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O ferimento que devia ter sido feito por um tiro estava mal costurado, vermelho ao redor e sangrando. Haviam outros que deveriam ter sido feitos pelas armas de choque que os guardas usavam na noite passada. Eram quimaduras. Georgia sentia seu coração pulsar mais rápido só de pensar na dor que Newt tinha e estava sentindo.

- Não faça como eu, por favor! Não me esconda as coisas, coisas como essa - ela aponta para o ferimento.

- Não me esconda coisas do seu passado ou da suas dores e
lembranças então - ele diz sem pensar, vendo a garota se
afastar com os lábios entreabertos - Desculpa!

- Você tem razão. Tenho que parar de esconder as coisas de
Vocês ... você - ela aperta os ombros com as mãos e fecha os
olhos, suspirando. - Eu me lembro do meu pai, me lembro de
instruir vocês a entrarem nos tubos de água. Sinto o sangue dos
mortos em minhas mãos, ouço o grito deles nos meus sonhos. Eu sinto as agulhas me furando, sinto as coisas que eles injetavom
em mim correndo por meu corpo...Merda, eu me lembro do gosto dos remédios. - as lágrimas embaçaram sua visão e ela viu as imagens em sua frente. - Newt, eu ia morrer quando tudo aconteceu, eles iniciaram o "CR.U.E.L. para me salvar, alguém lá dentro além de me usar me achavam importante demais.

Neut se levantou e seguiu até a namorada, que até aquele
momento estava de costas para ele. Suas mãos acariciaram os ombros de Georgia e desceram para pelos braços da mesma, fazendo carinhos.

- Pode me dizer quem é seu pai?

- Não, ainda não, ainda dói saber o que ele me fez passar.

- OK. Prometo não te precionar a falar nada, nunca mais.

Ela se virou para ele e passou a mão em seu rosto, sentindo a barba rala que estava vindo contra sua pele.

- Sabe quando o Clint disse que sabia porque eu sentia tudo
o que vocês sentiam, porque eu me machucava quando vocês se
machucavam?

- Sim.

- Vocês tem partes de mim em cada um de vocês, são testes que eles fizeram. São tentativas...algumas falhas - ela se refere aos que morreram e se transformaram - Outras são um sucesso, merda são tantas coisas.

- Se eu soubesse lutar pelo menos um pouco do que você sabe, já ficaria feliz. - Caçarola diz entrando na barraca - Vamos dar um jeito em tudo, Georgia, não importa o passado, só nosso futuro!

- Eu amo vocês! - ela exclama limpando as lágrimas.

Eles juntaram e abraçaram a garota, como uma família de verdade.

- Temos que ir embora ou eles vão nós achar. - ela diz por entre os abraços.

- Sabem pra onde vamos? - Newt questiona parando na porta.

- Pro litoral eu acho, eles tem uma base lá - Thomas conta - E vai ser lá que vamos arrumar um jeito de salvar o Minho.

Eles concordaram com um sorriso no rosto e seguiram para os carros, se sentando na traseira do caminhão. Seriam horas
até o litoral e tudo devia ser o mais rápidos que eles pudessem, já que os aviões do C.R.U.E.L estavam sobrevoando as montanhas em busca de mais garotos e garotas.

Georgia deitou sua cabeça no ombro de Newt e destravou a arma que ela segurava. Estava pronta pro que fosse acontecer.

- Alguem se lembra de ver o litoral? - Caçarola questiona puxando as linhas soltas de sua camiseta velha e suja. - Eu me lembro de ver um lugar chamado Grand Caynon.

- Me lembro de conhecer uma tal de Nova York, minha mãe
me levou lá uma vez - Thomas conta rindo enquanto se lembrava do dia. - Acho que cai na rua quando fui.

Uma onda de risadas invadiu a traseira do caminhão e o clima se tornou menos pesado.

- Me lembro de ... nada. - a garota diz em tom baixo, deixando apenas o namorado ouvir. - Deve ser legal no litoral.

- Aposto que vai ser. - Newt beija seus cabelos. - Me lembro de correr pela rua da minha casa com a minha irma atrás de mim, eu cai da bicicleta e...

- Nunca disse que tinha uma irmã - a garota comenta - Vocês
sabiam?

- Não - todos dizem, esperando por mais.

- Na verdade nem eu me lembrava, foi uma lembrança repentina. Me lembro que ela tinha um sorriso e uma risada que contagiava qualquer um e seus olhos castanhos escuros, eles eram fortes.

Newt se remexeu desconfortável e gemeu.

- Tudo bem? - Georgia questiona se afastando do namorado e o olhando preocupado.

- Só o machucado dolorido.

- Quando fizermos a primeira parada, vamos cuidar dele. - ela o beija. - Alguém mais tem machucados?

Uma onda de "não" "não mesmo" encheu a traseira do caminhão e a garota sorriu um pouco mais  aliviada.

A dor fina veio e Georgia olhou para as próprias mãos e soltou a
arma. Era uma dor fina e constante.

Mate-os Georgia! Agora! Mate eles agora! - a voz de, Ava estava em sua mente, como se estivesse sido colocada lá.

Os olhos de Georgia se fecharam e ela apertou a arma, deixando os nós de seus dedos brancos pela forma que ela colocava.

"Mate!"

Desta vez o sussurro ao pé do ouvido, como se estive ao lado
dela.

- Não...

A arma foi solta e Georgia se levantou, se sentando na entrada da traseira do caminhão. Ela tinha os cabelos presos em um
coque e uma roupa maior que ela mesma.

Ela não tinha lembranças felizes como os garotos, ela não
se lembrova da sua infância, apenas da sua vida no território
perigoso que era o C.R.U.E.L.. Rato de laboratório, era o que
havia sido em toda sua vida, mais nada.

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Beijos e fuiii

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