21 - Encontros incríveis e um passado indesejado

— Você está linda — Henry me elogia na portaria do prédio

Sorrio sentindo minhas bochechas esquentarem, a blusa simples com um decote em "U" combinava com o negro dos meus olhos deixando uma boa combinação de cores, era simples, lisa mas muito elegante. A saia verde musgo batia em minha panturrilha e carregava uma fenda lateral que deixava boa parte das minhas pernas torneadas a mostra, ela estava sendo segurada por um cinto preto e simples, a jaqueta de couro preta me fazia meramente ter a lembrança de um dos personagens que eu havia lido em um livro, a bota ia até minha canela e tinha um salto de uns oito centímetros, me fazendo ficar minimamente mais alta. E por fim eu peguei uma bolsinha de lado colocando alguns itens necessários, ela tinha uma estampa de oncinha que surpreendente combinava com o restante do meu look.

Minha irmã escolheu e me falou toda a baboseira antes que eu saísse, graça a Hécate ela não me encheu com o lance da transa, até por que Rubens estava lá e eles tinham coisas mais importantes para fazer.

— Você também não está nada mal — murmuro encarando o loiro a minha frente

Finalmente Henry estava vestido casualmente, uma calça jeans clara, camiseta preta, jaqueta jeans escura e um tênis branco para completar, lindo e estiloso.

— É, eu sou muito lindo mesmo — da de ombros com um sorriso travesso

— Nossa, como é convencido — reviro os olhos e empurro seus ombros de leve

Ele ri e eu também, Henry segura a minha mão e o toque quente me conforta sobre o vento frio que passa sobre nós, o loiro me puxa colando nossos corpos e abre um sorriso satisfeito.

— Estava muito ansioso para sairmos de novo — murmura colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha

— Estava ansiosa para que convidasse — sorrio

Por conta do salto estou quase do seu tamanho e ergo as pontas dos pés para beija-lo, na hora que nossos lábios estão quase se unindo meu celular toca e bufo em frustração.

— Me lembre de jogar isso bem longe depois — Henry diz com uma careta

Ofereço-lhe um sorriso de desculpas e me afasto para atender.

PORQUE VOCE NÃO DISSE QUE MEU CARO ESTAVA NO MECANICO?! — a voz estridente e irada de Nina quase me deixa surda

— Não precisa gritar! — retruco com uma careta

— Ah eu preciso! Preciso sim! — ela diminui um pouco o tom — Achei que fosse a especialista com maquinas, por que levou meu carro? — pergunta irritada

— O pneu furou e não tinha um reserva. — respondo controlando a irritação

Tudo que rolou a tarde já me deixou a flor da pele e Nina me relembrar isso, mesmo que inconscientemente, me deixa irritada, frustrada e com muita vergonha.

Acabaram de me ligar, colocaram um novo Kendra! Foram duzentos dólares!

Arregalo os olhos com o valor absurdo, é claro que eles fariam do jeito deles eu não especifiquei nada! Respiro fundo e massageio as têmporas, não adianta ficar irritada agora, o que passou, passou.

— Pode deixar que eu pago, estou com dinheiro extra de uma comissão no trabalho — digo tentando tranquiliza-la

Não, temos outras contas para quitar, a gente divide isso também. — ela suspira — Da próxima vez tenta achar um lugar mais barato. — pede

— Tudo bem, me desculpa. — murmuro

Tanto faz, até depois — se despede

— Ate. — respondo e desligo

Abro um sorriso e me viro para Henry, ele me espera encostado em um Jeep Renegade 2.0, branco. Um caro muito lindo.

Me sinto um pouco culpada de sair com ele hoje, horas depois de uma briga com Thomas e um quase beijo com Jake. Mas Henry é o único que eu sei que tem chance de algo a mais, é o único que me passa segurança e depois de tanta loucura na minha vida é só isso que me interessa.

— Bonito carro — elogio chegando mais perto

— Peguei esse emprestado — responde dando de ombros

— Que bom, assim não preciso ficar preocupada.

— Preocupada com que? — ele franze o cenho

— Como cara que estou saindo ser um possível babaca rico que troca de carro toda semana — respondo passando os braços ao redor dos seus ombros

— Eu acho que sou um babaca rico, mais trocar de carros toda semana não é nada inteligente — ele sorri abraçando minha cintura

— Babaca rico? — arqueio a sobrancelha — Eu devo me preocupar com isso? — estreito os olhos

— Talvez — murmura roçando os lábios nos meus — Por que não descobre? — pergunta com um olhar malicioso

— Hmm — mordo seu lábio inferior — Eu vou adorar — sussurro e tomo sua boca

Sua língua invade minha boca com calma e sensualidade, suas mãos me seguram ainda mais firme colando seu corpo ao meu. Um arrepio delicioso percorre todo meu corpo, agarro seus ombros com mais força e suspiro quando sua mão desce e aperta minha bunda.

— É melhor não fazer isso aqui. — murmuro me afastando um pouco

— Provavelmente não — ele concorda e beija o canto dos meus lábios

— Então tira a mão da minha bunda — suspiro inclinando o pescoço para o lado

— Eu vou — diz beijando meu pescoço

— Agora mesmo — passo a língua pelos lábios

— Uhum. — resmunga e desce os beijos

— Se não quer que eu te leve para meu quarto e rasgue sua roupa bonitinha é melhor parar — rosno

— Muito bem, Spivot — ele se afasta — Não queremos que nossas roupas bonitinhas sejam rasgadas — zomba com um sorriso malicioso

— Vamos para esse parque ou não? — pergunto me recompondo

— Primeiro as damas — ele sorri abrindo a porta do passageiro.

Estar com Henry é tão fácil quanto respirar, a tranquilidade que ele transmite faz com que eu ria e me divirta sem analisar tudo ao meu redor. Estava precisando muito disso, todo o drama com o Thomy, Jake e até Lena e Michel, tudo isso está me enlouquecendo.

Brincamos em todos os brinquedos do parque e agora, com muita insistência, estamos na roda gigante. Henry não queria vir, aparentemente ele tem medo de altura e como a ótima terapeuta que eu serei, debochei na cara dele.

— Esse brinquedo é muito bobo — ele reclama

— É romântico — rebato

Ele bufa e aperta a barra com mais força, sorrio e cubro sua mão com a minha. O loiro se vira para me encarar e todo nervosismo estampado em seu rosto parece ir embora, aproximo nossos lábios e o beijo com calma.

— Estou bem melhor agora — ele sorri

— Que bom. — sussurro e o beijo mais uma vez

Os lábios macios dele aquecem os meus o gosto do algodão doce que comemos se faz presente e suspiro quando sua língua acaricia a minha.

— Agora entendo o romântico — ele ri

— A intensão não é ficar se pegando — reviro os olhos me afastando um pouco

— É o que então? — ele arqueia as sobrancelhas

— A gente conversar, sobre nossos medos e nossas famílias, coisas profundas e intensas.

— Minha família não é nada interessante — ele suspira

— Mais eu quero saber sobre ela. — retruco sentindo meu rosto corar

— Se você inste — ele aperta os lábios pensativo — Meu pai e minha mãe trabalham na área da justiça, ela é Juíza e ele um dos maiores advogados empresarial do estado, eles passam a maior parte do tempo viajando e são extremamente desligados da vida pessoal. — despeja tudo rapidamente

Arregalo um pouco os olhos pela confissão rápida, percebo uma ponta de magoa na sua voz e sei que ele não se sente à vontade falando sobre tudo aquilo.

— E você não tem irmãos? — pergunto curiosa

— Infelizmente sou só eu — ele dá de ombros e força um sorriso

— Porque decidiu ser advogado? — franzo o cenho confusa

— Primeiro por insistência dos meus pais e depois eu me apaixonei pela área — seus olhos brilham — Quero ter o poder de ajudar uma pessoa injustiçada.

— Você sabe que o que mais existe nos escritórios de advocacia é fraude e corrupção, né? — pergunto ceticamente

— E você sabe que muitas mortes em hospitais são erros médicos, né? — rebate encarando meus olhos

— Eu... é... — engulo a seco, envergonhada

— Não ligo para a maioria, Kendra — ele morde o lábio e olha para a cidade sobre nós — Meu desejo é ajudar pessoas, então vou ajudar pessoas. Não importa o quão difícil seja. — afirma estufando o peito

Sorrio e aceno em concordância.

— Vai ser um advogado excelente então. — digo segurando sua mão novamente

— Mais é você? Como é sua família? — me encara curioso

— Ah — respiro fundo pensando no que dizer — Minha mãe trabalha em uma empresa de imobiliária e meu pai em uma de seguros, uma vez uma cliente contratou a empresa dele para comprar a casa que ela estava vendendo, eles se encontraram e foi amor à primeira vista. — conto abrindo um pequeno sorriso

E essa é a história que eu e Nina contamos a todos, ou a quase todos, nossa vida real e conturbada é melhor quando está esquecida.

— E eles aprovam a faculdade de vocês?

— Claro que sim, meu pai sempre quis que seguíssemos nossos sonhos.

Que naquela época se baseava em roubar o maior número de joias existentes no mundo, pai, não posso chamar aquele crápula disso.

— Isso é muito legal, espero poder conhecer sua família um dia — ele sorri animado

— Eu não sei se vai dar — comento com uma careta

— Por que não? — pergunta preocupado

— Eles morreram — invento a primeira coisa que me veem a cabeça

A expressão de choque e de pena do Henry fazem com que eu me sinta uma idiota, não deveria ter pintado uma família perfeita logo para ele.

— Eu... sinto muito — ele lamenta

— Vamos mudar de assunto? — mordo o lábio nervosamente — Não gosto de ficar falando sobre isso — suspiro pesadamente

— É claro! Me desculpe — pede com ternura

— Não é culpa sua — desdenho — Agora vamos falar de coisas banais! — mudo o assunto rapidamente

Desta vez presto atenção em cada palavra que sai da boca do loiro e percebo que Henry é solitário e um pouco esnobe, mas não é culpa dele. Ele tem um gosto horrível para filmes e tem o defeito fatal de odiar Hamsters, fora isso o homem loiro e forte tem mais qualidades que posso listar e quando a roda gigante desce me sinto feliz com o fim do encontro, foi um dos melhores da minha vida.

— Entregue sã e salva — Henry sorri ao estacionar o carro na frente do meu prédio

— O convite pra entrar ainda esta e pé — digo me soltando do cinto de segurança

— Eu sei e me odeio por isso, mas preciso voltar pra casa — ele encosta a cabeça no banco e bufa de frustração — Minha mãe está lá hoje e faz dias que eu não a vejo...

— Ei! — o interrompo segurando seu queixo fazendo com que olhe para mim — Teremos outros encontros — sorrio

— Teremos mesmo — concorda mais animado — Mais aquele baile que eu te falei já era — avisa mordendo o lábio inferior

Ele fica extremamente sexy fazendo isso com o cabelo loiro bagunçado, tenho vontade de lambe-lo.

— Isso é ótimo — murmuro me aproximando

— É mesmo? E por que? — franze o cenho

— Odeio essas coisas pomposas — digo a verdade e beijo seus lábios deliciosos e convidativos

Ele sorri durante o beijo e me afasto.

—  Você sabe que eu sou todo pomposo né? — pergunta colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha

— Abro uma exceção só para você — murmuro e o beijo novamente

— Hmmm isso esta muito bom, mais eu preciso ir — ele diz se afastando

— Certo — tento não parecer desapontada — Até amanhã — sorrio e saio do carro

Aceno mais uma vez antes de ele dar a partida e sumir na rua escura.

—  Você demorou. — a voz conhecida me deixa paralisada, meu coração dispara feito louco e gelo percorre minhas veias.

Lentamente forço meu copo a se virar, prendo a respiração quando vejo, do jeito que eu me lembrava, desde o estilo de roupas até o penteado esnobe, o sorriso cruel de sempre também se fazia presente e desejei sumir. Eu poderia, poderia me virar e correr, meu corpo e meu subconsciente imploravam por isso. O medo me consome com rapidez e mesmo assim finco os pés no chão e não arrisco um movimento errado, até onde eu sei tem uma arma escondida esperando para ser usada, ainda mais depois de tudo que aconteceu.

Como me achou? Eu queria gritar, queria avançar e berrar como louca, queria recuar e fugir desesperadamente. Mas o olhar penetrante e desafiador ansiava por ambos e eu não daria essa satisfação. Permaneci calada e parada, apenas esperando.

— Olá querida, precisamos conversar. 

Tô quase mudando os dias de postagens para terça e domingo kkkkk eu SEMPRE esqueço de postar aos sábado AAAAAA.
Desculpa gente, espero que tenham gostado dois bjos

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