17 - Rainha Calandiva
Tearing us
You're tearing us
You're breaking us
You're breaking us
You're killing us
Killing us
You're saving us
You're saving us
Nos rasgando,
Você está nos rasgando,
Você está nos quebrando,
Você está nos quebrando,
Você está nos levando,
Nos levando,
Você está nos salvando,
Você está nos salvando...
Saving Us - Serj Tankian
Vermogen, muito tempo atrás
Calandiva era considerada uma das mulheres mais bonitas daquele reino. Tinha os cabelos dourados, e os olhos verdes como duas esmeraldas. Era alta e imponente. Ela caminhava em seu jardim florido repleto de gardênias, as flores favoritas da rainha. Havia também muitas calandivas uma homenagem a rainha regente.
A primavera durava pouco tempo em Vermogen, então Calandiva aproveitava o tempo que podia para apreciar as flores do Palácio Dourado.
Atrás dela, a ama e fiel criada, Moema. Sempre a 5 passos da rainha ela estava sempre à disposição de sua Majestade. Calandiva havia ascendido ao trono após diversos conflitos e anos de seca e fome. Com a sua gestão ela trouxe de volta dias melhores a todo o seu povo e era amada por todos.
-Ah... Moema, não é maravilhoso?
-Claro que sim, Majestade. Só não são mais bonitas do que a senhora, minha rainha.
-Este ano as flores estão mais bonitas que nunca.
-Se me permite, sempre que vejo estas flores me lembro da senhora, vossa graça. De quanto desabrochou nos últimos anos e se tornou esta grandiosa Rainha.
A memória de Calandiva voltou alguns anos. De quando ela se tornou a rainha de Vermogen. Calandiva, a Rainha Dragão.
A família Drachen morava nos anexos do Palácio. A mãe de Calandiva havia morrido em circunstâncias misteriosas. Seu pai também havia morrido de uma doença que assolou boa parte da população de Vermogen. Ela não tinha irmãos. Como não havia outro herdeiro ela era a rainha legítima do trono de Vermogen.
Calandiva Rosalia Drachen assumiu com apenas 16 anos. Jovem, imatura e sozinha. Quem cuidava dela era Moema, sua ama. A responsabilidade jogada no colo da jovem rainha era muito grande. Fome, seca, doenças, conflitos internos e corria-se um boato de que uma nação perigosa dominava o mundo do outro lado do mar.
A jovem rainha estava em seus aposentos naquele dia. Chorava copiosamente enquanto as amas lhe vestiam. Vestido preto com detalhes em vermelho. O símbolo da Família Drachen estampado ao longo do tecido, um grande dragão de asas abertas.
-Não chore Majestade, é um dia muito importante. - Moema tentava consolar Calandiva.
-Por que tem que ser eu?
-Você é a rainha regente, herdeira do trono e a senhorita será uma grande Rainha!
-Eu só queria que minha mãe estivesse aqui, ela saberia o que fazer.
-Seu pai a treinou. O grande Rei Bjorn! Ensinou tudo que precisava para ser uma grande rainha! Ele sabe que a senhorita é a escolhida para isso.
-Moema, o povo tem fome, doenças, e eu não tenho a menor ideia do que vou fazer!
Moema se aproximou da jovem Calandiva e disse olhando nos grandes olhos verdes da Rainha.
-A senhorita será a melhor Rainha que Vermogen teve e seu nome será cantado em canções até o fim dos tempos. Vida longa à Rainha Calandiva!
A jovem se emocionou. A responsabilidade era grande e a tarefa não seria fácil, mas, não havia tempo, nem escolha. Calandiva seria coroada.
Calandiva caminhou devagar até o trono. O cabelo preso numa longa trança lateral, em seus ombros uma capa magna de cor Dourada. Ela se ajoelhou diante do Arcebispo e foi coroada. A coroa de ouro maciço eram dois dragões entrelaçados e no centro um rubi. A ela foi entregue um ceptro e ela fez o juramento.
Depois foi até a varanda e acenou para uma multidão enorme. Alguns gritavam o nome da Rainha, outros olhavam desconfiados. Uma rainha tão jovem e além de tudo, mulher. Não viria coisa boa por aí.
A partir dali, Calandiva Rosalia Drachen seria a Rainha de Vermogen.
Os anos foram passando lentamente a medida que a Rainha resolvia os problemas de seu país. Trouxe esperança a um povo sofrido. E mais uma vez, Vermogen voltava a sorrir.
A Rainha tinha determinação. Demorou um tempo, mas, em quase 10 anos ela colocou Vermogen no eixo.
Entretanto, a paz não dura para sempre entre os seres Racionais. Depois de tanto tempo, surgiu do outro lado do mar, algo que mudaria a vida de todos para sempre.
O General Mars entrou ansioso no grande salão da Rainha que estava analisando documentos e se curvou diante dela.
-Majestade, tenho más notícias.
-Diga logo.
-Navios. Muitos deles. Vindos do além-mar. Pelas velas... sãos o Eldianos!
-O que? - Calandiva ficou atônita.
A guerra durou 5 anos. Muitas vidas perdidas, muitos desastres. Os Eldianos tinham gigantes que eram impossíveis de derrotar. Calandiva estava prestes a ser derrotada e consequentemente Vermogen iria sucumbir.
O sangue de Dragão era uma condição genética desconhecida que surgiu nos antepassados da família Drachen. Passava de geração em geração somente em mulheres. A portadora quando enfurecida, tinha seu sangue transformados em um tipo de veneno e cada vez mais, a portadora fica ensandecida. Depois de 5 anos batalhando, não havia como a rainha manter a calma. A marca de nascença havia tomado praticamente todo o seu corpo e no momento de cólera Calandiva se jogou da varanda do Palácio Dourado, seu corpo foi coberto por escamas, grandes asas surgiram em suas costas, a Rainha se tornou um dragão gigantesco de quase 70 metros de comprimento. O sol foi coberto suas gigantescas asas que cobriu a cidade de uma escuridão enquanto sobrevoava a cidade. O dragão cuspiu fogo e destruiu navios, derrubou titãs, incinerou soldados até virar cinzas e massacrou o exército Eldiano.
A vitória foi de Vermogen depois de 5 anos de batalha. Calandiva se tornou cruel e impiedosa, não hesitava em derrotar seus inimigos e se preparava para retaliação contra os Eldianos. Alguns diziam se tratar do veneno dos Drachen's. E ela passou a ser temida até mesmo entre seu próprio conselho.
-A rainha está agindo de maneira estranha. - Um dos conselheiros disse.
-É o reflexo da guerra.
-Não. Ela quer levar nossos exércitos até o além-mar e buscar retaliação. Nós nem nos recuperamos!
-Ela vira um dragão! Não tem como perdermos!
-E lá tem titãs! O pouco que vimos já foi avassalador! E ela é sozinha. É uma loucura.
-E o que podemos fazer?
-Dar um jeito nesta rainha antes que ela nos destrua. Ela é perigosa.
A semente da discórdia foi plantada. Haviam conspiradores dentro do castelo.
Entretanto, não há nada para curar um coração envenenado do que o amor. A rainha cruel, solitária e impiedosa, envenenada pela tristeza e pela fúria conheceu o amor.
Dentre os poucos sobreviventes do Massacre, eles fizeram um prisioneiro de guerra. Um homem resistente que lutava em nome de Eldia. Um homem de cabelos pretos lisos e olhos azuis maçantes. Preso nas masmorras de Hölle ele resistia as torturas e se mantinha firme. A resistência do homem chamou a atenção da rainha.
-Diga seu nome. - Ela disse se aproximando da grade.
-...
-Responda, insolente. Posso mandar decapita-lo hoje mesmo.
-Faça como quiser.
Calandiva se aproximou ainda enfurecida.
-Eu te mato por sua insolência.
-Por que não me mata de uma vez? Acabe logo com isso. Não darei informações a você. Me despedace, arranque meus olhos. Não direi nada a você.
Calandiva arrancou as grades com as próprias mãos e segurou o prisioneiro pelo pescoço. O homem não esboçava nenhuma reação. Nem medo, nem raiva, nem surpresa. Ficou lá olhando para a rainha com a expressão monótona.
-Tem... coisa melhor... pra fazer... my Lady.
-É Majestade! Eu não irei te matar. A partir de hoje será meu cachorrinho. Vai ficar a minha disposição para tudo.
A rainha cumpriu sua promessa. O homem tinha os pés e mãos acorrentados e servia a rainha como um capacho. Dormia aos pés da cama dela, comia se ela deixasse, dormia se ela deixasse. Mesmo assim o homem mantinha-se firme.
Calandiva gostava disso. Do poder que exercia sobre ele. Alguns dizem que o coração é terra de ninguém. Lá não se sabe o que acontece, ou o que vai acontecer. O homem tinha o corpo musculoso, mesmo estando preso a muito tempo. Os cabelos pretos e lisos estavam na altura dos ombros e os olhos eram de um azul tão intenso que parecia o grande mar a frente de Eisenhower. Era um homem alto, tinha traços bem definidos e uma postura imponente, mesmo não estando em sua melhor condição. A rainha por outro lado, derrotou inimigos poderosos, tinha conquistado tudo, entretanto sua cama ainda era fria e vazia, e nem mesmo a mais poderosa das mulheres era imune a isso.
-Hey, cachorro! Minha criada preparou um banho para você. - Calandiva disse desdenhosa.
-Para que?
-Porque estou mandando.
O homem aceitou relutante, era apenas mais um capricho da rainha.
-Que roupa vestirei, alteza? Você pegou minhas roupas. - Ele disse completamente nu.
-Não vestirá roupa nenhuma. Deite-se na cama e me satisfaça. - A rainha disse com o rosto levemente corado.
O homem sem entender nada ficou parado por um longo tempo.
-Obedeça.
-Quer que um cão imundo a satisfaça? Ora Majestade, pode escolher a dedo o homem para deitar-se com a senhora.
-Eu mandei você. Sinta-se honrado.
-Rainha, nunca esteve com um homem, como espera que eu faça algo para te satisfazer?
-Cale-se! - A rainha sentiu-se ofendida.
-Você quer satisfação, não é? Como posso satisfazê-la com os pés e mãos amarrados?
Ela olhou desconfiada.
-Quem me garante que não irá me matar?
-Se eu pudesse matá-la eu já teria feito.
-E quem me garante que não irá fugir?
-Estou nu e num país estrangeiro, o que posso fazer?
Calandiva se aproximou desconfiada e tirou as correntes que prendiam o homem. Ela olhava com o rosto em chamas para o corpo nu do homem a sua frente.
-Pronto, cachorro. Faça seu trabalho.
-Não... primeiro, vai me chamar pelo meu nome... É Mark. Mark Ackerman.
-Mark... - Ela disse olhando fixamente nos olhos dele.
-Segundo... - Ele tocou o rosto dela com delicadeza e tirou um mecha que caía sobre o seu rosto. - Para satisfazer a senhora... - Ele beijou os lábios da rainha delicadamente. - Tem que ter envolvimento.
A mulher que tinha os pulsos cerrados foi se soltando devagar.
-Eu não te dei permissão para me beijar... - ela disse antes que ele calasse sua boca com mais um beijo. Desta vez mais intenso e lascivo. A língua dele dançava na boca da rainha. Depois ele a ergueu em se colo e a deitou sobre a cama e tirou delicadamente seu vestido. A rainha contra todas as normas da realeza, entregou sua pureza a um prisioneiro de guerra vindo do além-mar de sangue de demônio eldiano. Mark, o eldiano, possuiu a rainha sem reservas e sem medo, a imponência daquela mulher que tornou-se objeto de seu desejo desde o primeiro dia que a viu foi o que mais lhe chamou atenção.
A partir dali, ele tornou-se dela. As correntes nunca mais foram usadas, ela lhe deu roupas novas, um lugar à sua mesa e à sua cama. Calandiva experimentou o pior dos venenos, ela se apaixonou.
O homem apaixonado, plantou gardênias e calandivas por todo o jardim, além de outras tantas flores que a Rainha amava.
Entretanto, não se pode ter tudo nesta vida. Ganhou o amor de um homem, perdeu o amor de seus súditos. Os boatos se esparramaram por todo o país. A Rainha Calandiva Drachen era a concubina de um prisioneiro de guerra vindo da terra dos demônios eldianos. Havia se entregado a ele e para piorar deixou que o sangue imundo andasse pelo Palácio como um rei consorte. O conselho obviamente não gostou das atitudes.
-Ela está louca! Primeiro quer levar nossos exércitos para o além-mar e agora deita-se com o inimigo!
-É uma vagabunda, uma meretriz!
-Não podemos permitir isto! Precisamos dar um jeito!
-Eu tenho uma ideia, vamos nos unir a Marley e destruir este reinado profano de uma vez por todas!
O conselho mais uma vez agia pelas costas da rainha, que estava feliz e vivia o amor nos braços do estrangeiro, mas a felicidade durou pouco. Uma revolução começou. Durante muitos meses, conflitos foram crescendo por todo o país. Queriam a queda da rainha e de seu amante.
Alguns meses depois, o amor proibido deu frutos, a Rainha esperava um filho do forasteiro e cada vez mais sua popularidade caia entre os súditos.
-Mark, nosso filho será feliz neste mundo? - ela disse acariciando a barriga já no nono mês de gravidez. Pensando nos inúmeros conflitos. Cedo ou tarde tudo iria abaixo.
-Vai depender de nós.
-No fim, eu te mantive preso aqui. Me sinto culpada. Poderia estar em seu país. - Ela disse pesarosa
-Não seja boba. Você sabe que se eu quisesse estaria bem longe daqui. Estou onde queria estar.
-As vezes, eu não queria ser rainha. Na verdade nunca quis. Queria estar com você em algum lugar tranquilo criando nossos filhos. Eu seria Calandiva Ackerman.
-Mas, você é. É a minha mulher e não ligo se é Rainha ou não.
-Seu insolente. - Ela disse dando um beijo nos lábios do amado.
-Majestade! - Vincenzo, da guarda real se aproximou da rainha.
-É um golpe de estado vossa graça.
Não demorou muito tempo. Logo os traidores invadiram o Palácio e a batalha começou.
-Calandiva, vá com a Moema para um lugar seguro! - Mark disse pegando uma espada com Vincenzo.
-Não vou sem você! - Calandiva disse chorosa.
-Proteja nosso filho. É tudo que importa.
-Vamos Majestade!
-Não! Eu não saio daqui sem o Mark.
Mark deu um longo beijo na rainha e disse olhando em seus olhos.
-Levarei vocês sempre em meu coração. Quando isso tudo acabar nos encontraremos de um jeito ou de outro. Mas, haja o que houver proteja nosso filho.
-Mark, meu amor.
-Eu te amo Calandiva, minha rainha. - depois virou-se para o guarda real. - Vá com ela Vicenzo, proteja ela com sua vida.
-Sim!
Mark viu os três se afastarem e depois iniciou uma batalha de vida ou morte contra o exército opositor. Ele derrubou mais de 50 homens antes de morrer lutando pela rainha e seu filho.
Enquanto isso, Calandiva, Moema e Vincenzo adentraram os aposentos da rainha.
-Moema! - Calandiva disse apavorada.
-Majestade...
-Minha bolsa estourou.
O céu noturno, imerso pela escuridão clareou como se fosse dia. O fogo rodeava toda capital que ardia em chamas. No chão, a neve branca tingiu-se de vermelho com o sangue das vítimas. Naquela fatídica noite mais de 5 mil mortes em questão de minutos. Dava para sentir a quilômetros o cheiro de sangue, pólvora e fumaça.
De dentro do outrora glorioso castelo, Calandiva em trabalho de parto gritava de dor. As portas cerradas com móveis pesados era o escudo que protegia a jovem rainha e o bebê ainda não nascido. Do lado de fora ouvia gritos, choro e violência.
-Anda logo, Moema! - Vincenzo gritou para a criada.
-Estou tentando! Majestade, precisa empurrar, temos pouco tempo.
-E-eu não consigo. - A mulher, já pálida pela quantidade de sangue perdida, não tinha mais forças. Mas, trazer aquela criança ao mundo era tudo o que importava para ela.
Ela olhou nos olhos da parteira e viu o desespero em seu rosto, não era para menos, o mundo delas estava indo tudo abaixo.
-Moema... - Ela disse com dificuldade. - Eu vou tentar uma última vez. Talvez não tenha forças para isso. Só garanta que meu filho sairá vivo daqui hoje! - Ela arrancou um colar de seu pescoço. Um colar de ouro branco com um pingente redondo em esmeraldas e rubi com o brasão da família. - Entregue a ele Moema. Nunca deixe que se esqueça de quem somos!
-Sim senhora! - Moema não aguentava ver a rainha naquela situação, se pudesse daria tudo para que ela não passasse por aquilo. Mas, ela seria leal e a honraria até seu último suspiro e até mesmo depois dele.
A rainha usou seu resto de força e empurrou a criança. A quantidade sangue que perdeu pintou de vermelho o lençol abaixo dela o grito agonizante da mulher fez até o mais bravo guerreiro desviar o olhar.
-Esta saindo! - Moema segurou a criança que saia com dificuldade.
Depois do grito, o choro do bebê, que soava como acalento para os desesperados. Moema cortou o cordão umbilical e enrolou a criança em uma manta.
-Nasceu, senhora! - Moema chorava de alegria e alívio.
Depois disso silêncio.
-Senhora? Majestade? - Ela chamou mais uma vez. - Calandiva?
A rainha estava morta. Com os olhos abertos e uma expressão serena e de alívio.
-Vá logo Moema. Não temos tempo de chorar pelos mortos. - Vincenzo disse de cabeça baixa.
Ele a guiou até uma passagem secreta que ficava entre as paredes.
-Moema, corra o mais rápido que puder! E não olhe para trás. Vá embora e nunca mais volte!
-Mas, e você?
-Eu servirei minha rainha até meu último suspiro. Proteja a linhagem real, Moema. No futuro ela salvará nossas vidas.
-Vincenzo!
Vincenzo fechou a porta por fora. Em questão de segundos os invasores quebraram a porta. Moema ouviu o brandir de espadas, virou-se e seguiu em frente, correu até as pernas perderem as forças e nunca mais olhou para trás.
Naquela noite, depois de 1 ano de conflito a família Real Drachen caiu.
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