Capítulo 12
Não sei ao certo como isso aconteceu, mas quando percebi estava em cima do palco junto com Ximena, Piter, Luiza e duas garotas que não conhecia, cantando Break Free da Ariana Grande. Pode ter sido as várias cervejas que tomei? Provavelmente. Só sei que quando me puxaram em direção ao palco, não pensei em recusar.
Piter e eu dividíamos o microfone. Dei risada quando ele segurou o pedestal e inclinou para o lado, como se fosse uma pessoa com quem dançava. Joguei as mãos para o alto e cantei o refrão como se não houvesse o amanhã, sendo acompanhada pelo público.
Quando a música terminou a plateia assoviou e gritou, fazendo com que agradecêssemos com reverências. Descemos do palco e voltamos à mesa, recebendo os parabéns dos nossos amigos. Pedimos mais uma rodada de bebida e comemoramos.
Minha cabeça já estava meio leve e aérea. Isso é um sinal de que deveria parar de beber, apesar de estar me divertindo bastante no momento.
— Vou pegar um ar. — avisei a ninguém em específico, já que todos estavam conversando entre si, animados.
Passei pelas pessoas, indo em direção ao lado de fora do pub. Desci o deck de madeira e parei na calçada. Respirei o ar fresco e só então percebi como estava calor lá dentro.
Ouvi um pigarro e virei, encontrando com o mesmo garoto de antes, parado no bar.
— Oi. — sorriu levemente — Não nos conhecemos oficialmente ainda... — estendeu a mão — Sou Jordan.
— Alicia. — a aceitei, apertando.
— Você é da Escola Real, não é? — arqueou uma sobrancelha.
Franzi a testa, olhando-o de forma receosa.
— Sou. — concordei, desconfiada.
— Sabia que não estava me confundindo. — sorriu mais abertamente — Te vi no pátio da Escola outro dia, — deu de ombros — Seu sorriso é muito marcante para ser esquecido.
O encarei por alguns segundos. Sua pele morena reluzia em alguns pontos em que a luz do poste refletia. O cabelo bem cortado, mais curto nas laterais e maior em cima. Os olhos castanhos escuros e as sobrancelhas grossas. Por fim, o sorriso, que lhe dava certo ar de galã.
— É um bom argumento. — mordi o lábio inferior.
— Sou fotógrafo, então costumo reparar em detalhes... — sorriu de canto — Ainda mais quando são bonitos aos olhos.
Senti as bochechas ficarem um pouco quentes. Não sou uma pessoa tímida, mas Jordan estava investindo em elogios.
— Agradeço. — sussurrei.
— Se um dia quiser fazer algum ensaio, estou à disposição. — piscou com um olho só — Adoraria te fotografar.
— Você trabalha com isso? Digo... Fora da Escola. — questionei tentando mudar o rumo da conversa.
— Sim, trabalho em um estúdio aqui no centro. — afirmou de forma orgulhosa — Só em alguns dias da semana, mas é bacana.
Engatamos em uma conversa sobre o estúdio, a Escola, e Régnes. Ficamos algum tempo ali fora, na verdade, só percebi isso quando Vaiola apareceu me chamando, avisando que estava na hora de voltarmos para a Escola.
— Preciso ir. — comentei.
— Que pena... — fez um muxoxo — Será que podemos nos ver de novo, algum dia desses? — arqueou uma sobrancelha, me olhando de forma esperançosa.
— Não sei, — fiz cara de pensativa — Sou uma pessoa bem ocupada. — desdenhei.
Jordan deu risada e negou com a cabeça.
— Por favor. — implorou com um pequeno bico nos lábios — Quer que ajoelhe? — fez menção de se abaixar.
— Não! — segurei seus ombros e o puxei para que voltasse a ficar de pé.
Jordan deu uma risada alta e revirei os olhos.
— Me dê seu celular. — pedi.
Assim que estava com o aparelho em mãos digitei meu número e salvei na agenda, devolvendo-o.
— Obrigada! — sorriu visivelmente animado.
— Alicia! — ouvi alguém chamar.
Virei e encontrei com Vaiola esperando ao lado de um carro, com a porta aberta.
— Tchau. — acenei a Jordan.
Corri até o carro e entrei, encontrando com Ximena praticamente deitada contra a porta oposta, sua cabeça estava encostada no vidro e podia jurar que cochilava.
— Nem pergunte... — Vaiola comentou, sentada no banco do meio, entregando minha bolsa.
Dei um sorriso agradecido e suspirei alto quando o carro começou a se mover. Olhei pela janela enquanto percorríamos as ruas, voltando à Escola.
Quando chegamos eu e Vaiola ajudamos Ximena a sair e a conduzimos até o quarto. Tiramos seus sapatos e a deixamos deitada na cama, já adormecida novamente.
— Então, quem era o carinha com quem conversava no pub? — Vaiola perguntou quando estávamos no corredor.
— Jordan. — dei de ombros — Ele ajuda nas aulas de fotografia aqui na Escola.
— É gatinho! — afirmou, cutucando meu braço.
Dei risada e assenti. Sim, Jordan era bem agradável aos olhos e parecia ser legal, pelo menos por enquanto.
— E você? — a olhei de canto — Sumiu depois que chegamos ao pub.
— Sentei com Laisa, Judy e alguns conhecidos delas... — suspirou baixo — Não estava muito no clima de ir para o palco, então fiquei apenas conversando. — justificou.
Paramos em frente à porta do seu quarto. Sorri levemente e coloquei a mão em seu ombro. Essa com certeza não é a Vaiola que conheci quando entrei para a Escola Real. Precisava pensar em algo que pudesse fazer para ajudar.
Nos despedimos, beijei sua bochecha e segui ao meu quarto. Assim que entrei tirei os tênis, chutando-os para o canto, em seguida a jaqueta e o vestido enquanto ia ao banheiro, jogando tudo no cesto de roupas.
Entrei no box e liguei o chuveiro, suspirando de contentamento quando a água caiu em meus ombros. Tomei um banho rápido e vesti o roupão, voltando ao quarto. Peguei o pijama e o vesti, soltei o cabelo e penteei, indo finalmente deitar.
Conferi as horas no celular que estava ao lado do travesseiro e vi que tinha algumas mensagens. Respondi os grupos e sorri de canto ao ver o número desconhecido.
Apertei no número e depois em salvar nos contatos. Assim que estava salvo apertei em responder e digitei:
Deixei o celular no bidê ao lado da cama e me ajeitei melhor, pronta para enfim dormir.
Na matéria de línguas nós estávamos intercalando, em uma semana estudávamos francês e na outra, alemão. Com certeza minha afinidade com o alemão era bem maior, afinal era com quem Cérnia fazia fronteira.
Era um alívio olhar para os livros e entender perfeitamente o que estava escrito. Fiz algumas anotações enquanto a professora falava e até me prontifiquei a ler um trecho do texto, recebendo um sorriso de aprovação da professora Savanna.
— Ótima pronúncia Alicia. — elogiou, antes de escolher outro aluno para continuar.
Sorri, realmente feliz, afinal é sempre bom ser reconhecida em algo que fez.
Vaiola estava sentada ao meu lado, não prestando atenção na aula. Já fazia algumas semanas que andava estranha, tentei respeitar seu tempo e pensei que aos poucos ela iria melhorar, mas não estava acontecendo. A única coisa que sabia é que ela e Louis haviam terminado. A sentia mais fechada depois disso e sinceramente, não sabia muito o que fazer, pois todas às vezes que tentei sonda-la para que falasse mais sobre, nós acabávamos em um assunto aleatório, que não tinha nada haver.
Como já disse, sentia que Vaiola estava escondendo algo a mais, e como tia Leila dizia: não ignore os sinais, se constantemente sente que há algo errado, há algo errado. Por isso, eu e Piter decidimos fazer uma 'intervenção', foi assim que intitulamos. Não tínhamos esquematizado ainda o que realmente faríamos, mas do jeito que estava não podia continuar.
Quando saímos da segunda aula encontramos com Pablo e Ximena e descemos juntos ao refeitório. Nos servimos no buffet e sentamos com nossos amigos, como sempre.
— Olha quem chegou! — Piter comentou assim que me viu — Alicia, mais conhecida como "arrasa corações". — brincou, fazendo aspas na frase.
Revirei os olhos e peguei uma das batatas do prato, colocando na boca.
— Ridículo... — resmunguei, fazendo Piter dar risada.
Comentei com ele sobre a troca de telefone com Jordan e que estávamos conversando por mensagem desde então. Não era nada muito sério, apenas sobre como estava sendo o dia, Jordan mandava alguma foto bonita que tirou em Régnes, eu reclamava de alguma aula, trabalho ou professor, nada que fosse extremamente importante. Enfim, fiz a burrice de contar para Piter e agora era motivo das piadinhas sem graça.
— O garoto está apaixonado! — afirmou.
Ouvi um suspiro baixo e olhei para Frederick, sentado ao lado de Piter. Seu rosto estava sério, parecendo irritado.
— Pare! — repreendi Piter.
— Alicia é irresistível. — Ximena colaborou.
— É sério gente. — neguei com a cabeça.
— O que? Alicia está namorando? — Luiza perguntou.
A encarei com a testa franzida, não entendo de imediato a súbita curiosidade no assunto, porém, compreendi quando notei seu olhar desviar rapidamente a Frederick. Ela estava colocando 'lenha na fogueira', como dizem, obviamente em benefício próprio, afinal achava que eu era uma rival.
— Não, não estou! — neguei, sorrindo de forma forçada — É só uma brincadeira deles.
Olhei para os dois, visivelmente repreendendo-os. Ximena deu uma risadinha maliciosa e Piter apenas deu de ombros, mas sabia que não iria parar de implicar.
Continuei comendo, enquanto o pessoal conversava amenidades. Não olhei na direção de Fred, ou Luiza, na verdade, ignorei suas existências.
Frederick e eu não tínhamos tido muito contato a sós novamente, não por tempo suficiente para rolar algo. Às vezes nós conversávamos, mas sempre com outros amigos por perto e assuntos que interessavam a todos.
Mas isso logo iria mudar, porque tínhamos a avaliação da aula de dança. Ainda não iniciamos os ensaios e não queria nem imaginar como seria quando Luiza descobrisse. Já notei Fred tentando se aproximar algumas vezes, mas em todas Luiza simplesmente surgia, chamando a atenção. Percebia que isso não o agradava, mas aproveitava o momento para sair de perto e deixar os dois se resolverem sozinhos. Não queria nenhuma confusão e sentia que Frederick era isso.
Quando terminamos de comer nós fomos à sala de convivência. Sentei em um dos puffs junto com Laisa. A tv estava ligada e passava um filme de ação, com carros velozes. Fiquei ali por algum tempo, até que fosse hora de me preparar para a aula complementar. Hoje era de equitação e já estava com saudades de Penélope. Não fazia ideia de que gostaria tanto, mas ela era uma égua inteligente, o que ajudava nos exercícios.
Michely não estava no quarto quando fui me trocar, provavelmente entretida com algo do trabalho.
Quando estava pronta desci, apressada, pois estava atrasada. Sabia que professor Daniel não falaria nada, mas não achava legal, pois podia demonstrar desinteresse, o que não era verdade.
...
Terminei de me secar e escolhi uma calça jeans, blusa de manga curta e calcei o all star, já tradicional. Penteei o cabelo e o deixei secar naturalmente.
Tinha combinado com Piter de fazermos a 'intervenção' com Vaiola antes do jantar, então mandei mensagem avisando que a buscaria e em dez minutos nós o encontraríamos no pátio da Escola.
Deixei as toalhas usadas no cesto de roupa e peguei o celular, colocando no bolso da calça. Segui pelo corredor e parei em frente à porta do quarto de Vaiola, batendo.
— Oi. — sorri quando Vaiola a abriu — Está ocupada?
— Hm, não. — franziu a testa, me olhando de forma receosa.
— Então vem comigo. — estendi a mão.
— Aonde? — murmurou.
— Confie em mim. — sorri levemente.
Vaiola suspirou rendida e aceitou minha mão. A puxei gentilmente para que saísse ao corredor, engatei nossos braços e juntas seguimos em direção à escada. Descemos, indo até o pátio da Escola, onde Piter já esperava sentado em um dos bancos mais afastados.
— O que é isso? — questionou revezando o olhar entre nós dois.
— Uma intervenção. — Piter deu de ombros.
— Intervenção? — Vaiola repetiu, parecendo confusa.
— Só vamos sentar e conversar, ok? — sugeri.
Sentei e a puxei para que se acomodasse ao nosso lado, entre nós dois.
— Você começa Alicia. — Piter tocou meu braço.
Revirei os olhos e respirei fundo antes de encarar Vaiola.
— Nós sabemos que tem algo acontecendo. — comecei, mordendo o lábio inferior enquanto buscava as palavras certas — Você viajou para seu reino e conversou com Louis, — sussurrei, notando seu rosto ficar mais sério — E resolveram terminar.
— Você ficou estranha demais. — Piter murmurou.
Virei o rosto e o encarei, fazendo uma careta, mas querendo dizer: Sério que esse é seu grande comentário?
— Bom, nós só queremos que saiba que independente do que aconteceu, somos seus amigos e estamos aqui por você. — apertei gentilmente sua mão, que ainda segurava.
Nós três permanecemos em silêncio por alguns minutos. Percebi uma lágrima solitária escorrendo pela bochecha de Vaiola e isso fez com que meu coração apertasse.
— Achei que estava grávida. — confessou de uma vez e então outras lágrimas se juntaram à primeira.
— Estava? — franzi a testa — Não está mais?
Vaiola negou com a cabeça, enquanto secava as bochechas com a mão livre.
— Nunca estive, mas achei que sim. — deu de ombros — Estava com a menstruação atrasada, passei mal algumas vezes, cheguei a vomitar, realmente pensei que era isso... — suspirou baixo.
Assenti lembrando dos dias em que Vaiola não esteve bem e cheguei a cogitar levá-la ao médico.
— Contou ao Louis? — Piter sussurrou.
— Falei da possibilidade quando conversamos sobre nosso relacionamento. — fungou baixo e outras lágrimas rolaram por sua bochecha — Ele não reagiu bem, disse que era loucura, e realmente era... — deu uma risada baixa, meio mórbida — Só... Não sei... Minha cabeça idiota cogitou a hipótese de Louis gostar da ideia... De realmente me amar. — soluçou baixo.
— Amiga, — a abracei e afaguei suas costas — Sinto tanto.
— Só... Foi um baque sabe. — comentou entre soluços — Óbvio que não queria uma gravidez agora, sou nova demais. — nos desvencilhamos do abraço — Além de que meus pais me matariam. — concluiu, secando as lágrimas.
— Mas você se sentiu rejeitada... — Piter ponderou, colocando a mão no joelho dela.
Vaiola assentiu, mordendo o lábio para conter uma nova onda de choro.
— Só queria que Louis me escolhesse. — confessou — Que resolvesse lutar por nós dois. — deu de ombros — Foi tão fácil para ele simplesmente pular fora e desistir.
— Não posso nem imaginar como está se sentindo, — sussurrei e segurei sua outra mão, encarando seus olhos — Mas nunca, em hipótese nenhuma, se culpe por algo que não dependia só de você. — assegurei, fazendo uma pequena pausa — Você é uma garota incrível Vaiola e não merece o desgaste de ficar provando que vale a pena.
— Além do mais, você tentou e precisa se orgulhar disso. — Piter comentou, colocando as mãos sobre as nossas, ainda unidas — Às vezes nós passamos por algumas situações, para entendermos que não merecemos estar nelas... — sorriu levemente — E então, na próxima vez, se acontecer, você vai saber exatamente o que fazer antes que isso te afete.
Vaiola assentiu e nos puxou para um abraço triplo. Era meio desajeitado, mas cheio de afeto.
— Amo vocês! — Vaiola sussurrou.
— Nós também. — afirmei.
— Por favor, não esconda mais nada de nós. — Piter pediu quando nos separamos — Não foi fácil chegarmos a essa intervenção.
— Pode deixar. — sorriu levemente.
— Agora vamos comer, porque estou com fome. — Piter comentou.
Dei risada e levantei, puxando os dois pela mão, para juntos seguirmos a Escola. Olhei de relance para Vaiola e engatei nossos braços, recebendo um sorriso de agradecimento.
Meu coração ainda estava apertado, por saber o que Vaiola tinha passado e infelizmente resolvido não compartilhar com ninguém. É horrível ver quem gostamos passar por uma situação difícil, ainda mais quando sabemos que não merece.
Estávamos praticando os mesmos movimentos desde o começo da aula. A professora Samira tinha postado um vídeo há alguns dias no site da Escola, pedindo que assistíssemos, pois iriamos reproduzir na próxima aula, no caso, hoje.
— Isso mesmo! — Samira incentivou — Acelera um pouco mais Richard... — pontuou para o garoto — Todo mundo prestando atenção nos movimentos dos parceiros, usem o espelho para isso.
Estávamos divididos em pequenos grupos e refazíamos a coreografia, enquanto Samira nos analisava. Ficávamos de frente para o gigantesco espelho, para que assim pudéssemos ver a sincronia do grupo, como a professora nos aconselhou.
— Uma última vez, com todos agora. — anunciou Samira, sorrindo abertamente.
Nós nos levantamos e nos posicionamos, esperando os acordes da música começar. Notei Frederick atrás de mim e quase revirei os olhos com isso.
— Vamos lá pessoal! — a professora incentivou quando iniciamos os movimentos.
Fizemos a coreografia da música toda e tenho que admitir que ficou melhor do que imaginei. Óbvio que faltou sincronia em algumas partes, mas para uma primeira vez em grande grupo, nos saímos bem.
No final da aula Samira elogiou e fez com que aplaudíssemos a nós mesmos, dizendo que sempre que fizermos algo que nos orgulhamos devemos enaltecer.
Sai da sala e andei pelo pátio, indo em direção ao internato, acompanhada de Frederick e mais dois garotos. Nós falávamos sobre a aula de hoje. Sorri e acenei para Laisa e Judy, quando passei por elas, que estavam sentadas em um dos bancos, junto com outros alunos, incluindo Jasmine.
Estávamos subindo os degraus da frente do internato quando vi o homem que saía, acompanhado de dois seguranças.
— Alicia. — cumprimentou.
É normal sentir frio no estômago só porque ele falou meu nome? Pensei, sentindo as bochechas um pouco quentes.
— Nicholas. — sussurrei.
— Que surpresa agradável encontrá-la. — sorriu.
— Eu meio que moro aqui... — dei de ombros.
Nicholas deu uma risada baixa e negou com a cabeça.
— Justo. — comentou, ainda sorrindo — É que já faz algum tempo... — justificou.
Assenti e subi mais alguns degraus, ficando ao seu lado e encurtando a distância. Notei que Frederick e os dois garotos continuaram entrando no internato, mas Fred parou perto da escada e ficou nos observando.
— O tempo tem passado extremamente rápido. — pontuei, voltando a atenção a Nicholas.
— Parece estar se adaptando bem a Escola. — olhou rapidamente na direção em que Frederick ainda permanecia parado, nos encarando — Fez amizades.
— Ah, é, algumas. — dei de ombros e pigarrei chamando sua atenção — Alguns colegas de matérias... — expliquei.
— E hoje é aula de... — Nicholas começou, mas parou, agora me observando de forma avaliativa.
Senti o rosto esquentar, afinal estava suada e descabelada.
— Dança. — sussurrei.
Nicholas assentiu, um pequeno e discreto sorriso surgindo em seu rosto. Com cuidado estendeu a mão e com o dedo indicador afastou alguns fios de cabelo grudados na lateral da minha testa. Nós nos encaramos por alguns segundos, nossos olhos presos, até repentinamente Nicholas pigarrear e abaixar a mão, colocando-a no bolso da calça social que usava.
— Então as coisas estão indo bem na Escola. — deduziu.
— Estão! — afirmei, ainda sentindo a pele formigar no local onde ele havia tocado.
— Que bom, ficamos felizes em saber disso. — sorriu gentilmente e suspirou baixo — Agora preciso ir.
Nicholas estendeu a mão e prontamente coloquei a minha sobre, acompanhando com os olhos ele levá-la aos lábios e beijar o dorso.
— Até outro dia. — se despediu.
— Até. — sussurrei.
Os dois seguranças que o acompanhavam antes ainda o esperavam no pátio. Nicholas chegou até eles e juntos os três seguiram em direção à saída da Escola.
Suspirei baixo e virei, olhando em direção a escada do internato, agora vazia. Frederick havia enfim ido, então segui em paz até o quarto. Precisava de um banho urgente e mal podia esperar pelo jantar, pois meu estômago começava a roncar.
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