Capítulo Trinta e Quatro
Eros Stackhouse:
Quando finalmente saímos para o quintal, Rafael estava empolgado, entregando algumas coisas a Braxton e me fazendo sentar de frente para os dois. A princípio, fiquei confuso com o que eles estavam planejando, mas logo percebi que seria apenas um espectador nesse momento, e isso aumentou ainda mais minha curiosidade sobre o que estava por vir.
A cena que se desenrolava diante de mim era simultaneamente engraçada e adorável. Enquanto eles começavam a se fantasiar, não pude conter o riso, especialmente quando vi Braxton aplicando tinta em seu próprio rosto, parecendo um palhaço de circo. Aquela risada era genuína e alegre, algo que eu não me lembrava de ter experimentado em muito tempo. A presença deles, de certa forma, havia sacudido o meu mundo calmo e previsível.
Rafael apontou para mim e trocou olhares com Braxton, enquanto continuavam com a brincadeira. Eu os observava, percebendo uma coisa enquanto via esses dois juntos recentemente: a energia de um menino de cinco anos, especialmente de um vampiro, parecia inesgotável. Rafael não se cansava facilmente, e mesmo quando parecia exausto por um momento, ele logo se reerguia e continuava brincando. Sua curiosidade era insaciável, e ele investigava tudo o que encontrava, aproximando-se e fazendo perguntas. Lembrava-me das palavras da senhora Diamond sobre pais de crianças tão enérgicas indo para a "guerra" todas as manhãs. Naquela época, eu não compreendia completamente o significado de suas palavras, mas agora eu entendia muito bem.
— Eros! Hehehe. — Ouvi Rafael exclamar enquanto ele se jogava em cima de mim, rindo e rolando na grama. Desviei o olhar por um momento e, quando olhei novamente, a brincadeira deles já havia mudado.
— Hehehe! É divertido! — Rafael disse, rolando na minha direção mais uma vez e levantando-se de um salto.
Preocupado, perguntei a ele e a Braxton se estavam bem após a brincadeira intensa.
— Estou bem! — Rafael respondeu com um sorriso radiante, enquanto eu suspirava aliviado e examinava seu corpinho em busca de arranhões ou ferimentos.
Felizmente, ele estava ileso, mas suas roupas recém-vestidas estavam em desordem. Na parte da manhã, eu o vestira com uma camiseta leve e calças pretas folgadas, para facilitar sua diversão, mas agora ele estava coberto de grama, parecendo um boneco de palha.
— Campeão, você se divertiu? — Braxton perguntou, sorrindo.
— Sim! — Rafael respondeu animado.
Com cuidado, comecei a remover meticulosamente a grama das roupas dele, preocupado que ela pudesse ter atravessado o tecido.
— Enquanto você se divertiu e está bem, isso é o que importa, certo? — Falei, sorrindo para ele.
— Sim! — Rafael concordou.
Mais uma vez, trocamos olhares e rimos juntos. Rafael estava ileso e cheio de alegria, ansioso para voltar à sua brincadeira. Eu, por outro lado, sentia-me aliviado e grato por sua segurança. Tudo o que desejava era que ele crescesse saudável e feliz. Rafael movimentou as pernas, claramente impaciente com o curto período de inatividade. Sorri para ele e o soltei, permitindo que ele se movesse livremente, incapaz de resistir ao desejo incontrolável do pequeno de explorar e brincar.
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Cerca de meia hora depois, enquanto Braxton e Rafael brincavam animadamente lá fora, decidi entrar em casa para atender a ligação de Maxuel.
— Oi, Maxuel — cumprimentei.
— Quer ouvir um resumo do que passei nas últimas semanas? – ele perguntou, soltando um suspiro cansado. — Bem, posso dizer que Logan está tramando algo muito grande. Encontrei vários corpos, e a maioria deles eram feiticeiros e bruxas com fortes conexões com a magia negra. Os ingredientes que ele tem adquirido são os utilizados em feitiços extremamente poderosos.
— Parece que está sendo horrível e frustrante não ter nenhuma pista sobre o que ele está planejando — comentei, expressando solidariedade, pois sabia o quanto Maxuel estava focado nesse problema, além de lidar com outros desafios que surgiram. — Mas estou certo de que conseguirá resolver esse assunto.
— Vou dar o meu melhor, com certeza. Agora me conta, como estão as coisas aí? Robin me falou sobre o que os espíritos do colar pediram a você — Maxuel disse, enquanto Braxton aparecia na entrada da cozinha.
— Eros? — Ele chamou. — Posso falar com Maxuel por um momento?
Olhei para Braxton e estendi o celular para ele antes de sair e me dirigir ao quintal, onde Rafael brincava animado.
Não queria ouvir a conversa entre Braxton e Maxuel, que provavelmente seria sobre como eu estava agindo de forma pensativa e reticente nos últimos dias. Talvez Braxton compartilhasse sua preocupação sobre minha relutância em dividir meus pensamentos e preocupações com ele e os outros.
— Ah! Eros! — Rafael gritou de repente.
Sobressaltado pelo grito, corri na direção dele. Quando cheguei perto, parei abruptamente. Um cachorro do tamanho de um tigre estava se aproximando lentamente de Rafael, os dentes à mostra. Fiquei chocado e congelei por um instante, antes de recuperar meus sentidos e me aproximar lentamente.
— Rafael, não se mexa. Fique bem quietinho — sussurrei enquanto uma espada aparecia magicamente em minha mão.
Rafael, aturdido, caiu de bunda na grama. O cão rosnava ferozmente, os olhos fixos em nós, avançando com seus quatro pés que sustentavam seu corpo imponente.
— Fique parado — ordenei, canalizando todo o meu poder. O cachorro congelou e obedeceu quando comandei: — Sente.
O cão sentou-se obedientemente, mas continuava com uma postura ameaçadora, como se estivesse prestes a atacar a qualquer momento, lutando contra meu controle.
— Rafael — chamei suavemente. — Está tudo bem, ele não vai mais te machucar.
Olhei para o animal, que saiu do transe e, em seguida, peguei Rafael em meus braços. O cachorro, que antes latia e ameaçava morder minhas costas, agora estava quieto e parecia choramingar.
— Vocês estão bem? Alguém se machucou? — A voz urgente e preocupada de Braxton chegou até nós.
— Eros, huhuhu! — Rafael começou a chorar novamente em meus braços, um choro triste e assustado.
Segurei-o com carinho, curvando-me o máximo que pude, enquanto abria os olhos bem fechados. Nos braços, tinha uma criança pequena e preciosa, que me olhava com lágrimas nos olhos.
— Rafael, você está bem? — perguntei com gentileza. Em resposta, ele afundou ainda mais em meus braços e chorou mais alto. — Está tudo bem, você está seguro agora.
Dando leves tapinhas em suas costas, o choro de Rafael começou a diminuir gradualmente, e uma sensação de alívio se espalhou por meu corpo. Eu estava aliviado porque ele estava seguro.
Braxton prontamente tirou Rafael dos meus braços e o abraçou, acalmando-o com toques suaves nas costas.
— Melhor levá-lo para dentro e verificar se ele não se machucou muito — sugeri, olhando para o cachorro que ainda choramingava no chão. — E aproveite para chamar a Robin para dar uma olhada nisso.
— Isso é uma boa ideia, e depois pedirei a ela para examinar Rafael também — Braxton concordou, virando-se para entrar em casa. Peguei meu telefone e enviei uma mensagem para Robin, pedindo sua ajuda.
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Rafael gradualmente se acalmou, e eu pude ver que ele estava começando a se sentir melhor. Robin chegou alguns minutos depois, e enquanto ela examinava o animal, Luna estava lá para ajudar.
Nesse momento, a tensão que havia se apoderado de todo o meu corpo e mente finalmente se dissipou. Lembrei-me de que Tate e Tatiana estavam na casa e, muito provavelmente, no quarto de Jeremy, ouvindo toda a confusão do lado de fora.
Levantei o olhar e vi os três descendo as escadas, olhando na nossa direção. Jeremy tinha uma expressão que deixava claro que ele havia contado tudo o que aconteceu nos últimos tempos. Na verdade, eu não podia culpá-lo por ter feito isso.
— Bem, já que todos parecem estar a par da situação... — Robin começou, aparecendo na sala de estar e olhando para os outros. — Acho que é hora de contar tudo.
— Mãe, por favor, só nos conte — Luna pediu, surgindo ao seu lado. — Já está óbvio que eles sabem.
— Tudo bem, então. Esse cachorro é, na verdade, um cão comum que foi modificado por uma bruxa — Robin explicou. — Pelo jeito dele, seu dono o treinou para vir atrás de alguma coisa que Eros tem. No caso, o colar de Jade.
— Então o dono dele é um caçador sobrenatural? — comentei.
— Exatamente. Os caçadores geralmente se envolvem com bruxos para realizar modificações em seus objetos de interesse — Robin continuou. — Eu posso desfazer o controle que o dono exerce sobre o animal, mas isso não impedirá que outros venham atrás do mesmo objeto.
— Então precisamos pensar em como nos defender — falei, soltando um suspiro. A situação estava se tornando cada vez mais complicada, e era evidente que teríamos que nos preparar para enfrentar caçadores sobrenaturais que desejavam o colar de Jade.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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