Frozen Heart
Jimin vestia uma blusa azul, comprida em seu corpo minúsculo. Suas coxas grossas eram marcadas por uma calça jeans branca rasgada nos joelhos, seu cabelo estava rosa e o sorriso radiante enquanto rodava um pirulito naqueles lábios cheios e rosados.
Eu estava sentado de frente pra ele, num sofá grande de couro preto. E simplesmente não conseguia parar de olhá-lo.
- Por que está me olhando assim? - Jimin perguntou, jogando sua cabeça para o lado, me encarando com o pirulito girando no lábios, o sorriso tímido no rosto e os olhos quase fechando em formato de meia lua.
Jimin soltou uma risada gostosa e me chutou com seus pés descalços, depois que ficou sem graça ao perceber que era o foco de toda minha atenção.
- Sua boca é perfeita. - Falei ainda hipnotizado, minha voz saiu rouca e eu percebi um sentimento distinto se distinguir entre as palavras, porém não era capaz de sentir o que era aquilo que eu parecia sentir tanto, a ponto de transparecer em tudo que saía pela minha boca.
Jimin mordeu o pirulito fazendo um barulho agoniante enquanto quebrava o doce com os dentes.
Ele aproximou, se assomando pelo meu corpo, até encostar os lábios melecados de doce na minha boca.
Pensei que sentiria o gosto do doce, mas tudo que senti foi o quão molhado e quente a boca de Jimin era na minha.
Eu o puxei pela cintura e intensifiquei o beijo como se não pudesse controlar meus próprios movimentos, minhas mãos o agarrou pela nuca e meu corpo colado ao dele tremia com a sensação por tê-lo nos meus braços.
Tudo que eu queria era sentir o seu cheiro, seu gosto, qualquer coisa que me provasse que ele estava realmente ali comigo, porém nada parecia garantir isso.
Eu notei que aquilo tudo, não bastava de um sonho, segundos antes do meu corpo despertar, comprovando o quanto estava certo.
…
Jungkook sentou na cama ao mesmo tempo em que puxava o ar para os pulmões.
Seus olhos lacrimejavam e seu peito parecia oco, mesmo que pudesse sentir as batidas do seu coração extrapolando o número de batimentos por minuto.
Ele passou as mãos nos cabelos suados e pegajosos, percebendo o quanto transpirou durante seu sonho, ele jurava que suas mãos ainda formigavam com o toque de Jimin ali, era como se o que acabara de sentir fosse impossível de ser apenas um sonho. Era possível imaginar aquele tipo de sentimento que ele sentiu minutos atrás?
Era possível que fosse uma lembrança?
O que mais o assustava no entanto, era o fato de que ele acabou de sonhar com um cara que ele tecnicamente não conhecia e o pior de tudo é que ele definitivamente estava excitado. E de todas as coisas em que Jungkook já passou em sua vida, pelo menos da parte que ele lembra, aquilo era definitivamente a mais assustadora delas.
O relógio apontava 3:15 da manhã, mas seu corpo parecia descansado para uma madrugada, diferente de sua mente.
Jungkook se levantou com dificuldade e foi até o banheiro, disposto a tomar um banho e esfriar o corpo e mente antes de tentar dormir novamente.
…
- Você acha que estou recuperando minha memória? - Jungkook perguntou para o psicanalista no qual ele era obrigado a se consultar três vezes na semana.
Ele também tinha que fazer fisioterapia e testes cognitivos por alguns meses. Tudo ficava no mesmo hospital onde ele acordou já há algumas semanas.
- Se eu fosse você, eu não focaria tanto nisso agora e sim na sua recuperação física. Perdas de memória após eventos traumáticos tendem ser temporárias. - O psicanalista falou, vendo Jungkook suspirar irritado com sua resposta evasiva.
- Eu perdi tanto. Como posso considerar isso algo não tão importante quanto o resto? Eu mal consigo dormir.
O psicanalista o analisou por mais um tempo.
- Olha! Porque não te receito algo para que consiga dormir e fazemos algumas sessões viradas para recuperação da sua memória. Acha que isso pode te acalmar?
Jungkook suspirou, não parecendo tão animado com a ideia quanto o médico.
- OK. - ele disse ao perceber que seu médico esperava uma resposta.
- Talvez se você saísse com as pessoas do seu convívio de antes do acidente lhe faça bem e pode servir como um gatilho para recuperação da sua memória, tais como cheiros, músicas, ambiente… Existem relatos de casos parecidos com o seu, onde houve melhora significantes, depois da vivência similar às experiências do passado. Isso funciona em casos comum, como quando sentimos um perfume e nossa mente é levada para memória de um antigo relacionamento, ou de um parente falecido. Em caso de amnésia esse gatilho fica um pouco mais complexo do que o comum, mas é um exercício saudável que pode tanto lhe fazer bem, como te ajudar a se reintegrar no seu cotidiano social.
Jungkook arregalou os olhos em expectativa.
- Mas devo alertá-lo. Sua vida mudou com a perda parcial de memória e você devia tentar se acostumar o melhor possível com a situação atual e viver de forma que, caso sua memória não volte, você possa ser capaz de seguir em frente com essa nova versão de você.
Era possível enxergar da janela do consultório o jardim da frente, onde Jungkook assistiu Jimin, beijar outro cara não muito tempo atrás.
Seu coração bateu engraçado com a lembrança, era como se ele não sentisse nada pelo cara que dizia ser seu marido, mas ao mesmo tempo não queria que mais ninguém sentisse, porque alguém disse que Jimin era dele, então ele deveria ser dele.
- Jungkook você entende o que estou querendo dizer?
Jungkook concordou com a cabeça pensando se deveria aceitar o fato que perdeu parte de si naquele acidente, aliás aparentemente uma parte importante.
…
Jimin estava ensaiando os passos que ensinaria para sua turma naquela tarde, porém sua cabeça não estava naquilo e o enorme espelho que cobria toda a parede à sua frente, lhe mostrava cada detalhe de seus erros conforme sua mente viajava para seus problemas atuais. Sem contar as olheiras fundas e os olhos vermelhos e inchados, causado pelo choro durante suas madrugadas.
Chorar porque o homem que você ama e está em coma, deitado numa cama entre a vida e a morte é horrível, mas de alguma forma ver seus olhos vazios todas as vezes que eles olham dentro dos seus olhos, para Jimin parecia algo ainda pior. Era egoísmo pensar daquela forma e ele sabia, mas não conseguia deixar de sentir ainda que estivesse feliz por ver Jungkook vivo, acordado e saudável. Jimin só queria ser lembrado também.
Ele já trabalhava na escola de dança para crianças, no centro educacional de Seul há seis anos e sua vida era satisfatória boa parte porque tinha aquele emprego.
Jimin levava extremamente a sério sua função naquele lugar e era exatamente por isso que se martirizava tanto por não ter apresentado seu melhor nos últimos meses.
Jungkook era tudo em que ele pensava desde o acidente e agora que seu marido foi morar com a mãe sem pestanejar enquanto alegava não lembrar da sua história juntos, algo dentro dele se quebrou e ele não estava sabendo lidar.
…
Jungkook estacionou o carro de sua mãe em frente ao lugar que ela disse que Jimin trabalhava.
Seu coração acelerou ao pensar no nome do menor pela milésima vez só naquela manhã. Ele balançou a cabeça negativamente, tentando afastar seus pensamentos confusos. Era quase como se seu corpo reagisse ao garoto, mas sua mente não soubesse o porquê devido a amnésia e isso era no mínimo confuso.
Quando Jungkook se aproximou da sala, onde uma confusa secretária indicou, as mãos que seguravam sua muleta quase deslizou enquanto suas pernas pareciam perder as forças.
Jimin estava com a blusa azul na qual Jungkook sonhou naquela madrugada e tirando a calça preta e os cabelos loiros, o restante parecia muito com o Jimin dos seus sonhos.
O menor tropeçou nos próprios pés quase caindo, ao notar através do espelho que Jungkook estava parado bem ali na porta, indeciso entre entrar ou ir embora.
- Kookie. Não sabia que viria. - Jimin falou desligando o som e indo em sua direção.
- Entra. - O menor caminhou calmamente ao lado de Jungkook, vendo o mais novo encostar sua muleta no canto da sala, sentando em cima de uma escrivaninha, onde Jimin mantinha alguns papéis dispensáveis e aleatórios de suas aulas.
Os dois ficaram num silêncio desconfortável enquanto Jimin se posicionou de pé em frente ao Jungkook sentado confortavelmente em cima da mesa.
Os dois olhavam para o chão sem saber o que fazer a seguir.
- Desculpa te atrapalhar no seu serviço. - Jungkook resolveu falar, quando o silêncio pareceu insuportável.
- Você não atrapalha, tô feliz que tenha vindo. - Jimin juntou as mãos, se distraindo com seus dedos. - Eu fiquei com medo de te visitar e você não gostar disso. - ele sorriu tímido, admirando Jungkook por alguns instantes. - Eu liguei para sua mãe todos os dias para saber de você. Acho que ela realmente me odeia agora.
Jungkook sorriu naturalmente para o jeito do menor, mas disfarçou com uma tossida logo em seguida.
- Meu psicanalista falou para eu tentar fazer coisas que foram parte da minha rotina de antes, para ver se minha memória volta.
Jimin concordou com a cabeça sem falar nada.
- Pensei que talvez pudesse me dizer que tipo de rotina eu levava.
Jungkook esperou vacilante.
Até Jimin suspirar desanimado, abaixando o ombro em sinal de desistência, mordendo seus lábios já vermelhos e torturados pelo nervosismo constante.
- Desculpe, mas você me afastou muito da sua vida nos últimos anos, talvez você deva falar com o Tae.
Jungkook enrugou a testa, confuso.
- Mas você é tipo meu marido, não é? - Jungkook falou, se arrependendo imediatamente ao ver Jimin abraçando o próprio corpo enquanto o balançava levemente em seu próprio eixo. A palavra marido ainda incomodava sua garganta toda vez que tinha que dizer, mas ali, vendo Jimin se contorcer com a ideia dos dois juntos, o incomodou de uma certa forma, reversa.
- Você às vezes esquecia disso. - Jimin sussurrou dando de ombros.
- O que quer dizer?
Jimin suspirou pesado mais uma vez.
- Nada Bunny, talvez possamos fazer coisas que fazíamos quando nos conhecemos, talvez te ajude com as memórias antigas e o Tae pode te ajudar com as mais recentes. O que acha?
- Quem diabos é Tae?
Jimin sorriu destemido com o mau humor de Jungkook para o lado dele.
- Kim Taehyung, seu melhor amigo.
- Se ele é meu melhor amigo, por que não me visitou quando eu acordei?
- Ele tava viajando, mas adiantou seus compromissos para voltar correndo para casa, ele nem acredita que você acordou. - Jimin falou em defesa do amigo.
- Oh! Quando você falou que eu saía mais com ele do que com você ultimamente eu achei que talvez não gostasse dele.
Jimin fixou seus olhinhos confusos em Jungkook.
- Eu amo o Tae.
Jungkook não entendeu, mas seu peito apertou e seu rosto ficou quente com as palavras de Jimin a despeito do tal amigo, mas Jimin não estava prestando atenção, então dessa vez Jungkook não precisou disfarçar.
A cabeça de Jimin estava fervilhando emoções que ele não podia expressar e tudo que ele queria era abraçar e beijar o mais novo, mas sabia que não devia.
- Você e esse Tae são muito amigos? - Jungkook perguntou, depois de mais um momento de silêncio entre eles.
Jimin só concordou com a cabeça, não ajudando muito a mudar isso.
- Mas ele era mais meu amigo que seu? - Jungkook insistiu.
- Suponho que sim. - Jimin deu de ombros, a gola da blusa caindo pelo seu ombro, mostrando uma camiseta listrada de preto e branco por baixo do tecido azul.
Um celular começou a vibrar ao lado de Jungkook, mas Jimin o ignorou distraído.
- Você tem algum amigo assim, como eu era com esse Tae? - Jungkook perguntou, irritado com a distração.
Jimin concordou, olhando diretamente nos olhos de Jungkook pela primeira vez.
- Suga é meu melhor amigo. - Jimin atiçou, sabendo o quanto já se encrencou por falar o nome do seu amigo na frente de Jungkook, mas nada apareceu no semblante do mais novo e ele não sabia se ficava triste ou feliz com esse fato.
- Esse Suga, é o cara que te beijou na noite em que eu acordei? - Jungkook perguntou fazendo Jimin arregalar os olhos com a pergunta.
Ele engoliu em seco, vendo Jungkook morder a parte interna da bochecha, nervoso.
- Sim. Era ele.
Jungkook concordou com a cabeça.
- Vocês são amantes ou algo do tipo?
- Não. Ele é meu melhor amigo.
- Melhores amigos se beijam?
Jimin deu de ombros.
- Não é de um jeito romântico nem nada, nós só somos muito unidos.
Jungkook puxou o ar para os pulmões, a cabeça começando a doer.
- Desculpa, estou te causando dor? - Jimin perguntou assustado, se aproximando de Jungkook para tocar em suas têmporas enquanto os olhos brilhavam com lágrimas que ameaçavam rolar por suas bochechas rosadas.
Jungkook ficou chocado com o grau de emoção que o garoto podia demonstrar em seu semblante. Parecia quase, puro.
- Não se culpe, é só que é muito para assimilar. - Imediatamente Jungkook se sentiu um monstro ao causar qualquer tipo de incômodo ao garoto.
Ele levantou a cabeça, percebendo tarde demais o quão próximo Jimin estava dele.
Os dois estavam a um palmo de distância de se beijar, mas não por muito tempo. Jimin logo se afastou, deixando que os dois voltassem a respirar normalmente ou algo próximo a isso.
- Quando eu comecei a… você sabe… gostar… - Jungkook tossiu um pouco, mexendo as pernas no ar enquanto apoiava uma das mãos na escrivaninha.
Jimin tentou disfarçar um sorriso, mordendo o lábio inferior.
- Quando você percebeu que era gay? - Jimin perguntou vendo Jungkook ficar vermelho.
- Deus! Esqueci que sua mente ficou presa nos seus dezoito anos. Senti falta de quando você ruborizava assim.
Jungkook sorriu ainda um pouco tímido.
- Eu provavelmente não iria sentir falta de algo assim.
- Definitivamente não. - Jimin falou com o rosto assustado, mas de um jeito quase infantil e fofo, descaracterizando seu semblante mais centrado no qual Jungkook era familiar, desde a primeira vez em que se viram, que segundo sua memória, aconteceu de ser na noite em que acordou de um coma de seis meses, até agora.
- Você acha que eu ainda posso gostar de garotos ou isso mudou depois do coma? - Jungkook perguntou, apertando a borda da escrivaninha até a junção dos seus dedos ficarem esbranquiçadas.
Jimin deu de ombros, se aproximando de um jeito sensual e destemido que surpreendeu Jungkook por um instante.
- Só há uma forma de descobrir. - Ele se aproximou ainda mais, passando sua mão pela coxa esquerda de Jungkook, que puxou o ar com a sensação das unhas de JImin o arranhando por cima do seu moletom.
- Como? - Jungkook perguntou com a voz rouca e os olhos quase fechando.
- Eu posso te beijar se quiser? - Jimin falou num tom inocente e proativo, espalhando um aroma doce enquanto falava tão próximo do rosto do mais novo.
Ele ainda estava impressionado com a mudança em Jimin, ele nunca havia visto algo desse tipo.
Como duas personalidades tão distintas podiam morar num mesmo corpo?
- Não sei se é uma boa ideia. - Jungkook falou abruptamente, se sentindo um idiota assim que Jimin se afastou assustado.
Jungkook não era idiota, ele sabia o que seu corpo sentia quando estava próximo do menor, ele estava começando a perceber o padrão, mas até então Jimin era realmente muito bonito e talvez a necessidade de preencher o espaço vazio em sua mente o tivesse fazendo pensar em coisas precipitadas ou irreais.
- Desculpa, não quis te deixar desconfortável. - Jimin pediu sem jeito.
- Não. Não é isso. - Jungkook levantou uma das mãos como se quisesse tocar no mais velho, mas a abaixou assim que percebeu o quanto aquilo seria estranho. - Eu só acho que deveria começar aos poucos. - Jungkook terminou de falar, vendo Jimin se animar novamente.
Jimin parecia alguém fácil de agradar.
- Aos poucos? - ele perguntou parecendo genuinamente feliz. - O que eu posso fazer para ajudar?
- Hmmm… Não sei. - Jungkook riu engasgado, pensando se realmente faria aquilo.
- O meu médico disse que cheiros são um dos fatores que podem ativar minhas lembranças.
- Você quer minha meia suja emprestada? - Jimin perguntou fazendo uma carranca engraçada, como se realmente estivesse pensando no assunto.
Jungkook soltou risadinhas infantis, realmente se divertindo com Jimin, porém seu sorriso falhou a medida que o menor se aproximou cada vez mais dele, finalmente se encaixando entre suas coxas.
Seus corações estavam acelerados e seus corpos vibravam na expectativa de se tocarem. Jimin tinha medo de que se começasse a falar, iria gaguejar sons aleatórios e sem sentido.
Ele sentia tanta saudade de Jungkook e era praticamente impossível segurar sua necessidade de abraçar e dizer o quanto o amava e sentia sua falta, mesmo que Jungkook não entendesse o significado daquilo.
De qualquer forma ele conseguiu manter um pouco de distância, deixando Jungkook dar o primeiro passo, caso assim desejasse ou simplesmente recuar novamente.
- O que está fazendo? - Jungkook sussurrou um pouco aflito com a proximidade, mas ansioso em fazer o que quer que Jimin quisesse pra ele.
- Você pode sentir meu perfume. Você me deu de aniversário ano passado, talvez te lembre de algo. - Jimin sussurrou de volta, se divertindo um pouco com a situação.
Jungkook não sabia o que fazer, sentimentos conflituosos digladiavam entre si por atenção em sua mente.
- Vai em frente. Eu não mordo. - Jimin sorriu, jogando sua respiração no pescoço de Jungkook, que sentiu seus ossos se transformarem em gelatina ou algo assim.
Depois de pensar sobre o assunto e sem chegar em nenhuma resposta plausível, Jungkook se aproximou alguns centímetros e puxou o ar, sentindo o perfume doce de Jimin invadir seu corpo enquanto trazia sentimentos distintos em sua mente.
Seu coração acelerou absurdamente rápido, seus pêlos do braço se arrepiaram, descendo a sensação através da coluna até a ponta de seus dedos.
Ele desceu o rosto pela linha entre o pescoço e o ombro de Jimin, encostando a boca vez ou outra em sua clavícula, só para sentir a onda de estática que seus lábios recebiam ao tocar sua pele macia.
Jimin prendeu a respiração para não assustar o mais novo, mas soltou um gemido baixo logo em seguida ao sentir aqueles lábios curiosos e indecisos o tocando.
Jungkook apertou violentamente suas coxas no corpo do menor, quase como um espasmo, o prensando entre suas pernas em reação à excitação que aquele som em seu ouvido provocou.
- Jimin. - Jungkook o chamou, quase gemendo também, sua boca salivando para tocar na pele do menor mais uma vez.
Em algum lugar, no meio do caminho, Jimin perdeu seu autocontrole assim que tocou na mandíbula do mais novo, trazendo seu rosto para mais perto e encostando seus lábios nos dele.
Os dois gemeram baixo ao sentirem seus lábios quase febris se tocando, ainda que de maneira sutil e breve.
Jungkook sentiu o gosto doce nos lábios de Jimin, o cheiro de morango por toda sua pele. Ele lembrou de quando quis gritar por não ser capaz disso em seu sonho naquele mesmo dia.
Jimin ia se afastar, mas Jungkook colocou suas mãos automaticamente na lateral do mais velho, descendo por sua cintura. Ele o apertou em busca de certeza da sua presença, mas Jimin se ajeitou ainda mais em seus braços, despertando Jungkook de que aquilo era real, então consequentemente, ele tinha acabado de beijar um garoto. O que deveria deveria ser assustador ou ao menos sobrecarregá-lo de alguma forma, mas ao invés disso, pareceu pacífico e bom.
Jimin mordeu o lábio inferior de Jungkook ao mesmo tempo que suas mãos apertaram sua coxa, o arranhando agressivamente ainda que o tecido da calça o protegesse. Um som gutural, seco e grave, saiu da garganta de Jungkook e isso era tudo que ele precisava ouvir antes de se afastar e deixar o mais novo respirar.
- E então? - Jimin perguntou quando se afastou, obviamente abalado pela urgência que sentiu presente nos lábios de Jungkook.
- Hmmm? - Jungkook abriu os olhos lentamente, suas mãos trêmulas foram direto para os próprios lábios latejantes, como se precisasse tocar para acreditar no que sentia.
Ele se sentia vazio, faltante sem a presença marcante de Jimin e isso, para Jungkook, só poderia ser caracterizada como, algo assustador.
.
Jimin sorriu carinhosamente para o mais novo, seu corpo se movia nervosamente enquanto garantia um espaço ainda maior entre eles.
- Eu preciso ir. - Foi o que Jungkook conseguiu dizer, mal saindo voz em toda sua rouquidão de palavras sussurradas.
Ele estava excitado mais uma vez e a ideia de que tudo que ele estava sentindo tinha a ver com um garoto, o deixava com a cabeça prestes a explodir. Jungkook definitivamente não conseguia entender como ele não podia conhecer a si próprio por todos aqueles anos. Ele gostava de garotos ou só de Jimin?
Como posso estar sentindo essas coisas estranhas por um desconhecido?
Era só o que ele conseguia pensar no momento, o que foi o exato motivo dele ter que se apoiar na escrivaninha para não cair enquanto tentava sair apressado para o mais longe possível de Jimin.
- Quer ajuda?
- Jungkook?
- Não vá assim…
- Você parece transtornado. - Jimin deu alguns passos em falso, parando de abrupto ao notar o nervosismo transbordando de Jungkook.
- Amor?
- Não me chama assim. - Jungkook gritou fazendo Jimin ir uns bons passos para trás mais uma vez, suas as mãos no peito e o olhar apavorado.
Jungkook enrugou a testa com a cena. O garoto parecia bem mais apavorado do que deveria, ele só gritou afinal, mas não era como se ele tivesse separado todo um tempo para pensar no assunto, ele só queria pegar suas coisas e cair o fora dali o mais rápido possível e foi exatamente o que ele fez assim que pegou sua bengala e começou a andar em direção a saída.
- Isso foi um erro, eu sinto muito. - Jungkook disse da porta antes de realmente ir embora.
Jimin não saiu do lugar.
Por um bom tempo ele pensou ter congelado seus pés no chão depois que Jungkook saiu e por algum sentimento de autopreservação ele desejou que seu coração tivesse sido congelado, ao invés do seu corpo.
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