3 - Apelidos irritantes e reencontros desagradáveis
Me dei conta tarde demais que não fazia ideia de onde era o estacionamento, Lena já tinha ido embora e eu estava sozinha em um mar de gente estranha completamente perdida. Bufo irritada e procuro alguém que pareça sociável para que eu peça ajuda, mais todos parecem perdidos em seus próprios problemas e eu diria que não estariam dispostos a me ajudar.
— Spivot! — uma voz animada me chama atenção
Viro para a esquerda e vejo um loiro bem conhecido vindo na minha direção, Henry tem um sorriso lindo e iluminado direcionado a mim. Sorrio também e aceno.
— Oi Henry — cumprimento assim que ele se aproxima
— Esta perdida? — pergunta dando um beijo na minha bochecha
Peto demais da minha boca, o perfume amadeirado quase me faz suspirar e fico um pouco decepcionada quando ele se afasta.
— Na verdade estou sim — admito um pouco envergonhada
— Eu demorei pra me adaptar também — ele sorri me tranquilizando — Precisar ir onde? — pergunta interessado
— Ao estacionamento — sorrio aliviada por saber que alguém vai me ajudar
— Bem é só virar esse corredor e logo você vai ver uma placa indicando o lugar — ele aponta pra mim
— Muito obrigara Henry não sei oque faria sem você — agraço animada e aliviada
— Qualquer coisa é só chamar — ele pisca e vai embora
Assinto um pouco frenética e animada demais, balanço a cabeça um pouco envergonhada e sigo o caminho que ele mandou.
Assim que passo pelas portas e entro no enorme e lotado estacionamento do prédio avisto Jake bem no centro dele , com óculos escuros, sorriso malicioso e uma linda Xj Garcia preta, vermelha e brilhante uma das motos mais lindas e potentes que eu já amei. Posso amar a ideia de me tornar uma psicóloga mais eu sempre fui apaixonada por motos e toda adrenalina que elas proporcionam. Começo a andar na direção dela e do cara que a tem.
— Esta dois minutos atrasada — ele diz assim que chego onde ele esta
— Eu não tinha achado o lugar — respondo emburrada
— Não sabia chegar na parte de trás da faculdade? — pergunta com deboche tirando os óculos
— É meu primeiro dia — reviro os olhos
— Sei — ele murmura — Pronta para ir Girassol? — pergunta estendendo o capacete na minha direção
— Me chamou de que? — pergunto horrorizada
— Girassol — ele sorri — Ou prefere estressadinha? — franze o cenho com falsa preocupação
— Prefiro meu nome! — respondo irritada
— Essa opção não esta no cardápio — ele nega
— E por que não? — sibilo irritada
— Porque eu não sei — ele ri e da de ombros
Arregalo os olhos incrédula, esse cara é simplesmente inacreditável.
— É só perguntar! — bufo
— Bem, normalmente as mulheres se apresentam sem que eu peça — ele da de ombros
— Vai ficar surpreso ao descobrir que não sou como essas mulheres que você conhece — resmungo estressada
— Eu já percebi que não é — ele murmura — Posso saber qual a sua graça? — pergunta galanteador
— Eu sou Kendra — respondo com um suspiro — Kendra Spivot — estendo a mão para ele
— Jake — ele aperta minha mão — Jake Bush — sorri
Involuntariamente sorri também, seu aperto é firme e ao mesmo tempo suave o contato de nossas peles faz com que eu sinta um arrepio elétrico percorrer meu corpo.
— Nós vamos ou não? — pergunto puxando minha mão de volta
— Sobe ai — ele estende o capacete
Quase pulo de alegria ao saber que vou andar nessa belezinha, pondero pedir para ele deixar que eu pilote mais acho que é invasão demais para alguém que estou obrigando a pagar o reparo do meu computador.
— E então Girassol, esta com medo? — ele me encara com um sorriso felino
Arregalo os olhos ao perceber que ele pensa que sou mais uma das garotinhas assustadas que ele conhece pelo campus.
— Se já sabe meu nome porque insiste neste apelido? — franzo o cenho
— Porque você é loira e vive de cabeça erguida, como um girassol — ele sorri
— Para um garanhão ate que você pensa — murmuro pegando o capacete
Apelido idiota, com significado idiota vindo de um idiota.
— Me acha um garanhão? — ele levanta uma sobrancelha subindo na moto
— A faculdade inteira acha — dou de ombros e subo atrás dele
— Você não é uma garotinha assustada né? — pergunta assim que eu enfio o capacete
— Nem perto disso — repondo agarrando sua cintura
Escuto sua risada enquanto ele também coloca o outro capacete.
A moto ganha vida e quase solto um gritinho de alegria ao sentir o motor poderoso sob minhas pernas, Jake dirige rápido e confiante, o vento cortante da cidade me deixa eletrizada me sinto livre, a sensação de andar de moto deixa tudo tão insignificante como se os problema fossem poeiras que deixo para trás com a alta velocidade.
Mais como tudo que é bom acaba a moto freia e me sinto um pouco decepcionada, desço da moto e tiro o capacete amarrando os cabelos logo em seguida que estavam soltos e agora devem parecer ninhos de passarinho.
Observo a fachada da loja de informática com leds piscando e chamando atenção para o grande nome "Hospital dos eletrônicos" um pouco brega na minha opinião, a loja é pequena em uma rua movimentada com várias outras loginhas espalhadas, estamos no centro da cidade e pelo cheiro de mijo e suor em um lado duvidoso.
— Ter certeza que é seguro deixar meu bebê aí? — pergunto com uma careta
— Eu conheço o cara daqui ele é bom — Jake da de ombros acionando o alarme da moto
— Você quem vai pagar mesmo — murmuro dando mais uma olhada ao redor
— Exatamente e eu não sou rico — ele pisca um olho
— Não é o que parece — digo olhando para a moto sei que uma dessas é caro pra ter e para manter.
— Essa belezinha foi um presente — ele sorri dando tapinhas no banco
— Quem foi o louco que fez isso? — arregalo os olhos impressionada
— Sabe, em geral eu não falo sobre a minha moto com mulheres que eu vou pagar o concerto do notebook — ele estala a língua no céu da boca
Analiso seu rosto bonito e vejo um nervosismo escondido por trás da pinta de garanhão, Jake tem um segredo e como futura terapeuta e amante de livros de mistério quero muito saber o que é.
— Bem, até onde eu pude perceber em geral você apenas seduz as mulheres — retruco com um pequeno suspiro
— Isso não é totalmente verdade — ele sorri malicioso
— Não? — ergo uma sobrancelha o encarando duvidosa
— As vezes eu nem preciso seduzi-las — ele gargalha
Arregalo os olhos um pouco constrangida e sinto minhas bochechas se aquecerem um pouco.
— Vamos entrar logo — resmungo irritada
— Você fica um amor assim vermelhinha, Girassol — ele zomba caminhando para a entrada
Apenas reviro os olhos e o acompanho para dentro da loja.
Dentro do lugar é bem iluminado, tem um balcão de vidro com várias mercadorias nos quadrados, tem um sofá grande e azul cobalto como um local de espera, uma cafeteira e um filtro de água, quadros de séries e animes decoram as paredes junto com placas de equipamentos.
— Fala cachorro! — a voz animada de Jake chama minha atenção
Me viro para o balcão e arregalo os olhos surpresa por ver o cara que eu fiquei na balada sorrindo para o cara ao meu lado. Hassan Donera está com os cabelos castanhos presos em um coque, com uma camiseta de uma banda de rock e me encara tão surpreso quanto eu.
— E aí Jake! — ele cumprimenta o rapaz com um toque de mão elaborado
Arregalo os olhos para ele morrendo de medo que ele fale alguma coisa, não que eu tenha vergonha do que fiz, só não é da conta do Jake saber disso.
— Trouxe um presentinho pra você —Jake diz pegando meu computador
— É mesmo? — Hassan estreita os olhos na minha direção e me sinto cada vez mais nervosa — Quem é sua amiga nova? — faz um gesto na minha direção
Quase sorrio aliviada e dou pequenas piruetas mais me contenho em um aceno discreto de cabeça, completamente agradecida.
— Essa é Kendra Spivot - Jake me encara com um pequeno sorriso — A nova encrenqueira da faculdade — zomba
— Não arrumaria encrenca se não tivesse quebrado o meu notebook — retruco pouco indignada
— Está vendo? — pergunta voltando o olhar pra o amigo
— É ela parece bem brava mesmo — Hassan concorda com um leve toque de zombaria na voz
É claro que ele diz isso, eu o enxotei te casa sem oferecer um copo de água.
— Acho que deveríamos parar de falar de mim e falar mais sobre o computador — retruco nervosa
— É claro — Hassan concorda — Deixa eu dar uma olhada — pede estendendo a mão
— Enquanto você vê posso usar o banheiro? — Jake pergunta entregando o equipamento a ele
— Claro! Você sabe onde é — ele responde já olhando para o computador
— Eu já volto — ele avisa me encarando
Apenas assinto e o observo sumir no fundo daquela loja.
— E então nos encontramos novamente — Hassan comenta quebrando o silêncio
— Parece que sim — dou de ombros não querendo alongar muito a conversa
— Você também expulsou ele da sua cama ou foi algo mais sóbrio? — pegunta me encarando
— Ele me derrubou no corredor e pedi que pagasse o conserto do computador, fim da história. — respondo cruzando os braços incomodada
— E os olhos arregalados em pânico quer dizer que você apenas não quer que ele saiba que dormiu comigo ou tem algo a mais? — sorri debochado
— Eu mal conheço ele assim como mal conheço você, não é da conta de nenhum dos dois — reponho irritada
— Claro que não — ele ri ironicamente
— Você tem algum problema comigo? — pergunto descruzando os braços e o encarando irritada
— Tirando o fato de me tratar como seu brinquedinho sexual? Nenhum — ele retruca
— Não é isso que vocês homens fazem com as mulheres? — pergunto com as sobrancelhas arqueadas
— Não é assim que funciona — ele resmunga irritado
— Claro que não, quando o orgulho ferido é do cara as coisas são diferentes — debocho com um sorriso sínico — Uma noite e já se apaixonou? — mantendo o sorriso ao encarara-lo
— Você está sento ridícula — ele bufa voltando a olhar meu computador
— E você está sendo chorão! — reviro os olhos
— Voltei! — Jake aparece com um sorriso satisfeito
Minha irritação palpável continua evidente assim como a magoa e a raiva no rosto de Hassan.
— Algo de errado? — Jake pergunta notando o clima
— Só que no computador da sua amiga vai ser mais complicado que imaginei — Hassan responde com um bico mal humorado
— Você me fala o valor depois então cara? Eu preciso ir — Jake pede olhando o relógio
— Sem problemas — Hassan força um sorriso
Jake acena e saímos da loja. Do lado de fora respiro fundo sentindo a tensão e a irritação passarem, tem certas situações que não devia passar no dia a dia.
— Você está bem? — ele pergunta assim que saímos
— Perfeitamente — resmungo roendo as unhas
Odeio roer as unhas, me sinto uma adolescente acuada e idiota. Mais as vezes me vejo em situações que simplesmente me sinto aquela garotinha de antes é realmente frustrante.
— Vai me contar o que realmente aconteceu lá? — Jake franze o cenho
— Seu amigo já falou — dou de ombros cinicamnete
— Acha mesmo que acreditei nisso? — ele ri descrente
— Acha que ele teria mentido se fosse da sua conta? — pergunto sentindo a irritação voltar
— Você não é nem um pouco simpática — ele franze o cenho — Só estou perguntando porque eu te trouxe aqui, não quero que se sinta mal por algo que o idiota do Hassan possa ter falado — ele resmungo ofendido
O encaro confusa e percebo que fui mais dura do que deveria, ele só quis saber se tinha algo de errado e eu fui uma otária com ele. E com uma coisa tenho que concordar, seu amigo é mesmo um puta idiota. E eu tenho que aprender a não ficar bêbada e deixar meu lado pervertida aflorar.
— Desculpe — peço com um suspiro derrotado — O dia foi cheio e estou um pouco mais estressada que o normal — confesso
Em parte estou falando a verdade, ainda acho que ele não deveria saber deste meu lado depravada. Isso abriria porta para que ele tentasse me cantar como faz com as outras e não quero que a faculdade ache que eu dei para ele e consegui o conserto do meu notebook. É carga demais para alguém que lutou tanto para chegar onde eu cheguei.
— É claro que eu desculpo você Girassol — ele sorri e pisca um olho
Reviro os olhos pelo apelido e acabo deixando um pequeno sorriso escapar.
— Quer que eu te deixe em casa? Se está cansada deveria descansar um pouco, faculdade é pesado mesmo — pergunta me encarando preocupado
— Não — nego rapidamente — Você tem compromisso eu posso ir daqui — sorrio confiante
— Meu compromisso é você — ele me encara sério — Me passa o endereço que eu te levo lá — ele reforça subindo da moto
Meu rosto fica vermelho e não posso deixar de botar a pequena onda de alegria que meu corpo produz ao escutar que sou eu o compromisso, talvez esteja me precipitando demais para um cara como ele.
— Na verdade eu vou trabalhar agora — digo olhando no relógio — Pode me levar até lá? — pergunto voltando a encara-lo
— Sobe aí — ele sorri me jogando o capacete.
Não deixo de sorrir satisfeita ao saber que vou andar mais um pouco nesta belezinha, tudo realmente tem suas vantagens.
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