27 - Cinema e Lingeries

*Mídia do capítulo:
Lose Control -
Meduza, Becky Hill


Você viu quando Melina pulou do helicóptero para salvar a irmã? Foi demais! Melina é foda. -Exclamo animada ao mesmo tempo em que passeamos pelo shopping de mãos dadas.

Angel não para de dar risada do meu entusiasmo e agora seu braço descansa tranquilo sobre os meus ombros. Me sinto como em um daqueles filmes clichês americanos e sorrio com a ideia.

Eu precisava disso. Precisava me distrair, colocar a mente em pausa e pensar só no momento, sem me preocupar com o futuro e Angel pareceu perceber exatamente isso.

Paramos em um dos quiosques que ficam no meio do corredor entre as lojas e peço um cappuccino para mim.

Angel opta por um café puro e nos sentamos lado a lado em um dos sofás confortáveis.

— Obrigada por me trazer ao cinema, anjinho. -Bebo um pouco do líquido mais delicioso da face da terra e seus lábios se curvam em um sorriso por trás da xícara de café.

— Se eu soubesse que gostava tanto de filmes de ação, teria te trazido antes. -Segura minha mão livre e enrosco meus dedos nos seus.

— Na verdade eu nem sou tão fã assim, mas esse estava bom demais. -Comento distraída com seu toque sobre minha pele e ele meneia a cabeça.

Depois de terminar nossas bebidas, continuamos o passeio como um casal qualquer.

Entramos em várias lojas, olhamos diferentes produtos e depois saímos sem comprar absolutamente nada.

Passamos quase duas horas entre idas e vindas, até que avisto uma filial da Victoria's Secret e praticamente arrasto o garoto para dentro.

Faz um bom tempo que não compro nenhuma lingerie nova e essa é a oportunidade perfeita.

Perambulamos entre as araras carregadas de peças de renda e passo o dedo em cada uma.

Não sei o que quero. São tantas opções, um conjunto mais bonito que o outro, que acabo ficando zonza em meio à infinidade de tecidos e renda.

— Tenho certeza que qualquer um ficará lindo nesse seu corpo delicioso, mas o mais interessante será a hora de tirá-los. -Angel sussurra no meu ouvido e sinto minhas bochechas queimarem de vergonha.

— Angel! -Repreendo e ele sorri com falsa inocência.

— O que? Só estou dizendo a verdade.

Nego com a cabeça e ele me abraça apertado, beijando minha bochecha e disfarçando uma risadinha safada.

A garota que está me atendendo, faz de conta que não escutou nada e segue mostrando vários modelos com uma expressão entediada no rosto.

Todos são perfeitos, porém nenhum me convence e estou quase desistindo da compra, quando avisto um conjunto em um dos manequins quase escondidos no fundo da loja.
Me aproximo até a enorme escultura de acrílico coberta por um tecido aveludado e cruzo os braços observando cada detalhe da peça que o veste de maneira perfeita.

O conjunto consta de uma calcinha minúscula de renda, um sutiã do mesmo material com pequenas flores bordadas e uma cinta liga com os mesmos detalhes, tudo em um tom bordô que me deixa sem ar.

Olho para os lados e percebo que Angel está distraído com o celular então chamo a atendente e aponto para o manequim na minha frente.

— Você tem esse conjunto em tamanho médio? -Pergunto quase em um sussurro e ela balança a cabeça positivamente. — Perfeito, quero esse então. -Declaro sem dizer mais nada e volto para o lado de Angel que segura minha mão sem tirar os olhos do aparelho telefônico.

Ele franze o cenho e resmunga algo para si mesmo, me deixando curiosa.

— Está tudo bem, anjinho? -Questiono e ouço um suspiro pesado antes de guardar o celular no bolso.

— Sim, é só que vamos ter que ir embora mais cedo. Acabaram de me dizer que preciso estar na academia em uma hora, para assinar o contrato da luta com Kevin. Pelo que entendi, o advogado viajará amanhã e temos que assinar hoje mesmo, para não dar nenhum problema. -Pragueja aborrecido.

— Não precisa se preocupar, gato, eu já escolhi o que quero de todas formas, só preciso ir até o caixa e pagar. -Ele concorda em silêncio e caminhamos até parar na frente de um enorme balcão com um computador e alguns enfeites caros.

Uma mulher extremamente bem arrumada nos recebe com um olhar torto e suas unhas golpeiam as teclas do teclado produzindo um som irritante. Ela encontra o meu pedido rapidamente e levanta uma sobrancelha com um desdém que começa a me tirar do sério.

— O conjunto fica em trezentos e cinquenta, parcelamos em até dez vezes sem juros. -Diz com a voz anasalada e um sorriso prepotente, e observo-a com a sobrancelha levantada antes de procurar minha carteira dentro da bolsa me segurando para não mandá-la à merda.

— Aqui, vou pagar à vista. -Escuto a voz de Angel e levanto a cabeça imediatamente, bem a tempo de vê-lo entregando seu cartão para a mulher.

— O que pensa que está fazendo? -Interrogo surpreendida.

Ele sorri, sapeca e coloca sua mão sobre a minha, me impedindo de continuar fuçando na minha bolsa.

— Te comprando um presente, amor. -Explica enquanto digita a senha na máquina e a devolve para a mulher.

Ela tira a nota fiscal, joga de qualquer jeito dentro da sacola com a compra e me entrega tudo sem dizer absolutamente nada. Se tem uma coisa que me irrita, são essas atendentes que pensam que são melhores que os clientes, mas hoje não vou permitir que seu mau humor estrague meu dia. Me viro para Angel e seguro seu queixo com delicadeza.

— Não precisava, anjinho... mas obrigada. -Beijo rapidamente seus lábios e ele agradece as garotas antes de sairmos da loja.

O estacionamento está do outro lado do Shopping, então cruzamos o enorme corredor a passos lentos, tentando atrasar o máximo possível nossa saída. O dia de hoje foi tão bom, que já quero repeti-lo.

Conversamos sobre vários assuntos aleatórios durante todo o caminho e Angel faz questão de enfatizar que quer me ver experimentando o conjunto ainda hoje, pelo que solto uma gargalhada sonora.

— Você não presta. -Sussurro no seu ouvido e ele me aperta contra o seu corpo, beijando meu pescoço.

— Não sabe como estou me controlando para não ficar duro só de imaginar você vestida com o presente. -Rebate e engulo seco.

— Vamos acabar sendo expulsos por atentado ao pudor, garoto.

Dou um tapa de leve no seu ombro e agora quem cai na risada é ele.

Damos mais alguns passos rindo da nossa piada interna e aproveitando o clima ameno graças aos milhares de ar-condicionados que funcionam o dia inteiro.

Hoje está tão quente que o lugar está lotado. Todos tiveram a mesma ideia para escapar do calor infernal, pelo visto.

Makenna Anne Blair. -Uma voz que conheço muito bem rosna atrás de nós e paraliso no mesmo instante.

Mas que merda é essa?

Angel olha para os lados procurando quem está me chamando, no entanto, seguro sua mão e nos forço a continuar andando.

— Não pense que vai escapar de mim, mocinha. Precisamos conversar. -A mulher insiste e meu coração acelera dentro do peito.

Como diabos minha mãe me achou nesse shopping, dentre tantos que existem nessa droga de cidade?

— Kenny, o que está acontecendo? Por que está andando rápido desse jeito? -Angel questiona preocupado. Não consigo respondê-lo no momento, o único que penso é em escapar daqui.

— Makenna já chega! -Theresa Blair aparece na minha frente e freio derrapando para não colidir com ela.

— Não tenho nada para falar com você. -Refuto enraivecida e ela faz uma careta surpresa e furiosa ao mesmo tempo.

— Ah, mas você vai conversar sim. -Segura meu braço cravando suas unhas pontiagudas na minha pele, me puxando para si.

Angel imediatamente se coloca entre nós duas e ela o observa de cima a baixo com desgosto.

— Quem diabos você pensa que é, garoto? -Pergunta ríspida e minha vontade é de desaparecer.

— Sou seu namorado e não vou deixar que a trate desse jeito. -Grunhe e minha mãe sorri incrédula.

— Namorado? Isso é sério, Makenna? Porque até onde eu sabia você estava compro... -Começa e arregalo os olhos apreensiva.

— Quer saber, se quer mesmo conversar comigo, tudo bem. -Digo com os dentes cerrados e ela franze o cenho desconfiada. — Angel, me espera no estacionamento, por favor? -Peço com as mãos trêmulas e ele alterna o olhar de mim para minha mãe que não perde um movimento sequer do garoto.

— Tem certeza, Kenny? -Insiste e confirmo com um movimento de cabeça. — Okay... qualquer coisa me liga, está bem? -Beija meu rosto e se afasta a contragosto.

Espero que ele esteja distante o suficiente para não nos escutar e quando ele desaparece da nossa vista, cruzo os braços lançando um olhar furioso na direção da minha mãe.

— Qual é o seu problema? Já não basta me infernizar pelo celular, agora tem que me perseguir também? -Reclamo alterada e por alguns segundos ela me observa em silêncio, antes de finalmente começar a falar.

— Eu precisei chegar a esse ponto para conseguir ter contato com a minha própria filha! Você não atende minhas ligações e não responde minhas mensagens, a única saída foi te vigiar. -Confessa sem nenhum pingo de vergonha na cara.

— Você está me vigiando? Que merda é essa?

— Sim, Makenna, tenho o direito de velar pelo bem da minha família e por mais que esteja nessa etapa de rebeldia, ainda assim me preocupo com você.

— Qual é, mãe, vocês nunca se preocuparam comigo realmente, não deboche da minha inteligência. -Por fora posso até parecer calma, mas por dentro a situação é completamente diferente. Meu sangue está fervendo nas veias e minha vontade é de socar a cara de alguém.

— Acredite no que quiser, filha. Enfim, eu vim aqui, porque você precisa parar com essa pirraça. Os Brennan estão furiosos com sua atitude e Stefan me contou que você está trabalhando na academia de Marcus, eu sabia que ele te daria refúgio. -Esfrega na minha cara com os lábios curvados para baixo. — Faz ideia de como é vergonhoso isso, Makenna? Uma Blair tendo que limpar o suor de outras pessoas. -Completa e respiro profundamente buscando paciência em todas as divindades existentes.

— Ainda bem que eu sou uma Strong, então. Pode ficar tranquila, Theresa, que se depender de mim, ninguém jamais saberá que sou sua filha. -As palavras saem da minha boca como pequenas adagas carregadas de ódio e atingem minha mãe em cheio.

Ela leva as mãos até o peito e projeta uma careta como se tivesse levado um tapa.

— Como pode dizer isso depois de tudo o que fizemos por você? -Exclama ofendida e agora é minha vez de rir com escárnio.

— O que vocês fizeram por mim? Me usar como uma boneca, me manipular para fazer o que desejam? Porque se for isso, sinto muito lhe informar, mas não é algo que um pai ou uma mãe fariam com alguém que supostamente amam. -Cuspo sem dó e seus olhos brilham por conta das lágrimas que ela espanta tão rápido que ficam quase imperceptíveis.

— Tudo bem, se quer fazer as coisas da maneira difícil, pois que assim seja. -Manifesta e solto uma gargalhada da sua falta de noção.

— Pois saiba que não tenho medo de vocês. -Começo a me afastar, no entanto, suas palavras seguintes me deixam estagnada.

— Como é mesmo o nome do seu namoradinho? Angel? -Ameaça e me viro com nada mais do que medo no olhar.

— Não se atreva a metê-lo no meio disso ou...

— Ou o que, Makenna? O que vai fazer? -Provoca erguendo o queixo e me endireito ficando na sua altura. Não vou permitir que ela me intimide, não mais.

— Ou jamais vou perdoá-los. -Respondo com a voz embargada e ao contrário de minutos atrás, ela me observa neutra, sem nenhum sentimento.

— Como você mesma disse, não me importo com isso. O que me interessa no momento, é que nossa empresa não caia em mãos de alguma caça-fortunas, e farei de tudo para que isso não aconteça. -Afirma e algumas lágrimas escorrem pela minha bochecha, banhando meu rosto no meio de um shopping lotado.

Alguns curiosos até pararam para escutar nossa conversa, o que aumenta ainda mais minha vergonha e raiva.

— Como pode ser tão egoísta? -Sussurro com tristeza.

— A única egoísta aqui é você, filha. Só pensa em si mesma e esquece que detrás do seu sobrenome existe uma dinastia por manter.

Não consigo dizer nada. Não reconheço a mulher parada na minha frente. A mulher que costumava me cantar músicas de ninar quando eu ficava com medo do escuro, ou que alguma vez segurou firme minha mão com carinho em algum passeio.

Será que ela realmente existiu? Ou será que tudo isso foi parte da minha imaginação infantil em uma tentativa de projetar nela a mãe que eu queria que ela fosse.

De todas formas, essa pessoa já não existe mais.

Assim como a criança ingênua e desesperada por atenção que algum dia eu fui.

— Se você chegar perto de Angel, se tocar em um fio de cabelo dele ou sequer se atrever a dizer seu nome outra vez, eu vou fazer da vida de vocês um inferno. -Ralho com convicção e por alguns segundos ela me olha amedrontada, contudo, sei o quão ruim ela pode chegar a ser.

Sem esperar por uma resposta, me viro e saio de perto dela o mais rápido que posso.

Quando percebo, estou correndo, desviando das pessoas com lágrimas nos olhos, parando apenas no momento em que estou na frente de Angel.

Ele me lança um olhar preocupado e ao vê-lo, imediatamente começo a chorar outra vez e abraço o seu corpo em busca de refúgio.

Amor, o que houve? Quem era aquela mulher? -Segura meu rosto me beijando suavemente.

Aquela maldita, era minha mãe. 


NOTA DO AUTOR

Olarrrrr meus amores, demorei, mas postei!
Tive uns probleminhas técnicos, mas no final das contas consegui cumprir o que prometi kkkkkkkk 

Já sabem, titia BF nunca falha. 

Espero que tenham gostado do capítulo, não se esqueçam de 
votar e comentar, viu! 
Nos vemos segunda feira! Tenham um ótimo restinho de final de semana.

Amo vcs, 🥰

Bjinhosssss BF ❤️

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top