Banho de sangue
Hey, sugar cubes!! O que estão achando da fic? Deixem as estrelinhas.
Que comecem os Jogos!!
Acordo no meio da madrugada e depois de me virar por alguns minutos na cama decido pegar um copo de água. Paro na janela e observo a Capital iluminada, consigo ouvir o barulho das pessoas festejando o início dos Jogos Vorazes, isso me deixa enojada.
— Repulsivo, né? — me assusto com a voz na escuridão, e quando caminho até a sala de estar, vejo Finnick espalhado no sofá luxuoso — Eles estão lá, comemorando a morte de vinte e quatro crianças...
— Não seriam vinte e três?
— Não. Não saímos realmente vivos daquela arena, apenas Vitoriosos. — ele parece ainda mais depressivo do que quando ele precisa vir para a Capital cumprir "ordens".
— Qual é o problema, Finn? — me sento na escuridão, perto de onde sua cabeça descansa.
— Você está indo pra um lugar em que não posso estar pra te salvar... — seu suspiro é meio estrangulado.
— Mas pode me ajudar daqui de fora, patrocinadores podem render a minha vitória... — falo de maneira pensativa - E já sei o primeiro item que pode tentar mandar para mim.
Conto para ele sobre a conversa que tive com Maddy depois do jantar. Ele concorda em tentar mandar o que preciso e isso me deixa um pouco mais aliviada.
— Lembre-se de mandar algo a mais junto, caso alguém mais veja o paraquedas...
— Gostaria de saber como sua mente funciona as vezes, você sempre busca a solução para tudo, nada nunca lhe escapa. - sinto o sofá se mexendo e imagino que ele tenha se sentado. — Eu não quero pensar nisso...
Ele deixa a frase morrer e apenas imagino o quanto ele deve estar angustiado, uma pessoa importante para ele, indo para o inferno que o destruiu e com poucas chances de voltar viva. Penso no que Maddy disse, realmente, pode ser a última vez que nos vemos, e sinceramente, não quero morrer arrependida por não ter feito o que eu queria.
— Sabemos que talvez eu morra amanhã, essa semana... Por favor, cuide da minha família, Wade vai ficar devastado e mamãe e papai, nem sei como irão ficar... Apenas cuide deles para mim.
— Prometa para mim que fará de tudo para voltar viva. Prometa!
— Eu...
— Não me importo com o que você faça para sobreviver, não me importo se vender a sua alma, apenas sobreviva e volte para mim. — sua voz suplicante traz lágrimas aos meus olhos e eu aceno, vendo apenas o seu contorno no escuro iluminado pela luz dos fogos que entram pelas grandes janelas.
— Eu prometo, Finn. Prometo fazer tudo o que puder e o que não puder para sobreviver. — sinto sua mão apertar a minha e dou um pulinho quando sua outra mão acaricia meu rosto.
Seus dedos passam pelos meus lábios e descem pelo meu pescoço, me causando arrepios. Com uma coragem certamente vinda do fato de que posso estar morta em algumas horas, ergo minhas mãos, que tocam seu peitoral primeiro e vou subindo, sua pele está quente e quando chego ao seu rosto, ele se mexe, me puxando contra ele e colando nossos lábios com urgência.
Mesmo após tantos dias longe do Distrito Quatro, ele ainda tem cheiro de mar. O beijo dura apenas alguns segundos, mas mesmo assim estamos ofegantes.
— Me desculpe... — ele fala baixo.
— Não peça desculpas, não quando foi algo verdadeiro... — minha voz falha e eu me levanto apressadamente. — Eu deveria tentar descansar um pouco.
Acordo com Victoria batendo na porta, o dia mal amanheceu. Ela me dá uma muda de roupas e seguimos para o telhado onde um aerodeslizador vai me levar para as catacumbas abaixo da arena.
Uma mulher com um casaco branco aparece com uma seringa e injeta o rastreador no meu braço, Victoria entra logo depois e um Avox nos leva para uma sala onde o café da manhã está sendo servido. Tento comer o máximo que consigo, apesar da tensão. Não sei quando será minha próxima refeição, se é que terei alguma.
Mantenho meus olhos na janela observando a cidade sumir, dando espaço para a área verde que cerca a Capital. Depois de meia hora as janelas escurecem, um sinal de que estamos perto da arena.
Aterrissamos e desço as escadas acompanhada de Victoria, passamos por um tubo subterrâneo e seguimos as direções até a Sala de Lançamentos, onde meus últimos preparativos serão feitos. Chamamos esta sala carinhosamente de Curral nos distritos, pois é onde nos preparam para o abate.
Me limpo e quando as roupas chegam, Victoria me ajuda a vesti-las em silêncio, pela passa as mãos pelos tecidos e observa com atenção todos os detalhes.
— As calças são reforçadas, mas são do tipo que secam rápido, pode ser que enfrente chuva ou até um rio... — depois de colocar a camiseta preta ela prende meu cabelo em um rabo alto — A jaqueta é leve, mas vai oferecer uma boa proteção e manter você aquecida.
Coloco as botas reforçadas e ando pela sala como a estilista pede, para ter certeza de que estou confortável.
— O tamanho é bom. Nada está incomodando.
— Ótimo. Quer comer um pouco mais? Ou conversar? — ela pergunta, me levando até o sofá.
Não dou resposta, apenas me esparramo no móvel e fecho os olhos, tentando relaxar o máximo possível.
Ela me cutuca e fico surpresa quando me pergunta com sinais.
— O que aconteceu com você e Finnick? Ele estava estranho hoje cedo.
— Nos beijamos ontem a noite.
— O QUÊ? — ela exclama em voz alta.
— Shiiiu! — repreendo e volto a sinalizar — Foi só por causa da minha morte eminente, não é como se ele pudesse ter um relacionamento comigo...
— Nunca pensei que seria uma tola, Pearl Marcet... Ele te ama. — ela sinaliza — Volte viva, já disse que estou torcendo pelo casal.
Ficamos alguns minutos em silêncio até que a voz feminina anuncia que o lançamento será em breve, nos levantamos e ela me abraça apertado.
— Estou torcendo por você, querida. — sua voz suave me faz sorrir e ela pisca para mim e por fim me dá um beijo na bochecha.
Paro dentro do círculo de metal e um tubo de vidro desce, nos separando. Victoria fecha o punho como um sinal de força e eu devolvo o gesto para ela, então sou levada para cima. Conto até 15, quando finalmente a parte de cima se abre e fico cega por causa da claridade.
Quando minha visão se ajusta, me surpreendo com a imensidão da arena. Para onde quer que eu olhe, vejo apenas árvores muito altas, de uma folhagem verde-escura. Estamos em uma clareira, cada tributo em cima de um círculo de metal cercado de minas terrestres que explodirão se alguém sair do círculo antes que a contagem de 60 segundos termine.
O ar chega a ser um pouco pesado e o vento sopra forte. A voz do locutor, Claudius Templesmith, preenche a arena,
— Senhoras e senhores, está aberta a sexagésima nona edição dos Jogos Vorazes!
Analiso o terreno enquanto o a contagem decresce, a grama deve chegar na minha cintura no lugar em que estamos nos círculos e perto da linha de árvores, mas ao redor da Cornucópia dourada a grama é bem aparada. Vários suprimentos estão espalhados ao redor, não tão valiosos quanto aqueles mais próximos da cornucópia ou os que estão em sua boca gigante.
Olho para os tributos ao meu redor, estou entre o garoto esverdeado do Distrito Onze e a garota do Dois, Pam. Ela olha atentamente ao redor e quando nossos olhares se encontram, ela me dá um aceno que devolvo. O restante do nosso grupo de Carreiristas está espalhado, consigo ver Maddy, Mason e Clay, mas não vejo Luke ou Nathan, o garoto corpulento do Sete.
Todos se preparam para correr quando a contagem chega em 10, e quando o gongo finalmente soa, começo a correr em direção à cornucópia, como combinamos. Pam corre ao meu lado e quando passamos por uma espada fincada na grama eu a pego e entrego para a garota. Um tributo vem em nossa direção com uma lança e eu me abaixo, desviando de sua investida e continuo correndo.
Mason e Maddy já estão na boca da cornucópia quando chego e minha amiga me entrega um cinto cheio de facas de arremesso. Tiro duas facas do cinto e atiro uma no tributo com a lança que lutava com Pam, ele cai morto com a faca cravada em seu pescoço. Pam se junta à nós, matando uma garota no caminho. Atiro outra faca no tributo do Onze, ela se enterra até o cabo em seu peito e ele cai cuspindo sangue. Vejo Clay lutando contra uma garota e ele corta sua garganta com um facão. Luke aparece ensanguentado, segurando uma espada. Ele vem acompanhado de Nathan, que carrega uma machadinha que pinga sangue.
Claire, a garota do Um não aparece e depois de alguns minutos o canhão começa a soar, indicando o fim do banho de sangue e contabilizando as mortes. Uma, duas, três... Nove vezes, nove mortes, e sou responsável pelo fim de duas delas, duas pessoas que não respiram mais por minha causa.
Maddy fica ao meu lado, e Mason se aproxima um passo também.
— Claire foi morta pelo cara do Três. — Luke fala, tirando a jaqueta e a camiseta, usando a última para limpar o rosto cheio de sangue. — O que sugere que façamos, Dois?
— Vamos nos dividir em dois grupos e dar uma olhada ao redor, peguem todos os suprimentos que encontrarem e tragam de volta para cá. — ele fala com autoridade — Pam, fique aqui e mate qualquer um que tente se aproximar.
Ela apenas acena, saio andando com Maddy e Mason se junta à nós, vou em direção ao tributo que estava com a lança e tiro minha faca de seu pescoço, limpando ela na roupa dele. Mason pega a lança e vamos até o garoto do Onze.
Mason me ajuda a virá-lo e tiro a faca do seu peito.
— Você tem uma boa mira, Quatro. — ele fala pegando um saco que está do lado do corpo, ele o abre, tirando de dentro um cantil vazio e uma espécie de manta. — O que mais sabe fazer?
— Você não quer descobrir.
— Tem alguém nos espiando. — Maddy fala no meu ouvido — Duas horas.
Olho ao redor, prestando atenção na grama alta, vejo um lampejo escuro e atiro a faca que estava prestes a guardar. Um grito corta a clareira e Mason vai na frente, encontramos a garota do Três com as mãos na barriga, onde minha faca está. Ela respira com dificuldade e nos olha com pavor.
— Por favor, não me matem... — ela implora, Mason se aproxima com a lança preparada — Por favor...
Olho para ele com atenção e vejo ele hesitar quando a garota novamente implora por sua vida. Ele trinca o maxilar e enterra a ponta da lança com força no coração da garota. Ela pisca algumas vezes, sangue escorrendo dos cantos de sua boca. Ele puxa a arma e sai andando sem nos esperar.
— Hmm... Aí tem coisa. — murmuro e me viro, andando com Maddy que olha ao redor com atenção.
Pegamos todas as armas e suprimentos na nossa parte da clareira e voltamos para a cornucópia. Reunimos as armas no fundo da estrutura, passo um arco e aljava pelo braço, além do outro conjunto de facas que encontrei. Todos se armam e depois fazemos um inventário dos suprimentos, deixando cada um com um cantil vazio, ninguém tem fome ainda, então guardamos as latas de comida e algumas rações para mais tarde. Fechamos a passagem para o fundo da cornucópia com os caixotes que estavam dispostos na entrada, deixando um vão perto da parede, com espaço para apenas uma pessoa passar.
— Deveríamos ter pelo menos duas pessoas se revezando para vigiar a passagem — Maddy fala, pendurando um binóculo que encontrou em uma mochila no pescoço.
— Posso ficar... — Pam fala baixo.
— Eu também. — Nathan dá um passo e fica ao lado da garota calada.
— Certo, também vamos dividir as tarefas, como cozinhar, caçar e pegar lenha para a fogueira. — Mason lista.
— Eu caço. — Luke levanta a mão.
— Posso buscar a madeira. — Maddy diz.
— Eu cozinho, então. E posso ajudar Maddy com a madeira. — Mason acena.
— Eu ajudo com a caça. — Clay fala, apoiando seu peso em uma lança.
— Vou encontrar água, então. Vamos todos nós revezar na vigia do acampamento. — Mason pega os cantis, colocando todos em uma mochila. — Quem aqui sabe armar barracas?
Todos levantamos as mãos, e Mason entrega uma barraca para mim e Maddy dividir, uma para Clay e Nathan e uma para Luke que vai ficar com ele. Pam optou por um saco de dormir e vai ficar dentro da cornucópia.
— Vamos descansar então, e amanhã podemos caçar o resto do gado. — Luke fala com um sorriso predatório.
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