01 - Mudanças e Recomeços

Isso não é uma boa ideia, Kenny. Eu e sua mãe já não nos levamos bem, você sabe. -Marcus esfrega o rosto cansado.

Não é para menos, já que mais uma vez estou recorrendo a ele para me salvar de alguma burrada. Só que agora a culpa não é minha.

— Eles querem que eu me case com uma pessoa que não amo, tio. Tudo por interesse. Não posso mais ficar naquela mansão e ver como eles tentam manipular minha vida para sua conveniência. -Me levanto da cadeira e começo a caminhar pelo escritório como um animal enjaulado.

Levo o dedão até a boca e mordo uma unha evidenciando meu nervosismo.

— Querida, por que não tenta conversar com eles? Dizer que você não quer nada disso. -Insiste e solto uma risada incrédula.

Tio Marcus já foi mais inteligente.

— Se isso funcionasse, eu não estaria aqui nesse momento. -Debocho e ele nega suspirando.

Ficamos em um silêncio desconfortável, o homem na minha frente provavelmente tentando entender o que ele fez para merecer isso, e eu pensando na merda que é minha vida.

Quando já estou começando a ficar desesperada e aflita, ele finalmente resolve falar algo.

— Com uma condição. -Solta com cara de que já está se arrependendo dessa decisão.

Um enorme sorriso se forma no meu rosto. Aceito qualquer coisa se isso significar que vou ficar longe da minha família.

— Você terá que trabalhar aqui na academia e em troca te deixarei morar em um dos meus apartamentos. -Completa e balanço a cabeça como um cachorrinho. — Só tem um pequeno problema. -Continua coçando a nuca, um péssimo sinal.

— O que é, tem ratos no ap? Porque se tiver é só a gente arranjar um gato. -Brinco.

— Não tem nenhum rato Kenny, mas tem um aspirante a lutador. -Revela e engulo seco.

Não sei o que responder. Por um lado estou desesperada por sair de casa, mas por outro lado não sei se deveria compartilhar um apartamento com um desconhecido.

Pondero as vantagens e desvantagens da oferta de Marcus.

O problema do dinheiro seria resolvido com o trabalho na academia e não teria que pagar aluguel. Talvez o seu outro inquilino não seja um idiota. Ou talvez sim.

Argh. O que eu faço? Me arrisco ou volto para casa e aguento as investidas tanto dos Blair quanto dos Brennan?

— Demore o quanto quiser para decidir querida, afinal de contas não tenho uma academia que administrar. -A voz grossa me traz de volta à realidade.

— Tudo bem, aceito. Mas você terá que me pagar um salário. -Proponho e ele sorri incrédulo.

— Você definitivamente é uma Blair. Tudo bem Makenna, te pagarei um salário. Porém enquanto estiver trabalhando, não te tratarei como minha sobrinha e sim como a qualquer funcionário.

Balanço a cabeça outra vez.

— Sem problemas. Irei até a mansão para pegar algumas roupas e volto para que me leve até o apartamento. -Explico já caminhando até a porta.

Marcus não diz nada, apenas esfrega a fronte pela décima vez seguida.

Aproveito a deixa para escapar dali antes que ele se arrependa e um frio na barriga me invade.

Minha vida está prestes a mudar e me sinto extremamente ansiosa e desejosa pelo que está por vir.

Makenna Blair finalmente está sendo responsável pelo seu próprio destino.

Dirijo pela cidade sem pressa, adiando o máximo que posso a chegada até a mansão Blair.

Não anseio mais brigas, na verdade seria perfeito se encontrasse a casa vazia.

O que obviamente é impossível.

Respiro fundo ao avistar os enormes portões dourados da entrada que se abrem no instante em que avistam meu carro se aproximando.

Estaciono perto da porta deixando o carro ligado. Não quero perder tempo.

Corro até meu quarto no segundo andar e pego algumas malas e bolsas de viagem para pôr todas as roupas e sapatos que puder.

Pego meus documentos e coloco em uma mochila assim como meu estojo de maquiagens e alguns bibelôs.

Milagrosamente ninguém aparece enquanto guardo tudo a todo vapor.

Naquele instante sequer me importo, mas eu deveria ter percebido que isso não era um bom sinal, já que quando estou quase chegando na porta de entrada, duas figuras aparecem na minha frente me impedindo de sair.

— Onde acha que vai garota? -Papai inquire com a voz séria.

— Estou indo morar com Marcus. Agora se me der licença, preciso guardar minhas coisas. -Replico simplista. Por fora posso parecer extremamente calma, mas por dentro estou fervilhando, a adrenalina percorrendo minhas veias como um combustível prestes a explodir.

— Te proíbo de sair dessa casa Makenna Anne Blair! -Dessa vez é mamãe quem grita alterada.

Theresa Blair raramente grita, segundo ela, é descortês e deselegante. Escutar sua voz subindo algumas oitavas é sinal de que ela está brava. Muito brava.

— Já sou maior de idade mamãe. Vocês não podem me proibir de morar onde eu bem entender. -Encaro a mulher que apesar dos pesares era a única pessoa que eu admirava nesse mundo de cobras.

— Se passar por aquela porta, esqueça suas regalias, cartão de crédito e todas as comodidades que te damos. -Hector Blair rosna como se isso fosse me deter.

— Não preciso do seu dinheiro. -Exclamo apertando os dedos na palma da mão, sentindo minhas unhas perfurando a pele lentamente.

Eles realmente pensam que não sou capaz de viver sem seu dinheiro nojento?

— Tudo bem Hector, deixe-a ir. Quando ela perceber que a vida lá fora não é um conto de fadas, voltará correndo. -As palavras ferinas me perfuram como adagas invisíveis.

— Só não espere uma recepção com fogos de artifício, querida. A partir do momento em que passar por essa porta, você está abandonando não só a mim e a seu pai, mas também o sobrenome Blair. -Completa e deixo escapar uma gargalhada incrédula com tudo o que acabo de ouvir.

— Pois para mim está perfeito. Deixar de ser uma Blair não é o pior que pode acontecer comigo. -Resmungo pegando uma mala e abrindo caminho entre as duas pessoas que algum dia ousei chamar de pais.

Os dois observam calados enquanto guardo minhas coisas no carro, que por milagre também não foi confiscado.

Uma vez que termino, saio dali sem me despedir, entretanto isso não me impede de derramar algumas lágrimas, afinal de contas, por mais malvados que possam ser, ainda assim eles me criaram à sua maneira.

Em algum momento acabo parando em um semáforo e dou alguns tapas no volante buzinando sem querer e assustando alguns pedestres.

— Droga! Droga! Droga! -Choramingo entristecida. As pessoas do lado de fora devem pensar que sou alguma maluca.

Ainda mais quando começo a sorrir e chorar ao mesmo tempo.

Às vezes para ser livres precisamos fazer alguns sacrifícios e sair de casa, por mais que possa parecer ridículo, para mim foi uma conquista pela qual me orgulharei para o resto da vida.

Limpo as lágrimas rapidamente e sigo o endereço que meu tio mandou enquanto estava a caminho da mansão.

Chego em poucos minutos e observo o edifício à minha frente.
A arquitetura é estilo minimalista, o que me chama bastante a atenção.
Avisto Marcus parado na recepção e peço ajuda ao porteiro com as malas e tudo mais.
Subimos em silêncio até o quinto andar e tenho que confessar que o lugar é muito bonito.
O que mais me impressiona é o fato de que o apartamento está tão limpo e organizado que nem parece ter um garoto morando aqui.

Será que ele tem alguma empregada?

— Por aqui é a sala Makenna. Alí está a cozinha e no corredor, os quartos. A única coisa que peço é que não vá fazer nenhuma besteira.

Estou confiando em você, não me decepcione. -Marcus diz sério e balanço a cabeça em concordância.

— Não seria capaz de decepcionar a única pessoa que confia em mim e me ajuda. Obrigada tio. -Sussurro com os olhos marejados e pela primeira vez em muito tempo, recebo um abraço caloroso.

Tinha até esquecido como era receber esse tipo de carinho. Ficamos assim por alguns segundos até que começo a ficar envergonhada com a situação.

— Hum, acho que vou... pegar um copo de água, é isso. Quer algo? -Ofereço, mas o homem recusa sem me olhar nos olhos, provavelmente tão envergonhado quanto eu com a demonstração de afeto repentina.

Suspiro profundo e vou até a cozinha com a cabeça nos ares, talvez por isso não tenha percebido o enorme garoto caminhando em minha direção, muito menos parado a tempo de literalmente bater de frente com ele.

NOTA DO AUTOR

Hellooooo amores! Demorei, mas cheguei kkk 
A demora não foi à toa. Esse capítulo seria na visão de Angel, mas ai 
resolvi mudar de ultima hora e vocês já vão entender o porquê.
Dessa forma, tive que escrever um capítulo novinho em folha, mas a parte boa é: o cap 2 já está escrito, então vou postar sexta feira sem falta  yeeeeeeeah! 

É isso, espero que tenham gostado e não se esqueçam de votar e comentar heim! 
Amo vcs, 

Bjinhooosssss BF ❤️

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