Simplesmente Acontece

As duas amigas entraram entusiasmadas em sala de aula, estavam radiantes, na verdade, Emma estava radiante, Angeline não estava muito animada para ter que começar a estudar novamente. A loira tinha se acostumado com suas férias agitadas, suas divertidas noites em boates e sociais, suas tardes encantadoras em clubes, shoppings, outras cidades, e claro, na casa de Emma. Foram às férias mais agitadas que a loira teve até o momento de sua vida, e ela queria que as próximas fossem do mesmo jeito.

A maioria dos alunos eram novatos, apenas Ana Júlia e suas duas amigas Karolina e Valentina que eram conhecidas, pois as cinco estudam na mesma classe desde o nono ano, e pelo visto, continuaria assim por um bom tempo, para o azar de Emma e Angeline.

- Ai que legal, as três chatas serão da nossa sala por mais um ano. - disse Angeline, baixinho para sua amiga.

- Pois é... Isso nem me surpreende mais. Olha, a sala é lotada de gatinhos em. - falou Emma, enquanto olhava disfarçadamente para todos os meninos da sala.

Angeline riu. - Realmente, assim fica difícil escolher um. - falou ela.

- Como se eu não te conhecesse amiga, aposto que vai ficar com a maioria deles. - disse Emma.

- Ei! Está me chamando de vadia, é?

- Ah... Qual é amiga, eu posso te chamar assim, mas fica tranquila, você é uma vadia do bem, uma vadia com classe. - disse Emma, rindo.

Angeline riu e deu um tapinha de leve no braço de Emma. - Sua boba! Agora temos que escolher um lugar para sentar, antes que o pessoal pegue os melhores lugares. - disse ela.

- Claro! Vamos. - disse Emma. Angeline a seguiu e as duas enfim escolheram um lugar, era a fileira do meio, Emma sentou-se na quarta carteira e Angeline bem atrás de sua amiga. A loira sempre sentava atrás de Emma, primeiro porque Emma era muito mais estudiosa, o que significava que quando ela não soubesse alguma coisa nas provas, dava para colar de sua amiga, e segundo porque Angeline detestava sentar atrás de um desconhecido.

Antes de o primeiro professor entrar em sala, um garoto que estava sentado na cadeira ao lado de Angeline, a chamou. - Oi. - disse ele.

Ao olhá-lo, a garota sorriu. Ele era muito bonito, tinha o cabelo castanho claro e olhos verdes, além de ter uma voz bem sensual, fora o que a jovem loira pensara ao escutá-lo.

- Oi. - respondeu, sem dar muito na telha que tinha o achado bonito.

- Qual o seu nome? - ele perguntou.

- Angeline. E o seu?

- Nathan. - respondeu, enfatizando a pronúncia "Neithan" e não "Nathan" como a maioria o chamava.

- Olha, você é o primeiro Nathan que eu conheço no Brasil que a pronúncia é com o "E" e não com o "A". - disse ela.

O jovem sorriu, e abriu-se uma pequena covinha do lado esquerdo de sua bochecha. - É que eu nasci nos Estados Unidos, e morei lá com meus pais até os meus dois anos de idade, desde então, sou criado no Brasil. Meu pai era de lá, e minha mãe daqui, os dois se conheceram na viagem de intercambio dela, se apaixonaram loucamente, decidiram-se casar e como o meu pai sempre a amou, decidiu-se que a seguiria para o Brasil, e aqui estou eu. - disse ele.

Angeline ficou surpresa. - Nossa... Que maneiro. Tem vontade de voltar para lá algum dia?

- Eu sempre volto. A família do meu pai ainda mora lá, então sempre que posso, especialmente nas férias, vou visitá-los e acabo ficando por lá todas as férias. - disse ele.

- Que legal.

- Já foi para fora do país alguma vez?

- Sim, duas vezes até hoje. Minha mãe vive viajando a trabalho para fora do país, e durante duas dessas vezes, ela me levou. - respondeu a garota, lembrando-se que nessas duas vezes, ela teve que implorar para mãe levá-la junto.

- Entendo.

- É a sua primeira vez nesse colégio? - ela perguntou.

- Sim. Primeira vez.

Emma escutava tudo, até que resolveu se apresentar ao garoto. - Oi. Eu sou a Emma, a melhor amiga da Angeline. É um prazer te conhecer, Nathan. - falou ela. Angeline riu e Nathan também.

- Oi, Emma. O prazer é todo meu. - disse ele.

Antes que pudessem aprofundar qualquer outro assunto, o professor entrou em sala de aula, terminando com a conversa de todos da sala.

No intervalo, Angeline disse a Emma que iria ao banheiro rapidamente, e que era para a amiga esperá-la ali mesmo, pois a loira não queria que perdessem o lugar favorito da escola, era o lugar ideal que as duas ficavam desde sempre. Era especial para elas ficar naquele cantinho, onde tinha uma mesa redonda e pequena com um banco fofo, pintado da cor lilás. Se as duas saíssem juntas, talvez alguém os ocupasse. Todos do colégio sabiam que aquele lugar era das duas, mas quando não estavam, aparecia gente para ocupá-los, e as meninas não podiam culpá-los, afinal a escola era de todos, não dava simplesmente para as duas expulsarem eles dali, isso era absurdo e elas jamais fariam isso.

Emma assentiu e deixou que sua amiga fosse sozinha. No trajeto até o banheiro, Angeline estava com tanta pressa, pois estava apertada, que não viu o garoto que estava a sua frente e acabou batendo de frente com ele, o que foi muito vergonhoso para ela.

- Desculpa! Desculpa, mesmo, eu não te... vi. - completou, após ter olhado pela primeira vez para o rapaz.

Ele era muito bonito, era moreno, alto, magro, cabelo escuro repleto de cachos, com olhos escuros. - Está tudo bem, acontece. Vejo que está com pressa. - disse ele.

- Sim. Vem cá... Você está em qual ano? - ela perguntou, e o garoto riu.

- Terceiro ano. Meu último ano do ensino médio. Por quê?

- Não, é apenas curiosidade. Nunca te vi por aqui, eu sou do segundo ano. Sou a Angeline, é um prazer te conhecer... - disse ela, estendendo a mão para ele, esperando que o jovem dissesse seu nome.

- Francis. Meu nome é Francis. É um prazer te conhecer, Angeline. - disse ele, pegando na mão da menina.

- Seu nome é lindo. Assim como você. - ela disse.

Ele riu. - Você é bem direta, mas sabe que eu gosto disso. Tem atitude. - ele disse.

- Ah sim, eu sou uma garota de atitude mesmo. Se estiver a fim, me liga. Porque eu estou totalmente na sua. - ela disse, e o garoto riu mais.

- Acho que o meu ano começou bem.

- Então, eu preciso ir ao banheiro. Nos vemos por aí, Francis. - ela disse.

- Não vai me dar o seu número? - ele pergunta.

- É só me procurar no instagram, te passo por lá! É Angeline Dewet! Só acrescenta o @. Tchau. - gritou ela, correndo para o banheiro.

Assim que Angeline saiu do banheiro, foi o mais rápido possível até sua amiga, teve uma surpresa ao constatar que Nathan estava ali sentado também. - Oi, pessoal. - disse a loira.

- Nossa, mas você demorou em. O que tanto fazia no banheiro? - perguntou Emma.

A garota se sentou e sorriu. - É que eu tive uns contratempos no percurso até o banheiro. - respondeu.

- Posso saber o que aconteceu? - Emma quis saber.

- Ah... Não é uma boa ideia. - disse, sem jeito.

- É por mim? Não se preocupe Angeline, pode falar o que quiser, eu não vou espalhar nada do que sair daqui para ninguém, mas se não estiver à vontade, eu posso sair. - disse ele.

- Não! Que isso... É que só da vergonha mesmo. E não é nada de mais. - disse ela, sentindo o rosto queimar de vergonha. Ela não queria falar de outro menino perto do gato do Nathan! Na lógica da garota, se ela contasse sobre o Francis, Nathan poderia ficar intimidado e ao pensar que ela está afim do Francis, não tentaria nada com ela. Não que a garota quisesse ficar com os dois, não era isso. Mas se o Francis não a quisesse, ela pelo menos teria a oportunidade de algum dia ficar com o Nathan, pois os dois eram lindos.

Mas Angeline ficou encurralada quando sua amiga fez a pergunta que não deveria.

- Ah! Eu não acredito! Eu te conheço tão bem, você conheceu algum gatinho no caminho! Foi isso! Não foi? - perguntou Emma, quase fazendo um escândalo.

- Fala baixo, Emma! Tá ficando maluca é?

- Você que está escondendo o jogo, anda, vai. Me conta, amiga! Quero saber, garanto que o Nathan não vai contar para ninguém, não é Nathan?

O rapaz assentiu, estava um tanto sem jeito, Angeline percebeu, mas a Emma não.

- Claro, não vou contar a ninguém. - ele disse.

- Esbarrei com um garoto no trajeto, e a gente trocou algumas palavras. Foi isso, nada de mais, Emma. - disse a loira, tentando encerrar o assunto.

Mas Emma não havia percebido que sua amiga tinha segundas intenções com Nathan, por isso não viu maldade em continuar insistindo no assunto.

- Aposto que foi grande coisa sim! Vai, qual o nome do gato da vez? - perguntou ela.

Angeline estava quase falando para amiga que ela estava queimando seu filme, porém, se controlou e torceu para que Nathan não se chateasse com isso. - Francis. Ele se chama Francis. - respondeu.

- Francis? Como ele é? - perguntou Nathan, assustado por algum motivo.

Quando Angeline ia descrever o garoto, Isak chegou, tirando a atenção do assunto. - Oi pessoal. - disse o garoto, que olhava para o garoto que estava conversando com sua irmã e sua paixão não correspondida.

Isak só havia se aproximado porque de longe viu e achou estranho, na verdade, ele estava com um pouco de ciúmes por ver um rapaz perto de Angeline, ele não sabia quem ele era e por quem estava ali, mas se aproximou justamente para descobrir.

- Oi. - elas responderam juntas. Nathan também respondeu ao "oi", mas se levantou.

- Tenho que ir meninas, preciso resolver um assunto. - disse ele.

- Mas já? - perguntou Emma, sem entender tamanha pressa.

- Depois conversamos mais, ah... Não se aproxime do Francis, não vale a pena. - ele disse e saiu.

Emma e Angeline se entreolharam boquiabertas. - O que foi isso? - perguntou Emma.

- Ele conhece o Francis? - perguntou Angeline, estava muito surpresa e curiosa.

- Parece que sim, afinal, quem é esse Francis, amiga? - perguntou Emma, mais curiosa ainda.

- Meninas... Estou aqui. - chamou Isak, sentando perto delas.

- Desculpa maninho, é que é muita informação para o primeiro dia de aula. - disse Emma, rindo.

Isak estava muito perdido no assunto, mas pelo o que escutou, tinha dois concorrentes, o garoto que havia saído e esse tal de Francis. Ele não sabia mais o que fazer, era certo que não havia possibilidade alguma da jovem loira querer ficar com ele um dia, mas ainda assim, ele gostava dela, não se pode controlar o coração, e guardar esse sentimento apenas para ele, durante tantos anos, estavam o sufocando. Ele queria confessar a ela o que sentia, mas não tinha coragem o suficiente, não com ela, ele sentia-se culpado por gostar da melhor amiga de sua irmã, será que Emma estava certa? Se Angeline era como outra irmã mais nova, por que ele não a enxergava dessa forma? Por que ele olhava a jovem loira com os olhos da paixão? Será que ele estava errado e louco por gostar da melhor amiga de sua irmã mais nova? Ele não sabia, mas isso estava o deixando angustiado.

- Quem é esse Francis? - perguntou ele, como quem não quer nada.

- É a mais nova paquera da Angeline. - respondeu Emma.

- Não é bem isso, Emma.

- Você esbarrou com ele, e o achou gatinho, é o quê então?

- Talvez nem dê em nada.

- Vocês conversaram, é claro que vai dar. Acorda, você é linda e popular, assim como eu. - disse Emma.

Isak tentou não deixar muito na cara que estava irritado com a situação. - E aquele outro cara que saiu daqui? - perguntou.

- É da nossa sala, o Nathan. Ele é novo no colégio. Só estava fazendo amizade. - respondeu Angeline.

- Mas eu acho que ele se interessou por você, amiga. - disse Emma, rindo.

- É. Ele se interessou sim, ficou nítido quando ele disse para você não se aproximar do outro garoto lá. - falou Isak. Havia dito mais para ele do que para elas, mas as meninas escutaram, foi como se ele estivesse pensando, mas ao invés de pensar, acabou falando o pensamento em voz alta.

- Você acha? - perguntou Angeline, um tanto surpresa por ver Isak participando desse assunto, ele nunca havia conversado de coisas assim com ela presente. Na verdade, eles nem se falavam direito, por isso estava surpresa, como ficou quando ele deu apoio a ela no dia da festa.

- Acho. Mas eu tenho que ir agora, tchau. - disse ele, e saiu com mais pressa que o Nathan.

As duas se entreolharam novamente. - Que estranho... O meu irmão nunca participou das nossas conversas, ainda mais estas. E por que ele saiu tão apressado assim?

- Eu não sei, está tudo muito estranho hoje, não acha? - perguntou Angeline.

- Talvez seja a loucura do primeiro dia de aula. - Emma brincou, fazendo a amiga rir um pouco.

...

No final da aula, Angeline queria perguntar ao Nathan sobre o que ele queria dizer em relação aquele assunto, mas assim que o sinal tocou, o rapaz saiu apressadamente da sala, sem dar chances da loira dizer nada.

Quando chegou em casa, especificamente na sala de estar, ela viu o homem de aproximadamente vinte e poucos anos, funcionário da empresa de sua mãe, o mesmo funcionário que era anos mais novo que Ana Brenda, o qual mantinha um caso secreto.

- O que faz aqui na minha casa? - perguntou ela.

- Olá para você também, Angeline. - respondeu ele, aproximando-se dela.

- Aqui não é a empresa, se está procurando a minha mãe, por que não vai procurar lá? Afinal, ela passa mais tempo lá do que aqui. - disse.

- Por que tanta raiva?

- Você me enoja. Eu sei da sua relação com a minha mãe, eu vi tudo. Aposto que só está com ela, para se dar bem na empresa, não é mesmo?

Ele riu. - Não subestime a beleza de sua mãe, ela é incrivelmente linda para a idade que tem, e é muito bem conservada, um mulherão. Não é uma pirralhinha como você. - disse ele.

- Cala a boca seu otário. Sai da minha casa agora.

- O que está acontecendo aqui? - perguntou Ana Brenda, aproximando - se dos dois, imediatamente o rapaz se afastou de Angeline, fingindo que estava tudo bem.

- Nada mamãe. Eu só estava expulsando esse cara da minha casa. - disse a loira, enquanto olhava feio para ele.

Ana Brenda revirou os olhos. - Não seja infantil, ele está aqui a negócios, mas já resolvi o assunto. Está tudo certinho, aqui estão os papéis. - disse Ana Brenda, entregando um envelope a ele.

- Obrigado. Vou almoçar e depois volto para a empresa. - disse ele.

- Tudo bem, tome cuidado pra não perder esses papéis Leandro, é necessário que esse problema seja resolvido hoje. - disse a mulher em um tom autoritário.

- Claro, assim será. - respondeu ele, e retirou-se, caminhando até a saída, a empregada o acompanhou até a porta.

- Sério? Pra que fingir ser uma coisa que não são? Sendo que vocês dois se pegam entre quatro paredes. - disse Angeline, estava revoltada por vê-lo em sua casa, ela não sabia bem, mas não ia com a cara de Leandro, talvez seja porque ele roubava ainda mais o tempo que a mãe deveria dedicar a ela, mas na verdade dedicava ao trabalho e a ele.

- Isso não é da sua conta, menina. - respondeu Ana Brenda, em um tom agressivo.

- Essa aqui também é a minha casa, eu não quero mais vê-lo aqui, entendeu?

- Ele te incomodou de alguma maneira? O que conversavam? - ela quis saber.

- Eu já disse, estava expulsando-o. Eu não o suporto, e sabe por quê?

- Diga.

- Porque ele está com você, isso é motivo suficiente para eu detestá-lo. Sabe que ele só está te usando para se manter e se dar melhor no emprego, não é? - Angeline provocou, ela tinha raiva, raiva pela mãe preferir um homem a própria filha.

- Por que me odeia tanto? - Perguntou Ana Brenda.

A loira suspirou e segurou suas lágrimas. - Pelo mesmo motivo que você me odeia. - respondeu.

- Isso não é verdade, eu não te odeio filha, de onde tirou isso?

Ela deu uma risada falsa. - Não odeia, é? Então por que me trata como lixo? Por que não é presente na minha vida? Você não é uma boa mãe pra mim, você me trata como uma inimiga, e não como filha. Quer saber, eu vou para meu quarto, conversar com você me cansa. - disse ela, e foi correndo em direção ao quarto, assim que entrou, trancou a porta, deitou na cama e chorou, foi um choro desesperador para uma menina de 16 anos, que só queria ser amada pela mãe, e o que recebia era rejeição.

Após tanta choradeira, ela acabou adormecendo por uma hora, até que a empregada responsável pela limpeza da casa, a Sharon, acabou acordando-a. - Angeline... - chamava a mulher, que tinha entre quarenta e poucos anos.

A menina acordou assustada, mas se aliviou ao ver que era a Sharon e não um estranho.

- Nossa Sharon... O que foi? Você me assustou.

- Desculpa meu bem, não foi a minha intenção, mas eu te acordei, pois daqui à uma hora você tem a sua aula de teatro. - disse a mulher.

- E é mesmo! Estou atrasada! Quer dizer, ainda não, mas quase. Obrigada, Sharon! Sabe que eu te amo né? - disse a menina, pulando da cama e beijando a bochecha da mulher que a tratava com mais carinho do que sua própria mãe. Sharon trabalha na casa há quatro anos, quando entrou, Angeline estava no começo de sua pré- adolescência, e foi Sharon que a ajudou durante esses anos com assuntos que normalmente as "mães" deveriam ter com as filhas.

A mulher riu. - É eu sei sim. E eu também te amo. Mas você é tão maluquinha ás vezes, sabia?

- É eu sei sim. - respondeu à loira, rindo.

- Bom, vou voltar para meus afazeres. Não se atrase para a aula em! - avisou Sharon, enquanto saía do quarto de Angeline.

Assim que a mulher saiu, Angeline se vestiu, penteou o cabelo, passou seu perfume favorito, pegou sua bolsa favorita, olhou o relógio, estava cedo, mas ela preferiu sair de casa assim mesmo. Despediu-se de Sharon na cozinha e saiu de casa.

...

Ao chegar ao local, à garota tocou a campainha, depois de alguns segundos atenderam a porta. - E aí vadia. - disse Angeline.

- E aí vadia louca. - respondeu Emma, rindo, puxando a mão da amiga, levando- a para dentro de sua casa.

A porta da casa de Emma se fechou, e as duas foram em direção à área da piscina rindo e conversando muito. - Você precisa parar de mentir, mais cedo ou mais tarde a sua mãe vai descobrir que você largou as aulas de teatro, e aí é capaz de te matar. - disse Emma.

- Eu larguei as aulas há dois meses e até agora ela não descobriu. - respondeu à loira.

- É claro, quando ligaram para avisar que você tinha parado, você atendeu o celular da sua mãe, não sei como e fingiu ser ela. E eles acreditaram, mas se um dia eles resolvem ligar de novo para alguma coisa ou sua mãe desconfiar que você não frequenta as aulas mais, nesse dia, você estará ferrada. - avisou Emma.

- Isso não vai acontecer.

- E quando sua mãe descobrir que você gasta o dinheiro do pagamento das aulas de teatro que não existe mais para o seu gasto pessoal, você estará duplamente ferrada.

- Ai Emma... Eu não ligo. Ela não vai descobrir, esse dinheiro que ela dá não é nada perto da falta de amor que eu recebo dela. Eu mereço, e eu não gostei do teatro, achei chato e resolvi sair, mas ela não precisa saber disso. - disse Angeline.

- Você que sabe amiga, mas depois não diga que não te avisei em.

- Tem alguém na sua casa? - perguntou à loira.

E Emma sabia exatamente o motivo da pergunta da amiga. - Não. Partiu? - perguntou Emma, segurando o riso.

- Pra já, amiga! - gritou Angeline, e as duas tiraram as roupas e pularam na enorme piscina de cerâmica, totalmente nuas. Quando não havia ninguém na casa de Emma, as duas sempre pulavam nuas na piscina, era o tipo de ato que meninas "comportadas" jamais teriam a ousadia de realizar, mas elas não queriam ser "meninas comportadas", até porque realmente não eram, Emma e Angeline estavam no auge de seus dezesseis anos e as duas queriam mostrar ao mundo que eram bem mais do que deveriam ser, elas queriam aproveitar a adolescência, queriam arriscar, fazer coisas loucas que no futuro, as levariam a dar risadas, então nada melhor que serem audaciosas nadando nuas.

Elas estavam rindo e conversando muito enquanto mergulhavam e jogavam água uma na outra, brincando e aproveitando o momento de total liberdade.

- E aquele gatinho que te ajudou com as balas? Viu ele de novo no colégio? - perguntou Angeline, enquanto esfregava os olhos, que estavam coçando.

- Não! Não vi, mas pretendo vê-lo. Quer dizer, eu preciso encontrar ele de novo, não consigo parar de pensar nele, sabe, é estranho, mas estou totalmente afim dele. - disse Emma.

- Eu super te apoio amiga! Você precisa ficar com esse gatinho, não perde tempo quando encontrá-lo, é bom porque assim você esquece aquele canalha que não quis continuar com você.

- Só porque eu sou virgem, aquele idiota não queria mais ficar comigo, porque eu não queria transar com ele. - falou Emma, enojada com a canalhice de certos rapazes.

- Esquece isso amiga, é melhor mesmo que você não tenha se entregado a ele, só perca a sua virgindade se você tiver a certeza de que quer e que o cara é o certo para isso. Não vale a pena ceder à pressão de algum cara ou transar porque quer deixar de ser virgem, isso não funciona dessa maneira, acredite em mim. Eu transei com aquele cara porque queria deixar de ser virgem e porque pensei que ele seria fofo, mas foi horrível, ele só queria se aproveitar de mim e no final, só me restou à culpa por ter me entregado a um canalha. - disse a loira.

- É... Pior que eu sei. Eu sinto muito amiga, mas tenho certeza de que você terá outras vezes, muito melhor, tem um garoto por aí que é o destinado a você, e ele vai aparecer. - disse Emma.

- E eu digo o mesmo pra você. Nós duas vamos amar alguém, e esse amor vai ser forte e épico. - disse Angeline.

Emma riu. - Nossa... Isso foi... Intenso.

A loira riu. - Sim, foi. É o cloro da piscina me afetando. - brincou ela e as duas riram.

- Amiga, vou ao banheiro e já volto, estou muito apertada. - disse Emma, saindo da piscina, pegou a toalha se secou e foi com ela enrolada no corpo para dentro da casa.

Angeline ficou sozinha na piscina, e saiu da piscina para que pudesse pular e mergulhar novamente. Ela adorava pular dentro da piscina, sentia-se poderosa sempre que pulava.

Ela estava posicionada, pronta para mergulhar, quando ela vê Isak entrando ali na área, ele estava distraído, olhando para o celular e quando ela ia correr para pegar sua toalha que estava um pouco distante dela, ele deixa de olhar o celular e acaba vendo a garota por quem é apaixonado, totalmente nua.

Ele ficou sem reação. Angeline sentiu o rosto queimar por dentro, estava morrendo de vergonha, era a segunda vez que Isak a via nua. Ela tentou se tampar com as mãos, no seio e na parte de baixo, estava com vergonha de ter que andar assim até perto dele, pois sua toalha estava no lado em que ele estava.

- Desculpa! Quer que eu pegue a toalha e leve até você? - ele perguntou, sentindo-se um pouco nervoso, ele estava muito nervoso com a situação.

Angeline ainda tímida com a situação, apenas assentiu com a cabeça. Ele pegou e caminhou até ela. - Posso? - ele perguntou, estava se referindo a colocar a toalha em volta do corpo dela.

Angeline assentiu novamente, e Isak colocou a toalha ao redor dela, e virou-se para que ela pudesse ajeitar no corpo.

- Terminou? - ele perguntou.

- Sim. - respondeu ela.

Assim que ele virou-se novamente de frente pra ela, percebeu que a garota tinha ficado com vergonha, então ele resolveu quebrar o clima tenso. - Não precisa ficar assim, com vergonha. Está tudo bem, acontece. Eu não imaginava te ver nua na piscina da minha casa, mas acho que Emma estava junto, não é?

- É sim. Estávamos juntas, só que ela foi ao banheiro. Desculpa por isso, quer dizer, já é a segunda vez que você...

- Te encontro nua?

- É.

- Está tranquilo, sério, não precisa se intimidar por isso. Coisas assim, simplesmente acontecem.

De repente, Angeline sentiu seu corpo ficar quente, e sentiu-se estranha por isso. - É... Eu acho que essa é a minha deixa para me retirar. - ela disse, e ele riu.

- Ah que isso, desculpa por ter te interrompido. Não imaginava que a melhor amiga da minha irmã estaria nua na piscina. - ele brincou e ela riu um pouco.

- E eu não imaginava que o irmão da minha melhor amiga estaria dentro de casa, se eu soubesse, não estaria nadando nua na piscina.

Ele sorriu, e Angeline reparou pela primeira vez no sorriso dele, era lindo, e se perguntou por que ela nunca havia notado o quanto Isak era bonito, por dentro e por fora. Ela nunca havia olhado para ele por mais de dois segundos, e agora que estava notando, era difícil de esquecer.

- E o cara? Você o viu novamente ou ele sumiu? - perguntou ele.

- Não o vi mais e nem quero ver. Mas sinto que em algum momento eu vou vê-lo naquela escola, me sinto tão burra por ter me entregado a ele.

- Você errou, é comum errarmos. Mas você vai superar, como disse naquela noite, você terá outras primeiras vezes melhores. - disse ele.

A loira sorriu. - Você parece ser muito experiente nesse assunto, e deve ser, já que é menino e um ano mais velho.

Isak riu e levou a mão até o rosto da menina, para a surpresa dela. - Tem uma sujeira aqui. - ele disse, enquanto tirava um pontinho preto que estava no rosto dela, ele nem conseguiu aproveitar o momento direito, pois sua irmã havia chegado e interrompido.

- O que está acontecendo aqui? - ela perguntou, sem entender porque o irmão estava com a mão no rosto de sua melhor amiga.

- Nada, só estava tirando uma sujeira do rosto dela.

- Você estava em casa?

- Cheguei agora pouco, tenho que ir, até mais. - ele disse, referindo-se a Angeline.

Ela sorriu. - Até mais. - respondeu.

Quando Isak saiu da área da piscina, Emma resolveu perguntar logo. - O que de fato aconteceu aqui? Estavam conversando sobre o quê?

- Ele me viu nua, amiga. Nua... Fiquei tão envergonhada. Acho que nadar assim não foi uma boa ideia hoje.

Emma riu. - Isso não tem graça. - disse a loira. Mas a garota dos cabelos escuros e cacheados não conseguia parar de rir.

- Desculpa, é que eu realmente não sabia que o meu irmão iria aparecer nesse horário. Vocês dois estão mais íntimos, eu tenho percebido. Desde a festa. - falou Emma.

- Não, nada a ver. Só conversamos, como amigos.

- Pois então, que seja. Não tem nada para me contar?

- Tipo o quê? - Angeline quis saber.

- Não o acha bonito?

- Claro que acho, sue irmão é lindo. Mas é só isso.

- Tem certeza? Não gosta dele?

- Ei... Gosto dele como amigo, ele é o seu irmão, não sinto nada mais que isso. - respondeu à loira, nervosa de mais.

- Angeline, se você gosta dele, não tem problema em admitir, eu não vou ficar brava. Eu não sou o tipo de irmã ciumenta, eu até ia gostar sabe... Se um dia vocês dois pudessem ficar juntos.

- O quê? Não, eu o acho lindo, mas é só. Eu sempre pensei que...

- Que eu iria te odiar caso ficasse com ele? - perguntou Emma.

- É.

- Claro que não sua boba. Eu nunca falei nada dele pra você, porque como nunca se falaram direito, eu achava que você não tinha interesse. Mas se está gostando dele, eu dou o meu apoio. Só te peço para não magoá-lo, ele é muito sensível, mesmo que não pareça. Então, só fique com ele se tiver certeza dos seus sentimentos. - disse Emma.

- Eu agradeço o seu apoio, mas eu não estou afim dele.

- Mas se tiver, já sabe, não sinta medo de arriscar. - falou Emma.

- Você é uma grande amiga, a minha melhor amiga. Eu te amo. - disse Angeline, puxando a garota para um abraço forte e longo.

- Eu também te amo, muito. - respondeu Emma.

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