Capítulo Sete

Eros Stackhouse:

No tranquilo espaço do restaurante, a atmosfera era surpreendentemente agradável. Durante grande parte da semana, Braxton costumava ocupar seu canto habitual com uma expressão apática e vazia, mal prestando atenção ao livro que trazia consigo. No entanto, naquele dia, suas ações destoavam da atmosfera serena que o cercava. O livro escapou-lhe das mãos e caiu no chão com um som surdo, mas Braxton permaneceu alheio, como se estivesse em outro mundo.

Apesar de sua apatia aparente, Braxton continuava atraindo olhares curiosos de muitas pessoas ao seu redor. Sua figura impecável e postura elegante eram difíceis de ignorar, e ele parecia um ponto de foco no restaurante. Era como se sua presença tivesse o poder de capturar a atenção de todos os presentes, mesmo que ele não parecesse se importar com isso.

— Defenda seu homem! — Ramona sussurrou perto do meu ouvido com um sorriso travesso.

— Meu rapaz, vai lá e mostra que ele tem dono — Judith incentivou, enquanto Bonnie, que estava à nossa frente no balcão, concordou com entusiasmo.

— Do que vocês estão falando? — Perguntei, confuso com os comentários.

— Que você gosta do Braxton — JP declarou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, causando um rubor em minhas bochechas e um lampejo de irritação.

— Já estão inventando coisas onde não tem. Apenas estamos sendo amigáveis um com o outro. — Respondi, tentando dissipar as especulações.

Abri o caderno de anotações com um pouco mais de força do que o necessário, verificando que haviam cortado minha ideia para o poema que estava escrevendo. Sentia a necessidade de sair dali o mais rápido possível, para evitar mais comentários.

— Uh, pessoal... — Comecei, com desconforto. — Sobre o Braxton, vocês sabem como ele é...

Ramona riu baixinho.

— Quem somos nós para julgar? — Ela disse com emoção na voz. — Mas, Eros, eu posso ver isso de longe, você gosta dele.

— Eros, esta é sua primeira paixão em muito tempo. Você deve dar o seu melhor para conquistar aquele gostoso com o seu charme! — Judith comentou, dando um tapinha amigável no meu ombro.

— Quando você encontrar com ele, não fique nervoso, okay? Apenas seja você mesmo, com seu jeito único. — Bonnie aconselhou. — Estaremos torcendo por você.

Revirei os olhos diante da insistência deles e, irritado, dobrei a cintura para pegar o livro que Braxton havia deixado cair. Entretanto, ele continuou imóvel, olhando fixamente para o vazio, sem fazer qualquer movimento para recuperá-lo.

Frustrado, puxei o livro de sua mão e entreguei de volta. Ele finalmente virou a cabeça ligeiramente, seus olhos me encarando intensamente.

— Já acabou o seu horário de trabalho? Estava pensando em ir para a cidade hoje à noite. — Braxton disse com voz rouca, sua atenção voltada para mim.

Olhei para ele, surpreso com seu convite repentino.

— Você já sabe que pedi folga para amanhã, mas a ideia de irmos hoje à noite não estava nos meus planos. — Respondi, sem esconder minha contrariedade. — Além disso, você não pode simplesmente invadir a minha casa assim.

Ele soltou um suspiro e justificou sua ação.

— O Oscar estava lá! — Braxton respondeu, como se aquilo fosse óbvio. — Aquele gato não é normal, me viu chegando e ficou me encarando o tempo todo como se eu fosse um pedaço de carne.

— Oscar não faz mal a ninguém, ele é apenas um gatinho. — Argumentei, revirando os olhos. — E, lembre-se, você é um vampiro, Braxton.

Ele soltou outro suspiro, parecendo admitir a derrota.

— Ok, talvez eu tenha exagerado um pouco. — Braxton admitiu. — Mas, voltando ao assunto principal, quero que você aproveite essa oportunidade que consegui meticulosamente para você. Se perder essa chance, pode ser que nunca mais tenha outra oportunidade de explorar plenamente seu dom. Minha mãe usou seus contatos para obter informações com alguns submundanos que são especialistas em assuntos relacionados ao seu tipo de dom.

Ele continuou reclamando, irritantemente próximo à minha orelha. Com raiva, puxei-o para um canto e repreendi-o em voz baixa:

— Você precisa se recompor rapidamente. Não posso simplesmente dizer ao Jeremy que ficarei um dia e meio na cidade vizinha quando deveria ir apenas no dia seguinte à tarde. Você não pode invadir minha casa assim, Braxton.

— Mas o Oscar estava lá! — Ele insistiu, e eu o encarei como se fosse um completo idiota.

— Oscar não faz mal a ninguém. Ele é apenas um gato. — Respondi, suspirando de frustração. — Eu não posso acreditar que você está se preocupando com isso.

Braxton soltou outro suspiro antes de continuar:

— Eros, entenda, eu realmente quero ajudar você. Estou cansado de ser alguém que você odeia profundamente. Quero ser seu amigo, seu aliado neste mundo.

Suas palavras me pegaram de surpresa, e eu o encarei, tentando entender esse novo lado de Braxton, cheio de altos e baixos, de querer me afastar e, ao mesmo tempo, me ajudar.

— Você quer ir comigo nessa viagem? — Ele perguntou, olhando-me intensamente.

— Eu vou — respondi, e vi um sorriso surgir em seu rosto antes de ele se virar abruptamente e sair do meu campo de visão.

Observei-o enquanto ele se afastava, deliberadamente virando as costas para mim. A mente estava cheia de pensamentos perigosos, mas um pensamento queimava em minha mente: eu o teria, de uma forma ou de outra. Se isso fosse destrutivo ou transformasse tudo em um caos, eu estava disposto a correr o risco. A atração e o mistério que Braxton carregava eram simplesmente irresistíveis.

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Depois do meu horário de trabalho, me despedi de Ramona, que pegou carona com Judith. Braxton apareceu ao meu lado e, com um gesto gentil, pegou as chaves da minha mão, enquanto me entregava a mala. Entramos no carro e partimos dali. A viagem entre as duas cidades levava uma hora e vinte minutos. Quando percebi que estávamos indo para um lugar isolado, Braxton explicou que a casa estava escondida dos olhos dos mundanos por meio de feitiços de disfarce. Se você simplesmente passasse dirigindo, não veria nada, mas, ao olhar fixamente para um ponto entre duas falésias, um enorme prédio surgiria como que por magia.

Braxton estacionou o carro ao lado da estrada e desembarcamos, pegando minhas coisas.

— Quantas pessoas moram aqui? — Perguntei, olhando em volta.

— Apenas o amigo feiticeiro da minha mãe e o marido dele. Em raras ocasiões, os filhos deles ficam aqui também — Braxton respondeu enquanto começávamos a caminhar em direção à casa. — Vamos ficar hospedados aqui por enquanto. Este lugar é uma espécie de porta de entrada para o submundo, então será mais fácil encontrar o nosso contato.

— Submundo? Isso parece algo saído do inferno? — Perguntei, curioso, e Braxton riu.

— Não, o Submundo é como o lar real dos submundanos. — Ele explicou. — Alguns vampiros vivem lá, assim como feiticeiros, bruxas com seus clãs, lobisomens amaldiçoados pela lua, Shifters, anjos, alguns demônios mestiços, deuses e semideuses. Claro, os quatro últimos têm seus próprios domínios específicos: Drucuivalon, Wounad, Salão Real e o mundo divino, Acampamento Lunar e Solar.

Subimos os degraus determinadamente e, ao entrarmos na casa, fiquei impressionado com a limpeza e a organização do local. Algumas luzes iluminavam inúmeras portas, cada uma com nomes diferentes.

Finalmente, paramos em frente a uma ampla porta metálica que se abriu magicamente. Dentro, encontrei uma decoração clássica e um longo corredor que levava a quatro quartos e dois banheiros. Entrei no primeiro quarto e me joguei na cama, exausto, tentando pensar no que fazer em seguida. Foi quando Braxton apareceu no batente da porta com um grande sorriso no rosto.

— Que tal eu te mostrar um lugar no Submundo onde você pode comer? — Ele sugeriu.

— Pode ser entregue, estou quase terminando e preciso descansar um pouco. — Respondi, agradecendo pela oferta. Braxton assentiu, dizendo que cuidaria de tudo e me deixaria em paz para descansar.

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Depois de uma rápida e revigorante ducha, troquei minha roupa por algo mais confortável. Quando a comida chegou, Braxton e eu nos sentamos à mesa e compartilhamos uma refeição descontraída. Ele até mesmo fez algumas palhaçadas para me arrancar risadas enquanto comíamos.

Após nos satisfazermos, fui escovar os dentes e, em questão de segundos, caí na cama, exausto. O cansaço do dia finalmente me atingiu, e minha mente se entregou ao sono rapidamente.

Aconchegado na cama, senti-me imediatamente envolto pelo conforto dos lençóis e travesseiros. O dia cheio de acontecimentos e emoções logo pareceu distante, e meu corpo cedeu à fadiga. Minhas pálpebras pesaram, e a escuridão do sono me envolveu.

Meus sonhos, naquela noite, foram repletos de imagens estranhas e enigmáticas. Eu vagava por um mundo onde as sombras dançavam e as cores se fundiam em uma dança misteriosa. Braxton aparecia em flashes, ora sorrindo com gentileza, ora olhando-me com um olhar profundo e enigmático. As palavras que trocamos ecoavam em minha mente, misturando-se com as visões surreais que preenchiam meus sonhos.

No entanto, apesar da estranheza das imagens, uma sensação de tranquilidade e curiosidade me envolveu. Era como se meu subconsciente estivesse tentando decifrar o enigma que era Braxton, explorando os mistérios que ele trazia consigo.

No fim, o sono profundo me acolheu, e eu mergulhei ainda mais fundo naquela noite de sonhos intrigantes, ansioso para descobrir o que o futuro reservava em minha jornada ao lado de Braxton.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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