6 - Cara de uma focinho da outra

Mais um dia de aula estressante, sinceramente eu não sei o que deu em mim quando resolvi estudar psicologia, é tudo muito complexo e muito difícil também. Sem contar que eu não sou o tipo de cara que tranquiliza as pessoas, na verdade quando se trata de garota elas ficam bem nervosinhas.

— Vai demorar muito Katrina? — pergunto batendo na porta do banheiro

— Já estou saindo — ela grita irritada

Bufo e me sento no sofá, eu não sei qual a dificuldade das mulheres em se arrumar, elas já são bonitas só por serem mulheres, qual é a crise?

— Katrina! — Michel bate na porta do banheiro

— Mais que saco! O que deu em vocês hoje! — ela pergunta saindo do banheiro estressada

Katrina é muito linda e não digo isso só porque ela é minha prima, mas de alguma forma hoje ela esta gloriosa. Essa roupa de empresaria cai perfeitamente bem nela, embora não seja pela roupa e sim pelo brilho entusiasmado que ela tem nos olhos.

— Temos aula Kat e você estava demorando demais no banheiro — Michel reclama

— É por isso que tem um banheiro no seu quarto! — ela bufa

— E você tem o seu próprio apartamento mais esta tomando banho aqui! — meu amigo retruca

— O encanamento do meu apê esta com problema! — responde indignada

— Não ligo, se esta aqui não demore no banheiro — diz passado por ela

— Ele era mais amável quando queria dormir comigo — diz me olhando

— Tudo que é bom acaba — dou de ombros

— Você vai me levar? — pergunta esperançosa

— Quer ir de moto? — pergunto me levantando

— Você sabe que eu odeio subir naquele treco — ela faz uma careta

Suspiro e dou de ombros

— Você quem sabe, estou indo — aviso pegando as chaves

— Michel eu vou com você — ela diz batendo na porta

Meu amigo resmunga alguma coisa mais eu saio de casa antes que possa escutar. Estou levemente atrasado e preciso chegar na porcaria da faculdade logo, meus pais insistiram para que estudasse nesta faculdade com o bônus de que eu poderia escolher que curso fazer. Kat já estava aqui a um ano quando cheguei, eu e Michel viemos juntos então alugamos um apartamento perto do dela o grande problema é que ele fica a duas quadras da faculdade e sempre consigo me atrasar.

Estaciono em frente a faculdade e vejo o grupo de garotas na porta de entrada, suspiro e com um sorriso no rosto caminho confiante ate todas ela, uma loira em especial agarre meu braço.

— Bom dia Jake — Joana sorri e beija meus lábios

— Melhor agora Jo — sorrio para ela

Eu não sei porque mais de todas as garotas que eu já fiquei Joana é que sempre permanece, não importa o que acontece ela sempre reaparece, normalmente é uma coisa de uma noite ela também age assim com os caras e pelo fato do desinteresse acabamos sempre nos reencontrando, nada de especial apenas sexo casual.

Respiro fundo e me preparo mentalmente para os novos universitários, isso aqui fica um saco quando os novatos chegam, todos animados e irritantemente esperançosos é entediante.

Como estou atrasado vou direto para a segunda aula, Joana fala alguma coisa e quando eu me viro para perguntar o que foi alguém se choca contra mim e arregalo os olhos ao ver uma garota no chão.

— Puta merda! — xingo assustado

A garota solta um gemido de dor e sinto o desespero crescer em meu peito, por Deus espero que ela não tenha se machucado ou as coisas vão ficar bem ruins pra mim com a tia Elsie ou a reitora daqui, ela não vai nem um pouco com a minha cara.

— Ei garota, você esta bem? — pergunto receoso

Ela olha para cima e me parece bem irritada , ela é loira e tem os olhos tão escuros que mal vejo suas pupilas, a pele é clara e seu rosto é fico emoldurado pelos cabelos loiros brilhantes, loiro natural longo e lindo, sua boca pequena e rosada se aperta em uma linha fina ela esta muito irritada.

— Você quebrou meu laptop — resmunga se levantando e ignorando minha mão estendida

— Foi sem querer — coça a cabeça pouco nervoso

Se essa garota linda contar que eu acidentalmente derrubei ela Elsie não vai me deixar em paz. Provavelmente vai inventar algo como um crime esbarrar com garotas nos corredores e me dar algum castigo estupido.

— Diz isso para ele — aponta para os restos do aparelho

Pelo menos não foi uma perna, penso aliviado.

— Foi só um computador, não é o fim do mundo — ele revira os olhos

— Fale por você — retruca pegando meu computador

— Desculpe eu não...

— Olha aqui - ela me encara irritada — Você já causou danos o suficiente, a mim e minha dignidade. Então se me der licença tenho uma aula para ir — revira os olhos

Tão nervosinha.

— Você é nova aqui né? — pergunto com um pequeno sorriso

— Não vejo como isso pode ser da sua conta — responde apertando o notebook no corpo

— Você esta certa — concordo pouco incomodado — Desculpe mais uma vez, estressadinha - pisca um olho

É engraçado observar como as bochechas dela ficam ainda mais vermelha de raiva, é a primeira caloura que não esta pulando de alegria ou suspirando por mim, Gostei dela.

— Esse não....

Ela começa e eu sorrio malicioso como se ela estivesse comprovando a minha tese, a garota bufo e passa por mim irritada, observo ela ir com o corpo ereto e os cabelos balançando nas suas costas, parece um Girassol voltado para sua própria luz, é minha flor preferida.

Chamei a Girassol pra sair no impulso no momento de ontem, claro que a oferta de ficar sem roupa foi muito mais tentadora e eu pretendo ter isso, o problema é que ela é a única garota que vibrou de alegria ao ver minha moto e não foi por oportunismo. Tem algo nessa garota que eu não sei, ela me deixas confuso e inspirado tudo de uma vez. Só ontem pintei três quadros com os olhos dela, aqueles olhos negros e profundos lindos demais para serem replicados, poderia ficar olhando aqueles olhos o dia todo e não me cansaria.

A Katrina não aprovou é claro, disse que é apenas mais uma garota que está admirada com a beleza e toda fantasia que a faculdade espalha sobre mim. É claro que eu disse que não é desse jeito, mas ela apenas deu as costas sem se importar com a minha opinião. Não fiquei nada surpreso.

— Pensando no que amigo? — Michel coloca o braço sobre meus ombros

— Em um encontro que vou ter que planejar — respondo com um suspiro

— Encontro? — ele ri — A ultima vez que ouvi essa palavra saindo da sua boca tínhamos quinze anos e você estava apaixonado por uma nerd da escola — zomba

— Ela não era nerd — retruco contrariado

— Imagina que não — nega com um pequeno sorriso

— Você é muito irritante Michel, me lembra mesmo do porque ainda sou seu amigo? — pergunto emburrado

— Você é meu irmão, vai ter que me aturar — sorri e bagunça meus cabelos

— Cara, não tenho mais 10 anos — bufo arrumando os cabelos

— Você meu amigo, está encrencado — diz parando no meio do corredor

— Por que está falando isso? — franzo o cenho

— Quando começamos a pensar em mulheres e em como agrada-las é que nossa vida vai pro buraco — suspira

— Até onde eu sei eu sou o terapeuta aqui e as mulheres não são nenhum veneno — zombo

— Espera só até se apaixonar — ele diz com um olhar temeroso

— Tenho vinte e dois anos Michel, se apaixonar é para adolescentes — sorrio

— E você ainda diz que é o terapeuta — ele ri dando pequenas batidinhas no meu ombro

— Pra onde vai? — pergunto enquanto ele se afasta — Preciso de ajuda!

— Vou ficar longe do amor meu amigo e sugiro que faça o mesmo, até depois — acena e desaparece pelos alunos

Suspiro frustrado e me viro para voltar de onde vim mais alguém esbarra em mim.

Que droga! Virou palhaçada todo mundo ficar esbarrando em mim, eu não tenho dinheiro pra outro notebook!

— Ah droga! Me desculpa! — uma voz feminina muito conhecida soa

Olho para a pessoa que bateu em mim e Kendra me encara um pouco assutada, ela está com os cabelos curtos e negros e seus olhos são verdes brilhantes, totalmente diferente da garota que eu deixei em casa ontem.

— Girassol? O que você fez? — pergunto com os olhos arregalados

— Do que você... — ela estreita os olhos confusa

— Nina! Ainda bem que você veio! — outra voz soa atrás de mim

Dou um passo para trás e sinto que vou desmaiar, duas Kendras se encaram, igual e ao mesmo tempo completamente diferentes. A morena usa uma saia jeans até o meio das coxas com uma camiseta de alguma série, ela está com saltos preto e uma grande bolsa. A loira usa calça jeans, uma regata azul claro e uma camisa xadrez por cima com botas de cano curto pretas.

— Meu Deus do céu estou vendo em dobro! — digo exasperado

— Você não contou pra ele sobre nós? — a morena estreita os olhos para a loira

— Não surgiu o assunto — a loira responde dando de ombros

— Sabe que sempre temos que falar isso para as pessoas! — a morena a repreende — Olha a cara do coitadinho

Ambas ficam na minha frente e me sinto zonzo, sinceramente eu não estou pronto pra ser internado, ainda não.

— Pelo amor de Deus o que está acontecendo? — pergunto desesperado

—Jake fica calmo — a loira pede — Essa é minha irmã Nina — aponta para a morena — Minha gêmea — explica

A morena tem um sorriso nos lábios e acena quando eu a encaro um pouco assutado.

— Então ele é o gostosão? — a morena cruza os braços me encarando de cima a baixo

— Eu não chamo ele desse jeito — a loira revira os olhos

Definitivamente aquela é a Girassol, posso não conviver muito com as duas mais fora a aparência física elas são bem diferentes, exceto por uma primeira aparição.

— Deveria — a morena diz ainda me medindo — Ele não é de se jogar fora — sorri para a irmã

— Nina! Pelo amor de Deus! — Girassol reclama envergonhada

— Não precisa esconder que você está caidinha por mim Girassol — sorrio passando o braço ao redor do seu pescoço

— Girassol? — a irmã aqueia as sobrancelhas

Ambas trocam olhares cúmplices e isso me deixa intrigado.

— É um apelido estúpido que nem eu entendi — a loira da de ombros

— Eu gostei — a morena pisca pra mim — Preciso ir, o Rubens está me esperando. — diz entregando a bolsa para ela e beija a bochecha da irmã

— Amo você — Girassol sorri pra ela

— Também te amo, se cuida Ursinha — ela pisca e sai correndo

— Ursinha? — arqueio as sobrancelhas a encarando

— Só mais um apelido idiota — ela diz se livrando do meu braço

Fico um pouco ressentido com isso, gosto de te-la por perto. Principalmente quando andamos de moto e as coxas maravilhosas dela se apertam em mim assim como seu corpo todo colado ao meu, eu andaria de moto com ela sempre se pudesse.

— Quando ia me contar que tem uma gêmea? — pergunto cruzando os braços

— No nosso encontro. — responde simplesmente

Aquilo me pega de surpresa, ontem ela estava toda cheia de piti pra esse encontro e agora está planejando o que vai me contar?

— Isso é muito bom — repondo simplesmente

— Você já sabe onde vamos? — pergunta estreitando os olhos

— Claro — minto descaradamente

— E sabe o dia? —prossegue sem parar de me encarar

— Claro que sei! — finjo estar contrariado

— E onde vai ser? — cruza os braços com um pequeno sorriso

— Onde vai ser? — repito a pergunta nevoso

Ela apenas assente em silêncio.

— Surpresa — sorrio confiante

— Se você me sacanear fica ciente que eu assisti vários documentários sobre serial killers — avisa apontando o dedo pra mim

— Você não me mataria — zombo

— Não? — arqueia as sobrancelhas

— Para com isso Girassol. — franzo o cenho nervoso — Não é bom assustar as pessoas assim — reclamo

— Pelo menos — ela inspira meu perfume — Pelo menos não venha cheirando a outra mulher quando for me buscar — avisa e se vira para sair

Fico com os olhos e a boca levemente arregalados, primeiro porque ela tem um ofato impressionante e depois que o cheiro é do Michel e agora me sinto estranhamente culpado por ela pensar que trataria ela como mais uma garota qualquer.

Balanço a cabela tentando afastar os pensamentos, ela é uma garota qualquer eu que estou pensando demais em coisas que não existem.

— Você está bem Jake? — Theodora pergunta colocando a mão no meu ombro

A ruiva é muito linda, sempre soube que ela é maravilhosa mais o brilho dela se perdeu, como se não fosse a mesma coisa, como se outra coisa brilhasse mais. Vejo Girassol em meio a multidão e sei que ela está ali porque ela roubou o brilho, mais não vai ser por muito tempo. Isso é tão nojento que mal consigo me aguentar.

— Você está ocupada Theo? — pergunto abrindo um sorriso galanteador

— Sabe que pra você estou sempre disponível — ela sorri maliciosa

— Ótimo, soube que a sala de debate está desocupada hoje — indico

— Vamos ver o que o júri acha da nossa infração — ela sorri me puxando pela mão

Me deixo levar por aquela mulher enquanto tento desesperadamente esquecer outra que eu mesmo enfiei na cabeça.

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