Capítulo 11


Tentei prestar atenção no que o professor Daniel falava, guardando todas as instruções. Hoje teríamos aula de obstáculos e apesar de confiar em Penélope, não confiava tanto assim em minha coordenação motora.

Já estava montada em Penélope e acariciei sua crina tentando acalmá-la, ouvindo o relincho baixo. A garota loira terminou de fazer o percurso e o professor fez sinal com a mão para que me aproximasse, pois era minha vez.

— Vamos lá... — sussurrei a Penélope, batendo levemente os pés na lateral do seu corpo.

A égua imediatamente começou a trotar e ainda temerosa a guiei em direção à primeira elevação, puxando levemente a rédea como o professor ensinou, fazendo com que pulássemos o tronco de madeira com êxito.

— Isso aí garota! — comemorei.

Seguimos a segunda elevação, mais alta. Bati os pés com um pouco mais de força fazendo Penélope acelerar o trote e pegar impulso para o segundo pulo. Ouvi o professor Daniel batendo palmas e incentivando-me a continuar, então fiz a égua acelerar ainda mais, pulando o terceiro e quarto obstáculo.

— Muito bem Alicia! — o professor elogiou quando retornei.

— Obrigada. — sorri, realmente animada por ter conseguido.

Segui para fora da arena. Hoje não estávamos no picadeiro, que era coberto, mas na arena, ao ar livre, que ficava atrás do local das baias.

Desci de Penélope e segurei a guia, levando-a até mais ao canto. Fiquei ali em pé, junto com os outros alunos, esperando até que todos tivessem feito a atividade. O professor auxiliava os que não conseguiam completar alguns obstáculos e pedia que repetissem até conseguirem.

Quando a aula terminou nós levamos os animais até o estábulo. Deixei Penélope na baia e coloquei cenouras como agradecimento por ter me ajudado.

Andei de volta ao internato e quando estava cruzando o pátio ouvi a voz já conhecida. Virei e encontrei Piter saindo do prédio em que fazia aula. Sorri e acenei, percebendo que estava acompanhado de dois garotos. Piter se despediu deles brevemente e veio em minha direção.

— Tudo bem? — questionei enquanto andávamos juntos até o internato.

— Tudo ótimo! — afirmou.

— Aula do que? — o olhei de canto.

— Fotografia. — sorriu abertamente — O ajudante do professor é um gato! — comentou se abanando.

— Você não tem jeito. — neguei com a cabeça.

— O que? Gosto de Pablo, mas não estou morto e nem cego. — deu de ombros — Aliás, acho que ele se interessou por você. — piscou com um olho só.

— O que? — franzi a testa.

— Quando você acenou, — gesticulou com a mão — Jordan, o ajudante, perguntou quem era a garota de sorriso bonito.

Revirei os olhos e bufei baixo. Não sabia se Piter estava falando a verdade, ou apenas brincando, mas não continuei o assunto para descobrir.

Nós nos despedimos no segundo andar do internato e continuei subindo ao terceiro. Entrei no quarto e encontrei Michely ajeitando algumas roupas limpas.

— Olá madame, vem sempre aqui? — brinquei e toquei seu braço enquanto ia em direção ao banheiro.

Tirei a roupa e deixei no cesto, tomando um banho mais demorado para tirar o cheiro do estábulo.

Quando estava pronta, vesti o roupão e voltei ao quarto, escolhendo a roupa no roupeiro.

— Seu celular tocou algumas vezes enquanto estava fora. — Michely avisou.

— Ah, obrigada. — sorri e terminei de colocar o short jeans.

Michely foi ao banheiro, provavelmente pegar as roupas sujas. Aproveitei para ver o celular e encontrei mensagens no grupo "Três mosqueteiros". Sansa havia marcado um encontro com Eduardo, o garoto que mencionou quando estive em Cérnia, e aparentemente estava tendo um pequeno surto. Ryan não ajudava muito, pois sempre que podia colaborava com alguma paranoia de Sansa, então sobrava para eu ter que apaziguar os ânimos.

— Vou descer com as roupas sujas, — Michely avisou — Precisa de algo?

— Não, mas estou descendo também. — coloquei o celular no bolso do short.

Nós saímos juntas do quarto e seguimos pelo corredor. Tinha combinado de encontrar meus amigos na sala de convivência.

— Esse final de semana tem atividade extracurricular? — Michely questionou.

— Sim, — suspirei baixo — Mas espero que seja menos cansativo dessa vez.

— Não gosta de trabalhos manuais? — franziu a testa.

— Até gosto. — dei de ombros — Só não queria ter que ficar no sol novamente, queimando meus lindos neurônios.

Michely deu risada e negou com a cabeça. Revirei os olhos e cutuquei suas costelas, repreendendo-a.

Nos despedimos no hall do internato. Segui à sala de convivência e encontrei Piter, Pablo e Vaiola jogando dardos.

— Amiga. — a cumprimentei — Tudo bem?

Vaiola ainda estava estranha e já começava a pensar em alguma intervenção se não melhorasse. No último final de semana estive em Cérnia, então Piter quem ficou cuidando dela, mas como Pablo também estava na Escola, duvido que tenha prestado atenção em Vaiola.

— Aham... — sorriu levemente e virou, se concentrando para jogar o dardo.

Esperei elesterminarem a rodada para entrar no jogo. Ficamos algum tempo distraídos, depoisXimena chegou junto com Laisa, Judy e Caleb, se juntando a nós. Acabamosmontando duas equipes e jogamos até que fosse hora do jantar. 

Finalmente sexta-feira. A semana passou extremamente rápida e hoje, quando acordei, não sabia se comemorava ou não, já que amanhã era sábado e teria atividade extracurricular. E pensar que no final de semana passado estava em Cérnia aproveitando a companhia de Leila e meus amigos. Foi por dois dias, mas com certeza valeu a pena.

— Bom dia. — cumprimentei ao sentar à mesa para tomar o café da manhã.

— Bom dia flor do dia. — Piter sorriu.

— Alguém está de bom humor. — comentei e mordi a maçã que havia pego.

— Queria, — Ximena bocejou — Mas minha mente ainda não acordou completamente para saber que já é dia. — murmurou deitando a cabeça na mesa.

Dei risada e mordi mais um pedaço, mastigando com calma.

— Alguém está a fim de sair neste domingo? — Luiza questionou.

— Sábado tem atividade, não é? — Pablo comentou.

— Sim, — Luiza afirmou — Mas não queria passar o final de semana todo na Escola. — bufou baixo.

— Eu topo. — Piter levantou a mão.

— Eu também! — Frederick sorriu.

Todos que estavam à mesa concordaram. Continuei comendo, até sentir um cutucão no braço.

— Aí! — reclamei e olhei feio na direção de Piter.

— Você também vai. — afirmou já que não falei nada.

— Como se tivesse escolha... — murmurei — E já que não tenho, Vaiola também não tem. — a olhei sugestivamente.

— Que? — revirou os olhos — Odeio você!

— Mentirosa... — desdenhei.

A abracei de lado, meio desajeitada, mas que fez com que Vaiola desse uma risada baixa.

Nós tomamos café enquanto planejávamos onde iríamos no domingo. No fim, todos concordaram com o mesmo pub em que estivemos na primeira semana na Escola. Aparentemente seria dia de karaokê e isso animou a todos.

...

A manhã passou rapidamente entre a aula de perspectivas globais e línguas, então quando percebi já era hora do almoço. Vaiola e eu seguimos juntas ao refeitório, nos servimos e sentamos com nossos amigos.

Depois de comermos nós ficamos na sala de convivência, até que tivéssemos que ir a aula complementar. Hoje era de dança, então não foi surpresa quando vi Fred perto da porta, junto com alguns alunos.

A professora Samira entrou na sala e convocou todos para iniciarmos a aula com o tradicional alongamento. Fred se posicionou ao meu lado, estávamos de frente para a parede de espelho, então conseguia ver seu sorriso e a pequena piscada com um olho só, claramente cumprimentando-me.

As aulas de dança eram divertidas. A cada semana aprendemos um ritmo novo, às vezes individualmente, outras em duplas e também em pequenos grupos. Algumas coreografias eram passadas pela professora no dia e outras víamos com antecedência, pois Samira a colocava no site da Escola, na página específica desta matéria.

— Bom, vou aproveitar estes instantes iniciais e avisá-los que para a avaliação final desta matéria precisarão formar duplas. — Samira nos olhava atentamente — Vocês irão criar uma coreografia, que apresentarão para a turma. A decisão sobre os passos e a música fica a critério de cada dupla. — explicou sorrindo levemente — Nas próximas semanas já deverão começar os ensaios... Podem utilizar esta sala, mas para isso vocês precisam reserva-la no site da Escola.

— Nós escolhemos as duplas? — uma garota loira perguntou.

— Sim, vocês terão essa liberdade, — a professora afirmou — Então usem suas afinidades para isso.

Olhei ao redor pensando que poderia ser minha dupla, quem sabe a garota morena com quem conversei algumas vezes, acho que seu nome é Bree.

— Então... — ouvi alguém — Que tal fazermos juntos?

Virei e arqueei uma sobrancelha ao encontrar Fred sorrindo abertamente.

— Frederick... — adverti.

— Vai Alicia, parece que você está o tempo todo fugindo de mim. — acusou.

— Talvez esteja. — afirmei.

Fred deu risada e negou com a cabeça.

— Sua sinceridade machuca. — negou com a cabeça.

— Desculpe. — dei de ombros, mas não me sentia nenhum pouco culpada.

— Vai, não custa nada ser legal. — bufou baixo.

— Sou muito legal. — defendi.

— Ótimo, então está combinado. — sorriu e estendeu a mão.

O encarei por alguns segundos, pensativa. Fred não parecia disposto a desistir facilmente e não estava a fim de discutir, então apenas aceitei sua mão, apertando-a. Não devia ter nada demais em fazermos a avaliação juntos, pelo menos eu torcia para isso.

— Agora, vamos à aula... — Samira chamou a atenção — Qualquer dúvida estarei à disposição.

Rapidamente nos organizamos para iniciarmos a aula. Já havíamos visto a coreografia anteriormente, então apenas a reproduzimos, primeiro em duplas sorteadas aleatoriamente e depois em grande grupo. Repetimos várias e várias vezes, até estarmos exaustos.

Dançar era uma atividade que me relaxava, a famosa endorfina, que causa sensação de bem-estar. Não era a melhor e mais coreografada da turma, mas também não era ruim, na verdade, a professora já havia me elogiado algumas vezes.

Suspirei alto quando fomos dispensados. Estava suada e cansada. Precisava de um banho e quem sabe deitar um pouco até que fosse hora do jantar.

— Então... — Frederick comentou enquanto apressava o passo e andava ao meu lado, cruzando o pátio em direção ao internato — Temos que marcar um encontro para escolhermos a música e montarmos a coreografia. — sorriu de canto.

Notei a ênfase que deu a palavra 'encontro', mas resolvi ignorar e fingir que não entendi.

— Podemos pensar nisso depois, não é? — dei de ombros — Ainda temos algum tempo.

— Claro. — concordou — Só estou... Ansioso.

— Imagino. — revirei os olhos, fazendo com que Fred desse uma risada alta.

Nós estávamos subindo as escadas, então me despedi rapidamente acenando e dizendo que nos víamos na hora do jantar. Não esperei por uma resposta e apenas continuei subindo, indo em direção ao quarto. Assim que entrei fechei a porta e me escorei, respirando fundo.

— Parece alguém se escondendo depois de ter aprontado... — alguém comentou — Precisamos enterrar algum corpo?

Olhei em direção ao roupeiro e encontrei Michely, aparentemente organizando algumas roupas. Não sei se eu era bagunceira, ou ela perfeccionista ao extremo, mas ela sempre achava alguma coisa para limpar ou organizar no quarto.

— Credo. — fiz uma careta — Que imagem errada você tem da minha pessoa. — resmunguei.

Michely deu uma risada baixa e terminou de guardar a calça jeans que dobrava.

— Jamais! — negou com a cabeça, mas com um pequeno sorriso, denunciando a ironia.

Bufei alto e segui em direção ao banheiro, para o tão esperado banho. A água levemente gelada fez com que mesmo depois de pronta, fechasse os olhos e permanecesse alguns minutos apenas aproveitando a sensação dos jatos caindo em meus ombros.

Quando voltei ao quarto, Michely fechava uma das portas do roupeiro. Ainda enrolada na toalha, andei até o seu lado e abri a outra, escolhendo um short e blusa azul clara.

Enquanto me vestia Michely foi ao banheiro pegar o cesto de roupas sujas, como sempre.

— Nem acredito que hoje é sexta. — comentei, indo até a penteadeira — Domingo o pessoal está combinando de sair.

Tirei a toalha dos cabelos e peguei a escova, começando a desembaraçá-los.

— É bom se distrair. — Michely sorriu levemente.

— É sim. — assenti, deixando a escova sobre a penteadeira e virando em sua direção — E você, planos para o final de semana? — questionei.

— Nada demais. — deu de ombros.

— Olha lá a Alicia se intrometendo na vida alheia... —ergui as mãos como se estivesse me rendendo — Desculpe.

Michely negou com a cabeça e deu uma risada baixa. Ainda segurava o cesto e estava parada perto da porta do quarto. Não comentou mais nada sobre a pergunta que fiz, então deduzi que não queria falar sobre.

— Vou levar isso à lavanderia. — avisou — Precisa de algo mais?

— Não, tudo bem. — neguei com a cabeça — Nos vemos segunda?

— Até. — Michely se despediu.

Quando estava sozinha fiz uma maquiagem rápida, apenas rímel e gloss. Peguei o celular que estava em cima da cama e coloquei no bolso do short.

Sai do quarto e desci ao térreo. Ainda faltava tempo para o jantar, então resolvi ir ao pátio da Escola. Acenei para alguns alunos enquanto seguia até um dos bancos e sentava. A noite estava quente, mas uma brisa fresca balançava as folhas das árvores e bagunçava meus cabelos.

Fechei os olhos e respirei fundo, repetindo isso várias vezes. Pensei em como tudo havia mudado tanto em pouco tempo, minha vida e as perspectivas para o futuro se ampliaram consideravelmente. Ainda não sabia muito bem o que aconteceria depois que saísse da Escola, mas também não estava me preocupando com isso no momento, só queria aproveitar o agora.

Precisava aprender a viver um dia de cada vez, isso era difícil, pois sou uma pessoa ansiosa, mas tem questões que não valem a pena nosso sofrimento antecipado. Já tinha chegado até aqui sem planejar ou ao menos pensar ser possível, então acreditava que o que viesse no futuro, conseguiria dar conta.

Senti o celular vibrando no bolso e o peguei, vendo a ligação da tia Leila.

"— Alicia, querida... — ouvi sua voz calma, ao atendê-la."

Sorri e me ajeitei melhor no banco. Falar com Leila sempre era um momento de nostalgia. Nós costumávamos ligar duas vezes na semana, afinal nada melhor do que ouvir a voz de quem amamos.

Nós conversamos por longos minutos e quando desligamos já era hora do jantar, então me apressei em ir até o refeitório.

Quando sentei à mesa meus amigos debatiam animadamente sobre o domingo, planejando quais músicas escolheriam no karaokê. Dei risada quando Piter e Ximena bateram as mãos em um high five combinando de cantar Lady Gaga.

Em minha humilde opinião, os domingos eram muito entediantes e oficialmente o dia da preguiça.

Ontem foi dia de atividade extracurricular e tivemos que ir a uma casa de idosos, onde passamos à tarde entre jogos, atividades de lazer e várias outras formas de entretenimento. Óbvio que não agradou a todos, mas os alunos participaram respeitosamente. Até mesmo Jasmine se envolveu em algumas atividades, provavelmente em nome da boa reputação do seu reino.

— Credo garota, para com isso. — Piter repreendeu quando bocejei pela milésima vez.

Agora estávamos na sala de convivência vendo algum filme que eu sinceramente não prestava atenção. Só aceitei vir junto com o pessoal porque já tinha burlado o horário do café da manhã. Simplesmente não consegui acordar na hora o que me rendeu tomar apenas uma xícara de café, com alguns biscoitos, na cozinha do internato.

— Não consigo controlar. — tampei a boca ao reprimir um novo bocejo.

Piter negou com a cabeça, mas não falou mais nada. Pablo estava ao seu lado e segurava sua mão, afagando-a gentilmente. Já Vaiola sentou em um dos puffs, junto com Ximena. As duas pareciam concentradas, na verdade, todos estavam, mas meus olhos insistiam em querer fechar.

Preciso de café. Pensei e pisquei algumas vezes, tentando despertar.

— Já volto. — avisei e levantei do sofá.

Desviei de algumas pessoas sentadas no chão, acomodadas em almofadas. Saí da sala de convivência e segui até a cozinha, torcendo para que tivesse café já pronto.

Entrei e sorri assim que vi o líquido escuro na cafeteira. Peguei uma xícara no armário e enchi, bebendo um pequeno gole. Fechei os olhos e suspirei de contentamento.

Fiquei alguns minutos ali, parada, bebendo café e aproveitando o silêncio. Aos poucos percebi que meu cérebro foi despertando. Cheguei ao final da primeira xícara e a enchi novamente, saindo da cozinha.

Estava indo em direção à sala de convivência quando reparei em duas pessoas paradas perto da escada. Reconheci imediatamente Nicholas e uma mulher loira, lembrando de já tê-la visto anteriormente com ele. Os dois conversaram brevemente, mas em algum momento o celular da mulher tocou e depois de falar algo rapidamente, ela tocou no braço dele e então seguiram juntos para fora do internato.

O que Nicholas faz aqui em pleno domingo? Pensei, franzindo a testa.

Respirei fundo e pisquei algumas vezes. Ainda não sabia o que ele realmente fazia na Escola, mas podia ter haver com a organização dos funcionários, sei lá. O fato de Nicholas geralmente estar acompanhado daquela mulher loira também me instigava. Seriam colegas de trabalho? Ou algo mais?

Neguei com a cabeça e resolvi voltar à sala de convivência, afinal seja o que fosse não tinha a ver comigo. O filme já havia avançado consideravelmente, então apenas sentei no mesmo lugar de antes e continuei bebendo café enquanto tentava entender porque a menina na tela corria apressadamente.

...

Alisei o vestido curto de alça fina, preto com pequenas bolinhas brancas. Ele era justo até a cintura e depois ficava levemente rodado. Peguei a jaqueta jeans lilás e calcei o all star. Escolhi um colar simples e brincos de argola. Fiz um delineado básico, máscara de cílios e batom vermelho. Ajeitei o cabelo, que estava arrumado com leves ondas feitas com babyliss e peguei a bolsa transversal, colocando celular e dinheiro dentro.

Olhei no espelho e sorri satisfeita com o resultado. Hoje a autoestima estava ótima e por isso estava me achando uma tremenda gostosa.

Sai do quarto e desci ao hall. Tínhamos combinado de nos encontrarmos em frente ao internato. Como da última vez nós chamamos alguns carros que nos levariam até o centro do reino. Tinha conseguido ir junto com Vaiola, Ximena e Laisa. Já Piter, Pablo, Frederick e Luiza estavam no carro logo atrás de nós, e os outros alunos divididos em mais dois que seguiam também em direção ao pub.

O lugar já estava cheio. O som de conversa e risada predominava, fora a música alta. Nós esperamos em frente ao deck de madeira até que todos tivessem chegado, para juntos entrarmos. Não havia nenhuma mesa grande disponível que coubesse todos nós, então nos separamos em pequenos grupos.

— Quero beber! — Ximena afirmou assim que sentamos.

— Garçom! — Pablo levantou o braço, chamando.

O garoto usando uniforme com o nome do pub no lado direito do peito logo apareceu e nós pedimos cervejas.

Enquanto esperávamos duas garotas subiram no palco e começaram a cantar Umbrella da Rihanna. Várias pessoas acompanhavam, balançando os braços e até dançando improvisadamente.

Cantarolei o refrão da música e sorri em forma de agradecimento ao garçom quando deixou o balde com cervejas em cima da mesa. Ximena abriu uma das garrafas e brindamos antes de beber. Olhei para o palco, onde as garotas ainda cantavam animadas e sorri mexendo os quadris no ritmo da música. Cantei baixo o refrão junto com o resto do pessoal quando uma das duas garotas pediu fazendo sinal com a mão e dei risada no final ao ver sua felicidade quando correspondida.

— Vamos colocar nosso nome na lista. — Piter avisou já puxando Ximena pela mão, indo em direção ao palco.

Percebi que havia uma mesa de som no lado direito e um homem que cuidava dos pedidos para o karaokê. Bebi mais um gole da cerveja e olhei ao redor, sem procurar por algo específico, até reparar em um garoto perto do bar. Ele estava encostado, meio de lado, dando pequenos goles em seu copo de bebida enquanto me encarava. Mesmo de longe percebi um pequeno sorriso surgir em seu rosto.

— Distraída... — alguém comentou e virei o rosto, encontrando Fred.

— Aproveitando o ambiente. — dei de ombros.

— Vai cantar também? — indicou o palco.

— Acho que não, — ponderei inclinando levemente a cabeça — E você?

— Só se tivesse uma boa companhia. — piscou com um olho só.

Neguei com a cabeça e dei mais um gole na cerveja.

— Espero que encontre uma então. — sorri.

Frederick deu uma risada alta e antes que conseguisse contestar ou barganhar algo ouvi a voz de Piter cumprimentando o público e logo após Bad Romance da Lady Gaga começou a tocar.

Piter e Ximena estavam simplesmente arrasando no karaokê, além de cantarem estavam fazendo uma coreografia que reconheci como sendo do clipe oficial.

— UHUL. — gritei e aplaudi, incentivando-os ainda mais — Lindos!

No refrão final levantei da cadeira e cantei junto com o grande coral formado pela maioria que estava ali dentro do pub. Meus braços estavam levantados, balançando de um lado ao outro.

Quando Piter e Ximena terminaram nós aplaudimos, alguns assoviaram e houve vários gritos de aprovação. Os dois agradeceram como se fossem pop stars e desceram do palco, voltando à mesa.

— Vocês foram ótimos. — elogiei.

Piter sorriu abertamente e Ximena fez um sinal chamando o garçom, pedindo mais cervejas.

— Vamos comemorar. — Ximena abriu uma das cervejas e a ergueu no ar para um brinde — A essa noite, que está só começando!

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