A cabana
Conforme os passos pesados soavam, as folhas se quebravam a cada esmagada firme, a terra úmida impedia com que a carne firme fosse ferida pelas pedras escondidas como armadilhas da natureza.
Os olhos assustados voltavam ao redor em busca de qualquer criatura, precisava se esconder urgente, notava pelo céu -antes escuro- que havia nascido a enorme lâmpada que iluminava aquele teto preto, mostrando a si novas cores que não conhecia, porém, também sabia que quanto mais claro, pior seria, pois mais pessoas, criaturas e objetos poderiam vê-lo.
Ao voltar sua vista a montanha no qual tanto se forçou e esforçou para subir, notou que não faltava tanto, estava quase em seu topo, no qual via uma massa estranha e gasosa do outro lado da mesma.
Estava curioso, queria saber de onde vinha aquela coisa.
Com a face travada em pânico, continuou seus passos, finalmente, conseguia ver o que tanto almejava.
Do outro lado da montanha, uma nova planície surgia, porém a encosta de uma nova montanha, maior do que a que havia subido, havia uma espécie de "cela", composta por cores mais quentes do que a sua, ainda assim, era escurinha e parecia segura, parecia confortável.
Com um aconchego no coração, continuou o caminho para descer a montanha, subindo a próxima colina para enfim, se ver naquela bela planície.
Talvez se não fosse uma criatura presa em laboratório por quase toda a sua vida, saberia que poderia ter contornado as colunas e a montanha, porém não pensou muito e apenas seguiu por onde seus olhos manteriam a vista da cabana.
A cada novo passo, via novas "criaturinhas minúsculas" cobrindo todo o chão, aquelas criaturinhas pontudas também eram esmagadas pelos seus pés, mas não se via mal por elas, já que ao esmaga-las, não sangravam e nem gritavam, talvez apenas os humanos e outros animais fossem escandalosos ou sensíveis demais.
Sem pensar além, invadiu aquela bela "cela", a porta deveria estar trancada, porém como não tinha noção alguma de força, acabou quebrando a fechadura em um empurrão, abrindo a porta sem dificuldade alguma.
Com o olhar curioso, se aproximou do centro daquela pequena cela escura e confortável, finalmente, teria um novo lugar para ficar até o "teto" escurecer novamente.
O SCP 096 finalmente pôde relaxar, se encolhendo sentado no canto mais escuro possível daquela cela, no qual ainda não sabia que se tratava de uma cabana simples e que, inclusive, havia um dono.
Enquanto na pequena cabana, o monstro disfarçado finalmente descansava, no campo de abóboras no extremo oposto da montanha, havia um rapaz de fios tão ruivos quanto o próprio fruto no qual colhia com tanto carinho.
Com um sorriso nós lábios, o rapaz enchia seu precioso carrinho artesanal de madeira com a sua alimentação para pelo menos uma semana.
Podia dizer que nunca se enjoaria de comer as suas preciosas abóboras.
Seus passos para a sua cabana foram lentos devido ao peso que carregava e ao caminho, o qual sempre era complicado e chatinho de seguir.
Estava tão preocupado em não deixar nenhum fruto cair, que não notou que conforme se aproximava da cabana, ela estava de uma forma diferente da qual havia deixado ao sair.
A porta aberta, o piso sujo, a grade arrebentada, como não havia percebido? Só notou quando deixou o carrinho em frente aos degraus que subiria, vendo marcas grandes de pegadas, parecia um pé quase 45, bem grande, mas ainda assim, sabia que era humano.
Lama sujava seu chão, se empenhava tanto para não sujar seu precioso chão de madeira, para um estranho sujar tudo dessa forma!?
Com um olhar assustado, olhou para a certa, ela estava de fato arrebentada e não parecia ser obra de um animal selvagem.
A sua porta estava arreganhada. Pelos céus! Como não havia notado isso antes? Era tão nítido, mas esteve tão preocupado com o que poderia acontecer com as abóboras, sequer havia percebido como estava seu terreno.
Engolindo o seco, o ruivo entrou em sua cabana, pisando quase de forma silenciosa, olhando ao redor de forma extremamente cuidadosa, quando ouviu um grunido, baixo e parecia triste, talvez, estivesse até mesmo ferido.
O homem sentado ao canto de sua sala, parecia ser alto pelo seu tamanho, já que, ainda que estivesse sentado, sua altura era a mesma do sofá simples e esfarrapado.
Também parecia passar fome, já que era extremamente magricelo e desnutrido, podendo ver os relevos dos ossos de forma quase completamente nítida.
Seus olhos também possuíam uma cova profunda, uma olheira negra que provava o tempo que não dormia, sem contar seus pés podres de lama e grama, suas mãos sujas com pétalas de flores pequenas e terra.
Não sabia se ficava preocupado ou assustado. Aquele homem podia estar deplorável, mas havia invadido sua querida cabaninha.
Porém o que mais lhe pegou desprevenido, era o cheiro forte que dele exalava, como se enxofre e sangue se encontrasse, ele definitivamente precisava de um bom banho.
— S-senhor?
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