16 - Conversas e Surpresas
*Mídia do capítulo:
Oasis - Sam Smith,
Burna Boy
— Não esqueça de esquivar, Cross! Já quase apanhou umas três vezes hoje! -Marcus grita estressado e respondo com um movimento da cabeça.
Faltam apenas cinco dias para a luta e tudo o que sinto é uma mistura de ansiedade, nervosismo e medo.
Não medo de apanhar, e sim de perder.
É minha primeira luta profissional e não quero estragar tudo.
Treinei duro para chegar até aqui e a última coisa que desejo é desapontar meu treinador que só falta arrancar meu couro todos os dias, ainda mais quando me distraio pensando em certa pessoa.
Sei que devo focar em não errar, em dar o meu melhor e estou fazendo exatamente isso, no entanto, não consigo tirar Makenna da cabeça.
Tentei de todas formas não pressioná-la e acabei me ferrando, já que de uma forma ou de outra acabamos nos afastando durante esses dias e me arrependo enormemente.
Hoje ela volta ao trabalho e estou ansioso por vê-la. Preciso conversar com ela, colocar as cartas sobre a mesa.
Se tem uma coisa que aprendi de Ayden e Lily, é que a falta de comunicação pode chegar a afetar e muito a relação de duas pessoas.
Não quero cometer os mesmos erros que eles e para ser bem sincero, odeio que escondam coisas ou mintam para mim.
Já tive suficiente disso com meu pai.
— Qual é Angel! Assim você não vai passar do primeiro round! -Sou repreendido outra vez e balanço a cabeça mandando pra longe a imagem da garota que insiste em invadir meus pensamentos.
Parto para cima do garoto que está treinando comigo, e executo os golpes que combinei com Marcus.
Evan observa tudo ao lado do treinador e faz questão de sorrir a cada erro que cometo.
Ele e eu estamos proibidos de lutar juntos por conta do que aconteceu da última vez, entretanto, isso não o impede de assistir. Idiota.
Aproveito para imaginar que é seu rosto o que está recebendo meus socos e até me sinto eufórico quando o pobre garoto cambaleia com o impacto.
— Muito bem! Agora quero ver seus chutes! -Faço o que me pedem e me sinto em casa. Chutes são minha especialidade, então é como se estivesse em um parque de diversões. Em questão de segundos meu oponente começa a receber chutes e joelhadas, esquivando os golpes com certa dificuldade à medida que eu parto para cima.
Ele é muito bom, quase um veterano, no entanto, sua especialidade são os socos então percebo que ele fica meio perdido quando se trata de ataque com os membros inferiores.
— Muito bem, descansem! - Um grito ressoa depois de alguns minutos. Estou exausto, mas mesmo assim quero continuar. Preciso melhorar, saber cada passo a ser dado, realizar cada golpe com precisão, preciso...
Ser perfeito nessa luta.
Aproveitamos para beber água e usar o banheiro durante o tempo de descanso. A academia está lotada, mas graças ao fato de que o treinador é o dono, temos o tatame e equipamentos à nossa disposição.
Apesar de parecer bem concentrado no treino, minha cabeça está nas nuvens, até que em um piscar de olhos voltamos ao treino e acabo tão cansado que seria capaz de dormir aqui mesmo no banco que estou sentado.
Marcus pode até tentar disfarçar, mas ele está nervoso. Posso sentir que uma pequena parte dele está preocupada em que eu talvez possa chegar a perder essa luta, no entanto, vou mostrar a ele e a todos que sou muito capaz não só de ganhar, mas de fazê-lo com maestria.
Engulo quase um litro da bebida isotônica e cheia de suplementos minerais para repor minhas energias enquanto espero o tempo passar. Se eu for embora agora, só encontrarei Makenna quando ela chegar em casa e não quero mais esperar. Preciso dela de volta.
— Amanhã quero você às seis aqui, Cross. Tenho que te mostrar alguns movimentos do seu oponente para que vá se adaptando. -Marcus ordena parando bem na minha frente.
— A essa hora estarei aqui, treinador. -Respondo com um sorriso confiante e ele balança a cabeça antes de sentar do meu lado respirando profundamente.
— Eu sei que é sua primeira luta como profissional Angel e tenho certeza que você dará tudo de si. -Começa e prendo a respiração.
— Eu confio no seu potencial, Angel, sei que é um ótimo lutador e que treinou duro para chegar até aqui, no entanto, não se pressione. Se você por um acaso perder a luta, quero que saiba que eu não ficarei chateado. -Continua, porém levanto minha mão interrompendo-o.
— Eu não vou perder, Marcus. Como você mesmo disse, trabalhei duro e pode ter certeza que vou fazer o meu melhor no octógono. Eu devo isso a você. -Por uma fração de segundos, seus olhos brilham orgulhosos, como se ele estivesse a ponto de chorar e sinto um misto de felicidade e temor por isso.
Fico feliz por saber que ele me valoriza a ponto de se sensibilizar com meu discurso, e temor por talvez não conseguir cumprir o que acabo de prometer, no entanto, mantenho minha pose firme. É o mínimo que posso fazer pela primeira pessoa que acreditou em mim.
— Sei que vai arrebentar, garoto, afinal, você está treinando com o melhor. -Brinca e sorrimos confiantes.
Às vezes Marcus me trata como se fosse seu próprio filho, me lembrando que eu jamais tive um pai, porém não sou idiota a ponto de desaproveitar esse carinho que desenvolvemos através dos meses de convivência, pelo que o respeito como uma figura paterna.
E como dois homens orgulhosos, acabamos ficando em silêncio, observando o movimento de pessoas entrando e saindo da academia, cada um imerso nos próprios pensamentos, até que uma voz que conheço muito bem praticamente grita meu nome atraindo a atenção de vários olhares ao nosso redor.
— Olha só quem eu encontrei aqui! Meu treinador preferido que resolveu não aparecer na aula... -Mia exclama se aproximando a passos lentos vestida com seu uniforme de treino que consiste em uma legging bem apertada e um top que mostra mais do que tampa.
— Olá Mia, como está? -Me levanto e cumprimento-a com um beijo na bochecha como sempre sob o olhar atento de Marcus que continua sentado observando tudo calado.
— Estou ótima gatinho, só um pouco brava já que te esperei lá em cima para nossa aula até agora. -Um biquinho se forma no seu rosto e disfarço uma careta.
— Mia, todos os meus alunos foram avisados de que essa semana não teríamos aula. Estou treinando para uma luta e todos os horários foram realocados, não recebeu a mensagem? -Questiono com uma sobrancelha levantada. Será que Becca esqueceu de avisá-la?
A garota leva o dedo até o queixo tentando lembrar se recebeu ou não o aviso até que arregala os olhos como que uma luz se acendesse em cima da sua cabeça.
— Oh, já sei o que aconteceu. Eu troquei de número, talvez por isso não tenha recebido nada. -Explica envergonhada e suspiro resignado.
— Tudo bem, não tem problema. Antes de ir embora atualize seu telefone no cadastro para não acontecer novamente. -Recomendo e ela faz uma cara de escárnio.
O que deu nessa garota hoje?
— Ah, para quê tanta formalidade, não é mesmo? Me passa seu telefone e eu anoto meu número assim você me liga quando precisar ou... quando quiser. -Pisca um olho e respiro fundo fazendo o que ela pede.
Uma vez que ela termina de salvar seu contato no meu celular, me devolve o aparelho e guardo-o no meu bolso rezando para que algo aconteça e eu tenha uma desculpa para sair daqui.
— Quando será sua luta? -Pergunta com um enorme sorriso no rosto.
— Daqui dois dias no King's Arena. -Respondo a contragosto. De todas formas ela ficará sabendo, então nem adianta evitar.
— Não acredito! Meu pai é sócio de lá, pedirei uma entrada para ele. Não sou nem louca de perder a oportunidade de vê-lo em ação. -Bate palmas animada e coço a nuca envergonhado.
— Que... ótimo. Nos vemos lá então. Hã se me der licença eu... eu preciso ir. -Me despeço da garota que faz um muxoxo e resmunga algo que não faço nem questão de tentar entender.
Vou até a cozinha e bebo uma enorme xícara de café para ver se aguento um pouco mais sem desabar de cansaço.
Começo a desconfiar que Mia recebeu sim o comunicado porém se fez de boba apenas para ter acesso ao meu número de telefone e eu cai na sua armadilha como um patinho.
Preciso confirmar com Becca se ela enviou ou não a mensagem antes de ir embora.
Termino de beber o líquido escuro e amargo, lavo minha xícara e vou até o saguão.
Me apoio no balcão de madeira e faço um sinal para Becca que sorri amistosa ao me ver.
— Já te atendo, querido. -Pede e respondo com um sinal de positivo, porém antes mesmo que eu possa me sentar para esperá-la, Marcus aparece na minha frente com o cenho franzido.
— Podemos conversar no meu escritório, Angel? -Solicita sério e engulo seco. O que será que aconteceu? Ele estava todo sentimental há apenas alguns minutos atrás e agora parece que quer literalmente me bater.
— Claro, o que houve? -Indago sentindo um arrepio na coluna. Sim, o homem é enorme e seria capaz de me arrebentar se ele quisesse.
Ele não me responde imediatamente, então caminhamos em silêncio até entrar no seu escritório e ele faz questão de fechar a porta e apontar para uma das cadeiras bem na frente da sua mesa.
Me sento sem discutir e espero que ele comece a falar, já que realmente não faço ideia do que ele tem em mente.
— Eu quero conversar com você sobre algo que não tem nada a ver com a academia ou com os treinos, Angel. -Esclarece ainda sério. — Há alguns dias eu venho percebendo algo e gostaria de averiguar se estou correto. Quero conversar sobre você e Makenna. -Não consigo evitar sorrir por apenas escutar o seu nome e fico sério no mesmo instante ao ver a expressão assassina no rosto do homem à minha frente.
— Okay, sou todo ouvidos. -Me endireito no assento me preparando para uma possível bronca.
Durante todo o tempo em que Marcus fala, me limito a responder apenas quando é estritamente necessário. Passamos pelo menos uns vinte minutos conversando, esclarecendo coisas e aproveito para pedir algum ou outro conselho ao homem.
Quando damos a conversa por terminada, saio praticamente correndo do escritório em busca de uma pessoa que sei muito bem que já deve ter chegado.
Procuro em todos os cantos da academia e quando finalmente avisto Makenna guardando alguns aparelhos sem deixar de resmungar, me aproximo lentamente até parar a apenas alguns centímetros do seu corpo delicioso.
Fico mudo de repente, não sei o que lhe dizer, apenas quero abraçá-la apertado e beijá-la até que fiquemos sem ar, contudo, sei que seria algo muito errado já que estamos no nosso ambiente de trabalho, de modo que opto por coçar a garganta para atrair sua atenção.
Estampo um enorme sorriso no rosto que se desfaz lentamente no momento em que ela me olha de cima para baixo e se afasta com uma expressão furiosa no rosto.
O que diabos está acontecendo?
Corro até parar do seu lado e seguro seu braço em uma tentativa de fazê-la deixar de caminhar.
— Me solta agora ou vou ser obrigada a aplicar seus próprios ensinamentos contra você mesmo. -Rosna sem nem me olhar nos olhos.
— Kenny, o que... por que está me tratando desse jeito? -Viro seu corpo com cuidado colocando-a de frente para mim.
— Fala sério Angel, não me venha com esse papinho. Agora dá licença que preciso voltar a trabalhar. -Me empurra bruscamente e praticamente corre para longe de mim.
Fico tão surpreendido com sua atitude que demoro alguns segundos para reagir.
Corro novamente ficando ao seu lado, mas dessa vez quero conversar apenas com ela, sem nenhuma plateia então levanto seu corpo e coloco-a sobre o meu ombro sorrindo ao escutar seus resmungos e palavrões ao mesmo tempo em que ela desfere tapas nas minhas costas.
— Me solta agora Angel, ou eu vou gritar. -Ameaça e caio ainda mais na risada. Sei que ela odeia chamar a atenção e por isso não vai gritar.
Coloco-a no chão quando chegamos nos vestiários e tranco a porta em busca de privacidade, me aproximo lentamente com o cuidado de um predador para não assustar sua presa e seguro seu rosto com ambas mãos.
NOTA DO AUTOR
Bom dia meus amores, aqui está o capitulo novo fresquinho para vcs!
Espero que tenham gostado, não se esqueçam de votar e comentar 🤭
O que estão achando da história? Me digam aí se estão
gostando ou se está uma porcaria kkk
Okay, talvez apenas TALVEZ, tenhamos capitulo duplo hoje ou posto outro amanhã,
mas não acostumem viu!
Amo vcs, 🥰
Bjinhooossss BF❤️
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