Missão grupo I - fase II: Infiltração.
Inspirar fundo e expirar lentamente. Tentou fazer isso mais uma vez...E mais outra. Seu coração parecia dançar um verdadeiro samba em seu peito. Será que ter um aumento no bombeamento de sangue atrairia os vampiros? Talvez devesse tentar se acalmar... Já tinha tentado exercícios de respiração e até mesmo pensou em um lugar feliz (um quarto com lençóis vermelhos, a luz de velas, ao fundo o som do mar com suas ondas se quebrando, embalando o clima romântico...E para completar a presença de um determinado agente do conselho...), analisando bem talvez tal lugar feliz fosse mais adequado ser posto na categoria lugar de fantasia sexual e não estava causando um efeito oposto a tranquiliza-lo! Afinal, para que uma ereção seja formada é necessário também aumento do fluxo sanguíneo para determinadas áreas ao sul do corpo!
A verdade era que Gabriel estava começando a entrar em pânico. Nunca se considerou um lobisomem ativo no sentindo de gostar de caçar e essas coisas... Sempre preferiu o conforto de uma boa poltrona, tomando vinho e na companhia de um bom livro (romance homoafetivo, vale salientar). Não sabia lidar muito bem com situações de confronto...A prova disso foi quando aqueles lobos transformados pela droga invadiram a sua alcateia. Não fora capaz de ser de grande ajuda, se envergonhava de admitir isso.
"Se pelo menos eu tivesse uma arma..." Pensou, sim, sabia atirar, algo que poucos lobisomens podiam saber, devido às restrições impostas pelo conselho... Com uma arma sabia que ao menos poderia se defender, bem que contra vampiros talvez balas comuns não fossem o suficiente e tão pouco os dardos tranquilizantes (munição permitida pelo conselho).
— Se acalme, sim? — Sussurrou Akira ao seu lado, eles nem haviam entrado no grande armazém aonde se encontrava os mercenários — Eu consigo até ouvir as engrenagens do seu cérebro trabalhando... Quase posso visualizar também um sinal luminoso em letrar garrafais com as palavras "Entrando em pânico" sob a sua cabeça.
— Você tem uma tremenda imaginação, meu caro agente. — Resmungou Gabi.
— Você ainda não sabe o quanto... — Piscou o lobisomem para o curandeiro que tentou disfarçar o rubor de suas bochechas virando o rosto para o lado.
"Perfeito...Mais sangue sendo direcionado para partes erradas no meu corpo! Droga, sistema circulatório, pare de me envergonhar!".
— Devemos ter a vantagem do dia ao nosso lado...
— Mas os vampiros não explodem a luz do sol como nos filmes! — Enfatizou Gabriel, se recordara de Marco e Alexander andando sob a luz do sol sem se afetar muito pela radiação ultravioleta.
— Existe um porquê de os vampiros não saírem muito a luz do sol o que alimentou as lendas propagadas até a atualidade. Sim, eles podem não virar pó, mas a luz solar os afeta no sentindo de causar irritações, queimaduras e em longa exposição câncer de pele o que pode levar a formação de melanomas*. Mas o que quero dizer é que vampiros são noturnos.
— Oh... — O curandeiro assentiu compreendendo o que o agente queria dizer — Você acha que eles estarão dormindo?
— Espero que sim.
Aquilo era uma esperança! Gabriel se sentiu um pouco melhor e entrar um ambiente escuro cheio de sangue sugas com treinamento militar.
— Vamos. — Anunciou Akira abrindo a porta, na verdade a dita porta não abriu logo de início, havia uma espécie da lacra eletrônica na entrada, algo que Cassandra facilmente destravou utilizando uma espécie de bugiganga eletrônica que ela informou de ser um decodificador.
Akira havia trazido a sua espada: uma Wakizashi (katana curta, medindo de 30 cm)... Nunca saia sem levar alguma arma consigo, adotara aquele tipo de espada por ser mais fácil de ocultar, do que sua katana de 70 cm. Esperava não ter que utiliza-la, infelizmente não acreditava que todos os vampiros estivessem dormindo. Obvio que haveria vigias.
"Serei capaz de lutar contra um vampiro treinado?" Pensou receoso, seus oponentes sempre foram lobisomens, apesar de saber que era bastante forte, mas nunca tivera a oportunidade de combater outros seres sobrenaturais, muito menos os poderosos vampiros.
A porta pesada foi empurrada com certo cuidado, tentavam ser os mais furtivos possíveis. A escuridão os recebeu de braços aberto, mas isso só perdurou por alguns instantes, a visão dos lobisomens também era adaptada a ambientes escuros com o mínimo de iluminação, afinal, caçar na floresta na forma lupina impossibilitava de carregar uma lanterna, não é mesmo? Depois do baque inicial da penumbra, o trio consegui vislumbrar um amplo galpão preenchido de caixas e mais caixas, de fato parecia mais um armazém na área portuária, com os produtos guardados para depois serem transportados... Todavia, as garrafas vazias de cerveja que abarrotavam o chão não devia ser uma característica típica de um armazém.
— Pelo visto os mercenários fizeram uma festa... — Comentou Gabi caminhando com bastante cuidado, não queria escorregar ou mesmo quebrar alguma daquelas garrafas e assim dizer Bye Bye a invasão as escondidas!
— Eu também faria algo do tipo se recebesse uma bolada de dinheiro por um simples trabalho. — Alfa Jean falou através dos auriculares, o curandeiro teve que se segurar para não soltar um gritinho assustado...Tinha até esquecido do dispositivo!
"Controle-se Gabi!" Censurou a si mesmo.
— Eles receberem tanto assim? — Agora era a vez de Akira perguntar.
— Oh! Sim! Tipo, mais de um milhão! A forma de eu ter localizado eles com certa facilidade agora se deu principalmente rastreando suas contas bancárias, foi transferido um grande montante ontem à noite, isso não passou despercebido por minha rede de espionagem... Pois bem, como disse antes, até entendo que eles queiram comemorar...
— Eles nem questionam a origem do dinheiro? Tipo eu acharia estranho receber tamanha soma por um trabalho que não parecia tão complicado...Afinal eles ocultaram um cadáver e esconderam as evidências. E só. — Resmungou contrariado Gabi.
— Eles são mercenários. São pagos para fazer e não para questionar. Esse foi o estilo de vida que escolheram viver, renegam a moral e a ética, o principal objetivo é ganhar o dinheiro. Ponto final. — Akira murmurou impassível. O curandeiro não conseguia aceitar tal explicação...Essa ausência de responsabilidade por parte daqueles vampiros o incomodava. Ninguém devia ser assim alheio as consequências de seus atos dessa maneira! Talvez estivesse sendo tolo e mesmo ingênuo, quem sabe as ideias de justiça a qual foi criado, graça ao seu louco pai, o fizessem ser crítico a tais ações.
"Eu não estou aqui para fazer uma palestra motivacional do que é certo e errado com seres sobrenaturais que podem me matar com um único golpe!" Concluiu em sua cabeça, devia se concentrar em não morrer e deixar para ser crítico.
O grupo seguia pelos estreitos corredores margeados por colunas de caixas, fora as garrafas vazias ainda não tinham identificado nenhum vampiro. O cheiro pungente de álcool e vomito camuflavam o aroma dos inimigos.
— E aí? O que encontraram? — Perguntou ansioso alfa Jean — Infelizmente eu não posso ver nada, somente ouvir! O que é muito chato. Devia ter confeccionado micro-câmeras em associação com o dispositivo de comunicação, seria algo muito fácil de fazer, só precisava das ferramentas corretas e...
— Não encontramos nada ainda. — Sussurrou a resposta Cassandra, cortando o tagarelar do seu alfa sobre os aparatos eletrônicos que poderia construir.
— Hum... Talvez eles estejam dormindo. — Opinou Gabriel dando uma melhor olhada nos caixas que estavam ali empilhadas, elas eram grandes e largas o bastante para caber um humano — Você sabe nós dizer se os vampiros gostam de dormir em caixões ou algo do tipo?
— Bem... — Ouviram o alfa repetir o questionamento para Marco que tagarelou em um tom contrariado, segundos depois Jean tinha retornado — De acordo com o meu lindo consultor vampiresco tal ideia é ultrapassada e se referem a época passada que não condiz com a atualidade, estou meio que parafraseando o que ele disse. No passado se utilizava caixões pois além de protege-los da luz, podiam ser transportados sem serem incomodados, os humanos não gostam muito de ficar perto dos mortos...Logo, caixões era uma forma ideal de disfarce quando necessitavam viajar longas distâncias, mas vampiros ainda preferem dormir em uma boa cama.
— Então, os caixões seriam um meio de transporte conveniente...E caixas enormes depositadas em um armazém também não seriam? — Gabi fez a pergunta e de imediato um silêncio se instaurou no grupo. Cassandra engoliu em seco e mirou as caixas a sua volta, Akira também observou, com a sua pequena espada samurais preste a sair da bainha negra.
— Segundo Marco, isso é uma forma muito sem estilo de viajar...Ele mesmo usa seu jatinho particular com janelas cobertas com películas com proteção a radiação ultravioleta, em voos noturnos... Er, querido, nem todos têm tanto dinheiro assim... — Podia-se ouvir ao fundo o vampirinho sangue-puro reclamando, mas Jean continuou falando — Acho que é uma hipótese plausível. Isso explicaria por que os mercenários parecem sempre escolher depósitos ou armazéns para ser seus centros de comandos. Assim, é mais fácil transportar seus componentes sem levantar suspeitas, ocultos em grandes caixas.
Gabriel assentiu, mesmo que alfa Jean não pudesse vê-lo fazendo isso. Havia grande estantes de metal a qual algumas caixas de madeira prensada estavam dispostas de forma organizada, ao contrário do caos de pilhas e amontoados de caixas que preenchia grande parte do galpão. Ali deveria se encontrar os vampiros...
Akira fez um gesto negativo com a cabeça, não era necessário verificar se a teoria do curandeiro era verdadeira ou não. O importante era encontrar algum computador e assim roubar seus dados. Se possível evitariam as estantes com suas caixas/caixões.
Estavam chegando ao centro do armazém quando escutaram (finalmente) algo.
— Saco! — Reclamou alguém — Ficar de vigília depois da festa! Que coisa mais injusta! Ficar acordado enquanto todos dormem felizes seus soninhos bêbados... Que grande bosta!
— Alfie. — Outra voz, menos estridente e muitas vezes mais calma (e baixa, já que os lobisomens só a escutaram devido a sua avantajada capacidade auditiva) — Se contenha.
— Me conter? Você não está chateado? Nem ao menos pudermos beber muito...
— Somos os membros mais novos do grupo, deve ser uma espécie de teste.
— Teste? Isso é tortura!
— Não seja dramático.
— Até parece que alguém vai vir aqui bisbilhotar... Isso é paranoia do chefe!
O trio se esgueirou por entre as caixas até avistarem uma área mais aberta, onde dois rapazes com roupas negras ao estilo militar, estavam sentados sobre algumas caixas velhas. Um deles tinha cabelos loiros penteados de modo que parecia mais uma imitação de porco-espinho eletrocutado. Tinha o rosto com um queixo quadrado, nariz afilado, olhos, mesmo agora terem assumido uma coloração escarlate típica da raça vampiresca, emitiam uma espécie de energia (talvez elétrica, combinando com o cabelo). Ele era alto e musculoso de modo que a roupa comprimia contra os bíceps, tríceps, deltoide, trapézio...Enfim, todos os músculos estavam bem destacados na vestimenta negra, um perfeito recruta para os mercenários, contrastando com seu parceiro de porte delgado, cabelos negros lisos, amparados por uma bandana... O outro detinha uma expressão serena e folheava um livro enquanto o loiro parecia estar ao ponto de explodir.
Akira não parecia surpreso com o encontro, ao contrário de Gabriel que tinha rezado para todos os deuses existentes para que não tivessem que confrontar nenhum sanguessuga!
— Mas existe uma vantagem de estar sozinhos... — O vamp-loiro agora já tinha deixado o seu estado "entrando em erupção" para algo menos perigoso. Começou a se aproximar do vamp-tranquilo, de forma nada sutil, o moreno não levantou seus olhos do livro.
— Podemos aproveitar o momento e... — Seu braço tentou envolver os ombros do outro, mas foi surpreendido por uma cotovelada — Ai! Lupin!
— Se comporte, por favor.
— E por que?
— O chefe não gosta que seus subordinados compartilham ...Esse tipo de relação.
— Que tipo de relação? — Alfie ergueu as sobrancelhas para o menor que ainda não levantava o rosto de sua leitura, Gabriel primeiramente pensou que o rapaz estivesse tentando ignorar o grande vampiro, mas pode evidenciar um rubor se alastrando pela a face antes pálida do vamp-moreno de nome Lupin.
— Não se faça de sonso...
— Ora, você que quis entrar nessa coisa de mercenários... Já está se arrependendo. — O loiro deu um grande sorriso, caninos alongados foram exibidos com orgulho — Afinal, está perdendo a chance de se deliciar com esse deus grego que está bem aqui ao seu lado.
— Alfie, alguém já te explicou o sentindo da palavra: humildade?
— E você Lupin, alguém já te explicou o sentindo da palavra: te deixar louco de prazer e tesão?
O moreno fechou o livro, suas mãos tremiam.
— Isso é mais de uma palavra!
— Você não respondeu a minha pergunta. — Provocou Alfie cutucando a bochecha rosada de Lupin que, por sua vez, tentou morder o dedo inconveniente.
— E tão pouco você respondeu a minha pergunta!
Alfie deus os ombros, ainda sorrindo.
— Aposto que ninguém vai notar se nos divertirmos um pouco... Eles festejaram e nos forçaram ficar quietinhos assistindo. Nem participamos da missão! Acho que devemos também ter um momento de descontração.
— Eu estou descontraindo, lendo. — Lupin já iria recomeçar a leitura de seu livro quando esse foi roubado por Alfie.
— Vem cá, Lupin... Sei que você pode ser bastante feroz quando quer. — O loiro importunava, balançando o livro bem acima do alcance das mãos do moreno
De fato, podia, pois de rapaz sereno se transformou em uma verdadeira fera. Sibilou e atacou o companheiro, os dois rolaram no chão em uma luta que logo evoluiu para algo a mais... Lupin rasgara o camisa do uniforme de Alfie, o peitoral firme e esculpido de músculos ficou amostra. O outro vampiro não transparecia incomodo com a situação, na verdade, estava evidentemente adorando ter Lupin sobre si, até mesmo o incentivou segurando sua cintura e o pretendo ali, logo acima de seus quadris.
"Pela lua..." Pensou Gabriel contendo a vontade de rir, não era isso que esperava encontrar no covil dos mercenários.
Akira balançava a cabeça.
— Nada profissionais... — Sussurrou com evidente decepção.
— Você não deveria critica-los tanto. — Repreendeu Gabi — Afinal, seria uma tremenda hipocrisia!
Kurokami apenas lançou um sorriso enigmático, algo que o curandeiro não gostou nem um pouco, afinal, não devia ativar o bombeamento do sangue para partes não necessárias em um momento de luta ou fuga...Afinal, correr com uma tremenda ereção entre as pernas era algo muito difícil de se fazer!
— Ei, Lupin...Não pare, sim? Estamos chegando na melhor parte! — Reclamou o loiro contrariado ao ver que já não era o foco da atenção do moreno.
— Não estamos chegando em parte alguma, pervertido. — Rosnou — Ainda mais você não sente o cheiro?
— Cheiro? — Nisso começou a farejar, suas pupilas dilataram de imediato — Oh...Sangue?
Akira e Gabriel, simultaneamente, se voltaram para Cassandra que tentava evitar, em vão, o sangramento nasal que estava tendo com vários lenços que havia trazido consigo, lenços esses que estavam enfiados no seu nariz...
— Pessoal... Consegui acessar a planta do armazém, deve ter uma escada próxima ao centro do galpão que leva a um escritório, acho que deve ser o local ideal para colocar uma rede de computadores! — Alheio ao que estava acontecendo, alfa Jean informava ao grupo em um tom alegre.
Akira, de relance, observou a dita escada logo atrás da dupla de vampiros que farejava o ar e se direcionava a eles a passos lentos.
— Iremos distraí-los enquanto você. — Apontou para a garota — Irá subir a para o escritório e fazer o que deve fazer.
— D-desculpa... — Choramingou a loba, sentindo que deveria falar algo referente a situação crítica que os tinha colocado.
— Olha, falaremos disso depois. — Gabriel deu um sorriso amistoso para a sua pupila — Não te culpo de reagir dessa maneira quando vê dois homens se pegando! Na verdade, é algo totalmente natural! Só teremos que te treinar mais para controlar o seu nariz! I
Cas assentiu relutante.
— Vá... — Mandou Akira já empunhando a sua espada. Gabriel tentou parecer todo macho e guerreiro como o agente, mas sabia que estava quase chorando e fazendo pipi nas calças. Pelo menos Cassandra não estava ali para presenciar a sua humilhação...
~~Palavras da autora~~
Melanoma: O tipo mais grave de câncer de pele.
Retornei!!
Eu não abandonei a história!!
Novos personagens apresentados: Lupin e Alfie(alfred). Espero que tenham gostado deles!
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