Capítulo Sete
Sobre a música, para quem quiser uma imersão maior na cena, fique a vontade para escutar ela enquanto lê a história. Quando for a hora de ouvir, eu vou avisar no meio do texto.
Boa leitura!
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Eu só despertei na manhã seguinte ― a luminosidade, por mais que fraca, já entrava pela janela do quarto; nevava, havia começado a cair em algum momento entre beijos e gemidos: a primeira da estação. Era cedo demais e ainda que eu estivesse explodindo de felicidade, precisava de mais um pouco de sono. Rolei na cama, buscando o abraço acolhedor e caloroso de Peter e então, me dei conta de dois fatos: o primeiro, era que eu estava sozinha; o segundo, que eu estava sozinha no meu quarto. Sem sinal dele em lugar algum. E como eu me senti? Amarga, bufando de raiva, e um pouco magoada, de certa forma; com razão.
Com a mão, acertei o lado vazio da cama com força e ódio, enfiando o meu rosto contra o travesseiro. Gritei o mais alto que pude, sabendo que o som iria ser abafado. Embora minha garganta tenha queimado e as lágrimas tentado surgir em meus olhos, não me dei ao luxo de chorar... Não mesmo.
Ele não tinha o direito de me abandonar logo depois de uma noite tão incrível, mas eu também não iria externar o que sentia, ao menos daquela forma.
Foi quando me perguntava incessantemente sobre o porquê de Peter estar agindo tão estranho que eu ouvi as duas vozes do lado de fora do quarto. E aquelas pessoas eu conhecia muito bem...
―...Solomon quis ir com ela e você deixou? ― Jason parecia bravo... não, furioso. ― Ela precisa ficar perto... você sabe disso... não vamos correr riscos.
Aquilo foi o bastante para aguçar meus ouvidos. Levantei da cama, handark deslizando pela desnudez da pele, buscando por um lugar ideal, e encostei na porta. Esperava que isso ajudasse a entender o que eles estavam falando.
Que riscos? Eles realmente acreditavam que eu desperdiçaria uma oportunidade de ficar com Peter para fugir mais uma vez. Definitivamente, não me entendiam.
― Ele só queria... Você sabe que...
Quem queria o quê?, quis gritar e acabar com o drama todo. Só que não precisei.
― Sou um adorador dos amantes ― Frederick completou em tom alto e sóbrio. Algo estava ligeiramente errado. ― Ela está ouvindo.
Um passo para trás, involuntário.
Maldita habilidade de ler mentes!
Eu estava nua, eles se aproximavam ― dava para ouvir os passos ― e mal sabia o que fazer naquela situação. Ao menos minhas handark pensavam mais rápido e se aquietaram, do modo que eram para ter feito há tempos. Quando a porta se abriu, eu sufoquei por um milésimo, sem saber bem porquê.
Fora Jason quem virou a maçaneta e apareceu primeiro no espaço que dividia o quarto, do corredor, e eu respirei. Estava, por incrível que pudesse parecer, um pouco suado, mas não de um modo nojento, e sim... excitante. Por um momento, desejei que tivesse sido eu a deixa-lo naquele estado e não pude me impedir de arfar, ao que ele, em silêncio, fixou os olhos nos meus. Eu quis gritar "vem aqui e me beija!", ou simplesmente correr até ele; qualquer coisa que pudesse extinguir a sensação que me dominava no momento. Pior ainda quando, quase incapaz de conter seu foco de visão no meu rosto, grunhiu uma única palavra: droga.
Eu engoli a seco, com vontade de sorrir e não conseguindo.
Então, Frederick riu e o encanto daquele momento se acabou.
― Você é muito hipócrita ― eu ainda pude ouvi-lo tentando sussurrar as palavras para Jason e segurando, sem muito sucesso, a risada.
Ele não o respondeu, só que em compensação, desviou o olhar de mim, para qualquer outro ponto naquele quarto. O que eu entendi na hora: definitivamente, aquilo era recíproco. E dessa vez, eu consegui sorrir, ainda que só um pouquinho.
― O que foi? ― perguntei, sentindo-me a dona da situação. Eu ainda o analisava, desprovida de qualquer pudor que um dia tivera. ― O que vocês querem? O que eu fiz dessa vez?
― Não se preocupa ― Freddie respondeu, depois de passarmos alguns segundos sem dizer uma palavra sequer. Algo me dizia (na verdade, gritava) que ele havia vasculhado a minha mente. Era só uma intuição. ― Eu sei. Não foi nada. ― E então, tive certeza.
Mas deixei a quietude me inundar, não precisava retrucar ou simplesmente reclamar daquele abuso de poder. Eu estava cansada e disposta a dançar no ritmo da música. Ao menos no ritmo da música que eu escolheria.
Meus dias correram com a normalidade usual: as aulas, trombadas com Peter no corredor entre elas, treinamentos depois e um encontro ou outro com Helena, já que ela me ajudava a estudar algumas matérias e de quebra, a me livrar de Jason e Freddie. Só que eu não estava dando trabalho algum, nem para os professores, os ahnkalov, muito menos Kalanova. Era o exemplo de garota boa; a calmaria antes da tempestade, que por mais que não fosse programada, uma hora sempre acontecia.
De cinco em cinco dias, acompanhávamos Caleb para o Hospital Lenora Vladar, em honra à grande princesa que com sua habilidade de cura salvou muitas vidas. Fazíamos o caminho em silêncio, no carro, como três estranhos, ainda mais porque eu e Lucien não estávamos exatamente bem. Por mais que eu não soubesse a razão para isso. Aquele trabalho também me dava a oportunidade de ver um pouco outras partes de Ambrosia, já que a Academia era o meu dia a dia desde sempre.
Na quarta vez, antes de sairmos, eu encontrei com Peter. O cheiro que ele exalava ao me abraçar era o mais parecido com um "lar" que eu conhecia. Fiquei agarrada à sua cintura por longos minutos antes que me soltasse, com uma seriedade bizarra e tomasse meu rosto nas mãos.
― Quando você voltar, vamos conversar. Me encontra no lugar de sempre.
Suas únicas palavras, que ficaram gravadas na minha mente; ferro quente.
Durante as horas que passaram eu pensei naquilo. Em como Peter estava afastado, em como mal sorria ao me ver, em como nossas conversas duravam tão pouco. Eu tive medo de que algo ruim estivesse acontecendo com ele e, por isso, não pudesse ajuda-lo. Queria ser seu suporte, assim como ele sempre fora o meu, mas, enquanto estivesse ali, naquele hospital, não poderia acalentá-lo e entender o que acontecia. E isso atrapalhou a mim, pelo resto do dia, já que eu nem conseguia me concentrar direito nas coisas a serem feitas e nas pessoas que falavam comigo.
Em minha cabeça, só havia o Peter e suas palavras não ditas que tanto me assombravam. Com isso, eu murchei, à espera do pior e parei de ver o tempo andar.
Só notei que havíamos encerrado o trabalho quando Caleb se aproximou, pedindo para que eu organizasse minhas coisas porque ele e Lucien já estavam prontos para ir. Aquilo me deixou feliz e eu me arrumei o mais rápido que podia, louca para que chegássemos logo à Academia e acabasse o suspense. Mas, com absoluta certeza, aquele não era o meu dia de sorte.
Pois, pela primeira vez, o futuro representante de Caster, decidiu que seria uma boa socializarmos. E eu só queria dizer: não, hoje não é, por mais que não tenha o feito. Ele parou em um bar, no meio do caminho, chamando um tanto de atenção com seu carro conversível vermelho. Eu odiei o fato de que todos olharam para nós ao entrarmos; eu cheirava a hospital e estava cansada demais, mas ainda assim, sentei ao lado de Caleb no balcão, logo de frente para o bartender, que me abriu um largo sorriso.
Alguém ia conseguir uma wandar de graça...
Nós mostramos nossas identificações ao homem e pedimos as bebidas, servidas em três grandes canecas. Ao entregar a minha, ele piscou e colocou o que supus ser sua melhor expressão sedutora: ― Essa é uma cortesia.
Só quando se afastou para atender outro cliente, os rapazes ao meu lado se permitiram rir: aquela era a primeira vez que eu via Caleb rir tão sinceramente.
― Eu sempre esqueço que você tem o seu jeitinho, Katherine ― e bebericou o conteúdo do copo. Nem quis saber o que ele pretendia dizer com isso...
Depois de pelo menos cinco wandar ― essas, sem cortesia, infelizmente ― para cada um de nós, eu já estava me sentindo menos apreensiva e mais falante. Na maioria das vezes, durante os momentos em que ficávamos só Lucien, Helena e eu, os assuntos que debatíamos eram os mais variados possíveis; não na presença dos outros. Mas agora, era como tivéssemos espiado no muro que nos separava de Caleb e ele nos contara sobre a única vez que Kalanova o puniu por algo
Acontece que o rapaz sempre teve o incentivo do pai para apreciar uma boa bebida alcoólica e, sem a permissão do nosso digníssimo diretor, construiu um lugar para fabricar sua própria wandar, numa das salas abandonadas, no andar inferior do seu dormitório. E quando Kalanova descobriu... Não foi nada feliz.
― Eu achei que ele ia me expulsar e arruinar minhas chances de me tornar um sacerdote e de quebra, causar a minha morte, porque, eu juro... Meu pai me mataria se algo do tipo acontecesse. Ele é... ― por um momento, pareceu que iria se abrir, mas logo aquilo se cortou. ― Enfim, foi o dia mais tenso da minha vida. Está ficando, tarde, não?
E assim como começou, a diversão também acabou. O mundo real, mais uma vez, escancarara a porta e em minha mente, voltou o pensamento: Peter, Peter... Peter. Nós precisávamos conversar e disso eu não pretendia fugir.
(a partir dessa cena, ouça a musica que está lá em cima, se quiser)
Por isso, quando chegamos na Academia, eu segui direto para o nosso ponto de encontro usual; a neve começava a cair e eu mal sabia que ela faria muito sentido naquela noite. Ele estava parado, de costas, e eu quis abraçá-lo antes de conversarmos, e no entanto, algo me disse, pela tensão espalhada por seu corpo, que era melhor não fazê-lo. Um aperto vinha em meu peito a cada passo dado em sua direção; pé ante pé, eu me acovardava e definhava, a pretensão de encarar de frente estava quase extinta. Assim, ao parar, no meio do caminho, meu corpo pediu que eu desse meia volta e, como se soubesse que eu estava ali, Peter se virou.
E a neve caiu.
Mesmo ao sorrir, nada derreteu. O medo era palpável, tanto quanto o copo com a bebida quente que ele pôs na minha mão, trazida por Valerie, a pedido dele. Eu não precisava daquilo, porém, segurá-la era uma boa forma de apaziguar a tormenta e o sabor era maravilhoso. Ele, ficou em silêncio e eu, brincando de soprar a fumaça, com a completa noção de que era encarada daquela forma grave que sempre tomava antes de conversarmos sobre algo importante. Das outras vezes, eu não ficava tão preocupada: Peter não estava agindo estranho, nem distante. Dessa, todavia, era como procurar facas no escuro ― eu sentia que alguém iria se cortar.
― Você lembra quando a gente...
Eu não queria ouvir aquilo. Foi com uma memória boa que Alafer começou a conversar sobre como não poderia fugir de seu dever de Sacerdotisa e que estaria ao lado de Elai na hora certa. Ou seja, lutando na linha de frente da batalha que terminou com ela e depois Éden, mortos. Relembrar era machucar e a melhor e mais efetiva ― e indolor ― forma de arrancar uma adaga de seu estômago era puxá-la bem rápido. Por isso, eu ergui a palma da mão, indisposta a permitir que ele continuasse e, chorando por dentro, suspirei.
― Diga o que quer. Você está escondendo algo ― fui seca, ainda que não fosse a armadura que desejasse vestir. Meu olhar correu para longe do seu rosto. ― Pode falar.
Apenas percebi que estava tremendo no segundo em que ele colocou o casaco em meus ombros, após tirá-lo. Só que eu não estava com frio; por um segundo, aquela boca que eu tanto amava se aproximara, para o que parecera um beijo ― ele parou no meio do caminho, respirando fundo, talvez angariando a coragem que nós dois necessitávamos.
― Eu amo você. Sabe disso, não é?
Assenti com a cabeça.
Amor, amor, amor, amor: essa afirmação era sempre o prelúdio para uma destruição em massa de tudo que era importante. Constantemente significava tanto... e nada, ao mesmo tempo.
― Sempre penso em você em primeiro lugar, certo?
Repeti o que havia feito anteriormente; meu estômago se contorcia, revirava e por mais que eu respirasse fundo, a vontade de vomitar crescia e me destruía. Em seus lábios, veio um sorriso, que bombardeou meus pensamentos com as ideias mais variadas, e que no final, só se convergiam em apenas uma coisa... nós dois: ele não quer mais ser meu consorte, ele se apaixonou por outra ― ele não gosta mais de mim. E aquilo me amarrou pelo pescoço e enforcou impiedosamente.
Eu ia morrer com a apreensão.
Meu navio estava naufragando à apenas um quilômetro da terra firme; afundando... afogando... morrendo.
― Tem uma coisa que eu preciso... ― sua voz estava fraca e ele pigarreou. Eu queria esganá-lo, era isso. Minha garganta ardia, em brasas, em magma; fogo puro. ― Que eu preciso fazer. É algo importante para nós dois, Kate, e requer o meu afastamento temporário da Academia. ― A mão, antes tão carinhosa, tentou buscar a mim, mas eu neguei, no choque, sem absorver a informação. Aquilo definitivamente o ferira. ― Minha transferência para a complexo do Exército Real já foi resolvida por Kalanova. Só que eu vou voltar, em breve, e nós vamos ficar juntos, como sempre foi e sempre será.
Algo me dizia que o seu sorriso amável deveria ter me trazido todas as esperanças de que aquilo era algo bom, que fazia sentido. Contudo, não trouxe. Ele apenas alimentou o ódio que crescia em mim e que por mais que eu tentasse engolir junto com o choro, não consegui. Seria estupido da minha parte pensar que Peter não notaria, porque o modo como eu me sentia estava claro, e quando ele murchou e passou a vestir a desolação que me dominava, eu quis gritar. E tudo que pude fazer com essa vontade foi traduzi-las em poucas palavras, num sorriso mais frio quanto o pior dos miakdrir.
― Talvez você não devesse voltar. Não é como se eu fosse sentir a sua falta, não é mesmo?
E, então, eu lhe dei as costas e parti.
Como desejei não conseguir chorar naquele momento; pena que meus desejos nunca se realizavam mesmo...
Enquanto eu pisava na fina camada de neve que se formara no caminho de pedras que ia na direção do meu dormitório, eu agradecia por todos estarem ocupados demais com seus próprios problemas para não repararem nas lágrimas. Eu me mantive forte o suficiente para me afastar e me agarrei a essa força, porque sabia que ainda precisaria dela por um tempo. Eu estava com dificuldades de impedir o frio de não entrar e enquanto não explodia em chamas incontroláveis, tentei ao menos entender por que Peter partiria assim, tão subitamente. Ah, a compreensão veio recheada de amargura.
Eu sabia exatamente de quem era a culpa. E não mais seria uma garota boazinha; de jeito nenhum!
As lágrimas já haviam parado e secado quando finalmente encontrei os dois conversando perto da ala onde Kalanova os alocara. Vê-los alimentara a parte impulsiva de mim, que agia sem pensar muito nos atos e nas consequências. E enquanto eu seguia em sua direção, em passos firmes e duros na neve, eu estava ardendo, e as minhas handark deslizavam, ouriçadas com a confusão. Mas ao alcança-los, tudo que consegui fazer foi me asfixiar na dor, incapaz de ter um pouco de clareza, sequer para fazer o que tinha de ser feito naquele momento.
O pior de tudo nem foi travar, na frente deles, mal conseguindo conter o choro de raiva que sentia; fora ser acudida pelos dois, que me colocaram contra a parede e me guiaram pelo processo de respirar e controlar meus sentimentos. Eu tentei ― entretanto, eu não queria racionalizar tudo, só queria encostar em um canto, chorar o que precisava chorar e então, forçá-los a fazer com que Peter ficasse.
Sorvendo o ar daquela maneira desastrosa, não contive as palavras guardadas na garganta especialmente para eles.
― O que... vocês fizeram? Cretinos, vocês o obrigaram a ir embora, não é? ― eu soluçava tanto que não os culparia se não tivessem entendido uma sílaba do que dissera.
Contudo, Frederick compreendeu a bagunça, para minha sorte.
― Nós não achávamos que você fosse ficar desse jeito... Só estamos tentando fazer o nosso trabalho. Peter não ajuda muito nisso, você sabe.
― Se o trabalho de vocês é arruinar tudo que eu gosto, parabéns. Estão fazendo um trabalho maravilhoso ― bati palmas, amarga e indisposta. Eu precisava daquilo: absorver a dor em forma de raiva e parar de chorar.
O silêncio deles ajudou. E eu respirei o mundo, lembrando: a culpa é deles. E se eu não os punisse, quem o faria? A tristeza, por fim, cessou, de pouquinho e pouquinho e respirar já não soava tão difícil assim: agora estava pesado, forte... enérgico.
― Sabe... eu estava até me acostumando com os dois. Nós já quase passamos pela primeira parte do miakdrir e, sinceramente? Não estava tão incomodo assim ter que lidar com vocês me acompanhando para todos os lados ― eu havia desencostado da parede; encarava os dois com um impulso mortal. Poderia destruí-los se quisesse. E como queria... ― Mas havia um limite. E vocês atravessaram ele. Agora é a minha vez.
Meus olhos foram direto para o prédio principal... onde Kalanova devia estar. E eles perceberam, ainda que não tivessem entendido de imediato o que eu queria dizer com aquilo. Bem, ao menos um deles; não quem eu esperava.
― Ela vai contar. Sobre a sala dos quadros ― Jason riu em escárnio e olhou de Frederick, para lá, e depois, para mim; devolvi o olhar. Os cantos dos lábios jaziam retorcidos em uma expressão dolorosa. ― Você acha que entende tudo, não? Acha que o mundo está contra você, pirralha. ― Uma sobrancelha se ergueu e eu quis incendiá-lo. ― Se você entendesse os nossos motivos, nós não teríamos que lidar com tanto drama desnecessário. É uma pena mesmo: uma pessoa tão surpreendente, mas que se deixa perder por coisas bobas. Você seria tão mais incrível se parasse de agir como se o mundo te odiasse, Kate...
― Do que você está falando? ― rebati na hora, tentando entender um enigma incompreensível em minha mente. ― Entender o que?
― Vai lá. ― ele deu de ombros. ― Conte para Kalanova. ― Sua bufada fora um deboche a mim e eu rosnei, em retorno. ― Se você acha que isso vai fazer com que Peter volte, eu sinto em lhe dizer, mas partir não foi uma imposição nossa para ele: ― Quando se aproximou de mim e inclinou o rosto na direção do meu, eu quis mordê-lo. Mas mantive o meu silêncio e placidez, disposta a ouvir o que ainda parecia ter a dizer. ― seu queridinho foi embora por que quis. Porque ele julgou melhor. Solomon sabe pensar por si só. Ele não é o fantoche dos seus caprichos nada infantis, ele é uma pessoa e consegue tomar decisões. ― Então, afastou-se. ― Se o diretor Kalanova acreditar em você, o que eu acho muito difícil, já que você errou tanto que ele vai considerar isso uma tentativa desesperada de se livrar de nós, do que vai adiantar? Nós vamos, mas outros ahnkalov virão. Talvez mais experientes e miakmenos solícitos.
― Ele está certo, Kate, ― encarei então Frederick. ― você vai precisar aprender a viver sem a presença se Peter, ao menos por um tempo.
Aguentar a Academia sem Peter? De jeito nenhum. Ele era uma das poucas razões que faziam com que eu me permitisse voltar tanto tempo antes de ter de assumir minhas responsabilidades. Eu não podia ser capaz de admitir em voz alta tudo o que sentia por ele, só que era verdade, por mais que eu não externasse, estava lá e me esmagava, ainda mais agora. Mas... se ele tinha me deixado por livre e espontânea vontade, o que eu poderia fazer? Odiá-lo? Esquecê-lo? Chorar por sua partida? Se isso fosse verdade... Se.
O que eu faria?
Levantei o olhar e encarei Jason, que tinha os olhos fixos em mim, inexoráveis.
Por um lado, somente por um lado, eles tinham um ponto. Caso eu contasse, Kalanova acreditaria em mim? Ah, eu duvidava muito. Eu era a garota que necessitava de dois ahnkalov a seguindo constantemente e que já mentira tanto e fizera tantas besteiras que... não devia haver nenhuma credibilidade sobrando. Minha reputação já estava tão maculada quando possível e agora, a única coisa que eu podia fazer era somente sentar e pensar, sobre tudo aquilo; digerir todas as palavras ditas, todas as possibilidades que me aguardavam.
E depois que Jason e Freddie me acompanharam até o quarto, completamente apática, eu o fiz. Uma decisão havia sido tomada.
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