Eros Stackhouse:

Durante uma longa e intensa semana, mergulhei profundamente nas pesquisas sobre os rituais funerários que envolviam tanto anjos quanto dragões. O desafio era que os dois seres mágicos presos em meu colar pareciam proibidos por um feitiço de Trumpet de compartilhar qualquer informação sobre como proceder.

Xuro, com seu olhar inquieto, expressava o desejo de contribuir, mas sua impotência era evidente.

— Já sei como posso ajudar você! — Lauhar interrompeu meus pensamentos ao correr em minha direção. — Uma conhecida do Submundo me contou sobre o Mercado.

— Mercado? — Perguntei, intrigado.

— O Mercado das Realidades é um lugar onde os submundanos se reúnem para compartilhar informações — explicou Luna, finalmente desistindo de provocar Allan, que brincava com Rafael, Jeremy e, surpreendentemente, com Tate.

— Por favor, me leve até lá! — Tatiana estava animada. — Lauhar, como podemos encontrá-lo?

— Para encontrá-lo, precisamos procurar por locais com uma concentração intensa de magia ou áreas frequentadas por submundanos — Luna respondeu, estalando a língua. — Pode-se dizer que lá você encontra de tudo.

— Eles parecem confiantes em vender qualquer coisa — Tatiana ponderou. — Quantas coisas incorretas eles comercializam lá?

Enquanto elas mergulhavam em uma conversa sobre possíveis compras, dirigi meu olhar a Lauhar.

— Eles realmente podem ter as informações que precisamos? — Questionei.

— Com certeza, mas parece que terá que ser ainda hoje à noite. Com tudo o que aconteceu recentemente, especialmente com a morte causada por Logan, está difícil encontrar alguém disposto a compartilhar informações, todos estão com medo — Lauhar explicou. — É compreensível, embora estranho. Mas entendo por que estão em alerta.

— Mas ele não estava fazendo nada de errado ultimamente, certo? — Argumentei. — Ele está calmo, e até Maxuel disse para relaxarmos um pouco quando liguei para ele ontem à noite.

— É uma ideia melhor do que conversar com um feérico imundo — Lauhar expressou com um ar de nojo. — Vou mandar uma mensagem para que minha amiga nos encontre na entrada do mercado.

Antes que eu pudesse responder, ela girou nos calcanhares e desapareceu da minha vista, correndo como um foguete. Parecia que anjos e feéricos não eram exatamente os melhores amigos, ou talvez até inimigos mortais.

Desde que Robin sugeriu falar com o Rei das Fadas, Lauhar estava determinada a encontrar uma alternativa, evitando pedir ajuda ao povo das fadas. Balancei a cabeça, preferindo não pensar nas relações hostis entre seres imortais. Meu foco estava em encontrar soluções para os problemas que me afligiam.

Com a impossibilidade de procurar as fadas devido à presença controladora do anjo em meu interior, tinha apenas duas opções. Primeira: enfrentar a árdua tarefa de ler inúmeros livros na biblioteca encantada de Robin até encontrar informações sobre dragões e esperar que seus contatos soubessem algo. Ou então, optar por seguir a informante de Lauhar até o Mercado. Soltei um suspiro, já estava exausto com toda essa situação.

Agora era o momento de procurar orientação de duas pessoas que poderiam indicar o caminho a seguir. Saí da sala, buscando o máximo de silêncio possível.

— Mãe — sussurrei. — Pai. Preciso da ajuda de vocês.

Olhando pela janela, percebi que o tempo estava mudando: rajadas de vento varriam a casa, raios iluminavam o quintal ao longe, onde as pessoas riam e se divertiam.

O colar de jade em meu bolso me lembrava de controlar meus desejos para evitar que algo acontecesse involuntariamente. As memórias dos meus pais inundaram minha mente e meu coração. Eu sabia que pedir seu retorno era errado, mesmo que suas mortes, quando Jeremy e eu éramos jovens, não fossem ideais para eles serem trazidos de volta a um mundo tão diferente do que deixaram.

Lembrava-me de seus sorrisos um para o outro, meu pai rindo, minha mãe gargalhando com alguma tolice que eu ou Jeremy tínhamos feito. Cada gesto de amor que eles demonstraram para nossa família e seus ensinamentos sobre a importância da união e proteção mútua.

— Trezentos milhões por seus pensamentos agora — Braxton sussurrou em meu ouvido e me abraçou por trás. — Me diga o que está te afligindo, meu amor.

Virei-me para encarar seus olhos, percebendo que ele estava mais sério do que no nosso último encontro. Era como se eu estivesse conhecendo uma versão mais profunda e autêntica dele, antes de sua transformação em vampiro.

— Sempre é a mesma coisa, meu desejo pelo colar e a tentação de trazer meus pais de volta. Eu sei que é egoísta, mas às vezes não consigo evitar pensar nisso, mesmo que saiba que causaria desequilíbrio no mundo e potenciais catástrofes.

Braxton se comportou como um verdadeiro confidente, ouvindo meus pensamentos mais profundos e buscando soluções para o meu dilema. Desde o dia em que compartilhei meus pensamentos com ele, senti que algo dentro de mim se aliviava.

— Há momentos na vida em que precisamos reunir coragem e força para seguir em frente, mesmo diante das maiores adversidades. Não duvide do que está dentro de você, pois sua capacidade de superar obstáculos é maior do que imagina. Confie em suas habilidades, você é mais forte do que pensa! Eros, sei que, no final, tomará a decisão certa. Conheço você o suficiente para saber que escolherá o caminho que beneficia a todos ao seu redor, mesmo aqueles que não conhece. Isso é o que faz de você o homem que eu amo, sempre buscando soluções que tragam o bem para todos.

Concordei com a cabeça, olhando nos olhos dele. Estar com Braxton me fazia sentir vulnerável de uma maneira única, como se ele pudesse acessar os cantos mais profundos da minha alma. Seu apoio era reconfortante, suave e delicado.

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Na calada da noite, quando as estrelas começavam a pontilhar o céu escuro, nosso pequeno grupo se aventurou para fora da cidade através de um misterioso portal habilmente criado por Robin. Como era de se esperar, Lauhar não deixou a oportunidade escapar sem desferir algumas reclamações sobre por que não estávamos voando em direção ao mercado. Nossa comitiva era composta por mim, Braxton, Lauhar e nosso mestre, que estava lá para garantir nossa segurança. As meninas, por outro lado, estavam claramente insatisfeitas por terem sido deixadas na cidade em vez de participar dessa jornada.

À entrada do mercado, uma jovem com cabelos da cor do azul profundo e olhos que lembravam as abelhas nos cumprimentou. Ela usava uma calça jeans combinada com uma camiseta vinho adornada com siglas misteriosas que me deixaram curioso. A moça nos concedeu passagem, e à medida que adentrávamos o mercado, fomos saudados por uma multidão vibrante e colorida. Diversos grupos de pessoas mantinham um olhar vigilante sobre aqueles ao seu redor, revelando desconfiança ao nos ver.

Em meio à agitação, uma cena peculiar chamou minha atenção: uma mulher estava rindo incontrolavelmente enquanto observava um homem dançar de forma desajeitada e angustiada. Era evidente que ele havia caído vítima de algum tipo de encantamento ou maldição, o que me fez engolir em seco, sentindo certa empatia por seu sofrimento.

Finalmente, encontramos nosso caminho até uma tenda que se abriu para nos receber. A mulher que nos aguardava tinha cabelos que pareciam raízes de árvores, e seu vestido verde-marinho se assemelhava a folhas sussurrantes ao vento. Ela se apresentou como Mariana, afirmando ser uma habitante de uma era em que os dragões ainda existiam.

— Olá, meus queridos — Mariana cumprimentou, alisando seus cabelos com delicadeza. — Veio em busca de informações sobre dragões, e posso lhes fornecer tudo o que precisam por um preço. Sou Mariana, uma testemunha dos tempos em que os dragões vagavam livremente.

Em resposta, indaguei com curiosidade: — Qual é a sua exigência, Mariana?

Com um sorriso amplo, ela respondeu:

— Sangue de vampiro e da pequena anjinha atrás de você. Nada mais do que uma troca justa, sangue de duas raças capazes de se curarem rapidamente e possuidoras de super-força é um ingrediente muito bom.

Braxton tomou a dianteira e estabeleceu as regras:

— Poderemos testemunhar suas afirmações, mas você precisa compartilhar tudo o que sabemos. Se percebermos qualquer mentira, não hesitaremos em agir de forma drástica. Este cão aqui fará questão de lidar com os restos mortais, caso necessário.

Mariana não demonstrou intimidar-se; em vez disso, convidou-nos a entrar em sua tenda e entregou frascos a Braxton e Lauhar, que prontamente atenderam à sua solicitação. Sentamo-nos diante dela, ansiosos por aprender mais.

Mariana então começou a compartilhar seu conhecimento sobre dragões, descrevendo essas criaturas como enormes répteis voadores capazes de lançar fogo. Ela destacou o poder terrível e destrutivo que possuíam, capazes de reduzir exércitos a cinzas e transformar cidades inteiras em brasas fumegantes. Eram seres mágicos dotados de uma inteligência extraordinária.

Para um funeral adequado, Mariana explicou que era necessário utilizar as cinzas dos ossos de um dragão e recitar um antigo ritual para garantir que os dragões falecidos encontrassem sua passagem para a próxima vida. À medida que ela concluía sua explicação, senti um senso de alívio e realização, pois meu objetivo estava mais próximo de ser alcançado.

— Acredito que agora estamos bem informados — comentou Lauhar quando deixamos a tenda. — Com tudo isso resolvido, que tal fazermos algumas compras?

Lauhar me puxou em direção a várias barracas, seu rosto iluminado pela enorme variedade de produtos. Braxton, por sua vez, ainda estava surpreso com a transformação de Lauhar quando ela se envolvia em atividades de compras.

— Vocês parecem melhores amigos aproveitando um dia de compras juntos — Braxton murmurou. — É irônico ver esse lado doce dela.

Respondi com um sorriso:

— Você sabe que ela consegue ouvir o que estamos dizendo, certo?

Lauhar, enquanto examinava uma flor um pouco chamuscada, não conseguiu evitar um sorriso quando ouviu nossos comentários.

Braxton me lançou um olhar divertido enquanto todos nós ríamos juntos, aproveitando a atmosfera animada do mercado e o inesperado senso de união que essa jornada havia trazido.

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Gostaram?

Até a próxima 😘