Capítulo XLIX

Oi amores!!

Quem não está preparado pro final?
Eu definitivamente não aprendi dizer adeus 🎶

Antes de mais nada quero dizer uma coisinha: GANHAMOS NOSSO PRIMEIRO CONCURSO! 🎉🎊

❤️ 3° lugar na categoria drama do concurso Via Láctea ❤️

E eu só quero dizer Obrigada a vocês que me acompanharam nessa jornada!

Jamie

Um ano depois...

A cada grito de Lizy meu desespero aumentava.

Ela estava em trabalho de parto já há três horas.

Três longas horas.

Ela andava de um lado para o outro do quarto, vestida apenas de sua camisola longa e branca.

- Eu vou matar você! - ela rosna para mim, me apontando um dedo.

- Eu? O que foi que eu fiz? - pergunto, parando meus passos a certa distância dela.

O olhar que ela tinha no momento era assustador, e eu temia que ela pudesse realmente tentar.

- Me engravidou! - me controlo para não rir - Isso dói! Isso dói demais!

Ela se abaixa, abraçando a barriga.
Me aproximo lentamente. Passo as mãos por suas costas, a acariciando, tentando acalma-la.

- Que tal um exercício para que mantenha a calma, querida? - pergunto suavemente.

- Que tal eu dar um chute nas suas bolas para você entender a minha dor? - ela responde entredentes.

- Eu realmente prefiro ficar com minhas bolas intactas.

- Desculpe. - ela diz me olhando, apoiando-se em mim para que eu a ajude a levantar - Eu não quero realmente te bater, você sabe, não é?

Estamos em pé novamente, e ela recomeça a andar, de um lado ao outro.

- Não?

- Só um pouco. - ela tenta sorrir - Diga-me o seu exercício de calma, por favor.

- Pensar em coisas boas. Que tal? Em que quer pensar?

Ela considera por um momento.

- No dia do nosso casamento.

Aquilo me aquece o coração. Passo um braço por seus ombros e ando ao seu lado, lhe acariciando as costas.

- Você estava linda, aquele dia. - ela me olha, irritada. - Mais! Mais linda do que é! Você é sempre linda, querida, todos os dias!

Lizy parecia um anjo no dia de nosso casamento.

Nos casamos dois meses depois de derrotar o Cachorro Louco.

Tanto por esperarmos Nita se recuperar do ferimento, quanto da dor da perda do bebê que Lizy esperava na época.

Aquele dia fora perfeito.

O sol estava suave e quente, o verde da grama da propriedade era vivo e alegre, uma tenda fora montada, como no dia da Celebração, mas com panos brancos.

E, no chão, no caminho que Lizy faria até mim, pétalas de flores, de todas as cores.

Seu vestido era branco, tão claro quanto as nuvens no céu, e, em seus ombros, um xale com uma estampa xadrez igual ao kilt vermelho e verde que eu usava.

Enquanto ela caminhava até mim, com olhos cravados nos meus, daquele tom de verde e azul que até hoje não sei nomear, eu vi tudo o que vivemos passar através de meus olhos.

Nossa história de perdas, dor, perdão, amor e felicidade.

Ambos carregávamos urse branca, uma flor que simboliza proteção, ela em um ramalhete nas mãos e eu no casaco.

Trocamos as alianças, em prata e com as tradicionais incrições tha gaol agam ort, que significam eu te amo.

E, quando fomos declarados marido e mulher, terminamos a cerimônia ao dar o nó em duas faixas de lã, representando nossa união.

E, depois, festejamos.

Tanto e tão alegremente que o dia passou num borrão, em meio a danças, bebidas, comidas, brindes e, claro, brigas.

- Você também estava irresistível aquele dia. - ela diz, apertando minha mão sentindo uma nova contração - Tanto que a filha do cozinheiro se atirou sobre você!

- Você sabe que tentei evitar, Lizy.

- Você a pegou no colo! - ela me acusa.

- Ela caiu do cercado dos cavalos! Iria ao chão se eu não a segurasse! - me explico, pela centésima vez.

Isso aconteceu durante a  festa.

Estávamos reunidos perto do cercado principal dos cavalos, alguns homens e mulheres os observando correr, enquanto conversávamos.

Quando passei, a filha do cozinheiro "caiu" do cercado onde estava dependurada, acabando quase direto em meu colo.

Eu a segurei para que não se ferisse e, mais do que depressa a coloquei de volta ao chão.

Lizy viu tudo e, claro, ficou enfurecida.

- Pois que caísse. E que perdesse o dente da frente para aprender a não se jogar em meu marido. Talvez da próxima vez eu mesma lhe arranque alguns dentes.

- Ah, eu não duvido. Mas, depois que a notícia de que você me jogou um vaso na cabeça vazou, eu duvido que ela tentará algo novamente.

Depois que eu vi que Lizy presenciou a cena, a segui até a biblioteca e, quando passei pela porta, um vaso quebrou na parede a trinta centímetros de mim.

Fora uma briga e tanto. E, como todas as outras que vieram antes, resolvemos logo. E na cama.

E, quase três meses após nosso casamento Lizy estava grávida novamente.

Nita entra no quarto, finalmente, trazendo uma parteira consigo.

Tenho certeza de que Nita poderia fazer o parto, mas estava nervosa demais para isso. E, além do mais, ela não fazia um há anos e anos.

- Deite-se, senhora. - a mulher pede.

Acompanho Lizy até a cama e ela deita-se, abrindo as pernas para a mulher, que se apressa a examiná-la.

Sento-me na beirada da cama e seguro a mão de minha esposa, que se contorse de dor.

- Senhora, não falta muito, está na hora de começar a fazer força, tudo bem? - a mulher diz, calma e firme.

- Água quente! Onde está? E os panos limpos? DIMMET? Onde está, seu moleque? - Nita grita, girando no quarto e saindo, por fim, porta afora atrás das coisas que faltavam, gritando com o criado.

- Ainda faltavam algumas luas para o bebê chegar,o que pode ter acontecido para vir antes? - pergunto  para a parteira, preocupado.

Ela me olha, inabalável.

- Se esse bebê decidiu que está na hora de sair, então está na hora de sair. Não queira mandar na natureza. Agora, faça força, senhora.

- Eu não consigo. - Lizy sussurra.

- Olhe para mim. - peço - Nosso filho está quase aqui, você não quer tê-lo em nossos braços logo?

- Sim, mas não quero sentir mais dor, seu idiota! - ela grita.

- Isso! Pode me xingar, aperte minha mão, mas empurre!

Ela hesita, mas logo acena positivamente, e começa a empurrar.

A minha mão que ela segura em um aperto logo está quase sem sangue.

- Aaaahhh..

- De novo, senhora. Está quase.

Lizy faz força novamente e noto que sangue começa a  molhar os lençóis.

- Apenas mais uma vez. Mais uma vez e o bebê sai. Vamos.

Vejo Lizy juntar todas as forças que lhe restam e empurrar.

E vejo o bebê sair.

É uma cena que nunca vou esquecer.

- Nasceu! - Lizy chora - Nasceu, eu consegui, Jamie!

Eu a beijo na testa suada, com cabelos colados.

- Eu sabia que conseguiria. Eu te amo tanto.

- É um menino. - diz a parteira, apoiando o bebê ensanguentado sobre a barriga de Lizy.

Ele chora, forte e estridente.

- Mas já? Aqui estão as coisas, aqui. - Nita entrega tudo a parteira e pára próximo a nós, admirando o bebê.

Lizy ri, feliz, e eu apenas choro junto de meu filho, quase tão alto quanto ele.

- Tenho dois bebês chorões. - ela comenta, cobrindo o bebê com um pano.

- Só preciso de um minuto. - digo emocionado.

- Eu quero só ver quando… - ela para - Aaaaiiiii..

- O que foi? - pergunto assustado.

- Está doendo! De novo! Isso.. isso é normal?

Olho para Nita que empalidece e para a parteira que  me devolve o olhar, confusa e um pouco assustada.

- Não, a sujeira do parto já saiu. - a parteira diz.

- Oh, céus, peguem o bebê… - Lizy se contorse em meio a dor.

Nita apressa-se e pega a criança em seus braços, o embalando.

E eu, bem, eu me desespero.

- O que está acontecendo? - grito.

- Dói!! - Lizy responde - Jamie, por favor...

Olho para a parteira que está novamente entre as pernas de Lizy.

- Eu não sei o que...

- Eu estou morrendo! Estou morrendo... - ela aperta a barriga.

Eu não sei o que fazer, o que pensar.. se Lizy.. se eu perdê-la…

- Não, senhora. Apenas.. apenas faça força. - a parteira diz.

- O quê?? - sou eu quem grita agora.

- Há mais um bebê a caminho. - ela diz, simplesmente.

- São dois? - Lizy sussurra - Minha nossa, são dois!

Dois?

Lizy começa a empurrar. Ela esta pálida e cansada. Mas junta o pouco de força que lhe resta, e empurra, e empurra e empurra.

E logo dá a luz mais um bebê.

Ela suspira, exausta, eu a abraço, chorando novamente, e ela acaricia meus cabelos.

Ficamos ali, um consolando o outro, até que a mulher nos interrompe.

- Mais um menino!

- Oh, que benção! - Nita diz, chorando, ainda embalando o bebê número um.

O outro bebê é colocado sobre a barriga dela, chorando ainda mais alto que o primeiro.

- Por favor, me diga que não há mais nenhuma criança para nascer. Por favor! - ela diz, abraçando o bebê número dois.

- Não, senhora, esse foi o último, a sujeira já saiu, e sua barriga já diminuiu.

Ela suspira, aliviada. Assumo que eu também o faço.

- Que bom! Oi, bebê, eu não sabia que você estava ali. Poderia ter me dito, não acha? Que bela surpresa você nos fez!

- E como ele diria? - pergunto, secando as lágrimas e os abraçando.

- Eu não sei.. num sonho, talvez? - ela cogita a ideia por um segundo - Nita, pode me dar meu outro filho, por favor?

Nita sai do transe emocionado que estava, e vem até nós, deitando o bebê junto ao irmão, sobre o peito de Lizy, que os abraça, protetoramente.

- Deveríamos identificá-los. Como saberemos quem é quem?

- Esse é o bebê um e esse o bebê dois. - digo, apontando.

- Não podemos chamá-los assim, Jamie. - ela ri.

- Verdade. Bem, cada um escolhe um nome, que tal?

- O bebê um será Robb, então. E o bebê dois?

Penso por um minuto.

- Owen. - digo.

- E se nós os confundirmos? - ela pergunta.

- Vamos amarrar uma lã no pulso do bebê um. Bem larga para não feri-lo, claro.

Ela ri da minha ideia.

- Estamos tão ferrados. - Lizy diz - Mas eu os amo. O bebê um e o bebê dois.

- Já demos nomes a eles, mamãe.

- Sim, mas assim é mais divertido, não acha, papai? - ela brinca.

- Eu concordo.

- Me deem aqui, vamos limpá-los. Jamie, ajude Lizy a tomar um banho.

Relutantemente, Lizy entrega as crianças, bebê um para Nita e bebê dois para a parteira.

Digo, Robb e Owen.

- Vamos, seu banho também está pronto.

Ajudo Lizy a se levantar, e seguimos até o banheiro. Ela se acomoda na água quente e fica ali, deitada, apenas relaxando por alguns momentos.

Então, eu a ajudo a lavar-se, seus cabelos emaranhados pelo suor, o sangue em seu corpo.

Ela esta pálida e cansada. E, noto, diferente. Ela é mãe. E eu, eu sou pai.

O peso disso, finalmente, cai nas minhas costas.

Enquanto ela veste um vestido limpo, azul suave, eu penso na grandiosidade de nossa responsabilidade.

- Em que está pensando? - ela pergunta enquanto penteio seus cabelos.

- Que somos pais! - digo, soando surpreso.

- Nós o somos há meses, Jamie.

- Sim, mas agora é para valer. E se, e se eu for péssimo nisso? - pergunto, ansioso.

Ela se vira para mim, passa as mãos em meu rosto, na barba que eu mantive pois sei que Lizy gosta.

- Você não será péssimo.

- Como sabe disso?

- Porque eu não vou permitir. - sorrio com essa declaração - Falando sério, você será maravilhoso. É um marido maravilhoso, tornou-se um irmão maravilhoso. Iremos cometer alguns erros, claro, mas creio que teremos mais acertos.

A abraço, e afundo o rosto em seu ombro, seu pescoço, inspirando seu cheiro.

- Queria dizer que a amo, mas parece tão pouco perto de tudo que sinto, Lizy. - murmuro contra sua pele macia e cheirosa.

Ela me abraça forte, correspondendo.

- Eu também me sinto assim. Te amo mais do que palavras são capazes de expressar.

Ficamos ali, abraçados um ao outro, até que um som nos chama de volta a realidade.

- Acho que o bebê dois está com fome! - digo.

- Como sabe que é ele?

- Owen chora mais alto.

- Jamie, eles nasceram há menos de uma hora, não é possível você saber disso.

- Quer apostar?

Eu aninhava o pequeno pacotinho que era Robb em meu colo, embrulhado numa manta, dormindo o sono dos inocentes. 

Tão, mas tão lindo.

Rosado e com poucos cabelos na cabeça, que aparentemente seriam dourados, iguais aos da mãe.

Eu o balançava, e sua mãozinha pequenina segurava firme meu dedo.

Alguém bateu na porta e fui atender.

- Vim ver meus sobrinhos. - Ian diz animado - Ora, ora já temos um aqui.

Ian entra no quarto, com um grande sorriso, e olha o embrulho em meus braços.

- Esse é o bebê um ou dois? - ele pergunta.

- Esse é Robb! - Lizy diz, da cama, rindo - Precisamos parar de chamá-los assim!

Ele olha para ela, que está amamentando Owen. Eu acertei sobre de quem era o choro.

- Mas você mesma os chama assim, as vezes. - eu digo, segundo junto de Ian até lá.

- Ah, eu sou a mãe, então eu posso. - ela diz, tirando o bebê do seu seio - Ele dormiu, está saciado.

Ian observa o outro bebê, Owen é um pouco maior que o irmão, e com poucos e finos fios de cabelo que prometem tornarem-se ruivos.

- Eles são tão lindos. - Ian sussurra, sorrindo - Ainda bem que não puxaram a você, Jamie.

- Idiota. - murmuro.

- Deixe-me pegá-lo! - ele pede a Lizy.

Ela estende o bebê a ele.

- Segure-o de pé, e de tapinhas nas costas para que arrote.

Ele segue as dicas dela, meio desajeitado, mas muito cuidadoso.

- Assim?

- Isso. Apenas não balance tanto, senão...

O bebê arrota e devolve uma boa quantidade de leite, que cai direto sobre Ian.

- Oh, eu vou vomitar! - ele geme.

Lizy e eu rimos da careta dele, e Ian realmente fica meio verde.

- O que está acontecendo aqui? - Nita pergunta entrando no quarto acompanhada do marido.

- Esse pequeno pestinha vomitou em mim, mãe! - Ian diz, inconformado e enojado.

Ela e Klan também riem de Ian, e Nita toma o bebê dos braços dele.

- Isso não é vomito, ele arrotou e um pouco do leite voltou, isso é normal, não é bebezinho da vovó? - ela o acaricia carinhosamente.

Klan observa o bebê por sobre o ombro dela, sorrindo.

- O senhor é potente, patrão, dois moleques de uma vez! - ele diz.

- Ah, Jamie é potente? E eu que carreguei dois bebês por oito meses, heim? - Lizy pergunta, afiada.

Klan coça a cabeça, pensativo.

- A senhora é uma ótima parideira! Teve uma vez, patroa, que eu vi uma vaca dar a luz dois bezerros, e daí...

Robb se agita em meu colo, e abre o berreiro. Me desespero por um momento, e tento acalmá-lo.

- Deixe sua história para depois, querido, acho que está na hora do bebê um mamar. - Nita diz, sorrindo.

- Nita! - Ian, Lizy e eu gritamos juntos.

- Ora, foram vocês que começaram com esses apelidos. Agora, vamos deixá-los descansar.

Nita coloca Owen na cama, ao lado de Lizy, e se retira levando Ian e Klan, que continua contando a história da vaca a eles.

- Dê-me ele aqui. - Lizy me estende os braços e eu lhe entrego o bebê que ainda chora.

Ela o coloca no seio e ele suga imediatamente, faminto.

Deito-me ao lado dela, passando um braço sobre seus ombros e observo a cena por alguns momentos.

- Obrigado, Lizy. - sussurro para ela.

- Pelo que, meu amor? - ela pergunta, virando o rosto para mim.

- Por tudo. Por mudar minha vida, por me dar essa família linda. - digo, apontando as crianças - Por me fazer feliz. Tão feliz quanto jamais pensei ser.

Vejo seus olhos encherem-se de lágrimas com minhas palavras, e sei que os meus também já estão marejados.

Esse foi um dia de muitas e fortes emoções.

- Eu também lhe agradeço. Aqui, encontrei tudo o que nunca pensei que procurava, tudo o que nunca pensei que me faltava. Em você. Obrigada por ter me encontrado quando eu mais precisei.

Então, eu beijo minha esposa. Minha mulher. Minha amada. Minha Lizy.

Um beijo, não com desejo. Não, agora não.

Um beijo de felicidade, do mais puro amor e carinho.

Nos separamos e permanecemos próximos um do outro, respirando o mesmo ar. Percebo que ela sorri.

- Do que está rindo? - pergunto.

- De felicidade por ter sido salva por um escocês.

Sinto mais um sorriso se abrir em meu rosto, e a beijo novamente.

Surpresinha no próximo capítulo
😍

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