Crush 1

Cenas do capítulo passado...

- Então? Vamos para sua casa?

Foi inevitável, dei alguns passos para trás, eu sequer conhecia-o, não sabia quem era, o que era, nada! Extremamente nada!

- O que? Ir para minha casa? - levei minha mão ao peito, pois provavelmente eu iria ter um infarto - você tem o que na cabeça?!

Ele fitou-me por alguns minutos

-Se eu fizer uma cara sexy podemos ir?

Dei de ombros, então ele mostrou aquele sorriso, aquele maldito... pera, livro errado. Ele mordeu o lábio inferior e senti um arrepio percorrer meu corpo, ele piscou o olho direito, e quando aqueles olhos dourados olharam para mim novamente, dei de ombros...

- Podemos ir? - perguntou entediado - agora?

Soltei uma gargalhada estridente, ele continuou sério

- Não fez diferença alguma! - falei desafiando-o - sequer sentiu um arrepio!

Mentira, eu senti sim, só não gosto de me expor. Ele suspirou e percebi que, ele já estava irritado

- Olha garota, se não irmos para sua casa agora - seu tom ameaçador era sensual - eu vou abaixar minhas calças e você vai ficar cega eternamente.

- Tente. - falei desafiando-o novamente, como amo desafiar

Só foi ele pôr as mãos no cinto e rapidamente gritei

-Está bem! Não precisa provar! - ele sorriu vitorioso - é por aqui.

Ele assentiu e comecei a andar de volta para casa

- Estou logo atrás de você. - avisou ele

Foram-se três minutos de calmaria, a luz da lua atravessava alguns galhos acima de nossas cabeças, a brisa gélida vinha bem em nossa direção, fazendo eu bater os dentes literalmente. Olho para meus pés e vejo as pantufas, sorte minha estar com elas, mas e ele?
Viro-me para trás, pensando encontrar um garoto picolé, mas pelo contrário, ele estava normal, como um surfista gostoso no verão

-Você não sente frio? - pergunto assustada pela naturalidade com que ele caminha

- Não. Minha pele tem um sistema de auto-aquecimento. - responde como um sabe-tudo sobre cupidos... pera, pior eu que não sei nada

- Agora você é o que? Celular? Computador? - pergunto irônica, afinal, um ser não tem sistema... pelo menos acho que não

- É modo de falar - ele revira os olhos - é que esqueci a palavra certa.

- Está bem mister dicionário.

Ele soltou uma risadinha e continuamos o caminho de volta para casa. Era uma meta de alguns minutos até a porta, e eu precisava arranjar um modo de levá-lo para meu quarto, mas como?

Em frente a casa de dois andares que, antes de chegarmos aqui, era um casarão abandonado que diziam ter fantasmas, eu literalmente não acredito em fantasmas, mas se eu ver um, prometo não esperar para ter certeza se é ou não é. Com o maior cuidado que tenho, pousei a mão na maçaneta e abri, com mais um empurrãozinho e a porta foi escancarada, a luz azulada iluminava um terço da entrada. Entro arfando e viro-me para fecha-la, o garoto cupido está imóvel, os olhos vidrados no amanhã e como uma daquelas estátuas de filósofos que já vi no Museu

- Então? - pergunto irônica - você é tipo aqueles vampiros que só podem entrar quando são convidados?

- Não. Não é nada disso - responde tentando não fazer movimentos bruscos, e confesso que ele já teria virado uma peneira naqueles filmes de ação - atrás de você...

Arregalo os olhos já prevendo uma mulher com rosto verde e um homem gordo de pijamas, mas não, não era isso, era duas vezes pior, era Tiffany! Ela usava um pijaminha colorido e segurava um urso de pelúcia, seus cabelos castanhos estavam presos e ela mantia-se imóvel, olhando para a cena cômica : Ruiva boquiaberta aterrorizada por uma criança enquanto um garoto (ou seja lá o que ele é) pousava sua mão na testa.

- Emily, o que você tá fazendo? - perguntou seguido de um bocejo - e quem é esse menino?

Olho para trás em busca de ajuda, ele pressiona os lábios e dá de ombros, bufei com raiva, olho para o teto, olho para o chão, na busca de criatividade para inventar uma mentira

- Ele é a fada do dente! - digo exasperada - e se você não ir para a cama, ele não vai dar a moedinha.

Então ela pousou as mãos na cintura e fez uma careta

- Como? Se eu sequer arranquei um dente?

Gaguejei por alguns minutos sem saber o que dizer, então o garoto soltou um urro

-Ainda não? Pois se você não ir agora para seu quarto - ela o-encarou desconfiada - eu irei arrancar todos os seus dentes e deixá-la banguela!

Imbecil! Ele é um imbecil! Foi inevitável e piorou tudo! Tiffany soltou um grito estridente acompanhado de lágrimas, ao longe, uma buzina toca junto a dois faróis brilhantes, era Trevor e seu namorado voltando do show, guiada pelo nervosismo, puxei o tal garoto para dentro e corremos escada acima, ao chegar no corredor, ouvi o ranger de uma porta, e a luz de uma lanterna refletia na parede, eram meus pais que vinham resmungando, arrastei o garoto como um saco de batatas, girei a maçaneta e tentei abrir, mas a porta havia emperrado, empurro duas a três vezes e quando é na quarta, a tranca se abre e, sem equilíbrio do meu corpo, caio de cara no chão. Ouço um grito extremamente agudo vindo do corredor, olho para a porta escancarada e lá está o garoto, olhando em direção aos meus pais com seus olhos dourados e brilhantes. Não é estranho minha mãe ter gritado desse jeito?

Arrasto-me até ele e o-puxo pelo braço, e fecho a porta para despistar

-Seus pais me viram. - sussurrou ele nervoso

Levanto-me do chão e vou em direção ao armário, e sussurro tentando não gritar

- Entre aí! - exclamo fazendo o menor barulho possível enquanto lá embaixo, ouço Tiffany chorando, Trevor discutindo com minha mãe e meu pai reclamando pois irá trabalhar cedo amanhã e precisa dormir

- Eu não vou entrar nesse armário! - exclamou cruzando os braços feito uma criança de sete anos

-Ah, mas você vai sim! - rangi entredentes - Entre nesse armário!

Empurro-o para dentro e fecho a porta, corro para a cama e me encobri com o cobertor

- Emily... Eu quero sair desse armário - sussurra ele abrindo um pouco da porta

- Volta agora pra essa merda de armário! - rangi novamente fazendo baba voar da minha boca

Ele suspirou e fechou a porta, passou-se alguns minutos e percebo que a confusão terminou,mas de repente ouço a maçaneta girar, ponho o cobertor sobre minha cabeça e fecho os olhos, fingindo estar em sono profundo. Logo minha mãe entra junto ao meu pai, tal segura um taco de beisebol da Arlequina, parte da minha fantasia de Halloween do ano passado

- Emily? - perguntou minha mãe olhando ao redor com sua visão de 380 graus- Filha, você está acordada?

Fingo um bocejo e mexo-me entre os lençóis, não posso sair debaixo, ou então eles veriam que, além do meu pijama, estava com um casaco e um cachecol, ou seja, iriam perguntar porque eu estaria com aquela roupa

- Oi... - bocejo novamente - O que é?

Eles entreolham-se e meu pai continua

- Filha, você viu algo de estranho aqui no seu quarto não?

Pressionei os lábios tentando não rir e, com a voz embargada, respondo

- Não. Não vi nada de estranho.

- É que sua mãe, disse ter visto olhos dourados.

- Eu tenho certeza que era um fantasma, Augusto! - sussurra ela ainda amentrondada

Mordo os lábios segurando o riso, respiro fundo e comento

-Fantasmas não existem.

- Ouviu Paula? Nem sua filha acredita em fantasmas e você fica fazendo drama. - diz ele para minha mãe

Minha mãe resmunga por mais alguns minutos, crente que vira um fantasma entrar no meu quarto

- Então bem, se houver algo estranho você nos chama - disse meu pai ainda segurando o taco

Assenti com a cabeça coberta e esperei um tempo até ouvir o som da porta sendo fechada, quando senti-me segura, tirei meu cachecol e o casaco

- Pronto, pode sair do armário. - digo, então o garoto abriu a porta e saiu, ele respirou fundo e limpou sua camisa branca

- Até que enfim, não aguentava mais ficar dentro daquele armário fedorento. - diz ele fungando o nariz
Sento-me sobre a cama e cruzo as pernas

- Olha o que você fala - aviso fitando uma de minhas mechas ruivas - se não fosse esse armário, nós estaríamos dilacerados agora.

Ele riu e vi seus dentes brancos e perfeitos, e aquele sorriso me fez arrepiar pela milésima vez

- Então... já tem seu primeiro desejo?

Perguntou ele entediado, como se já soubesse qual seria

- Ainda não... - respondo pensativa, seguro meu queixo tentando lembrar algo que já quis muito

- Olha, você tem trinta dias para que eu realize os quinze desejos - Ele diz sentando ao meu lado, seu cheiro é algo tão intenso e perfeito, com um aroma de rosas da primavera junto a brisa do verão

-pode dizer "Um mês" por favor? - pergunto num suspiro - é mais fácil de entender.

Ele assentiu com a cabeça e ficamos sentados sem fazer absolutamente nada, eu procurava algo que eu desejava muito e que, fosse algo que eu gostasse... crushs! Isto! Exatamente isto! Irei realizar meus sonhos junto com meus crushs! Não há ideia melhor que esse!
Claro, olha quem foi a criadora...

- Já sei meu primeiro desejo! - digo a ele, mostrando um sorriso ousado e confiante - mas irei falar amanhã cedo, estou cansada.

Ele assentiu e esboçou um sorriso arrasador, levantei-me da cama e me abaixei, debaixo da cama estava uma mini-cama onde ele poderia passar algumas noites, agora era só imaginar como iria levá-lo para o colégio.

O barulho estridente e irritante do despertador tocou, resmungo entre bocejos e logo ouço uma voz familiar

- Emily? - perguntou o garoto - Emily acorda!

Cerro os olhos e tento acostumar a visão a luz, ele respira fundo e me sacode de um lado para outro, feito uma massa de modelar

- Oi? Qual é seu nome mesmo? - pergunto tentando lembrar

-Belriel, anjo e também cupido, eu estou aqui para... - antes que ele terminasse eu joguei meu travesseiro em sua cara

- Irei te chamar de Theo, pois é bem mais normal. - ele sibila o nome algumas vezes e depois concorda.

Vou no banheiro para fazer as necessidades e fico surpresa por ele não ter bafo matutino, eu dificilmente tenho, quase ninguém escapa, já ele sim.
Combinamos dele descer pelo telhado, e caso ele perdesse o equilíbrio, ou voaria, ou teria duas asas de galinha, pois voar ele não iria conseguir. Desci para a cozinha e encontrei todos com rostos sonolentos e olheiras, tomei o café da manhã, peguei minha mochila e saí em direção ao ponto de ônibus junto com Theo, o caminho foi silencioso e tranquilo, algumas pessoas o-fitavam confusas, talvez pelo fato dele não estudar no colégio e estar ali.
Chegando ao colégio, as pessoas nos olhavam e eu ficava um pouco sem graça, mas era necessário. Foi então que alguém gritou ao longe

-Milly! - gritou Carly ao longe acompanhada de Jasmine - quem é esse?

Perguntou ela na lata, olhei para ele e respondi

- Theo, meu primo. - digo um pouco constrangida - Milly esse é o Theo e Theo essa é Milly, aquela é Jasmine.

- Bom dia? - perguntou gentil, ambas riram e responderam

Conversamos um pouco e então o sinal tocou, fomos para nossas salas e, para minha sorte, era a aula de biologia onde eu veria meu crush Eduardo( ou Edward também ).
Sentei numa das carteiras e Theo sentou atrás de mim, algumas garotas soltavam risinhos para ele e tal apenas retribuia com sorrisos galanteadores

- Bom dia a todos! - disse Glória, minha professora - hoje na aula de biologia, iremos estudar sobre células, sentem-se junto á um parceiro...

Não ouvi o resto, virei-me para Theo e apenas avisei

- primeiro desejo: quero ser a par do Eduardo e quero que ele fique surpreso por mim.

Theo apenas assentiu e nada aconteceu, confusa pergunto

-É só isso? Não tem nem fumaça e brilho?

Ele arqueou uma das sobrancelhas e não respondeu, logo uma garota loira juntou-se a ele e senti um pouco de ciúmes, mas logo terminou quando Eduardo sentou ao meu lado

- Posso fazer o trabalho com você? - perguntou esboçando um sorriso, Eduardo era meio nerd, tinha cabelos castanhos um pouco longos e quase cobriam seus olhos pretos como a noite, ele era fofo e isso me fazia enlouquecer

- claro. - respondo indiferente,"Yes" sussurro vitoriosa

Então a professora começou a entregar as atividades a cada dupla, e enquanto isso, Eduardo puxou conversa

-Então Emily... você gosta de alguma série? Filme?

-sim. - respondo pensativa, o que já o-vi falar? Star wars! - Amo Star wars!

Seus olhos saltam surpresos

- Nossa, nunca conheci uma garota que gostasse.

Mas eu não gostava, e nunca havia assistido

- Prazer, sou a primeira garota que gosta de Star wars.

Ele riu e então o desespero me abateu

Você já assistiu ao episódio tal? Qual a sua cena favorita? Personagem preferido? Eu apenas fazia uma referência, e ele respondia por mim, então eu confirmava. Felizmente a atividade chegou e consegui fugir desse assunto

- Qual é o centro da celular? - perguntou ele pensativo, eu não havia estudado e por isso chutei a resposta

-O sol? - imaginei minha cara de trouxa dizendo uma coisa dessas

Ele riu como se eu tivesse dito uma piada e por incrível que pareça, ele lembrou a resposta. Nas outras questões, cada vez mais ele ficava horrorizado com meus chutes, e quando a atividade terminou, ele entregou a prova, pressionou os lábios com desgosto e saiu da sala.

Levantei do meu lugar e fui em direção a Theo, que estava conversando com a loira

- Adorei suas lentes, onde você comprou? - perguntou ela curiosa

- Numa loja da minha cidade natal - respondeu naturalmente

Então vi que, ali próximo, Eduardo conversava com seu amigo, aproximei um pouco e ouvi ele dizer

- Nossa cara, eu realmente fiquei surpreso. - dizia ao amigo - pensei que Emily era inteligente...

Meu mundo caiu! Foi devastado! Guiada pela ira, fui até Theo, agarrei seu braço e o-arrastei junto a mim, ouvi a loira reclamar ao longe mas nem liguei

- Então? Conseguiu o que queria? - perguntou Theo confuso

- Pergunte isso novamente e irei enfiar sua cara numa privada e dar descarga!







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