33 - Conversas ruins e despedidas estranhas
— Você sumiu, tentei falar com você mais você não atendia. — Helena reclama assim que abre a porta da sua casa
É uma casa grande e bonita, realmente de gente rica. Umas escada enorme com um corrimão dourado, piso de mármore branco, vasos coloridos espalhados em mesas e arranjos de flores coloridas.
— Eu estive um pouco ocupada — minto seguindo-a pela casa
— Isso eu percebi — retruca se jogando em um sofá cor de creme
A sala tem uma enorme janela com pesadas cortinas abertas do lado, uma mesa de centro de vidro, dois sofás enormes, uma cadeira grande de madeira envernizada e um piano preto roubando todo o brilho dos outros moveis.
— Me desculpa, eu estou de mudança e precisava acertar as coisas — digo me sentando ao seu lado
O sofá é grande de modo que me sento de lado e consigo ficar de frente para ela.
— Como assim de mudança? Vai para uma casa nova? — estreita os olhos escuros
— Na verdade país novo — mordo o lábio inferior
Ela arregala os olhos totalmente surpresa.
— Como assim? Você vai largar a faculdade? Vai...
— Calma ai, Lena, relaxa — abro um sorriso acolhedor — Minha avó esta doente e a tia minha que cuidava dela faleceu, então terei que me mudar para cuidar dela. — minto rapidamente
— E pra onde esta indo? — pisca aparentando estar atordoada
— Brasil.
— Brasil? — ela arregala os olhos novamente — Caramba, por que sua avó esta lá?
Eu não tinha pensado nessa pergunta.
— Meu avô sempre sonhou em conhecer, então depois que ele morreu ela resolveu se mudar. — forço um sorriso triste — Disse que se sentiria mais perto dele.
— Mais perto dele em um pais que ele nunca foi — pergunta desconfiada
— Gente velha — dou de ombros rapidamente
— É... não dá pra entender mesmo — ela acaba rindo
Concordo silenciosamente com medo de falar mais alguma coisa e ser demais.
— Mas a sua faculdade? Fica como?
— Tem muitas faculdades lá, eu vou terminar. — dou de ombros mais uma vez
— Ouvi dizer que a língua de lá é muito complicada. — murmura
— Acho que eu dou conta — sorrio confiante
Ela também sorri e ficamos em silencio.
— Não acredito que você vai embora — bufa cabisbaixa
— É, eu também não queria isso — suspiro
— Não tem como trazer sua avó para ficar aqui? — pergunta esperançosa
— Ela não vai querer e eu já me comprometi. — nego rapidamente
— Isso é mesmo uma droga — ela funga
— Eu sinto muito. — digo segurando sua mão
— É, eu também — murmura apertando minha mão
— Vai ficar bem aqui sem mim? — arqueio uma sobrancelha com um pequeno sorriso zombeteiro
— Você esta se achando muito — ela faz uma careta e solta minha mão
— Só quero aproveitar o máximo desta carinha emburrada antes de ir — zombo apertando a ponta do seu nariz
— Sai dessa — reclama batendo na minha mão
Rimos juntas.
— Agora me conta, como anda seu namoro incrível? — mecho as sobrancelhas sugestivamente
Ela fica vermelha e meu sorriso se aumenta.
— Foi algo realmente inesperado, mais eu estou realmente apaixonada — suspira e seus olhos brilham
— Eu fico muito feliz por você — digo com sinceridade
— E eu por você! — ela sorri maliciosa
— Não entendi — franzo o cenho
— Você e o Jake! Esta acontecendo!
— Quem te falou isso? — faço uma careta
— Michel. — sussurra sem me encarar — Jake contou pra ele que gosta de você e ele contou pra mim. — bate palmas, animada demais
Seguro o impulso de gritar com ela e me mantenho calmamente sentada ao seu lado.
— Jake disse que gosta de mim e você não achou importante me contar? — pergunto friamente
— Ele tinha um plano para de conquistar — ela não parece se importar com minha raiva fria — Eras tão romântico que eu resolvi não me intrometer. — suspira
— Quando foi que você se tornou uma idiota apaixonada? — pergunto com uma careta
— Nossa! — ela revira os olhos — Só achei fofo, ainda mais depois de meses de tensão sexual implícito na cara dos dois! — retruca
— Não tinha nada disso. — rebato envergonhada
— Tinha sim e você terminou com Henry para ficar com ele, só que não deu certo. — atira impaciente
— Essa sim é a Helena que eu conheço — murmuro
Ela me encara por um tempo e faz um biquinho esquisito ates de respirar fundo e segurar minha mão.
— Eu sei que Michel foi um idiota e te falou que o Jake só levava as amigas para o apartamento, mais não foi nada daquilo. — nega com a cabeça como se não pudesse acreditar no que aconteceu
— Então ele leva qualquer uma? — inclino a cabeça para o lado
— Você é burra ou só se faz? — Lena me encara chocada
— Eu não.... não entendi — mordo o lábio inferior um pouco confusa
— Menina do céu, você é uma tapada! — ela da um tapa na minha testa — Ele não leva ninguém pra droga da casa porque sente que estão invadindo a privacidade dele! — explica erguendo as mãos para o ar
— Então quando ele me levou lá... — estreito os olhos
— Graças a Deus você vai para o Brasil, essa burrice com certeza pega — nega indignada
— Caramba Helena, muito obrigada por ser tão gentil! — digo ironicamente
— Estou deixando tudo explicito e você fica ai me encarando feito uma idiota! — reclama
— É que eu não entendi! — replico sentindo minhas bochechas esquentarem
Helena respira fundo três vezes e murmura algum tipo de oração antes de abrir um sorriso forçadamente clamo e dizer pausadamente.
— Minha querida amiga, loira, linda, maravilhosa, tapada e meio idiota. — pisca os olhos feito uma boneca — O Jake está tão apaixonado por você que não se importou se estaria invadindo a privacidade dele ou não, porque ele quer dividir tudo com você! — suspira desmanchando o sorriso falso — É capaz de você passar e ele correr atrás, latindo, de tão cadelinha que ele está. — zomba revirando os olhos
Fico encarando-a estática por um segundo e então assimilo tudo que ela disse.
— Mais que merda! —xingo e fico de pé
— Onde você vai? — pergunta se levantando em seguida
— Vou falar com ele, estou ignorando-o fazem três dias.
— Três dias?! — ela grita
— Estava ocupada — me encolho
— Ai meu Deus — ela suspira fortemente — Vai logo e depois me conta tudo!
Assinto e saio da sua casa o mais rápido que posso, entro no carro da minha irmã enquanto tento ligar para ele e só cai na caixa postal.
— Que droga! — reclamo tentando novamente
Não sei exatamente o motivo de eu estar fazendo isso, de que adianta que Jake goste de mim? Estou indo embora, ficar longe dele provavelmente é o mais seguro para ele e para mim.
Seguro o volante com força e encaro a rua chique cheia de casas enormes, já sonhei em morar em uma dessas, com uma família grande e feliz, mas sei que não é pra mim. Não enquanto eu viver com medo. Então de que adianta Jake sentir algo por mim sendo que tudo que posso oferecer a ele são algumas semanas? É errado com ele e comigo também, na verdade o melhor que posso fazer é conversar com ele e dar um basta em qualquer que seja suas esperanças comigo.
[...]
Estaciono em frente ao bar que Michel me disse que ele estaria, sinceramente beber as seis da tarde não passa uma boa impressão. Mordo o lábio inferior e sinto um leve frio na barriga antes de tomar coragem e sair do carro.
Encaro a faixada com uma careta, é um lugar pequeno e feio, uma placa torta com o nome apagado e pela janela suja posso ver o bando de universitários ali dentro.
— Eu me recuso a entrar nesta pocilga. — resmungo comigo mesma
O som abafado de músicas country não deixa que o burburinho de lá de dentro se espalhe, um cheiro horrível de urina e sexo emana na rua, e sei que deve ser muito pior no beco escuro ao lado. Mesmo sendo da máfia e pobre, nunca entrei em um lugar podre desses. Não sei como essa gente consegue entrar e pior ainda, beber e transar, devem haver várias doenças venereis flutuando pelo ar.
— Ai Jake, que droga! — escuto uma voz feminina vinda do beco
Meu corpo congela e fico ali parada enquanto Jake e a garota loira da boate saem cambaleado e abraçados do beco sujo, escuro e com cheiro de sexo.
— Desculpe Juju — pede com a voz rouca
— Você não deveria beber tanto, não são nem dez horas — a loira o repreende
— Não banque a responsável comigo, Joana — ele bufa
— Só não quero seu corpo bêbado e pesado na minha cama antes das dez da noite — rebate impaciente
É evidente que eles não perceberam minha presença ali e se perceberam que diferença faz? É com ela que ele esta, eu não faço diferença alguma.
— Meu corpo bêbado, pesado e sexy — ele corrige com um sorriso malicioso
Antes que a loira fale alguma coisa destravo meu carro e o som do alarme chama a atenção deles. Arregalo os olhos assustada com a atenção repentina, Joana também esta com os olhos arregalados e Jake passa de pálido para vermelho. Todos piscamos ao mesmo tempo voltando as nossas respectivas realidades.
Eu, a garota burra que achou ter que machucar alguém que se importasse com ela.
Joana, a garota nos braços de um dos caras mais desejados da faculdade, assim como ela.
Jake, um bêbado confuso e idiota.
— Girassol? O que faz aqui?
O apelido é como uma droga de faca no meu peito, e a surpresa descarada é o combustível para minha raiva.
— Nada que importe a você — respondo secamente
— Nossa! — Joana solta uma risadinha — Jake você esta muito ferrado.
Fuzilo ela com o olhar e abro a porta do carro. Jake olha dela para mim se dando conta da situação, balanço a cabeça negativamente e entro.
— Girassol espera! — ele grita se soltando dela e cambaleado ate o carro
— Isso foi um erro — murmuro pouco zonza
— Não! Não diga isso! — implora completamente desesperado — Vamos conversar eu
— Não tenho nada para falar com você. — minha voz sai fria e sem emoção
Totalmente diferente do que estou sentindo, eu só queria gritar e bater nele e nela e explodir essa droga de bar.
— Girassol eu não estou com ela eu...
— Para de me chamar desse jeito — explodo o encarando — Não quero saber da sua droga de vida amorosa. — cuspo e seguro a porta para fechar
— Por favor espera um pouco — ele segura a porta — Foi só um mal entendido, me deixa explicar. — pede desesperado
— Se precisa explicar, então tem algo de errado. — acabo rindo ironicamente
— Girassol eu...
— Na verdade, Jake você não fez nada de errado — franzo o cenho — Nós não temos nada e eu com certeza beijei meu ex ontem, então pode transar com a vagabunda que quiser. — dou de ombros — Sem ofensas. — digo olhando para a loira ainda no mesmo lugar
Ela apenas da de ombros e não diz nada.
— Você fez o que? — ele franze o cenho
— Assim como você eu não te devo satisfações.
— Mas nós...
— Não existe um nós! — me levando e o empurro com força — Não existe nada. — o empurro novamente — Saiba que você é um idiota por ficar tanto tempo em cima da droga do muro e quando teve a oportunidade de fazer diferente agiu como um garoto! — desta vez ele cai no chão
Encaro seu semblante magoado e assustado ali na sarjeta e me sinto incrivelmente bem com isso, endireito a postura e o encaro de cima.
— Isso foi um erro, você e eu nunca deveríamos ter tido nada juntos — nego friamente — Fica longe ou da próxima vez a queda será mil vezes mais dolosa. — rosno
Ele não fala nada, apenas fica parado lá. Não olho para a loira indo ajuda-lo, apenas entro no meu carro e dirijo.
— Tem um minuto? — pergunto assim que Rubens abre a porta
— Não era a gêmea que eu estava esperando — ele brica
— Rubens, por favor. — peço engolindo o choro
Ele me analisa rapidamente e abre mais a porta para que eu entre.
— Eu sei que eu não deveria fazer isso, mas eu estou brigada com a Nina e eu preciso conversar com alguém. — digo rapidamente
— Precisa falar com alguém ou precisa que isso seja segredo?
Me sento no seu sofá cinza e me permito analisar o apartamento por um minuto, é amplo e organizado, uma estante de livros variados, uma mesa de cento de madeira envernizada, um grande sofá cinza confortável e uma poltrona ao lado, uma tv grande na parede e um videogame no raque de madeira abaixo.
— Bonita casa. — elogio
— Você não respondeu minha pergunta — diz se sentando na poltrona
— Faz a seção com Thomas aqui? — franzo o cenho
— Kendra. — ele me repreende
— Eu sei, eu sei, me desculpe — suspiro pesadamente — Estou fugindo da pergunta porque sei que sabe a resposta
— Mesmo assim preciso que fale. — se mantem firme
O encaro por um minuto, ele vai ser um excelente terapeuta. O desgraçado é muito perspicaz.
— Preciso que seja segredo — admito em voz baixa
— Não posso fazer isso — nega na mesma hora
— O que? — o encaro confusa
— Não quero ter segredos com sua irmã.
Isso me provoca uma onda de risos incontrolável.
— Do que esta rindo? — ele parece confuso
— Do quanto você é idiota e descente — digo controlando a respiração e me levantando
— Kendra. — ele segura meu braço — O que aconteceu? — pergunta olhando em meus olhos
Mordo o lábio inferior e puxo meu braço com delicadeza.
— Não é nada, eu não deveria ter vindo. Me desculpa — peço me virandpo para ir embora
— O que ela esta escondendo de mim? — sua voz angustiada me faz travar no lugar
— Nada. — nego rapidamente
— Eu sei que você esta mentido — ele se coloca na minha frente impedindo que eu vá
— Exatamente, eu estou, eu sou a mentirosa aqui — uso toda a raiva que estou sentindo para falar isso — Eu vim, foi um erro. Me deixe ir agora mesmo. — peço calmamente
Ele continua inabalável na minha frente.
— Rubens...
— Me conta o que é. — pede sem se mexer
— Não vou me meter no seu relacionamento com minha irmã e eu já disse que eu sou a mentirosa aqui. — o encaro seriamente
— Kendra você...
— Quer saber? Eu vim aqui procurando conselhos, você disse que não quer se envolver. Então estou indo embora! — me irrito e passo por ele
Desta vez ele não tenta me impedir e faço questão de bater a porta do apartamento.
Bufo frustrada comigo mesma, o que me deu na cabeça de procurar a droga do namorado da minha irmã?
É só que, foi a única pessoa que eu pensei que não me julgaria, que me ouviria e me ajudaria e também manteria tudo para si. Sou uma hipócrita de merda, penso enquanto espero o elevador abrir.
— Loira? O que faz aqui?
Arregalo os olhos surpresa por vê-lo aqui.
— Thomas! — arfo
— Você esta bem? — franze o cenho
— Eu.... — penso em tudo que aconteceu e em como eu queria poder abraça-lo e chorar, mas ele veio para a terapia e precisa de muito mais ajuda do que eu. — Sim! — abro um sorriso enorme
— Por que esta na casa do Rubens? — pergunta saindo do elevador
— Vim aqui porque quero fazer as pazes com minha irmã e queria saber o quanto ela esta brava comigo — minto rapidamente
— Poxa é horrível que vocês ainda estejam se encrespando. — ele suspira tristemente
— É, mas é isso que irmãos fazem — dou de ombros — Eles brigam e depois tudo de resolve — forço uma risada animada
É estranho fazer isso com ele, essas mentiras descaradas que sei que ele não percebe. É horrível porque eu gosto demais dele para fazer isso e também gosto mais ainda para sequer cogitar contar a verdade.
— Tem certeza que esta tudo bem? — pergunta novamente olhando em meus olhos
Apenas o abraço sem coragem para mentir olhando tão fundo naqueles olhos verdes, olhos que me conhecem, que já me viram nua, que me adoraram, olhos que são meus amigos e que confiaram em mim de um jeito que eu jamais retribui.
— Eu amo você — sussurro em seu ouvido
— Também te amo. — diz me apertando contra si
Respiro bem fundo aproveitando esse momento o máximo que eu posso, e então, eu o solto.
— Eu preciso ir Thomy — sorrio segurando as lagrimas
— Loira se você estiver precisando de alguma coisa, qualquer coisa, por favor conte comigo — diz olhando em meus olhos
Assinto sem dizer nada e me afasto dele. Thomas continua ali parado enquanto eu entro e aperto o térreo para ir embora , fica ate que as portas fechem e eu me recuse a deixar que uma única lagrima escorra.
Não é tempo de chorar, não há motivos para choro. Eu posso me sentir traída, mas fiz o mesmo com Jake. E não importa o quanto eu queira estar com ele, eu vou embora e em um mês nada disso fará alguma diferença.
Endireito a postura e começo a pensar no que farei quando desembarcar em Londres.
Sumi de novo, mais já voltei. Finalização de livro é isso gente, uma hora eu apareço uma hora desapareço e vamos levando assim, Sorry. Espero que tenham gostado, dois bjos
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