Grupo I e II...Unidos?
— Essa é a sua ideia de escapar? — Resmungou Diego levando as duas mãos para tampar o nariz. Se seu olfato já estava bastante prejudicado com as montanhas de lixo ao seu redor imagine descendo no que seria a entrada para esgoto da cidade!
— É a única saída...Digo, não podemos voltar e sairmos por onde entramos. — Explicou Alexander, com impaciência. O vampiro-mirim apontava para algum ponto atrás do grupo. Ainda podia ouvir os gemidos e rosnados dos seus perseguidores, cada vez mais perto.
— Poderíamos quebrar o muro e... — Sugeriu Di.
— Esse muro tem um metro de espessura de concreto, além de estarmos ainda dentro do perímetro cidade. Ao redor desse lixão, você deve ter visto quando nos dirigimos para cá, existe uma favela... Ao abrir a passagem no muro, usando nossa força, também permitiríamos que aqueles seres nos caçassem em meio a humanos! Infelizmente, não creio que tais aberrações saibam a diferença entre civis e seus alvos... — Explicou Jack, algo que irritou um pouco o outro lobisomem. Afinal, aquele jeito todo racional do agente da alcateia despertava sentimentos paradoxais no curandeiro...Achava estranhamente atraente ver Jack tomar a iniciativa como líder, mas também o enfurecia por ter que concordar com tudo aquilo, afinal ainda era um rebelde!
"E ir para outro local fedorento?" questionou com resignação.
— Certo, certo! — O vampiro já tinha retirado a pesada tampa, não se podia ver o que tinha lá dentro, mais podia vislumbrar o início de uma escada de metal, ruma a escuridão dos canais das águas residuais daquela cidade costeira — Vamos?
— Acho que nós não temos mesmo outra opção... — Lamentou Di, voz meio fanha por estar tapando o nariz com os dedos.
O trio adentrou na passagem, fechando a tampa, logo em seguida. Bem a tempo, já que ouviram o rugido e gritos dos seus perseguidores logo acima de suas cabeças.
— Essa foi por pouco... — Suspirou aliviado, o vampiro.
— E agora? Estamos no escuro! — Di não queria parecer um filhote mimado, mas só de imaginar a sujeira a sua volta, os insetos rastejantes naquele túnel estreito... Podia ser um Lobo e estar acostumado a natureza, mas sempre sentira asco por cidades grandes e seus dejetos.
— Tem luzes de emergência nas galerias lá embaixo. — Informou, solicito, Alexander.
— Viu? Não precisa ficar com medo. — Disse Jack, todo alegre.
— Eu não estou com medo! — Rosnou Diego.
— Ainda mais...Com a minha presença ao seu lado. — Di pode sentir a mão de Jack segurando a sua — Não precisa temer nada, gatinho.
— Já disse que não estou com medo! — Se pudesse vê-lo, iria dar um tremendo soco na sua cara sorridente.
— Achei! — Uma luz veio lá debaixo, a luz para um humano devia ser ínfima, mas para um lobisomem era mais que o suficiente. Tendo em vista que a visão noturna de um Lobo (no caso animal) é a mais aguçada da família dos canídeos, no caso de seu parente "sobrenatural" essa habilidade era ainda mais avantajada. Só precisavam de uma mínima fonte de luz para que seus olhos adaptados pudessem vislumbrar, com perfeição, todo o ambiente. E agora que Diego via...Podia notar o quão perto Jack estava de si. Na verdade, o outro rapaz estava praticamente o abraçando naquele estreito túnel.
— Então, você vem sempre aqui, gatinho? — O lobisomem mais velho tivera a ousadia de perguntar.
— Se tem valor a sua vida, você vai se afastar...
— Não tem muito espaço aqui para me afastar.
— Tem sim, desça! — Rosnou.
Jack, ainda todo risonho, começou a descer (com muita lentidão) as escadas.
— Uau...Sua bunda é mesmo muita linda vendo deste ângulo. — Falou ele já abaixo de Di, ainda nas escadas.
— Pela a lua! Cala a boca! — Diego agora todo corado, chutou a cara sorridente do outro, fazendo com que o mesmo caísse nas galerias.
— Vocês são muito estranhos... — Comentou o jovem vampiro.
— Eu não sou estranho — Argumentou Di, saltando para dentro da galeria — Ele que é estranho!
Jack não respondeu, apenas olhou em volta, agora assumindo a sua postura de agente do conselho. Pelo visto, o chute dado por Diego, tão pouco a queda de Jack no duro chão da galeria, o machucara, o que causou uma certa revolta por parte do curandeiro.
— Se seguirmos a galeria, qual será a saída mais próxima? — Perguntou a Alexander.
— Bem, irá seguir até o porto... Mais precisamente a área de armazenamento das mercadorias, os galpões.
— Então, iremos aonde Akira e os outros estão. Perfeito. Está ouvindo isso, Marco?
— É senhor Marco para você. — Reclamou o vampiro de sangue puro no comunicador — Estou tendo er...Como é a palavra? Ah! Interferência... Mas estou sim ouvindo vocês.
— Deve ser por estarmos no subsolo. — Sugeriu Di, limpando a roupa suja de poeira e outras coisas. Definitivamente, quando chegasse a mansão teria um longo banho.
— Vocês estão bem? Machucados? E o pequeno Alexander? — Inqueriu Marco, com evidente preocupação na voz.
— E-eu não sou pequeno! — Respondeu Alexander, ficando rubro.
— Estamos bem. Todos nos. — Respondeu Jack — Não conseguimos pegar as amostras da droga... Infelizmente. Fomos atacados por cobaias... Nem conseguimos chegar perto dos galpões.
— Mas eu consegui amostra dos sangues deles. — Acrescentou o curandeiro mostrando provetas com o sangue rubro enegrecido em seu interior.
Uma expressão de surpresa foi vislumbrada no rosto de Jack.
— M-mas quando? Digo...Como você tem isso...
— Gabriel me instruiu em sempre trazer recipientes para fazer coleta de amostras. — Informou o jovem lobisomem — Mesmo que não tenhamos a droga, tenho certeza que o sangue desses pacientes irá nos informar mais sobre os efeitos da mesma, já que, como pudemos ver, esses lobisomens que nos atacaram não morreram pelo o uso da droga como os outros.
Jack assentiu ainda boquiaberto, isso só fez com que Diego corasse.
— Vai falar alguma coisa ou vai só ficar me olhando com essa cara de idiota?
O outro lobisomem deu um grande sorriso.
— Gatinho, cada vez mais estou me apaixonando por você.
Aquela não era o tipo de resposta que Diego esperava.
— Bem, vamos indo? Temos que encontrar com Akira! Aposto que ele irá precisar de reforço ou algo do tipo! — Disse Jack em seguida, não dando tempo para Di formular uma resposta para a afirmação anterior.
"E o que eu iria responder?" Questionou a si mesmo. Tentava ignorar os sinais...O acelerar dos batimentos de seu coração. O fato de seus olhos sempre buscarem Jack. De querer conhecer mais sobre aquele lobisomem de hábitos erráticos e humor pervertido.
"Eu iria dizer que também estou me apaixo..." Sacudiu rapidamente a cabeça, tentando dissipar aquela linha de raciocínio. Não era tempo para filosofar sobre romance! Não era como Gabriel e Cassandra que se perdiam em suas ficções melosas e quentes! Era um cientista! Dentro de sua mente e coração só deveria resistir o pensamento racional! Paixão? Amor? Isso era irracional e devia ser deixado em segundo plano!
Deveria...
~**~
— Nós vamos morrer. Nós vamos morrer. Nós vam... — O vampiro moreno repetia esse mantra enquanto se agarra o cinto de segurança como se o mesmo pudesse salva-lo da alta velocidade e curvas perigosas que o carro fazia nos caminhos estreitos das docas.
— YAHOOO! Isso é muito maneiro! Mais rápido! — Gritou o outro vampiro de cabelos dourados.
Cassandra que estava entre os dois novos companheiros, abraçava o seu equipamento eletrônico, esperando que o mesmo lhe confortasse ou lhe desse coragem diante daquela nova aventura.
— Eu pensei que você sabia dirigir?! — Inqueriu Akira, pelo visto, o lobisomem parecia realmente preocupado. A fuga foi feita as pressas em sem muito planejamento, simplesmente correram, seguindo os vampiros desertores rumo a uma passagem lateral. Os mercenários estavam logo atrás, desta forma, sem perder muito tempo, adentraram no carro oferecido por Marco. Contudo, ao fazê-lo Akira e Gabriel tinham trocado de lugar, sendo que o curandeiro ocupava o assento do motorista e o "lobisomem-samurai" se tornara o seu copiloto.
— E eu sei! Vivi muito tempo com humanos ou esqueceu? — Disse deixando o seu pé afundar no acelerador. Os mercenários, pelo visto, não estavam despreparados, tinham conseguido motos e os perseguiam.
O carro derrapou em uma curva, devido a aceleração, quase saindo da estrada e despencando nas águas salgadas do mar, afinal, não deviam esquecer aonde as docas estavam situadas.
— E você tinha carteira de habilitação? — Akira parecia descrente quanto aquele fato.
— Eu tinha! — Rosnou o curandeiro que acelerava novamente, pelo menos a sua manobra arriscada fizera que uma das motos que o perseguia perdesse o controle e fosse lançada ao mar — Mas desde que me integrei a alcateia de Trevis, não tive muita oportunidade de dirigir, afinal, temos um lobisomem muito ciumento quanto aos veículos da alcateia e também que se autoproclamou o motorista oficial da família.
Mas outra curva fechada, mas outra derrapada, ou aquilo poderia ser chamado de Drift? ドリフト走行, (dorifuto sōkō) era uma técnica de direção de carros que consistia em fazer o veículo andar, literalmente, de lado durante uma derrapagem...Akira sabia disso, pois tal técnica tinha surgido no Japão. Apesar de achar interessante os vídeos referentes ao assunto nunca imaginaram fazer parte daquilo ao vivo.
— Acho que vou vomitar... — Lupin anunciou fazendo uma tremenda careta, até o seu rosto parecia ter adotado um tom meio pálido.
— YUUHUUU! Veja! Sem as mãos! — Alfie, o outro vampiro tinha levando os seus musculosos braços para cima, parecia estar tendo o momento de sua vida.
— P-pessoal... E-estamos andando em círculos! — Destacou, Cassandra, apontando para a tela da localização GPS do veículo no mapa da cidade, disposto no monitor do painel do carro.
— Gabriel, temos que sair daqui! — Lembrou Akira.
— Eu sei, eu sei! Estou trabalhando nisso! — Resmungou, enquanto avançava pela estrada viu que havia motocicletas vindo em sua direção.
— Gabriel!!
— Shhh! Akira! Não está vendo que estou dirigindo!
— Ai meu deus...Agora sim, tenho certeza que vou vomitar!
— Yeah! Acaba com eles senhor Lobo!!
Gabriel brecou a apenas poucos centímetros de distância do mercenário, que continuara acelerando. O motociclista tentou desviar do obstáculo, mas acabou por colidir com um amontoado de caixas de madeira situadas próximo ao carro. Gabriel não esperou que o mercenário se recuperasse, tão pouco que seus "amiguinhos" o alcançassem. Engatou a ré e passou acelerar na direção contrária.
— Para onde, Cassandra? — Exigiu saber.
— Para...Ah... Direita...
— Certo! — Ele virou.
— A minha direita, Gabi! — Choramingou, ela, aflita.
— Certo! Sem problema! — Ele virou para o lado oposto, batendo na lateral de algumas latas de lixo.
— Akira? Sei que vocês devem estar em uma situação meio complicada... — A voz de Alfa Jean se anunciou nos comunicadores.
— Meio? — O agente ergueu as sobrancelhas, admirando com a "escolha" de palavras do outro lobisomem.
— Mas, pelo visto, Jack e seu grupo está se direcionando para onde vocês estão indo...Quem sabe você possa dar uma carona para eles?
— Carona? Não sei se você notou, mas estamos meio lotados!
— Ei! Não vamos abandonar nossos amigos!
Akira franziu o cenho e rosnou.
— Eu não disse isso!
— Alfa Jean! Onde Diego e os outros estão? — Gabriel sabia que estava assumindo a liderança da "missão", algo que, claramente, enfureceria Akira, mas ele não se importava com as consequências...Pelo menos, não agora.
— Hã? É você que está dirigindo, Gabi? E eu que pensei que você tinha ficado sem sua carteira de motorista devido aquelas incontáveis multas e infrações que...
— Onde?! — Insistiu o curandeiro rangendo os dentes.
— Logo adiante, à três quadras, tem a entrada para a estação de esgoto da cidade...
— Ok! Vamos para lá! — Afundou, mais uma vez o pé no acelerador, o cheiro de pneu queimado foi sentindo e o carro foi impulsionado a frente.
~**~
— Finalmente! — Exclamou Diego, quando emergiu do subterrâneo, abandonando o fedor das galerias. Estava tão feliz sentindo cheiro salgado do mar, a luz forte do sol, o barulho de uma perseguição de carros...
Espera...
— Gatinho, melhor se preparar... — Falou Jack, ao seu lado, com toda a sua postura agente. Alexander, fora o ultimo a sair do esgoto e os observava com uma expressão confusa.
— O que houve, agora?
A sua resposta foi dada quando a cerca de metal que delimitava o terreno da estação de tratamento foi rompida por um carro em alta velocidade. O carro, por sua vez, avançou na direção do trio que se encolheu esperando pelo impacto eminente. Contudo, subitamente o veículo freou e a janela do motorista abaixou.
— Entrem! — Mandou Gabriel.
— Gabi? — Di inqueriu, estupefato — Você dirigindo?
— Não, estou cozinhando! Estou fazendo uma grande e bela salada mista! Tenho todos os ingredientes necessários, lobisomens, vampiros e mercenários loucos! — Respondeu com rispidez — Agora entrem e façam parte dessa salada!
Diego já iria dar uma resposta a altura quando Jack o empurrou em direção ao carro, abrindo a porta do mesmo e...
BLERG...
Alguém tinha vomitado logo em cima de suas botas.
— Eu disse que iria vomitar... — Choramingou o desconhecido.
— Mas o que...? — Jack franziu o cenho, quem era aquele cara?
— Venham, amigos! — Um loiro bombado falou — A viagem é superdivertida! Melhor que uma montanha russa!
— Er... Quem são esses vampiros? — Questionou Alexander em um sussurro, ficando meio tímido na presença de outros membros de sua espécie.
— São ingredientes de minha salada! Já disse! Agora entrem! — Mandou Gabriel. Sem ter outra opção o grupo entrou. Agora só tinham que fugir dos mercenários...Simples assim!
~**Palavras da autora**~~
Desculpe a demora, estava de férias e só essa semana eu retornei a escrita!
Obrigada pela paciência.
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