𓆩ʚ𝐒𝐇𝐈𝐍𝐈𝐂𝐇𝐈𝐑𝐎 𝐒𝐀𝐍𝐎ɞ𓆪

Observo em total pânico a garota a minha frente, tento chamar seu nome diversas vezes mas nada acontece. Olho ao redor, não há ninguém na rua, a vizinhança inteira está com as portas e janelas fechadas. Ninguém para ajudar nesse momento, nem sequer uma fofoqueira.

Ninguém quer se envolver com o que aconteceu.

-Morgan? -Usei o apelido que ela odiava, seu olhar continuava em suas mãos sujas de sangue. Ela não chorava, mas pude ver o quão abalada ela tinha ficado.

Quem não ficaria abalado se encontrasse a mãe morta? Naomi sempre foi uma ótima pessoa, tão gentil e sempre fazia torta de morango para mim. Naomi era minha amiga e ver ela naquele estado, me deixou em choque.

Naomi sempre teve uma vida perigosa, afinal, ela mandava mafiosos para a cadeia. Pessoas que viviam no topo da sociedade odiava ela, quem havia feito aquilo, não era um simples bandido. Por isso todos os vizinhos estão com as portas fechadas, ninguém quer se meter em assuntos desse tipo.

Ninguém quer ser X9.

Não conseguia parar de tremer, mas preciso fazer algo. Olho novamente para o final da rua esperando a polícia, mas nada ainda.

E se quem fez aquilo decidir voltar? Para poder terminar o serviço, matando também Remy e Morgana? 

-Morgana, tenha c-calma. -Murmurei enquanto usava minha camisa para limpar o sangue em suas mãos, mas não adiantou nada.

-S-shini...eu quero o meu pai! Eu quero o meu pai agora! Eu também quero a minha mãe. -Ela murmurou finalmente chorando enquanto me abraçava fortemente. Tento me manter firme, tenho que passar confiança para ela e se eu começar a chorar feito um bebê, ela vai começar a chorar e nós dois só vamos parar quando desidratar nosso corpo.

Pego meu celular com as mãos trêmulas, com a outra continua fazendo carinho na cabeça da Nishikori.

Abro ele e aperto os botões com o número do Remy, coloco o aparelho em meu ouvido e espero. Espero, e espero.

-Alô, pirralho fumante. Já falei que hoje a Morgana não vai dormir ai, vamos no restaurante comemorar. -Escuto a voz do senhor Nishikori.

-Senhor R-remy...eu...-Não sei o que dizer.

-Garoto? Ta tudo bem ai? Até parece que está assustado. Não vai me dizer que a Morgana quebrou o pescoço de alguém de novo?

Ele soltou uma risada, o que eu devo dizer?

Tento formular alguma frase, mas nada. Naquele momento, a sirene da polícia finalmente foi escutada. Olho para frente, eles estão vindo.

O celular foi tomado da minha mão pela Morgana.

-Papai! Papai! Eles machucaram a mamãe, ela não ta respirando. -Ela praticamente gritou no telefone. Não é um ótimo jeito que falar na lata uma notícia dessas, o Remy estava até rindo e agora recebe uma notícia dessas. -Papai! Tem sangue pra todo lado. Eles machucaram muito a mamãe!

O telefone em suas mãos caiu no chão, mal tive tempo de segurar pois tive que pegar Morgana. Ela havia desmaiado.

𓆩ʚ𝐑𝐄𝐌𝐘 𝐍𝐈𝐒𝐇𝐈𝐊𝐎𝐑𝐈ɞ𓆪

Fico confuso no momento em que escutei a voz nervosa do jovem Shinichiro, por um segundo eu me preocupo achando que aconteceu alguma coisa com a minha filhinha.

-Papai! Papai! Eles machucaram a mamãe, ela não tá respirando.

Meu sorriso vai sumindo aos poucos ao escutar aquilo, me sente na cadeira antes que eu caia. Como assim? Se isso for uma brincadeira da Morgana e do Shinichiro, eu quebro o Sano na paulada e deixo a Morgana um ano de castigo! Que sem graça, estou trabalhando e eles fazem isso...Se é brincadeira, porque consigo escutar a sirene da polícia??

-papai! Tem sangue pra todo lado. Eles machucaram a mamãe. -Morgana voltou a falar no telefone, depois veio apenas um silêncio e o grito do Shinichiro chamando Morgana.

Tiro o celular de perto do meu rosto, fiquei pálido. Não...não é uma brincadeira, nunca escutei Morgana usar esse tom de voz, deu até para notar o choro alto dela.

Morgana não chora. É algo dela, a última vez que ela chorou foi a um tempo atrás, quando o amigo dela teve a boca estourada pelo Manjiro.

-O turno acabou. -Exclamei retirando o jaleco é jogando encima da cadeira onde eu estava. Ignoro totalmente os meus funcionários e vou direto para o estacionamento onde meu carro se encontrava.

Minhas mãos tremiam, mas consigo abrir a porta do carro. Não preciso ficar nervoso, Naomi pode ter caído e batido a cabeça no chão, ela estava se sentindo tonta esses dias, a ambulância vai chegar antes de mim e vão salvar ela. Sim, tenho certeza disso.

Mas...Morgana não é burra, sabe muito bem as coisas, ela disse que machucaram a Naomi e que ela não respirava mais, disse que havia sangue por todo lado.

-DROGA! -gritei batendo no volante do carro, a buzina tocou alto. Não perco tempo colocando o cinto de segurança, apenas ligo o carro e começo a dirigir o mais rápido possível para casa.

Hoje deveria ser um dia especial, além do caso ganho de Naomi, também seria o nosso aniversário de seis anos de casados -Embora eu e Naomi tenhamos começado a namorar desde a nossa juventude. -Nada pode estragar o nosso dia, nada.

-Tenho certeza que Morgana foi drogada pelo velho do Sano! -murmurei querendo acreditar que tudo que ela viu foi uma ilusão, ultrapasso dois sinais vermelhos antes de finalmente chegar na rua da nossa casa.

Havia algumas pessoas observando tudo pela janela de suas casas, mas ninguém estava do lado de fora a não ser...consigo ver o jovem Shinichiro do lado de fora, conversando com a polícia. Duas ambulâncias estavam em frente a minha casa.

Estaciono na vaga do vizinho, não me importo com isso agora. Saiu do carro.

-Cadê a Morgana? E a Naomi? Elas estão bem? -Pergunto pelas duas mulheres mais importantes da minha vida.

-Senhor Remy...-Shinichiro murmurou em tom choroso enquanto olhava para mim, ele parecia ter visto a pior cena do mundo. Sinto meu estômago revirar enquanto me aproximo de uma das ambulâncias, Morgana estava deitada na maca usando um pouco de oxigênio, provavelmente desmaiou.

Tem sangue nas mãozinhas dela e um pouco na roupa. Sinto minha ansiedade subir cada vez mais e mais.

-Remy Nishikori, certo? -O policial que estava falando com o Sano veio até mim, ignoro ele e vou a procura de Naomi em outra ambulância, mas não havia nada.

Olho em direção a minha casa, Naomi está lá.

-Você não pode entrar, senhor! O IML ainda não chegou e lá ainda é a cena do crime. Peço que espere aqui e responda algumas perguntas minhas. -O policial falou de modo insensível, sua fala como um soco no estômago.

-A-aonde está a minha mulher? -Perguntei.

-Sentimos muito, senhor Nishikori. Mas Naomi Nishikori foi encontrada já sem vida, a cena é perturbadora por isso não é recomendado entrar, se desobedecer teremos que usar a força b...-Deixo ele falando sozinho, entro na casa sem me importar.

isso só pode ser um pesadelo!