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˖࣪ ❛ OS DOIS PRÍNCIPES E UMA PRINCESA
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MAEGOR, O CRUEL, o Rei mais odiado do continente, aquele que trouxe desgraça a todos os cantos do reino. Sob seu comando só se podia sentir o cheiro de sangue e cinzas no ar, ninguém estava a salvo do homem que usava a coroa de seu pai e usurpou o trono que por direito pertencia a seu sobrinho. Muitos diziam que era um milagre dos deuses ele não ter tido descendência, que estava condenado a tê-los como punição por assassinar o sobrinho e tomar a viúva Rhaena como esposa. Talvez a única coisa que alguns admirassem naquele homem fosse o fato de ele ter nomeado sua sobrinha como herdeira. Embora essa história não tenha terminado muito bem e muitos apontaram como um ato de crueldade causado pelo próprio Maegor, que não estava mais entre os vivos.

A dor da guerra não foi curada até que o Rei Jaehaerys assumiu o Trono de Ferro, passando por cima do herdeiro de Maegor, assim como Maegor havia feito com seu sobrinho. Sob o governo de Jaehaerys o reino encontrou a paz que tanto procurava, não havia mais dor, apenas paz e liberdade. O tempo de Maegor havia terminado e o reino virou a página na esperança de não repetir a história, pensando que este era o fim definitivo. Porém, os deuses trabalham de maneiras misteriosas e para salvar a casa do dragão eles fariam coisas nunca imaginadas pelo homem, como trazer de volta Maegor Targaryen.

Aemma era jovem quando engravidou e todos a tratavam com medo de que ela desmaiasse a cada passo. A gravidez foi gentil com ela, sua avó lhe disse que seu bebê certamente ficaria tranquilo como ela e sua mãe estavam na infância, e isso a fez sorrir. Ela havia pensado em nomes, conversando com Viserys até tarde da noite sobre isso, mas no final eles decidiram dar-lhe o nome do avô do menino, Baelon Targaryen. Aemma gostava de sentar e ler perto de uma janela enquanto acariciava a barriga protuberante, conversando com o bebê porque sabia que ele podia ouvi-la e sentia que ele era o único que realmente fazia isso.

Todos ao seu redor a viam com pena ou como se ela fosse uma pedra de ouro, ninguém a via apenas como mais uma pessoa, e isso era de se esperar já que ela era esposa do herdeiro de Baelon Targaryen. Até o bebê deles era visto apenas como mais uma peça no tabuleiro de sucessão porque isso era tudo que importava. Mas ela não deixaria seu bebê se sentir como ela, ela iria amá-lo e ensiná-lo que ele é muito mais do que o herdeiro de seu pai. Aemma garantiria que seu filho soubesse que sua mãe o amava como ninguém no mundo e que ela sempre estaria ao seu lado.

— Não se preocupe, Baelon, vou garantir que tudo esteja bem. — Aemma murmurou em meio às lágrimas uma noite, quando estava se sentindo particularmente triste. — Não te faltará o carinho de sua mãe, não vou deixar você crescer sem mim.

O medo de morrer no leito de parto aumentou à medida que o tempo se aproximava. Durante toda a gravidez ela se distraiu pensando na sorte que teve por ter seu filho, por ter alguém para ouvi-la quando não tinha mais ninguém, empurrando para o fundo da mente o medo de pensar no leito de parto. Mas agora, pouco antes de dar à luz, ela se sentia mais sensível do que nunca e o medo não parava de apertar seu coração.

— Você não vai repetir minha história.

No décimo mês do ano 93 após a Conquista, nasceu o tão esperado filho do Príncipe Viserys e da Senhora Aemma Arryn. Um menino robusto, com cabelos platinados como os dos pais, e com os olhos azuis da mãe. Aemma teve um parto relativamente fácil pela primeira vez e as parteiras que a ajudaram não hesitaram em dizer que os deuses estiveram com ela durante o parto. A jovem apenas sorriu ao ouvir isso, cansada como estava depois de passar horas dando à luz, sem saber que os deuses realmente estiveram ao seu lado. Ninguém sabia, mas os deuses estavam lá para ver o nascimento de Baelon Targaryen, ou melhor, de Maegor Targaryen.

Baelon era uma criança calma, tal como a rainha Alysanne havia previsto, e não havia ninguém que o amasse mais do que a sua mãe. O menino se agarrou a ela, chorando se passasse muito tempo longe de seus braços, como se só pudesse encontrar conforto neles e todos sorriram com ternura porque Baelon era adorável. Aemma não o deixou fora de vista por muito tempo, sempre cuidando para que ninguém incomodasse o filho ou para que ele não ficasse doente quando estava tão indefeso. Seu avô lhe dera uma linda tiara de ouro pelo nascimento de seu filho e sorriu para ela quando ela o apresentou a Baelon pela primeira vez. E o próprio Baelon estava orgulhoso do neto com quem compartilhava o nome.

— Lady Aemma está esperando mais uma vez, Alteza. — informou o meistre a Baelon assim que ficaram sozinhos, após verificar a jovem e deixá-la ir com o filho. — Não sei como é possível, o Príncipe Viserys me garantiu que eles tomaram cuidado com os riscos após o nascimento...

— Os deuses trabalham de maneiras estranhas. — sussurrou Baelon, olhando pela janela.

Sua segunda gravidez foi tão tranquila quanto a primeira e embora Aemma estivesse com medo por causa da proximidade entre as gestações, ela não negaria que se sentia calma. De alguma forma ela conseguia sentir que tudo ficaria bem e esse sentimento só aumentava a cada mês que passava. Ela sabia que ela e seus filhos ficariam bem, não importa o que acontecesse, e isso era tudo que importava.

No nono mês do ano 94 após a Conquista nasceu o segundo filho do Príncipe Viserys e da Senhora Aemma, um menino a quem deram o nome de Aenar e nasceu imóvel. Aemma chorou ao saber que a criança não respirava, mas assim que caiu a primeira lágrima a criança começou a respirar. Mais um milagre dos deuses, garantiram as parteiras ao ouvi-lo chorar de desespero. O menino era menor do que Baelon, com cabelos um pouco mais escuros que os do irmão mais velho e os olhos violetas do pai. As primeiras noites de Aenar foram sob a supervisão do meistre, que temia que a criança não sobrevivesse mais de uma semana. Contudo, os deuses estavam com eles, com Aemma e seus filhos, e eles sabiam como estavam fazendo as coisas.

Aenar não se recuperaria até que a alma correspondente o alcançasse, até que o Rei Jaehaerys deixasse o mundo dos vivos.

Talvez fosse um pouco arriscado deixar Maegor e Jaehaerys existirem no mesmo tempo e espaço, mas os deuses tinham um plano e sabiam que só eles poderiam completá-lo. Eles e a princesa que nunca poderia chegar ao trono.

Aemma passava a maior parte dos dias no quarto onde os filhos dormiam, cuidando de Aenar e mantendo o filho mais velho entretido. Ela também fez isso para fugir do olhar de todos, porque todos olhavam para ela com pena, esperando que ela quebrasse devido à pressão de ter um filho doente. Ela se sentiu mal porque achou que a culpa era dela, que ela fez algo errado, e esse pensamento a fez chorar porque odiava ver o filho tão doente.

— Aemma está grávida de novo. — anunciou Viserys ao pai, que olhou para ele com uma sobrancelha levantada. — Juro que cuidamos um do outro e só dividimos a cama uma vez desde que Aenar nasceu.

— Suponho que seja a vontade dos deuses. — uma mão foi colocada no ombro do jovem Príncipe que assentiu um tanto confuso.

— Talvez você devesse proibi-los de se verem. — Daemon revirou os olhos. — Nesse ritmo eles vão ter mais filhos que o vovô.

No ano 95 após a Conquista os deuses voltaram a visitar a jovem Aemma e acompanharam-na no nascimento da sua primeira filha. Viserya nasceu saudável, com lindos cabelos platinados e olhos de cores diferentes, muito parecidos com os de sua avó Alyssa, um azul e outro violeta. Seus avós choraram quando ela os apresentou à filha, e seu tio Baelon sorriu melancolicamente ao segurar a neta pela primeira vez. Viserya foi imediatamente amada por todos, ao contrário de seu irmão mais velho, Aenar, e Aemma se sentiu mal porque todos estavam esperando o meistre anunciar a morte do menino. Esses pensamentos a fizeram chorar porque começava a pensar na possibilidade de um dia acordar com a notícia da morte do filho. Viserys não a culpou quando, meses após o nascimento de Viserya, ela decidiu se mudar para o quarto dos filhos deles e não dividir mais a cama com ele.

Os anos se passaram e enquanto Baelon e Viserya cresceram completamente saudáveis, Aenar não melhorou. Mas se o filho dela não desistisse e continuasse lutando, ela também não desistiria. Somente no ano 97 após a Conquista é que Aemma permitiu que outra criança fosse trazida ao mundo. A segunda filha, Rhaenyra, nasceu tão saudável quanto a irmã e o irmão mais velho, com cabelos platinados e olhos violetas. Baelon, de quatro anos, tinha admiração por sua irmã mais nova e Viserya, de dois anos, sempre quis estar com ela. Aenar foi o único que não pôde conhecer sua irmã porque sofria de uma febre que ameaçava levá-lo ao mundo dos deuses.

No 100º ano após a Conquista, a Rainha Alysanne deixou o mundo dos vivos e apenas um ano depois o Príncipe Baelon o fez, deixando o continente se perguntando quem seria o herdeiro do trono agora. Aemma estava perdida com a situação do reino, não sabia o que pensar, mas mais do que tudo tinha medo que seus filhos fossem atacados por causa disso. Havia três pretendentes ao trono e ele sabia que Viserys era o pretendente mais inclinado a vencer e a única maneira de enfraquecer sua reivindicação seria machucar seus filhos. Esse medo levou Aemma a retornar ao Vale com sua família, que a recebeu de braços abertos ao perceber que ela estava realmente apavorada. Ninguém a seguiu até o Vale e ela estava grata porque não hesitaria em lutar para ficar onde estava segura, onde seus filhos estavam seguros.

Eles permaneceram no Vale mesmo depois que Viserys foi nomeado herdeiro, não deixando o Ninho da Águia até o ano 103, quando o Rei Jaehaerys morreu. No caminho de volta para Porto Real, os três filhos mais velhos de Aemma sofreram de uma febre que ninguém conseguiu aliviar até chegarem à Fortaleza Vermelha. Foram horas de angústia em que Aemma chorou inconsolavelmente pensando que iria perder os filhos e ninguém, nem mesmo Viserys, poderia consolá-la. Porém, no terceiro dia, Baelon acordou com febre, desorientado e sem entender bem onde estava.

Maegor olhou para a mulher à sua frente, sentada na beira da cama, olhando para ele com paciência e amor. As memórias em sua mente eram confusas, ele conseguia se lembrar das guerras, de sua morte, mas também conseguia se lembrar de sua infância naquela estranha cópia de sua vida. Mas as lembranças se combinavam e ele não conseguia identificar o que era o quê, apenas entendia que de alguma forma estava vivo, no corpo de um menino de dez anos e que agora tinha mais três irmãos. A única coisa de que tinha certeza era que a mulher era sua nova mãe.

— Mãe? — ele chamou com uma voz rouca.

A mulher sorriu para ele e se aproximou até poder abraçá-lo. Foi estranho, mas ele sentiu um calor se espalhando por seu corpo e se viu fechando os olhos para aproveitar.

— Estou aqui, querido. — Aemma sussurrou, beijando sua cabeça.

Nesse mesmo dia ele fugiu da fortaleza, enquanto todos cercavam seu irmão que acabava de acordar, após lhe explicarem que dois de seus irmãos também estavam doentes. Milagrosamente ele chegou ao poço do dragão sem ninguém o pegar e como se fosse um sinal do destino encontrou Vhagar pousando no poço. Ele ouviu os sussurros surpresos dos zeladores que vieram cumprimentá-lo.

Ninguém a tinha visto desde a morte do Príncipe Baelon. — ouviu alguém dizer.

Por que ele voltou? — perguntou outro.

Vhagar terminou de pousar e balançou o corpo preguiçosamente. Maegor olhou para ela e a lembrança de sua mãe encheu sua mente. Ele não tinha dragão e Vhagar não tinha cavaleiro. Ele supôs que era um tanto poético ele ter recuperado o dragão de sua ex-mãe.

Enquanto Maegor reivindicava Vhagar sob o olhar atordoado dos zeladores, Jaehaerys olhava para tudo confuso porque o meistre o verificava. Ele deveria estar morto, certo? Por que ele estava acordado? Tudo ao seu redor estava embaçado e ele não conseguia entender as vozes que falavam, mas seu corpo parecia em chamas, como se estivesse no meio do fogo ardente de Vermithor. Ele não conseguia se mover ou focar os olhos, a única coisa que conseguia fazer era ficar deitado na cama enquanto mãos o tocavam e as memórias começavam a se instalar em sua mente. Ele realmente renasceu? Por que? O que diabos estava acontecendo? Ele estava no corpo de seu bisneto Aenar? O que aconteceu com ele?

— Príncipe. — a voz do meistre ficou mais clara quando ele o chamou. — Você pode me ouvir?

Apesar do peso que sentia por todo o corpo, ele se forçou a assentir e aparentemente isso foi o suficiente porque ouviu vários suspiros de alívio. Ele piscou mais algumas vezes, clareando a visão e, finalmente, conseguiu ver as pessoas ao seu redor. O meistre, Aemma e Viserys. Foi muito estranho estar ali, sabendo quem ele era e quem deveria ser a partir de agora. Todo o seu corpo estava dolorido, mas ele se sentou quando o meistre insistiu para que ele se levantasse, no momento em que um guarda chegou parecendo assustado.

— Desculpe pela interrupção. — ele se desculpou, curvando-se. — O Príncipe Baelon escapou para o poço do dragão e reivindicou Vhagar, os guardiões tentaram detê-lo, mas...

— Como? — o rosto de Aemma estava cheio de preocupação.

— Eu irei atrás dele, fique com Aenar e Viserya. — Viserys olhou para seu filho, Jaehaerys, e pareceu hesitar por um segundo. — Voltarei assim que encontrá-lo."

Viserys saiu da sala e Jaehaerys, Aenar, olhou para Aemma, que parecia mais aterrorizada do que verdadeiramente preocupada. O meistre deu-lhe algo para beber, ele não sabia o que era, mas era amargo e ele quase tomou de volta quando começou a descer pela garganta. Assim que terminou de tomar o remédio e quase vomitou pela terceira vez, o meistre afastou-se dele para deixá-lo respirar bem. Seus olhos percorreram o quarto notando que havia outras duas camas, uma vazia e outra ocupada por Viserya, sua agora irmã mais nova. A menina ainda estava na cama, dormindo, ele mal conseguia ver seu peito subindo e descendo com a respiração. Realmente parecia que ela estava mais morta do que viva.

Aerea abriu os olhos sentindo-se estranha. As lembranças que começavam a surgir em sua cabeça lhe causavam dores, tanto físicas quanto emocionais, e ela não sabia como impedi-las. A memória de sua mãe Rhaena e a de Aemma estavam misturadas em sua mente e ela não conseguia mais distinguir o que era real e o que não era, talvez ambas fossem, ou nenhuma delas. A mão que passou pelos seus cabelos a fez virar a cabeça para a esquerda, onde encontrou os olhos de Aemma, tão azuis quanto o céu em que uma vez voou com Balerion. Semelhante às escalas do Dreamfyre.

— Você está acordada, querida. — a mulher sorriu para ela e colocou a mão em sua testa. — O meistre disse que você está bem, mas assim que terminar com Aenar, ele irá verificar você.

Ela assentiu sem poder dizer nada, confusa, mas se sentindo bem, segura, com Aemma ao seu lado. Seus olhos foram para a cama ao lado dela, onde Aenar estava sendo examinado pelo meistre. A cama ao lado daquela estava vazia e ela não conseguia prever qual dos seus outros irmãos a ocupava. Ela sentou-se com a ajuda de Aemma quando o meistre veio examiná-la. Ela não gostava de ser tocada daquele jeito, isso a lembrava muito da maneira como ela morreu antes, quando voltou com Balerion para a cidade em busca de ajuda. Felizmente o exame não demorou muito e o meistre se afastou deles para deixá-la descansar. Era tão estranho estar ali depois de tudo o que aconteceu.

Depois de Maegor, depois de sua morte.

A porta da sala foi aberta naquele momento e três pessoas entraram. Viserys, Daemon e Baelon que sorriam com ar de grandeza. Aemma imediatamente saiu da cama e correu pelo quarto para poder se ajoelhar na frente do filho mais velho e verificar se ele estava ferido.

— Não faça isso de novo, Baelon, me preocupei demais.

— Reivindiquei Vhagar, mãe. — anunciou o menino como se nada tivesse acontecido, ignorando as palavras da mãe.

— Claro que sim, parabéns, Baelon. — Aemma beijou sua testa antes de se endireitar.

— Parece que o seu berçário sobreviveu. — Daemon olhou para as duas crianças nas camas. — Bem a tempo para a coroação.

Depois de colocar Baelon em sua cama e fazê-lo prometer que não fugiria novamente, todos foram embora, deixando os três filhos sozinhos com o meistre que se dedicou a preparar chá para eles. Maegor foi o primeiro a sair da cama, ignorando o olhar dos outros irmãos, e foi até a estante mais próxima. Aerea o observava, sentindo como se o conhecesse de algum lugar e não apenas desta nova vida. Era como se algo dentro dela pudesse reconhecê-lo, algo de sua antiga vida.

— Quando você estava na cova... — começou Aenar, descendo da cama. — Você viu Vermithor?

— Por que eu me importaria com aquele dragão estúpido? — foi a resposta de Baelon quando ele se virou para olhar para ele.

O meistre parou o que estava fazendo, surpreso com o vocabulário do Príncipe.

— Ele acabou de te fazer uma pergunta. — Viserya olhou mal para ele.

— Era o dragão do rei, não era um dragão estúpido. — defendeu Jaehaerys, sentindo-se ofendido por Vermithor.

O dragão estúpido de um Rei estúpido. — Baelon lhe deu as costas.

De um bom rei.

De um rei que não cumpre sua palavra. — Viserya revirou os olhos.

— Por que você é contra o vovô Jaehaerys? — essa pergunta fez as duas crianças olharem para Aenar como se a resposta fosse óbvia.

— Espere um segundo. — Baelon virou-se para Viserya. — Por que você odeia o velho Jaehaerys se você era a favorita dele?

Por que você o odeia? — ela perguntou de volta com uma sobrancelha levantada.

Houve um silêncio pesado em que ambos se entreolharam como se os olhos um do outro tivessem as respostas para todas as perguntas existentes e Aenar começou a se sentir desconfortável. Talvez ele não devesse ter perguntado isso, mas não podia continuar ouvindo como o insultavam quando ele era um bom bisavô para eles.

— Você? — Viserya pulou da cama, quase caindo de cara no chão no processo.

— Aerea? — Baelon sussurrou para que apenas eles pudessem ouvir, com os olhos bem abertos.

— O que são... — seus olhos encontraram os de Viserya. — Você... Ar?

— Quem... Jaehaerys? — a garota olhou para ele com uma careta de desgosto.

— Isso deve ser uma piada dos deuses. — Baelon olhou para eles como se tivessem se transformado em dragões de um segundo para o outro.

— Quem é você? — Aenar olhou para ele sem conseguir decifrar quem ele era.

— Maegor. — respondeu Viserya, cruzando os braços e desviando o olhar.

— Por que você está brava comigo? Eu nomeei você minha herdeira, não é minha culpa que você não tenha conseguido manter o título.

Viserya franziu a testa para ele e Aenar teve que ficar entre eles quando percebeu que ela realmente pretendia bater nele. Naquele momento o meistre decidiu que deveria pôr fim à conversa sussurrada e mandá-los descansar.

— Príncipes e princesa, vocês deveriam estar descansando. — ele os lembrou.

— Isso não acabou. — disse Viserya a Baelon antes de se virar para subir em sua cama.

— Crie corvos e eles arrancarão seus olhos. — Baelon murmurou, voltando sua atenção para a estante.

Aenar ficou onde estava, olhando para as costas de Baelon, tentando conectar Maegor ao menino que era seu irmão mais velho naquela vida. Ele se lembrava claramente de tudo o que havia acontecido durante o reinado de Maegor, a dor e o desespero, e embora não tivesse experimentado isso em primeira mão como Aerea, apenas ouvir as histórias foi o suficiente para ele ficar ressentido com o homem. Porém, não era bom deixar o ressentimento vencer, antes de tudo ele tinha que descobrir por que ele estava ali.

Naquela noite nenhum dos três dormiu bem, as lembranças de suas vidas passadas não os deixaram tranquilos e cada vez que fechavam os olhos viam os momentos mais dolorosos de suas vidas. Quando o sol nasceu novamente, a notícia se espalhou por toda a cidade de que Aenar havia reivindicado Vermithor e Viserya reivindicando Dreamfyre enquanto todos dormiam. Nesse mesmo dia Viserys foi coroado o novo Rei do continente e Baelon foi nomeado seu herdeiro, deixando Aenar e Viserya com uma forte sensação de déjà vu.

Eles poderiam coexistir sem problemas, certo?

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