11 - Pedidos de desculpas, atitudes idiotas e saudades do passado

Não tive a oportunidade de conversar com Nina sobre o encontro e mal consegui falar com Lena durante o domingo, ambas estávamos lotadas de trabalhos e lições para hoje. Como conclusão estou prestes a explodir de vontade de conversar com alguém sobre tudo que aconteceu, desde o beijo maravilhoso do Henry até o aspecto perturbado de Jake na minha portaria.

Já familiarizada com o tumulto da faculdade caminho a passos rápidos para a aula de historia, sinto um pequeno nervosismo e um frio na barriga, estou ansiosa para ver Henry e repetir o que fizemos na noite anterior.

— Girassol! — a voz de Jake me assusta

O vejo correndo atrás de mim e as pessoas começa a olhar, viro para frente e adianto os passos para manter a distancia, estou quase na minha sala quando ele me alcança e me segura pelo braço. Seguro o suspiro irritado e o encaro nervosa, quero saber porque ele estava no prédio ontem e ao mesmo tempo não quero, pois não é da minha conta e eu quero saber do Henry agora.

— Vamos conversar? — pede com o rosto próximo ao meu

Aquela proximidade me deixa mais nervosa do que já estou e mal posso olhar em seus olhos.

— Estou atrasada para a aula Jake — digo com a voz baixa

— Por favor, eu só quero me explicar — insiste descendo a mão do meu cotovelo para minha própria mão.

A corrente elétrica que esse toque me proporciona me deixa assustada, não quero nenhuma reação assim no meu corpo quando Jake esta perto e parece que meu corpo não concorda nadinha com isso.

— Eu não quero explicações, você não me deve explicações — digo recuando um passo para longe dele.

O corredor esta lotado de modo que ninguém preta atenção em nós o problema é que logo ficará vazio e eu não quero ser vista aqui com ele.

— Girassol, por favor, eu...

— Pare! Pare de chamar disso e fique longe de mim! — explodo sem querer

Jake arregala os olhos e eu também, não tinha planejado algo assim.

— Você furou comigo para ficar bebendo, eu já entendi — digo massageando as têmporas — Não preciso de explicações só preciso de espaço — o encaro com as bochechas coradas

— Eu não... eu não queria beber e... — ele parece transtornado

— Tudo bem Jake — digo colocando a mão em seu ombro — Eu não me importo — forço um sorriso tranquilizador

Aquilo parece ter sido exatamente a coisa errada a se dizer, a cara de Jake se retorce um uma careta e ele se afasta do meu toque como se eu tivesse algum tipo de doença contaminadora.

— É claro que não se importa o idiota do Ford já foi jogar baboseiras pra cima de você, não é mesmo? — pergunta irritado

Franzo o cenho tentando adivinhar de quem ele esta falando e então me dou conta que é do Henry.

— O Henry não me falou nada sobre você. — digo ofendida — E mesmo que tivesse dito eu não me importaria, gosto de tirar minhas próprias conclusões — sibilo o encarando de cima a baixo - Me deixe em paz Jake — digo passando por ele

— Você ainda me deve um favor — ele murmura

— Como é que é? — pergunta me voltando para ele

— O combinado foi algo em troca do seu computador — diz com a voz baixa

— Você não pode estar falando sério — digo com os olhos estreitos

— E como cominado você tem que sair comigo — prossegue irredutível

— Isso é ridículo! — exclamo incrédula — Você esta sendo um idiota sem precedentes! — apondo o dedo para ele

— Você concordou Kendra — meu nome sai como pedras de gelo da sua boca

— Isso é sobre eu sair com o Henry? — pergunto confusa

— Isso é sobre o acordo que fizemos — ele da de ombros

— O acordo já era você furou comigo! — bato o pé, decidida.

— É isso ou ficar sem computador — ele sorri de modo arrogante

— Você esta sendo injusto, foi por sua culpa que ele quebrou! — minha voz sobre uma oitava

Estou tão indignada e ofendida que nem presto atenção se alguém esta olhando ou não para nossa pequena cena.

— E você concordou que para que eu arrumasse me daria algo em troca — mantem o sorriso orgulhoso

Balanço a cabeça indignada perante o olhar vitorioso e perturbado de Jake.

— Quer saber de uma coisa? Pode ficar com o notebook, prefiro gastar todas minhas economias em outro ao invés de ser obrigada a cumprir algo tão baixo. — respiro fundo prendendo a vontade de chorar — Faça bom proveito, idiota. — cuspo as palavras e saio

Não vejo seu rosto, bloqueio a imagem e saio da faculdade. Não tenho cabeça para ficar naquele lugar sabendo que Jake esta a poucos metros, ele me tratou como uma qualquer, como uma garota de programa que ele controlava com algo valioso, ele me humilhou e me sinto nojenta.

— Kendra? O que aconteceu? — Thomas pergunta entrando no meu caminho

O encaro enraivecida e seu rosto preocupado, muda para assustado.

— Foi por alguém como ele que me rejeitou? — pergunto coma voz baixa e cortante

— Do que esta falando? — ele franze o cenho confuso

— Foi por alguém nojento como Jake que você me dispensou? — pergunto sentindo um bolo se formar na minha garganta

— O que ele fez com você — pergunta segurando meu rosto entre as mãos

— Ele me humilhou! Ele pisou em cima do meu orgulho e sorriu enquanto fazia! — digo tentando conter as lagrimas.

— Puxa vida loirinha eu sinto muito — ele lamenta me puxando para si

Seu abraço é reconfortante e queria muito me agarrar nele mais não vou fazer isso, não vou me consolar com ele. Me afasto bruscamente algumas lagrimas já escaparam, Thomas me encara sem entender e eu passo por ele o mais rápido que posso, sem rumo sem saber o que fazer ou sentir.

— Ursinha? Aconteceu alguma coisa?

Nina, minha outra metade, minha amiga, minha protetora o amor que move minha vida, tudo que torna o ar que eu respiro aceitável, minha irmã, minha família. Abraço ela sem saber por qual dos motivos eu estou chorando, só sei que ela é a solução.

— Eu vou mata-lo! — Nina diz com os olhos faiscando

— Você não pode fazer isso — sorrio bebendo um gole do meu café

— Claro que posso! Vivemos como foragidas depois e viajamos o mundo. — ela sorri confiante

Apenas nego com a cabeça e mordo um pedaço do meu bolinho, depois de encontrar Nina na faculdade soube que ela foi pegar a chave do carro que eu peguei sem querer, depois de chorar horrores ela me trousse apara a cafeteria e eu contei a ela o que aconteceu.

— Agora, francamente Ursinha! Três caras! — exclama indignada

— Pode reduzir para um — suspiro me encostando na cadeira — O único que presta é o Henry.

— Aquele que você mentiu a noite toda? Você vomitou todo o jantar quando chegou em casa! — bufa irritada

— Foi o primeiro encontro, vamos nos conhecer melhor — retruco um pouco perdida.

— Não acho que esse Henry é uma boa ideia — minha irmã nega com a cabeça

— Por causa de um jantar ruim? — estrei o s olhos — Isso acontece o tempo todo! — sorrio

— Porque você não viu problema em mentir descaradamente para ele! — Nina retruca — Não da pra querer iniciar qualquer coisa a base de mentiras, você sabe bem disso — me encara com uma careta de reprovação.

Faz todo o sentido é claro, mas se eu não tivesse contado aquelas mentiras o encontro teria acabado e eu só tive que mentir porque estava aérea demais para me focar que aquilo era importante.

— Posso tentar sair com ele mais uma vez e vejo no que da — dou de ombros

— E quer continuar saindo com Henry chateada com a rejeição de Thomas e atração pelo Jake? — pergunta cruzando os braços

— Primeiro que eu não sinto nada pelo Jake que não seja desprezo e se você fosse rejeitada ia ficar um tantinho chateada — retruco irritada

— Pelo amor ate eu sinto atração por aquele cara! Ele é lindo de morrer! — ela ergue as mãos de forma dramática — Só acho que deveria ver o que realmente importa na sua vida, nessa brincadeira você perdeu um dia de aula e esta se afastando do real motivo de estar aqui. — diz seria

Suspiro e me apoio na mesa, Nina tem razão mais uma vez, estou aqui para estudar e os estudos tem sido minha última prioridade. Trabalhamos duro para pagar esta faculdade e por dois anos vivemos com as caras enfiadas em livros e trabalhos sem tempo para mais nada, estar na Western Washinton é a realização do meu sonho e estou afundando este sonho como o maldito iceberg do Titanic.

— Você sabe que estou certa — Nina cantarola

— Sei que você esta me enchendo — retruco com um pequeno sorriso

— Nem parece que você saiu primeiro é evidente que sou bem mais sabia — Nina alfineta com um sorriso zombeteiro

— Você não sabe do que esta falando — mostro a língua para ela

— No orfanato eu era bem mais inteligente que você — ela gargalha

— Não era nada! A Brandy que era a mais inteligente — digo rindo

— Argh, aquela menina era um pesadelo — Nina faz uma careta.

— Ela era legal comigo — dou de ombros

— Só porque você ganhava mais pudim na cantina — minha irmã suspira nostálgica — Mesmo com a mesma cara a Sra Queens não liberava pudim a mais para mim — diz com uma careta ofendida

— Eu sempre fui a mais graciosa — aproveito para me gabar

— Você era uma boa mentirosa e uma ladra — aponta o dedo

— Nós duas fomos ladras — abaixo o tom de voz — Não se esqueça quem roubou o cofre da rainha da Inglaterra — zombo

—  Aquilo foi a muito tempo — ela dispensa meu comentário

— Quantos anos tínhamos? — franzo o cenho tentando me lembrar

— Acho que 14 — Nina responde pensativa

— Ate que éramos boas — suspiro tristemente

— Claro que sim! Somos uma dupla imbatível — minha irmã sorri orgulhosa

— Acha que ainda nos procuram? — pergunto com receio

— Com certeza sim, Teddy não se conformaria ficar sem as melhores funcionarias — Nina sorri.

— Você sente falta? — a encaro com atenção

— O que? De ser foragida pela policia e correr risco de morte toda noite? — pergunta em um tom sarcástico — É obvio que não! — nega veemente

— Estou falando da adrenalina sua boba, às vezes isso aqui soa tão pacato — indico ao redor.

— Gosto desta calmaria e acho que deveria gostar também — Nina franze o cenho

— Bem, de qualquer jeito foi a muito tempo — dou de ombros com um longo suspiro

Nina e eu ficamos em silencio refletindo sobre aquela época, durou pouco mais foi o suficiente para nos deixar espertas sobre tudo ao nosso redor.

— Você tem vontade de voltar? — Nina quebra o silêncio

— O que? Não! — nego rapidamente com um pequeno sorriso incrédulo — Aqueles anos foram terríveis! — digo com uma careta

— Você bem que gostou de roubar a rainha — Nina desdenha

— Acho que as vezes eu mantenho isso tão dentro de mim que esqueço desta parte da minha vida — suspiro

— Não é algo legal de se lembrar — ela me oferece um sorriso terno.

— Sinto falta da grana fácil — digo bebendo um gole do café

— Chama se esgueirar por esgotos de fácil? — Nina pergunta ofendida

— Tivemos que mergulhar uma vez — digo fazendo uma careta só de lembrar

— Eca! É verdade! Tomei tanto banho e me esfreguei tanto que quase arranquei minha pele — ela ri

Acabo rindo com ela e voltamos a comer.

— Vou levar você naquele restaurante caro qualquer dia — digo me lembrando do assunto anterior

— Se fizer isso arranco seus olhos — ela me encara ameaçadora

— O Rubens sabe que você não gosta de frutos do mar? — franzo o cenho

— Nosso relacionamento é mais sobre cama do que sobre conversas — responde dando de ombros

— Ele não quis conversar ou você se esquivou das perguntas? — estreito os olhos, desconfiada.

— Digamos que um pouco dos dois — ela diz com um bico desgostoso

— E você ainda quer dar pitaco na minha vida amorosa — zombo

— Bem, eu não estou gostando de três caras — ela retruca com um sorriso vitorioso

— Eu não gosto deles! — retruco ofendida

— E de qual você gosta então? — arqueia as sobrancelhas

— Eu não os conheço para gostar de nenhum — dou de ombros

— Você está certa — ela assente pensativa

— O que foi? — pergunto insegura

— Você poderia tentar...

— Não! — a interrompi antes que comece — Não quero complicar minha vida mais do que ela já é, vou focar nos estudos e nada mais importa. — decreto com um sorriso confiante

— Aposto cem dólares que você vai se apaixonar pelo Jake — minha irmã sorri maliciosa

— Não vamos apostar minha vida amorosa! — reclamo ofendida

— Duzentos! — seus olhos faíscam

— Aposto trezentos que nada disso acontece! — aceito a aposta

— Se você se apaixonar por ele até o natal eu ganho, se não se apaixonar você ganha — ela sorri estendendo a mão.

— O natal é daqui quatro meses — sorrio animada

— E vão se declarar antes disso — arqueia as sobrancelhas

— Você vai perder — digo apertando sua mão

— Não vou não — diz passando a língua pelos lábios

E então, na lanchonete na rua 5, fechamos uma aposta insana na minha conturbada vida amorosa.

Postagens todas as terças, igual antes, sem falta agora gente. Prometo hehe

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