin perguntou com a voz intensa, baixa e mais íntima que nunca.

Jungkook negou com a cabeça sentindo o perfume de flores de Jimin, era algo como laranjas e rosas.

Jimin beijou Jungkook, seus lábios quentes pareciam explorar pela primeira vez, era estranho como a ideia de passar de somente beijos, levava o próprio beijo a um outro nível de intimidade.

Ele sentiu seu corpo inteiro responder ao de Jimin, cada toque, cada movimento. Nada passou despercebido entre eles.

Jimin puxou seu cabelo pra trás, rindo baixo quando Jungkook gemeu, soltando de vez seu autocontrole em relação ao que sentia.

Ele desceu os beijos no ombro de Jungkook, deixando rastro de saliva até seu mamilo. A vantagem de Jimin, é que ele sabia exatamente como provocar Jungkook, conhecia seus pontos fracos e como fazer, então quando rodeou sua língua por sua auréola, mordendo nem tão leve seu mamilo excitado, não foi grande surpresa que Jungkook gemesse extasiado, porém Jungkook ficou surpreso, puxando os cabelos loiros de Jimin entre os dedos enquanto gemia rouco e por isso, Jimin não esperava.

A outra mão de Jungkook, espremeu os lençóis, em choque com as sensações distintas que sentia, até onde ele podia dizer, pela primeira vez.

- Porra. - ele sussurrou instável conforme Jimin descia sua língua ágil e delicada por seu abdômen.

Ele se sentia inseguro quando Jimin tirou sua calça de moletom, deixando seu pau duro, excitado e derramando pré gozo cair na sua barriga. Por algum motivo ele pensou em se esconder, em cobrir seu corpo, mas bastou uma olhada para Jimin para toda sua insegurança ir embora.

O pequeno lambeu os lábios em expectativa, seus olhos estavam maiores, negros e brilhantes. Ele abaixou a cabeça em direção ao Jungkook lambendo a glande do seu pau com delicadeza, como se o venerasse.

Jungkook jogou a cabeça para trás, eram tantos sentimentos que ele não sabia por quanto tempo aguentaria toda aquela onda forte de sensações distintas.

Jimin colocou sua mão pequena e delicada na base do pau de Jungkook, enquanto sua língua passava suave por toda sua extensão, até que ele o engolisse, engasgando algumas vezes antes de colocar todo o pau do maior na boca.

Seus olhos enegreceram, sua cabeça foi para trás enquanto suas pernas tremiam ao sentir a língua quente de Jimin deslizando com seus movimentos.

Jungkook sentiu seu corpo falhar, era impossível entender o que sentia, parecia a beira de um colapso. Jimin deixou seu pau inteiramente babado com saliva, ele queria dizer que não sabia o porquê, mas a medida que a saliva escorria por sua entrada, sua memória intuitiva entendeu exatamente o próximo passo de Jimin.

Como premeditado, Jimin tirou Jungkook de sua boca, rindo baixinho quando Jungkook resmungou insatisfeito.

 Jimin voltou a sentar no colo de JungKook, colocando a glande do maior na sua entrada quente e pulsante.

- Você ainda quer? - Mais provocativo do que realmente interessado em uma resposta.

Jungkook concordou positivamente enquanto engolia em seco.

- Quer sentir antes? - Jimin perguntou pegando dois dedos de Jungkook para chupar de um jeito maravilhosamente obsceno.

Jungkook soluçou em resposta, quase chorando quando Jimin tirou sua glande, substituindo por seus dedos.

Era tão quente. Jungkook suspirou em choque, ainda confuso com o que sentia. Nada podia ser comparado.

Perdendo completamente o controle do que fazia, Jungkook agarrou Jimin o derrubando na cama, seus dedos voltaram a afundar no menor, sua inocência se perdendo entre o calor que rondava por seus corpos. Não completamente satisfeito, Jungkook entrou em Jimin sem aviso algum.

Jimin não estava preparado, a dor era excruciante, mas algo no rosto hipnotizado de Jungkook o impediu de falar sobre isso.

- Jimminie-shi. - Jungkook gemeu sentindo seu corpo inteiro tremer em resposta aos movimentos.

Jimin era tão quente, tão bom.

- Tão apertado. - Jungkook gemeu sentindo Jimin o apertar ainda mais quando ele encontrou sua próstata.

Ele não entendia muito bem a diferença, mas entrou numa espécie de frenesì ao ver lágrimas escorrendo dos olhos do menor, a boca vermelha e inchada de tanto chupar seu pau.

Porra! A visão era incrível.

Ele sabia que era errado sentir prazer enquanto corrompia Jimin por inteiro, era errado, vulgar, mas só o pensamento do quanto aquilo era obsceno, deixou Jungkook ainda mais excitado. Ele ficou com medo, assim que seu corpo respondeu aos instintos, afundando ainda mais forte e sem controle dentro do menor. Ele entendia que precisava ser mais delicado, mas ele não conseguia, ele não queria principalmente.

- Jungkookie-ah. - Jimin choramingou fazendo Jungkook o olhar alarmado.

Talvez não estivesse tão bom para Jimin como estava para ele.

- Mais forte. - Jimin pediu gemendo, o que tirou Jungkook da realidade completamente.

Ele olhou o pau de Jimin sujando sua barriga de pré gozo, a glande rosada e brilhante, ele queria tocá-lo, ver o menor gozar loucamente e esse pensamento o fez gozar dentro do garoto.

Jimin gemeu rouco, gozando logo em seguida, sem que o maior precisasse tocá-lo, para infelicidade de Jungkook, mas por outro lado, ele foi contemplado com a ideia de que Jimin gozou assim que se sentiu preenchido com a sua porra. Nada podia fazê-lo mais feliz e ele não sabia dizer qual era o outro sentimento que rondava seu peito no momento, mas se tivesse que chutar diria algo como completo.

…

- Você gostou? - Jin perguntou para o Jungkook, depois que o mais novo contou mais ou menos tudo que aconteceu na noite anterior.

Jungkook mordeu os lábios em resposta.

Eles estavam na fila de hot dog do clube da luta. Jungkook achou o lugar estranhamente acolhedor, apesar de cheirar suor, couro e cerveja.

- Você vai ter que ser um pouco mais específico que isso. - Jin disse o olhando feio enquanto entregava copos de Chopp para ele equilibrar nas mãos.

- Eu acho que posso dizer que definitivamente gosto de homem. - Jungkook suspirou ao dizer pela primeira vez em voz alta. - Pelo menos gosto de Jimin. - ele disse lembrando da noite anterior, ele começava a se excitar só em lembrar da cena de Jimin gemendo seu nome, os olhinhos fechados, o rosto em uma torrente interminável de prazer.

- Jimin é o cara mais incrível que já conheci. - Jungkook disse quase engasgando ao ouvir suas próprias palavras.

- Alguém está apaixonado. - Jin falou animado levando um revirar de olhos de Jungkook como resposta.

- Vocês já tem até às mesmas manias.

- Quem tem as mesmas manias? - V perguntou ao ouvir a conversa, quando eles se aproximaram do grupo.

- Não te interessa. - Jin falou entregando hot dog para o garoto que fazia um bico falso de chateação.

V era fofo. Jungkook pensou encarando o garoto.

Jimin trocou o peso dos próprios pés incomodado com a atenção que Jungkook estava dando para V, fazendo o mais novo perceber e voltar a atenção para o menor.

Jimin estava incrivelmente lindo aquela noite. A camiseta brilhante vermelha se destacava mesmo com o jeans preto, simples,rasgado nos joelhos. Seus brincos eram de ouro e ele achou o colar particularmente lindo e de aparência cara.

Jimin parecia precioso e imaculado de certa forma.

- Cerveja? - ele perguntou apontando um copo para Jimin, que abriu um sorriso largo assim que a atenção do mais novo foi direcionada de fato a ele.

Jimin tomou a bebida gelada, sentindo o corpo esquentar assim que Jungkook se ajeitou atrás dele, o segurando pela cintura num meio abraço.

- Então, como é que funciona esse tal de box? - Jungkook perguntou, distraído com o tecido vermelho caído nos ombros de Jimin.

Ele decidiu que adorava vermelho.

Jimin gargalhou se jogando no peito de Jungkook.

- Kookie. Você perdeu cinco anos da sua memória e não, nasceu de novo. - Jimin disse batendo nos braços fortes que o rodeavam.

Jimin se sentiu quentinho e protegido com a vibração da risada no peito de Jungkook fazendo seu corpo inteiro formigar.

- Talvez eu só goste de ouvir sua voz. - Jungkook disse no ouvido de Jimin, deixando a risada do garoto morrer conforme outro sentimento tomava conta.

- Minha voz é irritante. - Jimin disse mimado.

- Sua voz é sexy. Principalmente quando geme meu nome. - Jungkook não fazia ideia do porque, mas provocar Jimin era terrivelmente satisfatório.

Jimin roçou sua bunda enorme em Jungkook que engasgou sua provocação no mesmo instante.

Jimin também parecia se interessar no ramo de provocações.

…

Jungkook odiou cada segundo da luta. Principalmente porque Jimin parecia tenso, ansioso, mordendo o canto da boca em apreensão.

Suga estava lutando e Jungkook descobriu que esse era o único motivo da presença de Jimin ali, ele não gostou nem um pouco. Não gostou da preocupação que o menor tinha com o cara, não gostou de saber que eles já moraram juntos.

Ele adorou quando Suga perdeu, sorrindo de canto ao ver o garoto ensanguentado e caído no chão, mas odiou a atenção que Jimin deu a isso, indo para os bastidores para limpar e fazer curativos no lutador.

Jungkook ficou da porta assistindo os dois e mesmo dali, podia ver o rosto de concentração e terror de Jimin, o sorriso maldoso de Suga toda vez que soltava uma piada na qual Jungkook não podia ouvir, chorando de dor pelos tapas que Jimin dava em resposta logo em seguida.

Os dois tinham história. Jungkook odiava cada segundo desse fato auto explicativo e terrivelmente irritante.

Era mais que ciúmes.

Jungkook sentia inveja do relacionamento dos dois e isso doía mais do que só seu ego ferido. Ele só pôde respirar direito quando chegaram no apartamento e dormiram juntos, abraçados, deixando a falsa idéia de que não existia nada além deles no mundo naquele momento.

...

Suga sentiu seu corpo reclamar assim que subiu na mureta do lado de trás do clube de luta.

O lugar era incrível, podia se ver um panorama especial da parte velha de Seul.

A construção antiga deixava um cheiro de madeira velha, tijolos e decadência.

Suga xingou com a faixa no punho colando em sua ferida aberta. Ele adorava que Jimin cuidasse de seus ferimentos, mas o garoto não era nenhum profissional, o deixando cheio de Band-aids de super heróis e princesas por todo o corpo.

- O gatinho se meteu numa briga? - uma voz desconhecida perguntou no beco, onde suas pernas estavam viradas.

Suga levantou uma sobrancelha olhando com desdém para a direção da voz.

O garoto não vacilou amedrontado, nem por um instante, o sorriso largo e irritante no rosto.

- Não é da sua conta. Continua andando. - Suga resmungou tomando outro gole da sua cerveja já quente.

- Esse gatinho também tem garras. - O garoto disse se divertindo com o que, para Suga, tinha sido uma alerta de distância.

- Você é surdo? - Suga perguntou ainda mais grosso e impaciente.

O garoto não falou nada, entrando numa porta de metal grande que parecia ser de um restaurante, pelo cheiro que ficou no ar assim que o desconhecido entrou.

Suga suspirou aliviado por não precisar desperdiçar seu tempo com mais um desconhecido chato, que se achava interessante o suficiente para não ser dispensado por ele.

O grande problema, é que Suga só tinha olhares para Jimin e ninguém podia se comparar a Jimin.

Eles nunca tiveram nada romântico ou algo assim, mas o senso de proteção que tinham um com outro impedia que qualquer um entrasse no mundinho  que eles criaram só para eles. Suga tentava controlar seus sentimentos, mas sabia que se não existisse o idiota do Jungkook na vida de Jimin, os dois estariam casados a essa altura, muito provavelmente.

Seus pensamentos seguiram essa linha por um tempo, imaginando uma vida sem Jungkook.

- Fiz o especial da casa para você. - Uma voz veio da escada de incêndio lateral, assustando pra inferno Suga, que estava mais que distraído com seus pensamentos aleatórios.

- Porra, que inferno. Não mandei você vazar? - Suga falou baixo e irritado.

O garoto não pareceu se importar, rindo ainda mais largo antes de se sentar ao seu lado, fazendo uma careta pela a altura em que estavam.

- Fiz Galbitang , minha mãe fazia essa receita para a gente, quando nos machucávamos em casa. - ele sorriu, ignorando completamente seu medo de altura e sorrindo largo para Suga enquanto praticamente esfregava um recipiente térmico no seu nariz.

O cheiro era bom.

Suga não parecia na intenção de pegar o recipiente, ignorando completamente as mãos estendidas do garoto desconhecido.

- Eu posso prometer te deixar em paz se você comer.

Suga mal deixou o garoto terminar, agarrando a comida e a colher do estranho terrivelmente feliz.

Era tão bom quanto o cheiro fez parecer.

- Você não parece do tipo que fala muito.

Suga revirou os olhos, tentando não parecer afobado ao comer a comida sobre seu colo.

Estava muito bom e ele não fazia ideia da última vez que comeu comida de verdade, provavelmente em uma das visitas de Jimin, que andava ocupado demais com Jungkook ultimamente.

- Pelo menos parece ter gostado do Galbitang.

Suga deu de ombros, mas não parou de comer quase soluçando pela pressa em que engolia.

- Eu sou um completo sem noção, fiz bem mais do que a receita pede. Se quiser posso separar para você levar para casa. - O garoto falou animado.

Suga diminuiu a velocidade em que comia, sentindo vontade de chorar ao notar que ia ter que deixar um pedaço grande de costela na panela.

- Não preciso de caridade. - ele resmungou empurrando o recipiente de metal de volta para o garoto.

- Não foi esse o motivo pelo qual fiz. - O garoto deu de ombros.

Suga o olhou direito pela primeira vez, pelo simples motivo de que o garoto não pareceu se chatear em nenhum momento com sua grosseria, pelo contrário, ele parecia não se importar.

Ele era realmente bonito, tinha um corpo admirável, os olhos castanhos, a boca rosada. Seus traços eram fortes e delicados ao mesmo tempo, seu sorriso era encantador, provavelmente por prática, o garoto sorria o tempo todo.

-  Eu espero ter ajudado na sua recuperação, você parece que caiu de um ônibus ou um ônibus caiu em você. - ele riu da própria piada.

Suga não moveu um músculo. Olhando entediado para o garoto estranho, até que sua risada morresse com ele.

- Enfim, espero te ver novamente.

Suga se sentiu estranho pelo garoto já ir embora, ele estava tão acostumado a ficar sozinho que foi estranho ter tanta energia de uma única vez em sua vida. Estranhamente bom?!

- Espere sentado então. - Foi a resposta automática de Suga.

O garoto riu, achando tudo muito engraçado.

- Meu nome é JHope aliás.

- É claro que é. - Suga riu maldosamente para o apelido que cabia perfeitamente à personalidade do garoto.

- Quero dizer, me chamo Jeon Hoseok, mas todos me chamam de JHope.

O garoto estendeu a mão para Suga que olhou do seu rosto direto para sua mão estendida, sem reagir.

JHope voltou com sua mão, a arrastando no jeans para limpar o suor, um pouco tímido de ser por isso que Suga não a apertou.

- Se precisar de caridade, só bater na minha porta. - ele atiçou, sorrindo forçado pela primeira vez, antes de se virar para descer as escadas.

- Suga. - ele resmungou fazendo a cabeça de JHope aparecer da escada.

Suga pulou assustado com a aparição repentina do garoto, mas se recompôs logo em seguida.

- Do tipo açúcar? - JHope perguntou inocente.

Suga engasgou com uma risada, mordendo o lábio para não se entregar a felicidade viciante do estranho.

- É, tipo açúcar. - ele disse, mas dessa vez seu mal humor não parecia querer participar da frase.

- Ok, Suga. Foi um prazer conhecê-lo.

- Eu duvido.

JHope desapareceu sem saber o que falar depois da resposta atravessada e honesta de Suga, mas ele não parecia nem um pouco incomodado quando foi.

Depois que JHope foi embora, foi como se um eclipse tivesse tomado conta do lugar que antes tinha sido iluminado e caloroso.

JHope.

- Garoto estranho. - Suga resmungou se levantando para ir para sua casa, após sentir uma rajada de vento gelado o arrepiando, ele não tinha certeza se seu aquecedor ainda funcionava, então não se incomodava muito com o frio, mas precisava de um banho para tirar todo aquele sangue seco e suor grudado em sua pele, então fazia sentido voltar para seu apartamento solitário e caindo aos pedaços tanto quanto o centro velho onde estava agora