Heartless
Olá..
Faz muito, muito tempo que não escrevo aqui, então vale lembrar que as partes em itálico são as lembranças do Kookie e que tem muitas cenas fortes nessa Fic, não leia se não gostar desse tipo de escrita.
Dito isso, espero que gostem 😘
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...
- Você veio. - Disse quando abri a porta do hotel.
JHope parecia incomodado, mas concordou com a cabeça e sorriu mostrando as covinhas em sua bochecha.
- Eu disse que era só dessa vez. - Ele disse nervoso enquanto entrava no quarto.
Taehyung estava sentado na cama redonda no centro do quarto, as pernas cruzadas e um sorriso infantil no rosto.
JHope arregalou os olhos e eu entendo pelo que ele estava passando.
Taehyung era lindo, absurdamente lindo.
Ele enrugou a testa confuso.
- Qual seu nome? - JHope perguntou curioso.
Taehyung olhou para mim, apreensivo e inseguro.
- V. - ele disse tímido e muito nervoso.
JHope me olhou estranho.
- Melhor não usarmos nossos nomes verdadeiros.
- disse direto.
JHope concordou em silêncio.
- Você tá me dizendo que alguém como ele não consegue arranjar um namorado? - JHope perguntou desacreditado na minha direção.
- Eu não quero um namorado. - V disse irritado, mas sorriu quando JHope o encarou.
Seu sorriso era quadrado e fofo, eu sabia o quanto Taehyung tinha habilidades em manipular pessoas, mas agora, naquele momento, o garoto só parecia carente e doce. JHope deve ter pensado da mesma forma, pela expressão que fazia agora.
- O que eu deveria fazer exatamente ? - JHope perguntou nervoso enquanto esfregava as mãos suadas no jeans.
- O jeito que você tratou o cara que invadiu o palco, no dia em que nos falamos pela primeira vez. - Olhei para Taehyung, sem saber muito bem como continuar. - Bem, V namorou muito tempo com um cara que gostava dessas coisas e ele precisa de algo assim, não tá conseguindo lidar com sua rotina, sem essas coisas, achei que talvez você soubesse melhor que eu como ajudá-lo com isso.
- Só porque trabalho numa boate de fetiches? - JHope perguntou sem conseguir tirar os olhos de Taehyung, ele estava babando pelo garoto.
- Na verdade, sim.
- Ok, você vai ficar? - JHope se forçou a parar de olhar Taehyung para poder me encarar e eu pude ver o biquinho de Tae com a visão periférica.
O garoto adorava ser o centro das atenções.
- Eu quero que ele fique. - Tae disse, ganhando a atenção de volta. - Por favor. - ele completou, de um jeito mais doce.
- Como quiser. - JHope deu de ombros.
…
Eu não sei porquê não disse uma palavra à Taehyung ao levá-lo para casa, depois da noite agitada que tivemos. JHope na verdade não fez nada demais, além de realmente conhecer Tae e estudar a forma como ele gostava e queria ser tratado, no entanto, tê-lo olhando para mim, a cada decisão que precisava ser tomada era assustador, principalmente porque parecia cada vez mais como traição.
Obviamente não queria que Jimin soubesse sobre aquilo, isso tinha muito mais à dizer, quanto a ação em si.
Se ofenderia Jimin, era provavelmente melhor se afastar daquela coisa toda.
A chuva era fina e irritante do outro lado do carro, o engraçado era que para voltar para o apartamento, eu precisava passar novamente pelo hotel onde estávamos, porque Taehyung morava ao Norte do centro e eu ao Sul. O hotel era justamente no meio.
Ver JHope no ponto de ônibus duas quadras próximas ao hotel foi uma surpresa, mas não precisei pensar muito antes de oferecê-lo carona, principalmente porque ele parecia sofrer com a chuva que o atacava impiedosamente, apesar de fina.
- Honestamente, achei que seria bem mais estranho. - Falei para JHope quando o silêncio no carro ficou insuportável.
- Esse tipo de relacionamento que V tinha parecia ser abusivo. Que é justamente o perigo de entrar numa relação BDSM sem pesquisar sobre o assunto e confiar basicamente nas mãos erradas e literalmente inexperientes do parceiro.
Concordei com a cabeça, virando as ruas aqui e ali quando JHope ordenava.
- Eu sei que V precisa muito mais que isso para ficar bem, mas acho que isso é um bom “tapa buraco” enquanto ele se recupera. - Falei, me esforçando para lembrar de chamar Taehyung pelo apelido.
- Não pude deixar de notar que usa aliança. - JHope disse naturalmente, mas isso não diminuiu meu nível de tensão com o assunto que eu definitivamente não queria comentar sobre.
- Não falei para te deixar desconfortável - JHope disse analítico com a situação. - Só comentei porque a pessoa com quem você está se relacionando precisa saber sobre isso. É um conselho válido. Já vi muitos relacionamentos irem para o ralo por causa desse tipo específico de segredo.
- Válido ou não. Não é da sua conta. - Foi o que saiu da minha boca. Dado o nível de irritação em que eu estava, acho que fui até razoável com o ruivo.
- Tem razão. - Foi a resposta do JHope e depois disso o silêncio desconfortável voltou a dominar o carro.
No final das contas, o tal JHope realmente morava longe do centro, num bairro extremamente perigoso, o que fazia minha tensão ficar ainda maior à medida que entrávamos cada vez mais no bairro.
- Relaxa. A periferia não é tão ruim assim quanto a decadência aparente faz parecer. - JHope disse sorridente, mas parecia um pouco tenso com a forma em que eu lidava com aquilo. Quase como se importasse com minha opinião, o que era ridículo, dado o fato de que mal nos conhecíamos.
- É aqui que eu moro. - Ele disse quando paramos numa espécie de trailer conectado a um barraco antigo.
- Parece aconchegante. - Falei, sendo o idiota de sempre.
- Não é, acredite. - JHope sorriu desanimado prestes a abrir a porta.
- É por isso que aceitou minha proposta? Precisa de dinheiro?
- Ninguém se prostitui porque gosta. - JHope disse ríspido. - Mas não, - Ele continuou, parecendo pensar bem se falava ou não o que tinha em mente. - Eu danço na boate porque preciso de dinheiro para os remédios da minha Omma, ela é bem doente. A casa é, como posso dizer, herdada, então desde que não faça muito frio, não nos dá tantos gastos assim.
Concordei um pouco envergonhado. Nunca fui rico, mas não fazia ideia de como era aquele tipo de vida, sem nenhum luxo, apenas sobrevivência.
- Eu espero não ter te ofendido com a pergunta. - Falei incomodado.
- Obrigado por me trazer em casa JK. - JHope disse sem agressividade alguma enquanto saía do carro.
Eu não sou muito bom em analisar o que estou sentido, mas foi desconfortável o sentimento em que carregava no peito depois disso, fosse o que fosse.
…
Jungkook acordou do seu sonho/memória tranquilamente, o que era o completo oposto de todas as outras vezes.
Não que aquilo não fosse pesado, mas pela primeira vez ele entendeu quem ele era e o porquê seguiu um caminho tão peculiar com relação a Taehyung e Hoseok.
Ele simplesmente não conseguia lidar com aqueles olhares de quem esconde que precisa de ajuda, talvez nunca conseguisse. A sensação de que precisava ajudá-los ainda era forte em seu peito, mesmo que agora discordasse com o como, mas só porque Jimin estava envolvido. Seu antigo “eu” deve ter esquecido dessa parte, mas ele não conseguiria fazer o mesmo novamente.
A viagem à Busan foi um tanto quanto perturbada e depois do que aconteceu na noite em que Jimin descobriu em primeira mão um pouco sobre o que acontecia com Taehyung, as coisas só caíram para um nível catastrófico de frieza.
Jimin simplesmente ignorou Jungkook o resto do fim de semana.
Eles estavam no carro agora, voltando para a cidade e Jungkook achou que não deveria pressionar o marido, então aceitou o tratado de silêncio entre eles.
O céu estava claro e aberto, a viagem não era muito longa, mas parecia uma eternidade com aquele clima entre os dois.
- Por que? - Jimin perguntou do nada, falando com Jungkook pela primeira vez ao desencostar a cabeça do vidro da porta e virar na sua direção.
- Sobre o que estamos falando, Jimin?
- Por que quis ajudar o Tae? - Jimin bufou irritado. - E não diga que foi por minha casa, porque eu nunca te pediria para fazer algo assim.
Jungkook riu com a ironia da pergunta.
- Tá rindo do que? - Jimin exaltou a voz, ainda mais nervoso.
- Se tivesse me perguntado isso em qualquer outro momento, não saberia te responder, mas ontem eu lembrei o porquê.
Jimin mordeu o lábio inferior e Jungkook soube imediatamente que aquele era um sinal de nervosismo e curiosidade que o menor costumava ter. O que era estranho, porque ele não tinha nenhuma memória disso.
- Eu tive um passado conturbado e lembro que tinha essa mania de arrastar uma penteadeira velha na porta do meu quarto para proteger eu e meu irmão do meu pai quando ele bebia mais do que devia ou quando estava entediado. - Jungkook riu seco. - Tinha esse espelho velho e embaçado no móvel que fazia com que eu me olhasse nos olhos toda vez. Era como encontrar outra pessoa me olhando de volta. Toda maldita vez.
Jungkook não precisava sonhar com aquela memória. Era algo que não existia amnésia o suficiente para fazê-lo esquecer.
- Por que está me dizendo isso? - Jimin perguntou, visualmente abalado com a margem de imaginação que as palavras de Jungkook deixavam no ar.
- Você me perguntou por que eu ajudei Taehyung. - Jungkook deu de ombros. - Tae e Hoseok tinham esse olhar no rosto quando eu os conheci. Esse desespero escondido por trás de muita força de vontade e perseverança. Eu acho que só me via neles e me senti na obrigação de fazer algo sobre, já que ninguém nunca pôde fazer isso por mim.
- Você ajudou Hoseok?
- Sim. Eu comprei a casa em que ele mora agora. - Jungkook falou o que tinha lembrado assim que acordou. - Isso me faz lembrar de outra coisa. Tem um cofre debaixo do nosso tapete persa no quarto de hóspedes.
Jimin arregalou os olhos, depois franziu a testa, mas não disse nada.
- Aparentemente eu tinha muito mais dinheiro do que te fiz pensar e não era desempregado. Eu trabalhava com fotografia e edição de imagem na companhia de Taehyung.
Jungkook odiava ser aquele quem anunciava o idiota que foi para Jimin, mas precisava ser feito.
- Por que está me falando tudo isso? Eu não quero saber.
- Sinto muito Jimin. Nunca mais vou esconder nada de você.
- Eu não pedi por isso. Você era esse cara impenetrável, que escondia tudo de mim antes do acidente. Agora você é essa pessoa que eu mal reconheço, me trazendo a notícia do babaca, corno que eu era. Eu só, não gosto de nenhum dos dois
Jungkook odiava admitir, mas o que Jimin falou com certeza o machucou, muito.
- Eu sei e não quero te pressionar sobre isso. Não quero que sofra por mim, nunca mais. - Jungkook tirou a mão da embreagem para apertar a mão de Jimin, mas o menor o empurrou irritado, virando o rosto para a janela e adotando o regime de silêncio novamente.
Jungkook queria mais que tudo ignorar o silêncio de Jimin e esperar ele se acalmar, mas não podia falar todas aquelas merdas para o menor e esperar que ele simplesmente aceitasse tudo.
- Jimin. Você é literalmente meu parceiro e eu não quero te magoar, mas eu preciso me conhecer antes de dizer o que devo ou não representar na sua vida. Não fui feito ao redor das suas vontades, preciso me redescobrir com ou sem sua aprovação, mas acho que formamos um casal incrível. Se você me der uma chance de te mostrar quem eu posso ser para você, talvez possamos...
- Eu não quero. Não quero que simplesmente descubra que não me ama mais ou que talvez nunca tenha realmente me amado. Porque eu achei que te conhecia Jungkook, mas estou vendo que eu não faço ideia quem é esse cara com quem eu me casei. Eu não conheço mais você.
- Eu entendo…
- Como diabos você entende? - Jimin gritou, quase à beira de lágrimas.
Jungkook suspirou.
Ele não podia continuar enganando Jimin, só para não machucá-lo. Foi exatamente isso que o fez chegar à esse ponto e se a vida te dá uma segunda chance, repetir os mesmos erros é só muita estupidez.
O que só significava uma coisa.
- Jimin, talvez seja melhor nos separarmos durante esse processo. Não quero te fazer sofrer ainda mais e parece que é exatamente isso que estou fazendo agora.
Jimin prensou os lábios entre si, tremendo seu biquinho com o choro que ele queria derramar sem parar, mas se recusava fazer isso na frente do marido.
Como diabos eles foram parar naquela situação ?!
- É, talvez seja realmente melhor. - Jimin resmungou amargurado.
Aquilo partiu o coração de Jungkook, doeu fisicamente a resposta de Jimin. Ele nunca imaginaria seu parceiro caindo fora quando o negócio apertasse, mas ele não conhecia realmente o marido, pelo menos não lembra de muita coisa. Talvez tivesse realmente um significado para ele ter escondido tudo aquilo de Jimin antes.
O menor simplesmente não aguentava suas verdades.
O resto da viagem foi desconfortável e longa como o esperado. Eles chegaram tarde em casa.
Jungkook mostrou o cofre, a senha e tudo o que tinha dentro para Jimin, que olhou de qualquer jeito e se trancou no quarto alegando que estava cansado e não tinha cabeça para aquilo agora.
Jungkook queria ter mais tempo para reavaliar seus pensamentos em comparação com suas lembranças, mas havia algo que ele precisava fazer antes.
…
A porta da entrada da casa era esmurrada com força.
Hoseok praticamente pulou da cama. Yoongi, no entanto, parecia quase morto. Nada era capaz de perturbar o sono daquela criatura.
- Já vou, inferno. - Hoseok gritou da sala, agradecendo mentalmente pelo barulho parar logo em seguida.
Taehyung estava no corredor da entrada, olhando curioso para porta, mas sem abrí-la.
Hoseok esqueceu completamente que tinha ido buscar Taehyung em casa assim que Jungkook ligou de Busan e pediu para que ele assim fizesse.
Havia algo em Jungkook que fazia Hoseok simplesmente obedecer à tudo que o mais novo falava. Ele odiava isso, não parecia natural, mas fazia mesmo assim.
- Desculpa V, eu tinha esquecido que você estava dormindo no sofá.
- Tudo bem, Hyung. - Taehyung sorriu com a menção do apelido que eles usavam antigamente, mas Hoseok nem tinha reparado na pequena gafe.
- Jungkook? - Hoseok falou, deixando Taehyung curioso também, fazendo ele enfiar a cabecinha por trás do ombro do mais velho para enxergar do lado de fora.
- Posso entrar? - Jungkook perguntou um pouco irritado com o frio da madrugada.
Hoseok percebeu a ansiedade do mais novo e abriu espaço para ele entrar sem perguntas.
- Espero que seja importante. - Hoseok disse ao sentar no sofá, puxando Taehyung para que o mais novo ficasse ao seu lado.
Taehyung se espreguiçou um pouco e acabou deitando no sofá, com a cabeça no colo de Hoseok, que começou a fazer carinho em seus cabelos, distraidamente.
- Acho que isso é seu. - Jungkook entregou uma pasta de documentos nas mãos do mais velho.
- O que é isso?
- A escritura dessa casa. Você devia ter falado que eu financiei ela pra você.
- Você me fez pagar as parcelas do financiamento em troca de cuidar do tratamento da minha mãe. - Hoseok deu de ombros. - Valeu a pena.
- Sinto muito pela sua mãe JHope. - Jungkook disse distraído, ainda com as lembranças recentes na mente.
Ela morreu pouco antes do acidente, foi quando Hoseok parou de realizar as práticas de BDSM com Taehyung.
- Só fico feliz que no fim pude fazer de tudo por ela. Obrigado. - Hoseok disse tímido.
Ele odiava admitir, mas era realmente grato a Jungkook, mesmo com a forma conturbada que ele tinha de ajudar.
- Eu sei que pareci um idiota, te deixando em explícita dívida comigo, mas acho que era uma forma de te obrigar a não me deixar sozinho. Acho que estava tentando comprar lealdade ou algo assim. - Jungkook disse, o mais honestamente que já foi em toda sua vida.
- Você ainda é jovem e sinceramente, eu meio que entendo. Pelo menos você estava tentando ajudar, mesmo que do seu jeito.
- A casa está atrelada como minha propriedade pelo que eu vi dos documentos, acho que estava escondendo isso de você? - Jungkook perguntou, já sabendo a resposta.
Hoseok concordou com a cabeça, o que não surpreendeu o mais novo em nada.
- Amanhã cedo vou no banco e resolvo isso.
Hoseok concordou novamente, tentando não estranhar a forma que Jungkook parecia sincero com tudo aquilo.
Na verdade o ruivo sempre viu o mais novo como um tremendo de um canalha, mesmo que quisesse muito acreditar que existisse bondade dentro daquele coração, às vezes ele achava mal haver um.
- Por que veio a essa hora? Isso definitivamente podia esperar até amanhecer. - ele perguntou sem estar irritado, só curioso.
- Não tinha mais pra onde ir na verdade.
Hoseok bufou, mas não parecia nenhum pouco chateado.
- Não é porque você me ajudou com a casa que eu te devo abrigo, sabe disso né?! Sem contar que isso aqui já tá parecendo uma república.
- Na verdade, vim buscar Taehyung. Quero levá-lo num lugar junto com Namjoon pela manhã.
- Ah! Então eu não fui o único que você acordou na madrugada.
- Infelizmente não.
Os dois olharam para Taehyung dormindo pacificamente, parecendo quase uma criança inocente entre eles.
- Finalmente você está fazendo o que é certo para ele e não o que ele acha que precisa de você.
Jungkook concordou distraído.
- Acho que estou me tornando alguém diferente, talvez um pouco melhor.
- Você não parece muito feliz com isso.
Jungkook soltou o ar pela boca, desanimado.
- Eu acho que vou perder Jimin no processo.
- Oh! Essa decisão parece difícil.
Jungkook concordou triste.
- A mais difícil que já tomei em toda minha vida.
- Você devia, sabe… - Hoseok fez um movimento atrapalhado com as mãos. - … seguir seu coração. - ele completou.
- Não acho que eu tenha um. - Jungkook disse calmo, arrepiando Hoseok dos pés a cabeça, pois havia acabado de pensar sobre isso.
O mais velho viu de primeira mão o tipo de mente sombria que Jungkook tinha às vezes e isso sempre o assustou. Talvez ele realmente não tivesse um coração, pelo menos não um bom.
…
Jimin acabou dormindo de tanta exaustão pelo choro. Ele ouviu Jungkook sair no meio da madrugada e pela primeira vez, não queria saber para onde o mais novo ia.
O telefone tocou, interrompendo seus pensamentos.
- O que é? - Ele falou meio confuso, meio alheio ao que fazia.
“Jimin?! É o Jihyun” - O irmão de Jimin disse do outro lado da linha.
- Achei que tinha pedido pra me deixar em paz. - Jimin disse irritado.
“Nosso pai morreu, acha que isso vale uma exceção?”
…
Jimin tentou ligar para Jungkook um milhão de vezes, ele queria os amigos dele com ele, mas não acha que seria bom mostrar para toda aquela gente seu ciclo de amigos. A família de Jimin vinha de uma grande e hereditária espécie de máfia do Sul da Coréia e não é como se ele pudesse bobear com aqueles “ amigos e parentes” dentro da mansão da família durante o velório.
No entanto, ele precisava de Jungkook, se sentia sufocado diante tanta gente gananciosa e não é como se pudesse esconder com quem era casado, então que diferença faz?!
Jimin podia até estar sendo um pouco egoísta, mas ele não se importava no momento, precisava de Jungkook.
Ele bufou, praticamente socando o celular no fundo do bolso.
- Aqui, beba isso e vai se sentir melhor. - Sua mãe disse, lhe entregando uma mimosa em sua mão.
- Omma, não acho que seria adequado beber agora. - Jimin disse, tentando ser amoroso o suficiente para não parecer que ele sabia sobre os problemas com álcool de sua mãe.
- Bobagem querido, todos estão bebendo e não é como se seu pai se importasse. - Ela falou rindo exageradamente, o que chamou um pouco de atenção indesejada.
- Omma. O que eu falei sobre fazer escândalo? E vai para o quarto retocar essa maquiagem borrada, pelo amor de Deus. - Jihyun falou condescendente.
A mulher sorriu para Jimin, alisando seu rosto com carinho e afeto.
- Foi bom te ver filho, por favor não desapareça novamente. - A mulher disse antes de desaparecer entre os convidados silenciosos.
- Por que sempre a trata assim? - Jimin perguntou irritado, corrigindo o irmão mais novo.
Jihyun se mexeu irritado, mas não disse nada. Ele odiava ser corrigido por qualquer um, mas principalmente pelo seu irmão.
Jimin sabia o quanto seu irmão odiava ser corrigido, mesmo sem ele dizer nada.
Não que precisasse dizer alguma coisa. Jimin foi quem o ensinou a colocar aquela feição de falsa modéstia para esconder seu desprezo, não é como se o impressionasse de qualquer forma, seu irmão sempre o odiou.
- Chim Chim, sempre achando que pode abandonar a família e ainda achar que tem algum direito de opinião sobre ela quando aparece novamente.
- Você quem me chamou aqui, não o contrário. - Jimin sussurrou seus berros irritados, engolindo uma quantidade significativa da bebida que sua mãe havia colocado em sua mão.
- Nosso pai morreu, desculpa se eu achei que deveria reunir a família para enterrá-lo.
- Você me chamou porque não queria parecer fraco aos inimigos do nosso pai Jihyun, fazendo a frente familiar de aço que nosso pai sempre fingia que éramos. Ele ainda dizia que eu estava estudando fotografia em Madri? - Jimin perguntou debochado.
Jihyun não respondeu, o que provavelmente confirmava tudo.
- Não tô te pedindo muito Chim Chim, só fique até a leitura do testamento e depois desapareça novamente.
- Para de me chamar assim. - Jimin disse entre dentes, ficando mais vermelho do que a bebida era capaz de proporcionar. Ele odiava o apelido que um amigo da família lhe dera quando pequeno e Jihyun sabia disso, por isso usava o tempo todo.
- Você é um hipócrita Jihyun. Essa família inteira é, mas não significa que pode me forçar a ser um também, eu estou indo embora. Dê lembranças a Omma por mim. - Jimin colocou a taça vazia no batente da janela ao lado e começou a se afastar, determinado a sair logo daquele antro de serpentes peçonhentas que era sua família.
- Me diz uma coisa. Como está Jungkook? - Jihyun perguntou, fazendo Jimin travar no lugar.
- Ouvi dizer que ele sofreu um acidente feio ano passado. - Jihyun fez uma cara falsa de tristeza, deixando Jimin a ponto de explodir.
- Não se mete na minha vida Jihyun, ou então…
- Ou então o que ? Você não é capaz de machucar uma formiga Jimin, não é como se pudesse me atacar com um espacate ou algo assim.
Jimin se virou para o irmão e deu um tapa no seu rosto, fazendo o barulho reverberar mais do que deveria pela sala devido o silêncio respeitoso dos convidados.
Jihyun tocou no rosto, rindo debochado, por mais que desse para ver de longe o ódio em seus olhos enquanto ambos ignoravam o burburinho que isso gerou entre os convidados.
- Venha amanhã para leitura do testamento ou então… - Jihyun disse, brincando com a forma que Jimin havia lhe ameaçado antes. Mas é claro, sempre sorrindo, como se nada de muito grave tivesse acontecido.
Jihyun saiu logo em seguida, então Jimin soltou o ar do peito quase que de um jeito desesperado, precisando apoiar a mão na janela para que não caísse com a pressão baixa causada pelo nervosismo, beirando a pânico e tentou o celular mais uma vez.
Ele simplesmente precisava de Jungkook, não sabia o que fazer sozinho ali.
…
Jungkook estava tentando ouvir a introdução da guia no instituto de apoio a pessoas que sofreram abusos. Era um instituto de auxílio e recuperação integrada em Daegu, mas estava difícil se concentrar quando seu celular não parava de vibrar, então ele simplesmente desligou, sem nem olhar as chamadas perdidas. Era provavelmente Jimin querendo conversar e ele ainda não sabia o que dizer.
- Você vai gostar daqui, Tae. - Jin disse animado enquanto Namjoon prestava atenção na explicação de um dos psiquiatras envolvido no projeto.
- Você acha que eu sou doente? - Taehyung perguntou quase choroso na direção de Jungkook.
- Não querido, mas você precisa entender a parte do abuso para que possa voltar a praticar seus fetiches sem que se machuque ou fique dependente de maneira doentia às práticas. - Jungkook disse baixinho em seu ouvido, fazendo o mais velho realmente pensar sobre aquilo.
- Eu não sei se ficar sozinho aqui é uma boa ideia. - Taehyung disse, quase se levantando da sala e indo embora.
- Tae, você não está sozinho e nós vamos revezar. Vai sempre ficar alguém aqui com você. - Jin disse praticamente o empurrando de volta na cadeira. - Agora sossega essa bunda. - O mais velho completou irritado.
Tae e Kook riram baixinho com o jeito fofo que Jin tinha de falar quando estava bravo, mas não falaram muito sobre isso.
Taehyung não estava exatamente pronto para aquilo, mas se seus amigos estavam dispostos a sacrificarem suas vidas para ficarem com ele ali, então ele também estava.
- Não se preocupe com a empresa. Eu já falei com sua secretária e seu Vice presidente vai encarregar das pendências que deixou, para nada acumular. - Jungkook disse, feliz com o trabalho que fez pela manhã, tanto no banco à respeito da documentação de Hoseok quanto na empresa com a secretária de Tae.
A tour pelos alojamentos foi um pouco mais longa
O que deu oportunidade para Jungkook ligar seu celular e finalmente avisar Jimin onde estava.
- Merda. - ele xingou enquanto lia as mensagens do marido.
- O que foi? Namjoon perguntou preocupado.
- Preciso ir. O pai de Jimin morreu e ele pediu para que vocês não fossem comigo e que explicava melhor depois. - Jungkook olhou suplicante para Taehyung. - Eu preciso ir Tae .
- Pode ir Kookie.
- Desculpa. - Jungkook disse beijando seu rosto. - Prometo que estarei aqui o mais rápido possível. Só cuidem dele, por favor?
- Não vamos tirar o olho dele. Agora vá. - Jin disse quase empurrando Jungkook, que odiou deixar Tae na mão, logo ele que enfiou o garoto naquilo sem nenhuma preparação ou conversa antes.
Ele esperava conversar com o menor ao final da tour na instituição, mas agora ia ter que ficar para mais tarde.
Jungkook mandou uma mensagem para Jimin, explicando a situação e pedindo o endereço da família do menor, já que não lembrava se algum dia sequer esteve no lugar, mas a resposta estava demorando a chegar e Jimin não atendia suas ligações também.
…
Jimin bufou irritado, guardando o celular no bolso enquanto tentava não chorar, mas tava difícil.
- Jimin?
Ele se virou assustado, tendo certa dificuldade para reconhecer o cara, não muito mais velho que ele, que o encarava sorridente.
- Oh! Meu Deus. Taemin?
Taemin sorriu confirmando enquanto Jimin beijava seu rosto.
- Quanto tempo. Como você está? - Jimin perguntou, um pouco envergonhado por não tê-lo reconhecido logo de cara, não fazia nem um ano que eles estiveram juntos, mas ele estava tão diferente.
Taemin e Jimin estudaram juntos desde sempre. Seus pais eram grandes amigos e sócios, o que levou os dois quase da mesma idades a se reunirem, todas as vezes que seus pais faziam o mesmo.
Eles brincavam juntos e foi graças ao pai de Taemin que Jimin pôde entrar nas aulas de dança contemporânea tão cedo, obviamente escondido de seu pai.
Taemin dançava há muito mais tempo que ele e acabou que o pai do amigo o ajudou a esconder suas vontades de seu pai quando Jimin demonstrou a mesma paixão pela dança, principalmente o Ballet.
- Eu estou bem, obrigado por perguntar, mas gostaria mesmo de saber como você está? Eu sinto muito por seu pai. - Taemin disse, educado como sempre.
Jimin não podia negar, ele e Taemin sempre brincavam juntos e diziam que se casariam quando crescessem e obviamente, sempre teve aquele clima de primeira paixão infantil entre eles, sem contar que eles saíram juntos, quando ele e Jungkook deram um tempo e também quando ele iniciou os papéis de divórcio, então também tinha isso.
Jimin mordeu os lábios, pensando em como Taemin sempre corria para ele quando ele chamava, sem se importar com a hora ou o lugar.
- Vou te deixar sozinho. - Taemin disse tocando a mão do menor, ao perceber seu desconforto.
- Espera. - Jimin pegou em sua mão, a apertando. - Fica, por favor. Não quero ficar sozinho.
Jimin estava desconfortável por estar com Taemin e pensar sobre o que eles tiveram no passado, ao mesmo tempo que Jungkook tentou ser tão honesto e verdadeiro com ele mais cedo, mas era difícil pensar bem de Jungkook agora e Taemin estava ali, oferecendo um ombro amigo, Jungkook não.
Taemin enrugou a testa, olhando ao redor.
- Jungkook não está com você? Ouvi dizer que ele se recuperou bem do coma.
Jimin sorriu amarelo para o maior, achando de extrema coincidência seus pensamentos espelhados.
- Jungkook não pôde vir, infelizmente. Problemas familiares. - Jimin falou rápido demais, se odiando por ter que inventar desculpas para o marido.
- Mais importante que a morte do seu pai ? - Taemin perguntou automático, deixando Jimin parecendo um pimentão, pela vergonha.
- Desculpa, eu não quis…
- Está tudo bem. Será que podemos sair daqui? - Jimin perguntou, começando a se sentir agoniado com tantas pessoas olhando na sua direção.
Ao contrário de Jimin, que quase ninguém reconhecia como membro da família. Taemin cresceu um grande empresário e bem cedo pegou a empresa de importação e exportação de carros do pai, para comandar e levar os negócios da família a outro nível.
Tudo na aparência de Taemin dizia, imponência, elegância e riqueza. Até a forma que ele andava, colocava as mãos no bolso ou sorria era imponente, apesar de na verdade ser sempre muito delicado e gentil por trás de toda aquela aparência arrogante.
Taemin não disse nada sobre a pergunta de Jimin, ao invés disso, ele pegou delicadamente em suas mãos e o guiou até a sacada externa de um dos lados da mansão, trancando a porta pelo lado de fora assim que entraram.
- Ninguém vai nos incomodar aqui. - Taemin disse, colocando uma garrafa de champanhe no chão e tirando seu terno para que Jimin o vestisse.
O mais novo sentiu o vento gelado assim que chegou na sacada, então não recusou o terno de forro duplo do maior, agradecendo pelo cheiro amadeirado e forte que o tecido carregava junto a si.
Jungkook tinha um cheiro suave de baunilha e isso era um grande contraste entre os dois.
Não que ele estivesse comparando.
Jimin parou de cheirar o terno imediatamente, se sentindo culpado por seus pensamentos nada comportados.
- Quando pegou uma garrafa de champanhe? - Jimin perguntou tímido, já que Taemin tinha acabado de pegá-lo cheirando sua roupa assim que se afastou do menor para fechar os botões do tecido.
- Peguei da mesa de recepção. - Taemin disse tentando esconder o sorriso que queria pular da sua boca a qualquer momento.
- Foi uma boa ideia. - Jimin disse tímido, se afastando mais um pouco da proximidade entre eles, o que deixou Taemin sem jeito dessa vez.
Taemin prensou seus lábios, se impedindo de dizer algo e se afastou por completo, indo para a sacada.
Ele apoiou os cotovelos no parapeito de ferro e sorriu ao sentir Jimin fazer o mesmo ao seu lado.
- É verdade? - Taemin perguntou sem olhar para Jimin. - Sobre a amnésia?
Jimin concordou com a cabeça, distraído.
- Ele está recuperando um pouco da memória, mas são cinco longos anos esquecidos, então...
- Espera aí. Você tá dizendo que ele só esqueceu do tempo em que viveu com você? - Taemin perguntou confuso.
Jimin concordou mordendo os lábios com o nervosismo.
- Desculpa. Eu não quis te deixar desconfortável.
- Está tudo bem. - Jimin deu de ombros, assistindo Taemin abrir a garrafa de champanhe.
Pensando bem, estourar champanhe num velório não parecia uma boa ideia. Jimin se perguntou quem dos amigos trouxe a champanhe para começo de conversa.
Taemin tomou um gole do líquido âmbar borbulhante e entregou para Jimin, que fez o mesmo, molhando um pouco a mão na garrafa gelada.
- Então ele não se lembrar da noite do acidente? - Taemin perguntou com o máximo de cuidado possível.
Jimin negou com a cabeça, tomando outro gole da bebida alcoólica.
- Eu não quero que ele saiba sobre aquilo de qualquer forma, afinal foi um grande mal entendido. Certo?!
Taemin pegou a garrafa nas mãos, tomando um longo gole antes de voltar a encarar a paisagem incrível daquele lado da mansão dos Park’s.
- Certo. - Taemin resmungou quase que de maneira inaudível.
…
Jimin chegou em casa com os olhos inchados e as mãos trêmulas. Ele não podia acreditar em tudo que tinha passado nas últimas 24 horas.
Sim! Ele já amou seu pai, mas agora, tudo que sentia por ele era pena. Pena pelo homem que desgraçou a própria família por causa dos negócios. O que é provavelmente o motivo dele ter morrido.
Um infarto em uma família importante como aquela, nunca era só um infarto.
- Jimin? - Jungkook chamou meio sonolento ao levantar da poltrona da sala.
Jungkook tentou ficar acordado pelo máximo de tempo que ele pôde esperando pelo menor, mas Jimin não chegava nunca e ele estava exausto da viagem de Daegu que fez mais cedo.
Jimin colocou as chaves no balcão, olhando o vazio enquanto lágrimas caíam pelos seus olhos vidrados.
- Jimin? Você está bem? - Jungkook tentou tocá-lo, mas o menor se afastou com tudo, o encarando pela primeira vez.
- Eu não consigo sentir, porque eu não consigo sentir? - Jimin resmungou enquanto olhava na direção de Jungkook sem exatamente enxergá-lo.
Ele estava um pouco bêbado também.
- Jimin, me conta o que aconteceu? - Jungkook implorou desesperado ao ver o menor naquele estado.
- Me beija. - Jimin pediu, secando as lágrimas de forma desajeitada e parecendo um pouco alheio à tudo.
- O que ?
- Você me ouviu.
Jungkook encarou Jimin, sem saber muito bem o que fazer.
- Jimin, eu…
Jimin interrompeu o começo da frase de Jungkook com um beijo, enquanto o empurrava na direção do sofá de maneira desesperada e sem nenhum equilíbrio.
- Eu quero que faça aquilo de novo. - Jimin disse entre o beijo, o que deixou Jungkook ainda mais confuso.
- Agora. Quero que faça agora.
- Fazer o que Jimin.
- Quero que me bata.
- Que? - Jungkook forçou Jimin para longe dele, tentando olhar o menor nos olhos, mas seu olhar era impassível e não tinham muito a dizer.
- Você não gostou da última vez, o que mudou?
- Eu preciso sentir. Jungkook, por favor. Depois conversamos sobre isso.
Jungkook largou Jimin, sentando no sofá ainda um pouco desnorteado.
Ele passou as mãos pelos cabelos, sem saber muito bem o que fazer.
Jimin só ficou parado no lugar, esperando o maior se decidir.
Então Jungkook bateu em sua perna, sem olhar na direção de Jimin, o arrepiando da cabeça ao pés.
- Deita. - Jungkook disse enquanto esperava o menor se aproximar para pegar em sua mão e ajudá-lo a deitar atravessado em sua perna.
A bunda de Jimin estava nas pernas de Jungkook, enquanto seu rosto estava virado de lado no assento do sofá.
Jimin sentiu seu coração acelerar e parecia que ia sair pela boca a qualquer momento.
Seu rosto ficou vermelho e as pontas dos seus dedos formigavam, a medida que Jungkook abaixava sua calça com violência, rasgando parte do tecido da calça social junto com sua cueca.
Jimin não fazia ideia do porquê achou que precisava daquilo, mas algo dentro dele havia se destravado naquela noite na casa de sua avó e agora tudo que ele queria era sentir novamente.
Como um vício recente e agonizante.
Jimin suspirou baixinho ao sentir as mãos de Jungkook deslizarem por sua bunda.
- Não quero ouvir sua voz, ok? - Jungkook perguntou, dando uma restrição para Jimin se concentrar.
O menor concordou com a cabeça sem responder com sua voz, o que agradou muito Jungkook.
- Bom garoto. - Jungkook disse, deixando Jimin explodindo de felicidade.
Ele não entendia porque, mas Jungkook transbordava agressividade e saber que ele estava agradando deixava Jimin extremamente feliz. Ele queria poder fazer mais, agradá-lo o melhor que pudesse.
Seu peito bateu ainda mais forte. Jimin estava assustado.
Na verdade, assustado não era bem a palavra. Jimin estava aterrorizado com seus próprios sentimentos, mas não pôde pensar muito sobre isso, pois o primeiro tapa que levou na bunda tomou toda sua mente e a ardência queimando sua pele era em tudo que ele conseguia pensar. Ele estava definitivamente mais sóbrio agora.
Jimin apanhou dez vezes. Cinco palmadas em cada uma das nádegas.
Ele chorou em silêncio e cortou os lábios ao mordê-los para não gritar de dor. Ele nunca se sentiu tão vivo em toda sua vida.
Tudo que ele queria fazer agora, era perguntar se Jungkook achava que ele era um doente por querer mais daquilo, mas não queria estragar aquele ar de excitação que deixaram no ar.
Jungkook levantou Jimin, o deixando de pé na sua frente e terminou de tirar toda sua roupa.
- Está melhor? - Jungkook perguntou limpando suas lágrimas.
Ele sentiu uma espécie de dejavù invadir sua mente, mas interrompeu o pensamento assim que negou com a cabeça.
Jungkook se segurou para não arregalar os olhos, mas não conseguiu evitar a surpresa em seu rosto.
- Você quer mais?
Jimin concordou com a cabeça, ainda um pouco tímido, se sentindo exposto e vulnerável.
- Quero ouvir você dizer. Já pode falar. - Jungkook disse com a voz rouca e os olhos brilhantes.
- Por favor, me bate mais.
- Jimin. Você tem certeza? É a última vez que pergunto.
Jimin concordou enquanto mais lágrimas caíam dos seus olhos.
- Quero muito mais.
Jungkook mordeu os lábios, sem saber muito bem o que fazer, mas a excitação no meio das pernas de Jimin respondeu por ele.
- Me dá uma palavra e quando você quiser que eu pare você diz ela.
- Não pode ser pare? - Jimin perguntou confuso.
- Não. - Jungkook respondeu ríspido.
- Por que não? - Jimin olhou inocente para Jungkook, fazendo ele xingar baixinho.
- Porque eu ia adorar ouvir você dizer. - Jungkook respondeu quase agarrando Jimin pela cintura e o fodendo de vez.
- Chim Chim. - Jimin disse fazendo um bico irritado.
Jungkook riu, tirando ele completamente do clima hipnótico em que estava.
- Funciona. - Jungkook disse dando de ombros. - Não se mova. - ele completou indo até a escrivaninha e jogando tudo no chão.
Jimin pulou com o barulho das coisas caindo no chão e se pegou torcendo para que Jungkook não tivesse visto, já que ele acabou saindo ligeiramente do lugar.
Era tudo tão novo e excitante, que ele acabou amando o sentimento de medo e tensão que seu corpo expelia de sobra.
- Vem cá. - Jungkook o chamou, sorrindo ao ver Jimin quase tropeçar, na pressa em obedecê-lo.
Jungkook virou o garoto bruscamente assim que o teve ao alcance de suas mãos e empurrou suas costas para que ele deitasse o peitoral na mesa.
Jimin gemeu com a forma em que Jungkook o tocava, mas parou abruptamente, assim que lembrou que não devia falar ou emitir som sem a permissão de Jungkook.
Ele sorriu com o pensamento, mas o sorriso se desmanchou e a tensão subiu alguns graus ao sentir Jungkook separar suas pernas.
- Eu vou te bater até você não conseguir andar amanhã, mas isso tem que ser feito da maneira certa, sem que te machuque. Preciso te bater nos lugares corretos e aceitáveis para o seu corpo e eu quero que se lembre disso, pois não deve confiar em qualquer um para fazer essas coisas com você. Entende isso ?
- Sim. - Jimin disse um pouco perdido, pensando como Jungkook sabia tudo aquilo.
Um sentimento horrível de ciúmes veio em sua mente e logo atingiu com força seu peito, já confuso de outros tantos sentimentos.
- Promete? - Jungkook perguntou enquanto tirava o cinto.
- Prometo nunca deixar ninguém além de você fazer isso comigo. - Jimin disse um pouco irritado com a longa expectativa do que queria sentir.
- Bom. Muito bem Jimin. - Jungkook alisou os cabelos de Jimin, fazendo o menor suspirar de felicidade por estar agradando mais uma vez.
Por que ele estava pensando daquele jeito?!
Só que isso não durou muito tempo. Jimin sentiu as pernas bambas e a boca seca assim que levou a primeira cintadas na pele já sensível.
Jimin queria gritar de dor, mas tudo que fez foi fechar os olhos, apertar forte as mãos e tentar engolir os soluços do choro.
Jungkook não teve piedade, ele realmente bateu muito em Jimin. Na sua bunda, na parte interna da coxa e nas costas, mas principalmente na bunda.
Jimin sentia seu corpo dormente e sua mente vazia e era exatamente assim que queria se sentir. Ele nunca foi tão grato em toda sua vida.
- Kookie-ah, para por favor. - Jimin disse entre o choro ao lembrar do que Jungkook disse adorar ouvir.
Jungkook parou.
Sua respiração era pesada e suas mãos estavam dormentes.
Ele nunca ficou tão duro em toda sua vida.
Jimin estava prestes a dizer que não queria que Jungkook realmente parasse quando ouviu Jungkook abaixar a calça.
Ele não as tirou, ele nem se incomodou em lubrificar o menor, ele só abriu o zíper da calça e pegou no seu pau duro, passando o pré gozo por toda a extensão antes de colocar na entrada de Jimin e enfiar com mais força que o necessário para que entrasse de uma vez.
Jimin estava tão apertado que acabou expulsando Jungkook umas duas vezes antes dele realmente conseguir entrar no menor.
Jimin não podia negar. Doeu tanto que ele literalmente viu estrelas. Pontos brancos brincavam com sua visão enegrecida enquanto ele chorava de dor, mas era esse o propósito de tudo isso. Ele queria sentir dor, ele precisava.
Jungkook puxou Jimin pelos cabelos e fodeu com sua bunda até sentir sua porra escorrer pelo seu pau semi ereto depois de gozar, ainda dentro do menor.
Jimin gozou antes de Jungkook e quando o maior saiu de dentro dele, ele percebeu que seu pau era na verdade a única coisa que mantinha suas pernas sustentadas.
Jimin sentiu os joelhos dobrarem, mas Jungkook o pegou no colo antes que ele caísse.
Ele sabia que tinha sangrado em algum momento daquilo tudo, mas nada foi o suficiente para que eles quisesse parar. Isso não significava que não era assustador ver manchas de sangue entre suas pernas e pela camiseta branca de Jungkook, mas o pior de tudo é que não estava nem um pouco arrependido.
Ele se sentiu vivo pela primeira vez naquele momento e tudo o que conseguia pensar era em como sua vida seria depois de uma descoberta como aquela.
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