21 - A Fúria de um Dragão

I know you
We've been here before
No surprises
A settled score

I know the darkness
From inside
Reckless rage
And poisoned pride

Eu conheço você
Nós já estivemos aqui antes
Sem surpresas
A pontuação está estabelecida

Eu conheço a escuridão
De dentro
Raiva imprudente
E orgulho envenenado

I Know You
The White Buffalo

Mikasa ficou atônita. A expressão de seus companheiros era de puro pavor ao ver a jovem ruiva ensanguentada no chão, o rosto da garota estava numa expressão de dor e tristeza, como uma fotografia melancólica. Mikasa num impulso, tentou descer, mas foi impedida por Levi.

-Não. Se for lá vai ser pior. - Depois virou-se para Sasha. - Corra para a floresta Sasha. - A garota obedeceu receosa e saiu correndo sem olhar para trás.

-NÃO! Eu tenho que ir lá! - Mikasa gritava.

-Não! Estamos cercados!

Mikasa manteve-se onde estava, mas seu coração estava destruído, queria saber como Ygritte estava, era só isso que ela queria.

Foi em questão de segundos. Um urro assustador que parecia de uma fera surgiu na escuridão, e um a um os soldados foram caindo.

-O que é aquilo? - Connie perguntou.

-Um urso? - Jean perguntou tenta do ver o que abatia os soldados.

Demorou um tempo, mas em meio às tochas a silhueta de uma mulher alta surgiu. Furiosa, Implacável. Ela esmagava crânios com as mãos e torcia o pescoço dos soldados como se torce de uma galinha. Ela arrancava corações e tripas como uma fera selvagem, enquanto mordia a traqueia do outro como um leão. Quem viu aquela cena aquela noite ficou horrorizado. Alguns soldados nem saíam do lugar. Outros urinaram de medo ao ver aquela mulher monstruosa se aproximando. Os soldados eram muitos, mas não houve nenhum homem que conseguiu derrubar a mulher. Uma roda de homens tentou cercar a fera. A mulher deu um suspiro e fumaça saiu de suas narinas. Teve gente que duvidou nos que os próprios olhos viram, ela cuspiu fogo pela boca e incendiou dezenas de homens ao seu redor. Quando o fogo clareou a face da mulher, Levi teve certeza.

-Betina...? - Ele tinha os olhos arregalados diante do que via.

-Tem certeza? - Jean perguntou.

-Tá de brincadeira né? - Connie perguntou pesaroso. - Ela não é assim, né?

-O que vamos fazer? Quer que eu use o Colossal? - Armin perguntou a Levi.

-Por enquanto nada. Aproveitem a oportunidade e peguem a Sasha e ficamos aqui aguardando. Não se movam sem necessidade ou todos nós morreremos. Se usar o Colossal será pior ainda. Se descobrirem que é um titã poderemos perder você aqui. E não podemos correr este risco.

-Acho que a melhor coisa é esperar mesmo. Não sabemos nada sobre este "veneno". - Armin disse.

-Sim, ficamos aqui e rezamos para Veridiana e Hange chegarem logo com o antídoto.

Os soldados mudaram seu alvo e começaram a atirar em Betina. A pele parecia estar cobertas por escamas como uma armadura. Era impenetrável. Nenhuma bala, lança ou lâmina perfuravam o corpo dela, o que fazia sentido do porquê o antídoto ter que ser ingerido. Logo depois o grupo da Resistência saiu da cabana junto com Baren e Trigun.

-Senhor, como vamos fazer? - Um dos soldados disse ao perceber o perigo que estavam enfrentando.

-Lutaremos até a morte soldado. É só o que nos resta.

Baren correu rugindo para cima dos soldados e derrubou mais homens. Enquanto, Trigun e os demais membros dava cobertura à Betina.

-Mantenham distância da Betina e saia do campo de visão dela. Acredito que ela não possa nem distinguir amigo de inimigos naquele estado. - Taiga disse aos seus companheiros.

Betina ainda estava em cólera. Levi assistia tudo em silêncio e sem saber o que fazer. Betina incendiou mais alguns soldados e abateu mais alguns. Em questão de minutos, mais de 200 soldados sucumbiram diante da Sangue de Dragão.

Os membros da Resistência correram em direção à floresta tentando se manter longe da fúria da mulher. A morena caminhou até o corpo de Ygritte e ficou observando a menina ensanguentada e se ajoelhou ao lado dela.

Foi neste instante que Levi percebeu o motivo da Fúria.

Manta tentou se aproximar devagar, mas parou no meio do caminho ao sentir a presença assustadora da mulher. Betina olhou furiosamente para os homens da Resistência fortemente Armados e seu semblante mudou mais uma vez.

-Manta... tem algo errado. - Taiga disse preocupada.

-Droga...

-Eu vou segurar ela. - Baren disse calmamente.

-Você está maluco? - Falke perguntou ao ver a determinação de Betina.

Do alto das árvores Levi ainda estava imóvel olhando fixamente para uma enfurecida Betina.

-Vamos interferir? - Mikasa perguntou.

-Espera só mais um pouco. - Levi disse analisando a situação.

-Se a gente interferir agora poderá ser muito pior, vamos nos manter calmos. - Armin disse.

Baren se aproximou de Betina devagar.

-Se vai descontar sua fúria que seja com alguém como eu. Pode vir Sangue de Dragão...

Betina partiu para cima do grandão Baren. A luta parecia com uma briga de titãs. Os demais foram se afastando ao poucos para tentar se proteger. Levi e os outros aproveitaram que a furiosa Betina estava lutando com Baren e foram até Ygritte. Mikasa se aproximou da ruiva e estremeceu ao ver os olhos entreabertos da jovem. Ela não pode conter as lágrimas.

-Você sabia... né? Disse isso pra mim. Maldita Ygritte!

Mikasa levou a mão a seu pescoço ao perceber que Ygritte parecia estar respirando e arregalou os olhos. Seria possível?

-Armin! - Mikasa gritou.

O loiro se aproximou de Ygritte e checou o pulso.

-Está viva? - Armin disse confuso.

-Sim! Como...?

-A bala pegou de raspão.

Levi se aproximou dos dois e disse meio ríspido.

-Vamos levá-la. Precisamos ir para outro lugar.

Não deu nem tempo, Betina derrubou Baren com um soco e avistou que Connie e Jean tentavam tirar Ygritte do local com cuidado. Era como uma fera protegendo um filhote.

Armin olhou para uma Manta que estava terrivelmente assustada e disse:

-Está feliz agora? Era isso que você queria não é? Agora vocês estão fugindo como covardes na floresta.

Manta não respondeu nada, ficou apenas assustada olhando para o loiro com os olhos arregalados.

Levi ao ver a amada enfurecida vindo na direção deles apenas disse.

-Vão.

-Mas, capitão... - Armin tentou argumentar. - Eu posso...

-Não! A Betina é minha responsabilidade Ninguém toca nela além de mim.

Os soldados obedeceram receosos, pegaram Ygritte e se afastaram pela floresta.

-Então, vamos lá, meu amor... - Ele disse triste.

Betina estava cega de raiva, era como se apenas a raiva a guiasse. Só via Ygritte e seu sangue escorrendo pelo chão. Levi se pôs diante dela e acertou um soco na barriga, depois a segurou pelo braço e a arremessou. Ela voltou rugindo e tentou golpear o baixinho que desviou, ele usou o DMT e se moveu pelo ar e tentou golpear a morena com a lâmina a que se partiu ao meio ao entrar em contato com a pele dela. Ele rodopiou e acertou um chute que foi defendido por Betina e depois acertou um soco em Levi que defendeu com o braço direito. O impacto acabou arremessando Levi para longe. A morena ia em direção à ele quando foi impedida por Baren que a segurou pela perna e a derrubou. Betina acertou um chute no grandão e continuou correndo em direção à Levi. Ele se preparou para o ataque, mas foi salvo por Hange e Veridiana que chegaram pela floresta.

-Está atrasada quatro olhos. - Levi disse secamente.

-Me desculpe, Viemos o mais rápido possível.

-Explica a situação! - Veridiana disse ao ver a quantidade corpos.

-Fomos atacados, atiraram na Ygritte A Betina viu e atacou todo mundo. Está fora de si. - Levi disse resumidamente.

-Droga!

-E o antídoto? - Levi perguntou

Veridiana tirou do bolso um vidro com um líquido vermelho.

-O único problema é que tem que ser ingerido. E ela não parece estar querendo beber nada agora.

-A pele não corta. - Levi disse observando a mulher se movimentar na direção deles.

-Você... - Veridiana disse assustada.

-Tentei cortá-la.

Veridiana se assustou com a frieza do baixinho que estava disposto a tudo.

-Não dá para falar com ela? - Veridiana perguntou.

-Não dá nem pra chegar perto, ainda está sendo bom para nós que ela não está tentando nos incendiar.

-O que?? - Hange perguntou horrorizada.

-Cospe fogo como um dragão. - Levi disse fazendo Hange ficar ainda mais horrorizada.

-Mas, que merda!

Eles tentaram mais uma vez. Hange, Levi e Veridiana entraram num combate corpo a corpo com Betina, que parecia não se cansar, não sentir dor.

-Como vamos fazer? - Hange gritou.

Levi pensou por um instante. Ele teve uma ideia. Não tinha outro jeito de fazer a morena beber o líquido.

-Veridiana! Me jogue o frasco! - Ele gritou para Veridiana.

A mulher jogou o frasco para Levi. O capitão respirou fundo, abriu o frasco e levou a boca.

-O que está fazendo seu idiota! - Veridiana gritou.

-Levi, e se for venenoso pra você? - Hange disse preocupada.

Levi não respondeu, saltou com o auxílio do DMT e deu a volta por cima tentando desviar a atenção da morena, quando alcançou o ângulo ideal se jogou sobre ela, entrelaçou a cintura dela com as pernas, segurou o rosto dela com as duas mãos e selou um beijo na boca dela.

-Mas, o que? - Veridiana disse espantada. - O que ele tá fazendo?

-Eu não acredito! Colocou o antídoto na boca e fez ela beber!

Betina que segurava o braço de Levi foi soltando o braço lentamente e sentiu as pernas falharem. Levi não soltou a mulher e mantinha seus lábios presos aos dela. A morena dobrou os joelhos, Levi soltou a cintura dela e ficou de pé diante dela ainda beijando os lábios dela. Ele notou os olhos voltarem ao normal e as veias que antes pareciam incendiar irem se acalmando. Ele finalizou o beijo e ficou olhando os olhos da mulher que tinhas pupilas dilatadas e mantinha as duas mãos no rosto dela. Betina foi voltando as pupilas e a medida que ia identificando o rosto a sua frente as lágrimas iam brotando de seus olhos e rolando sobre seu rosto. E um choro emocionado saiu abafado de sua garganta.

-Levi... - ela disse com a voz embargada.

-Tá tudo bem agora, meu amor.

Ela amoleceu o corpo e caiu para frente e foi amparada por Levi que a abraçou fortemente. Sentiu o cheiro do cabelo dela, o toque da pele dela. Não iria deixar ela nunca mais.

Betina abriu os olhos com dificuldade . A cabeça estava rodando e seu corpo estava dolorido. A cama parecia estar movimentando. Ela olhou para o lado esquerdo e viu Levi sentado na cadeira dormindo desconfortavelmente. Aos pés da cama estava Hange.

-O que...? - Betina perguntou.

-Não faça muito barulho. Ele dormiu a uns 10 minutos. Não pregou o olho a noite toda preocupado com você.

-Hange... onde estou? - Ela se assustou ao ver o tapa olho, mas não perguntou a respeito.

-Num navio. Deixamos ele escondido quando chegamos aqui e acabou sendo o único lugar seguro que podíamos ir.

-E... O Levi? - Ela olhou para o amado.

-Ficou do seu lado para garantir que ninguém te mataria enquanto estivesse sobre o efeito do antídoto.

-O que foi que aconteceu?

-Descansa primeiro, depois a gente fala sobre isso.

Betina ficou olhando o amado por um tempo até ele despertar de seu sono rápido num pulo como se estivesse tendo um pesadelo.

-Oi... - Betina disse sorrindo.

-Você finalmente acordou...

-É eu... - Ela foi interrompida por um abraço apertado de Levi e pela primeira vez desde que o conheceu sentiu as lágrimas quentes caírem sobre o ombro dela. Ele estava chorando. Ela retribuiu o abraço apertado e ficaram assim por um longo tempo. Era a forma de dizer tantas coisas no mais completo silêncio.

-Pensei que nunca mais veria você. - Ele disse quando finalmente conseguiu.

-Me desculpa. Me... perdoa. Eu devia ter sido mais sincera com você. - Ela não conteve a emoção. - Eu me arrependo tanto.

-Não diga isso. Tá tudo bem.

Ele beijou seus lábios. Queria dizer tanta coisa, mas a emoção de vê-la era grande demais para qualquer coisa naquele momento. Ele se levantou e trancou a porta e depois voltou para Betina e a beijou mais uma vez. Já fazia mais de um ano desde que estiveram juntos pela última vez. O amor que sentiam um pelo outro era intenso, a saudade era avassaladora. Eles se despiram com fervor, ele se pôs sobre ela com vontade e paixão e fizeram amor como se fosse a primeira vez. Ela sentiu como se todo seu corpo estivesse sendo preenchido, como se o amor que sentiam um pelo outro fosse tão imprescindível quanto o ar que respirava. Eles chegaram ao clímax juntos e depois ela chorou nos braços dele como uma criança.

Betina amava tanto Levi que trocaria tudo no mundo por uma vida ao lado dele. Não importava o preço que fosse.

Eles deitaram de frente um para o outro. Ele tinha o olhar fixo no rosto dela com a expressão de alívio. Nem podia acreditar que ela estava ali.

-Eu chorei por você quando pensei que estava morta. - Ele disse olhando intensamente nos olhos dela.

-E eu sofri por um ano presa, pensando em você e como estaria.

-Betina... - Levi beijou os lábios dela mais uma vez. - Eu sou seu. Meu corpo, meu coração, minha alma, todo meu ser. Te amo como um louco. Mataria por você, morreria por você. E não tô nem aí para quem você seja.

Betina passou os braços no pescoço de Levi e abraçou o capitão fortemente.

-Maldito. Por que você disse uma coisa dessas...? - Ela disse chorando.

-Você vive chorando...

-Eu não posso evitar... esperei tanto tempo pra você me dizer algo assim.

-Sua boba. É o que eu sinto.

Betina olhou para ele com os olhos marejados e tocou seu rosto delicadamente.

-Eu queria que nosso mundo fosse só aqui dentro deste quarto. Eu e você... não quero sair lá fora, não quero enfrentar ninguém, eu só quero você.

Ele enxugou as lágrimas dela com os dedos de forma sutil e disse calmamente.

-Nós somos soldados. Temos um dever a cumprir. Eu também queria que o mundo inteiro se fodesse.

Ela acenou com a cabeça e depois deitou sobre o peito dele e ficou ouvindo as batidas de seu coração. Queria aproveitar cada detalhe do homem que amava, tinha medo de ser a última vez.

-Temos que ir... - Levi disse sorrindo.

-Só mais 10 minutinhos.

Ele acariciou os cabelos dela e depois disse com a voz suave.

-Betina, eu retiro o que eu te disse naquela época.

A morena ergueu o rosto e apoiou o queixo no peito de Levi.

-O que?

-Quero que seja minha esposa. Minha mulher.

Os olhos dela lacrimejaram mais uma vez e ela tremeu os lábios e não conseguiu dizer nada.

-Você achou ruim? - Levi disse assustado.

-Não. É maravilhoso.

Um casal apaixonado as vésperas de uma guerra. O destino as vezes é injusto e cruel, mas também é capaz de nos proporcionar momentos e sentimentos inesquecíveis. A partir dali seria apenas combate, conflito e morte.

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