05 - Drachenblut

Betina ainda estava incrédula com o que via. O seu passado havia voltado para assombra-la. Diante dela, um homem desconhecido.

Ele começou a atacar, era rápido, forte, ágil. Betina se desviava do homem com dificuldade, era como se homem pudesse ler seus movimentos.

Ele deu um chute em seu peito que a mandou a 3 metros de distância, ela caiu de costas no chão, com dificuldade para respirar. Ela levantou-se cambaleando e foi até o homem.

-Que decepção. Me disseram que você era forte como um touro. Neste momento você parece mais um cordeirinho. - ele debochou.

Betina recuperou o fôlego, cerrou os punhos e acertou em cheio o rosto do homem. Ele caiu em cima de uma das barracas. E levantou com dificuldade alisando o rosto.

-Caramba. Se eu fosse um cara normal tinha quebrado minha mandíbula. Punho pesado.

-Cara normal? Quem é você? Eu não vou perguntar de novo!

-Kenny Ackerman. Mas, me conhecem por aí como Kenny, o estripador.

Betina arregalou os olhos. Já ouviu esse nome. Uma lenda urbana que os soldados diziam. Dizem que matou mais de 100 policiais militares com um corte na garganta. Cruel, impiedoso. E por algum motivo que ela não sabia, ele estava a procura dela.

-Como você... soube sobre mim? - Betina disse com os olhos arregalados. - Quem te contratou para me matar?

-Te matar? - Ele deu uma risada assustadora. - Não. A pessoa que me contratou não quer que você morra tão facilmente. Eu só vim te dar um recado.

-Contratar uma pessoa como você para me dar um recado? Fala sério.

-Mesmo? Pra você ver que eles não estão brincando. Betina Drachen, as Fúrias estão vindo.

-Como sabe de tudo isso? Nós...

-São de fora das Muralhas? É. Eu sei.

-Te contataram de fora das Muralhas e mandaram vir me dar um recado desses?

Ele se aproximou de Betina e ela se afastou. Ele tinha uma presença intimidadora. Ela poderia confronta-lo, até mesmo matá-lo ali mesmo. Mas, não podia correr o risco, na pior das hipóteses poderia ser presa pelo reconhecimento e morta. E ainda tinha o Levi.

-Menina, você terá mais um tempinho. Mas, quando chegar a hora, elas virão buscar você. O recado está entregue. Passar bem, Betina.

Betina ficou parada sem saber o que fazer. Tudo que ela conhecia poderia ir por água a baixo em questão de segundos. As Fúrias estariam ali. Era só uma questão de tempo.

Alguns minutos depois Levi foi ao encontro de Betina. A mulher ainda tinha olhar assustado e várias escoriações.

-O que aconteceu? - Ele foi ao encontro dela, tocando em seu rosto.

-Eu... fui atacada.

-O que? Por quem?

-Vamos sair daqui. - Ela disse olhando ao redor lotado de pessoas.

Pararam num hotel para descansar e depois retornariam a viagem para casa. Levi ajudava Betina com os ferimentos.

-Me conta. O que aconteceu?

-Fui atacada por um homem chamado Kenny.

Levi parou o que estava fazendo e arregalou os olhos.

-Kenny? Ele está aqui?

-Sabe quem é ele?

-Sei... sei bem até demais. E o que ele queria com você?

Ela ficou em silêncio tentando achar uma resposta que o convencesse, mas ela sabia que seria em vão.

-Betina, estou cansado de mentiras. Se não me contar o que é, não poderei te ajudar!

-Ninguém pode me ajudar... tudo o que posso dizer é que fiz uma coisa no passado e virão atrás de mim. Para me punir.

-E você não pode me contar...

-Não. Ainda não.

-Por que? Não confia em mim? - Ele disse olhando intensamente nos olhos dela.

-É mais complicado do que isso, tá?

Levi não disse mais nada, voltaram para o distrito de Trost cada um com um nó na garganta dos eventos anteriores. Betina queria que Levi a amasse "direito" e Levi queria que ela dissesse a verdade. Ao chegarem no quartel, desceram de seus cavalos e foram fazer os relatórios para Erwin. No caminho ela toca o braço de Levi e diz:

-Por favor, não diga nada ao Erwin. Ainda não.

Ele olhou para ela furioso.

-Dizer o que? - e soltou a mão dela de seu braço.

A situação com Levi só ficava mais difícil. Nos dias que se passaram ele se manteve distante dela mais uma vez. Um mês, dois meses, três meses. Focado apenas nas missões.

Betina percebeu que havia o perdido. Aliás, como se perde algo que nunca teve? Depois de mais uma expedição, mais percas, um fardo difícil de se carregar. Naquela noite, ela saiu para beber sozinha. No caminho, acabou encontrando com Mike que enchia a cara só para variar. Ela pegou seu copo e sentou-se ao lado dele, ele já estava bem bêbado, Betina entretanto ainda estava sóbria. O único capaz de superar a bebedeira dela era Levi.

-Betina! - Mike abraçou a mulher pelo pescoço. - Sempre achei você com um cheiro diferenciado.

Mike era conhecido por ter um olfato tão apurado que identificava um titã a quilômetros de distância. Dizem que o olfato dele sabia até da personalidade das pessoas.

-Ah... valeu... - Betina disse desconcertada.

-Eu achei que você estava com o tampinha...

-Eu não o vi hoje... - ela tentou disfarçar que não entendeu o que ele quis dizer.

-Não! Juntos! Vocês dormiram juntos né? O pessoal fala por aqui que ele... - ele se aproximou do ouvido dela e sussurrou. - é frustrado sexualmente. Ele nunca procura mulheres por aí... mas, vocês dois já... não já...?

-Você está bêbado Mike. Nem fala coisa com coisa.

-Ah, qual é? Vai me dizer que ele dormiu do seu lado daquela vez e viajou sozinho com você recentemente e não tentou nada? Uma gostosa como você?

O álcool faz as pessoas passarem do limite sem nem perceberem. Mike tinha certo interesse em Betina, mas na maioria das vezes era discreto. Mas, depois de algumas cervejas na cabeça, ele esqueceu da discrição. Quando terminou de dizer a frase ele desceu a mão no bumbum de Betina e deu um aperto. Ela não teve nem tempo de reagir. Uma mão pequena tocou o ombro de Mike e o virou e deu um soco tão forte que o nocauteou.

-Levi! - A voz de Hange do outro lado do bar era de assustada.

Betina arregalou os olhos surpresa e nem conseguiu dizer nada.

-Não pode deixar esses babacas ficarem te assediando. - Levi disse furioso.

Ele pegou o copo e sentou-se a mesa com Hange e Erwin. Betina viu os companheiros carregarem Mike desacordado. Hange acenou para Betina.

-Vem Betina! Beba com a gente.

Ela pegou o copo ainda sem acreditar no que viu e sentou-se junto do trio. Levi tinha a expressão furiosa.

-Você nocauteou o Mike... - Erwin disse bebendo um gole de sua cerveja.

Levi se mantinha em silêncio.

-Não, precisava disso... - Betina disse com a voz baixa.

-Queria que eu deixasse ele te assediar? - Levi respondeu rispidamente. - Se for o caso da próxima vez deixo ele passar a mão em você.

-Hange, vamos ali pegar mais cerveja? - Erwin disse ao notar o clima tenso.

-Ah, claro! - Hange disse depois de custar a entender a olhada de Erwin.

Betina viu os dois se afastarem e logo depois Levi fez menção de se levantar, mas ela segurou sua mão.

-Fica. Me desculpe. Eu deveria estar te agradecendo. Obrigada.

Ele desviou o olhar, estava chateado. Ela sabia disso.

-Você é livre... se quiser dar pra ele ou qualquer outro aqui eu nada posso fazer. Afinal, não posso dar a você o que você quer.

-Você acha que é só isso que eu quero? - Ela disse virando o rosto dele para ela. - Eu quero seu amor. O seu corpo é um bônus.

Ele olhou ao redor para ver se estavam sendo observados. Gostava da privacidade, principalmente do assunto em questão.

-Vamos sair daqui para conversar em particular.

-Vou só avisar Hange e Erwin.

Eles seguiram em silêncio para o quarto dela desta vez. Da última vez, o dele deu muito problema. Ela pensou em qualquer outro lugar, mas o assunto que iam tratar merecia um lugar muito reservado. Betina destrancou a porta do quarto e convidou Levi para entrar. Ele deu uma boa olhada no ambiente, a cama bem arrumada, a mobília limpa.

-Me surpreendeu... - Ele disse passando o dedo na escrivaninha.

-Conviver com um maníaco de limpeza tem suas vantagens. - Ela sentou-se na cama.

Ele ficou em pé perto da porta mantendo uma distância segura. Qualquer passo em falso ele não conseguiria resistir.

-Levi... - ela estendeu a mão para ele. - Fique perto de mim.

Ele olhou a mão dela estendida e tentou resistir, mas acabou tocando a mão dela e chegando mais perto. Ela o pôs entre as pernas dela, com ele ainda de pé e o abraçou fortemente. Ele retribuiu o abraço. Ela estava com o rosto afundado em seu peito e ele sentiu as lágrimas quentes da mulher molharem sua camisa.

-Que maldição Betina! Desiste de mim! - Ele dizia com o rosto triste e se recusava a largar o abraço.

-Não. Eu não consigo.

-Que merda. Você só dificulta as coisas.. - ele ergueu o rosto dela e beijou seu rosto delicadamente, secando as lágrimas que escorriam no rosto dela. Depois selou seus lábios com um beijo intenso e demorado.

-Levi, eu te amo. Acredite em mim. Eu morreria por você sem pestanejar.

-E eu por você... mas, eu quero que você me esqueça. Sou um homem ruim. Sou um guerreiro nato, o meu destino será a morte cedo ou tarde e não quero você chorando por mim e... não quero chorar por você.

Ela segurou o rosto dele com as duas mãos e se pôs de pé. Com o pescoço curvado olhando em seus intensos olhos azuis ela disse:

-É tarde demais para isso. Eu vou chorar por você. E você vai chorar por mim. Não tem como voltar atrás.

Ele mantinha o olhar fixo nos olhos verdes pálidos. No fim, ela tinha razão. Betina havia adentrado seu coração com força e não tinha como voltar atrás. Se ela morresse amanhã ou em 10 anos ele sofreria do mesmo jeito.

Ele percorreu as mãos pelas costas dela até a parte de baixo e encontrou o fim da mesma e pôs as mãos por dentro da blusa dela. Queria sentir a pele quente de Betina. Ela beijou os lábios dele com lascívia.

Betina o considerava uma fera a ser domada. Um homem que nunca teve contato com pessoas normais. Sempre pronto para a briga, mas nunca para o amor. Ela largou os lábios dele e tirou a blusa deixando os seios a mostra. Ele olhava com desejo e luxúria, Betina sabia que estava fazendo avanço.

Ela pegou as duas mãos dele e pôs sobre os seios dela.

-Me toque.

-Betina... - Levi balançou a cabeça e sorriu.

Ele apertou delicadamente os seios da mulher e os acariciou, depois desceu as mãos pela cintura dela e a puxou para mais perto.

-Se... - Ele começou a dizer. - eu aceitar essa relação, nós teremos regras. E você terá que ter muita paciência.

-Estou todo ouvidos.

-Limpeza em primeiro lugar. Eu tenho hábitos muito intensos e terá de cumprir todos eles.

-Certo.

-Segundo, eu realmente sou virgem e não sei se consigo ainda. Eu tentei... - Ele abaixou o rosto envergonhado. - Eu... tentei me tocar uma vez e... não consegui. Foi... nojento.

Betina ouvia tudo atentamente.

-Ok. Não faremos nada que você não queira.

-E... se você aceitar, será fiel a mim, independente disso, porque... - ele ergueu os olhos para ela. - Não quero que ninguém toque em você. Ainda será minha, mesmo que eu não toque em você, mas não dá o direito que ninguém faça isso.

-Ok. - Ela não hesitava. Ele achou que em algum momento ela desistiria.

-Tem mais uma coisa. O dever virá antes do nosso prazer. Se algum de nós dois estiver em perigo agiremos como se não tivéssemos nada. Na verdade, ninguém saberá sobre nós, para que isso não influencie decisões. Somos soldados em prol de uma lutar maior. Disso eu não abro mão. Não posso deixar o que sentimos atrapalhar.

-Ok.

-E eu não acredito em casamentos. Acho uma grande perda de tempo. Então, se pretende ter filhos, casar, construir família. Desiste.

-Ok.

Ele suspirou. Ela não hesitou. Não desistiu e estava disposta a tudo por ele.

-Tem mais uma coisa. - ele disse calmamente. - Eu não quero mentiras. Quero saber o que é esse sangue de dragão.

-Eu... vou te contar...

Ela vestiu a blusa e sentou-se na cama e acenou para que fizesse o mesmo. Ela suspirou e depois levantou-se verificou a porta e as janelas e depois sentou-se diante dele.

-Sangue de Dragão não é uma coisa. É uma pessoa. Sou eu. Drachen não é um sobrenome é... - Ela abaixou a cabeça. - um apelido.

Ele arregalou os olhos e ficou em silêncio ouvindo atentamente.

-Drachenblut. Sangue de Dragão. E o que eu fiz para ganhar este apelido é motivo de vergonha para toda a minha vida. Eu... Matei mais pessoas do que posso me lembrar. Eu trabalhava para o governo e numa dessas missões, eu tranquei uma igreja...

Ela começou a embargar a voz. O arrependimento estava presente em seu rosto e voz.

-Eu tranquei uma igreja, do lado de dentro e ateei fogo. Queimou tudo até virar cinzas. No outro dia me encontraram nua no meio das cinzas. Eu, não queimei no incêndio. Era uma missão suicida.

Levi olhava atento, mas parecia não se surpreender, ou ficar horrorizado. Apenas ouviu tudo em silêncio. Betina continuou.

-Eu... nem sei direito onde nasci, e não sei quem são meus pais. Eu cresci e vivi para matar e destruir. Apenas isso. Cometi crimes de guerra e eles virão atrás de mim. Um dia cedo ou tarde.

Ele olhou para Betina com o olhar inexpressivo de sempre e depois disse calmamente.

-Não me importo com o que você fazia antes. Sei que faltam coisas na sua história. Mas, também terei paciência com você. Assim como terá comigo. Quando estiver pronta, me conte tudo..

-É que ainda dói muito.

Ele a abraçou fortemente. De fato ainda faltavam coisas nesta história, mas, Betina ainda não estava pronta para isso. Mas, ele manteve-se paciente naquele momento.

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