Gatinhas e Gatões

Luna era o tipo de garota que detestava distrações, e por falar em distrações, o assunto: "Meninos," também estava incluído. Uma garota inteligente, esforçada e bastante centrada, é como os professores a descrevem, é exatamente como ela é, pelo menos quando se trata dos estudos. A menina, dona de lindos cabelos escuros, e olhos cor de esmeralda, era BV e talvez por isso, odiasse tanto as distrações, costumava ser grossa com quase todos os garotos que chegavam nela, e nunca aceitava ficar e nem sair com nenhum deles.
Havia ficado muito irritada com o acidente com a água, estava toda molhada por culpa daquele garoto chato que ela nem sabia o nome, aquele menino imprudente fez com que ela ficasse toda molhada, se ele não tivesse aberto a torneira com defeito, a água não teria jorrado em sua direção.
No fundo, ela sabia que o garoto não tinha culpa do acidente, mas ela preferiu culpá-lo, achou mais fácil ficar com raiva de uma pessoa de verdade do que ter raiva de uma torneira. E também... Aquela parte em que ele a pegara, impedindo que ela caísse no chão... Esse momento foi constrangedor e irritante de certo modo, pois parecia que ele estava querendo se "mostrar" ou ter uma desculpa para poder falar com ela, e isso ela não admitia, de jeito nenhum que Luna Matos iria permitir uma chance para a distração. Era o que ela mais evitava, não precisava ter agora um menino bonito em sua vida para distraí-la. Em sua cabeça, tudo que ela precisava naquele momento era focar nos estudos e ficar longe de dramas adolescentes envolvendo os rapazes.
Ela já estava vestida com um uniforme seco, mas teve que comprá-lo, pois ela estava em uma escola particular, e os uniformes que ficavam dentro da diretoria era a própria escola que vendia para os alunos. Seu cabelo ainda estava molhado e ela não queria nem imaginar quando ele começasse a secar naturalmente e todos vissem, ao natural seu cabelo ficava um pouco volumoso e com mechas onduladas, mas eram mechas onduladas completamente descontrolados.
Luna sentia os olhares vindo de todas as partes, mas tentou ignorar. A garota entrou na sala atrasada por ter tido que trocar o uniforme, a professora solicitou que se sentasse logo, Luna assentiu e foi o mais rápido que conseguiu para seu lugar.

– Ai amiga, onde estava? E por que seu cabelo está molhado? – perguntou sua amiga mais próxima, Anne.

- Um idiota me molhou. Ele estava abrindo a torneira e deu defeito e espirrou água em mim. Sério, aquele garoto me irritou muito. Por culpa dele estou assim e ainda tive que comprar uniforme novo.

- Nossa... Você sumiu no intervalo, foi por isso então?

- Sim, claro. Estou muito feia? – pergunta a garota, preocupada com sua aparência.
Anne sorriu. – Você nunca está feia Luna, parece que o cabelo molhado até realçou ainda mais sua beleza. – responde à amiga, sendo bastante sincera. Mas Luna não se achava tão bonita como Anne dizia, na verdade, a garota achava que era comum, que não era feia, mas que também não era linda. E Luna não gostava muito de ter a aparência comum.

- Às vezes acho que sou cega, pois não consigo me ver como você me enxerga. Me acho tão comum, não tenho nada que destaca, minha beleza é sem graça. Já viu como a Angeline e a Emma são lindas? Elas possuem um tipo de beleza que se destaca das outras. – fala Luna.

Anne franze a testa. – Você também tem uma beleza que se destaca amiga, todas nós temos algo que nos destacam. Todas têm belezas diferentes, seja por dentro ou por fora ou nos dois casos. E tem mais, cada um tem um gosto diferente para isso. Às vezes uma pessoa bonita pra um pode ser feia para outro. E você é muito bonita sim e não tem nada de sem graça, bobona.

- Daqui a pouco meu cabelo vai virar um monstro...

- Luna... Eu havia esquecido o quanto você é insegura, seu cabelo é lindo ao natural também, para de ser noiada.

- Não sou insegura. Só estou sendo realista.

- Acho que já passou da hora de você se arriscar mais, eu não entendo do que você têm medo. Vários meninos são loucos pra sair com você e o que você faz? Recusa todos.

- Não quero falar sobre esse assunto aqui na sala, Anne.

- Tudo bem...Mas vamos falar sobre ele depois, quando estivermos sozinhas.
Luna revira os olhos irritada, não queria ter que entrar no mesmo assunto de novo, Anne já sabia e ainda assim continuava tentando fazê-la mudar. Era uma escolha, sua amiga tinha que respeitar e entender. Ela não era obrigada a beijar só porque a maioria das outras garotas já havia beijado.
.........

Luna estava em casa, era de tarde, quase 15:00, quando Anne chega em sua casa.

– Como entrou? – a garota pergunta assustada.

- Oras... Pela janela do seu quarto. É super fácil de subir. – responde a garota, como se fosse à coisa mais normal do mundo.

- Custa você tocar a campainha?

- Você sabe que eu adoro adrenalina. Não é a primeira vez que faço isso.

- É... Mas eu nunca me acostumo. Sempre levo um susto com suas entradas sem avisos.

- Relaxa, sou eu. Apenas sua única e melhor amiga. Quem mais subiria pela sua janela?
Luna revira os olhos e ri. – Não sei por que ainda tento colocar juízo na sua cabeça. – fala indo se sentar no sofá.

- Porque você me ama, oras... Amiga...

- Hum?

-Vai ter uma festinha hoje à noite na casa da Letícia. Sabe... A garota do terceiro ano?

- Sim, conheço. Mas e daí? – ela pergunta, em um tom grosseiro. Já sabia o que sua amiga queria.

- Então, ela nos convidou também. Vamos?

- Está louca, Anne? Detesto esse tipo de festa, é repleto de distrações e eu tenho que passar longe de distrações.

- Luna... Eu não entendo que raio de regra é essa que você tem sobre evitar distrações. Não pode ter medo de beijar amiga, é normal, acontece naturalmente, você vai se sair bem. E mesmo se não sair, é com o tempo e prática que se aprende. Tem algo que você não quer me contar? Ou é só insegurança mesmo? – Anne pergunta, ela não conseguia entender porque Luna evitava sair com garotos, não entendia como uma garota tão linda ainda era BV e ficava apenas estudando.

- Eu não quero ter o meu primeiro beijo com qualquer um, é só isso. E eu não estou interessada em nenhum garoto nesse momento, por que eu deveria? Eu não dou chances a qualquer idiota. – explica Luna, um pouco irritada.

- Amiga, a questão é que você nunca deu chances a nenhum garoto. Você nunca foi a um encontro, e não foi porque você não se permite. Eu só queria entender o motivo disso, por que não se permite viver e sentir Luna? – Anne insiste. Ela queria uma resposta convincente, não as desculpas que sua amiga estava dando.

- Você é tão chata Anne! Aceita que eu não quero e pronto, respeita, cada um tem o seu tempo.

- Eu concordo. Mas... Só queria que você se abrisse comigo, somos amigas, afinal.

- Não tenho um motivo, eu só não quero.

- Ok, mas vamos a festa? Ir a festas não significa que você precisa beijar. Você precisa se divertir, Luna! Somos jovens, temos que curtir um pouco! – ela não se dá por vencida e faz cara de triste para que a amiga ficasse com pena.

- Está bem sua chata... Eu vou à festa, mas não se acostuma.
Anne arregala os olhos castanhos e sorri, em seguida, da vários pulinhos comemorando e no meio de tanta empolgação, até leva Luna junto. E as duas pulam juntas, ambas sorrindo.
......

Era noite, quando Anne apareceu novamente na casa de Luna. – Ui... Que gata! – gritou Anne, ao ver o look de sua amiga.

- Não estou tão linda assim, não exagere.

- O quê? Está deslumbrante Luna!
A garota sorri e a abraça a amiga. – Você também está incrivelmente bela. – diz Luna.
Anne estava com o cabelo loiro repleto de cachos, um vestido preto e justo no corpo, e uma maquiagem que a deixara com o rosto angelical.

- Obrigada, amiga. – ela agradece alegremente. – Vamos?

- Claro, vamos.
Ao chegarem à festa, Luna começa a se arrepender por ter aceitado ir, estava repleto de adolescentes dançando, pulando, se esfregando um no outro, beijando, vomitando por todos os lados, ela olhou em volta e sentiu que não pertencia ao lugar. Que não era o tipo de ambiente que ela gostava de estar. Ela nunca conseguia se divertir em festas nesse estilo, por que aquela noite seria diferente?

- Vem, vamos dançar amiga! – gritava Anne, já puxando a amiga para dançar com ela.
Luna começou a dançar com Anne, ela estava tentando se divertir, por isso haviam ido à festa, e todos estavam dançando e se divertindo, era o que os jovens faziam em festas, e Luna sentiu que precisava se integrar, se sentir jovem.
Ela estava começando a gostar de estar ali dançando, até que um garoto que ela nem conhecia se aproximou, chamando Anne para dançar com ele. A loira olhou para a amiga e pelo olhar, Luna sabia que a amiga havia o achado gatinho, por mais que ela detestasse ficar sozinha ali, não podia ser egoísta e deixar que Anne ficasse somente com ela. – Vai lá amiga, depois nos vemos.

- Obrigada Luna, te amo garota! – ela agradeceu e sorriu já se afastando da amiga para ir dançar com o menino.
E toda a diversão que a garota estava começando a sentir, se evaporou por completo assim que foi deixada sozinha naquela festa.
Ela resolveu ir pegar alguma bebida, por mais que odiasse beber, ela pensara que ao menos poderia ajudar a aguentar essa merda de festa por mais um tempo. Começou a tomar seus primeiros goles, quando alguém esbarrou nela, seu copo de bebida caiu no chão.

- Não acredito... Você de novo! – gritou ela.

Nathan sorriu surpreso. – Uma vez agressiva, pra sempre agressiva. – disse ele, rindo.

- Hahaha, estou morrendo de rir, idiota.

- Desculpa pela bebida, mas talvez tenha sido melhor assim.- ele diz, debochando.

- Me poupe. – ela fala, se afastando dele. Mas Nathan corre atrás dela e a puxa pela cintura, fazendo a garota arregalar os olhos, espantada com a atitude e o atrevimento do garoto.

- O que é isso? Tá ficando louco? Desencosta agora. – ela ordena, o fuzilando com o olhar.

- Qual o seu nome? – ele pergunta, ignorando totalmente as ordens da menina.

- Meu nome não é da sua conta.

- Qual é... Não pode me odiar tanto assim, já disse que foi um acidente.

- Só me deixa em paz.

- Não. Primeiro fala seu nome, quem sabe assim eu possa pensar em te deixar em paz.

- Luna. Me chamo Luna. – ela responde, irritada.

Nathan sorri. Jamais iria imaginar que ela teria um nome tão incomum, porém lindo, assim como ela, isso ele não podia negar. Achava a garota adorável de tão linda. Sem contar que adorava o jeito irritado que ela tinha.

- Prazer, eu sou o Nathan. – ele fala, puxando-a para um abraço.

Luna se assusta com a mania que ele tinha de tocá-la por qualquer motivo, mas sente um arrepio ao ser tocada por ele. Quando ela percebe que ele não a solta, ela mesma decide se afastar. – Satisfeito? Agora já pode me deixar em paz. – ela fala, encarando-o.

- Nossa... Por que não desce um pouco desse seu pedestal?
Ela arqueia a sobrancelha. – Talvez seja porque eu não quero conversar com você.
- Por quê? Me de apenas um motivo pra não querer falar comigo. Sem ser o lance da água. – ele fala, e espera por sua resposta.

- Só não tenho tempo para distrações, e nem vontade de falar com caras como você.

- Essa festa já é uma distração. – ele rebate. – Como assim caras como eu?
Luna estava ficando sem argumentos contra ele, estava começando a se sentir impotente.

- Você parece ser um daqueles caras populares que se acham os bonitões, que tem as garotas aos seus pés e que nunca estão satisfeitos apenas com uma. Não tenho tempo e nem vontade para gastar conversando com caras assim.

- Você acha mesmo que eu sou esse tipo de cara?

Ela não responde, mas seu silêncio consente e Nathan suspira. – Eu não sou assim. Bonito... É eu sou bonito mesmo. Mas quanto ao resto, você está errada. Sou um cara legal, Luna. E eu acho que você deveria me dar uma chance, está perdendo uma provável ótima amizade, sabia?

A garota franze a testa, confusa. – Amizade? – ela repete, precisava saber se tinha escutado corretamente.

- Sim, amizade. Não quer tentar ser minha amiga?

- Com toda certeza você já deve ter outras amigas, não precisa de mais uma. – responde secamente.
Ele sorri de lado. – Ou será que você ficou decepcionada com o fato de ser apenas a minha amiga? – ele provoca e olha no fundo dos olhos de Luna.

Ela ri sarcasticamente e passa as mãos por seu cabelo. – Até parece. Eu não quero ter nenhum tipo de relação com você. Pode me deixar em paz agora?

- Você é difícil em garota... – ele diz um tanto irritado. Mas respira fundo e continua tentando. – Não vou te deixar em paz até que você me conheça de verdade, até que você concorde em me ter por perto.

Ela cruza os braços impaciente. – Tudo bem Nathan, vamos tentar sermos amigos, se é o que você realmente quer.
Ele sorri satisfeito. – Acho que você não tem o coração de gelo.

- Você é muito chato. – ela fala.

- Vem, vamos dançar! – ele a chama, já a puxando com ele. De repente, a música alegre, mudou para uma romântica, o tipo de música que faz com que todos queiram dançar agarradinhos feito casais. Nathan sorriu com a oportunidade e a puxou contra seu corpo. Luna sentiu um forte arrepio ao sentir seu corpo grudado ao dele. Era a primeira vez que ela ficava tão próxima assim de um menino. Ela estava nervosa, pois estavam perto de mais e isso era novo pra ela, nunca tinha nem saído para um encontro.

– Nossa... Seu coração tá batendo forte. – ele fala, ao constatar que estava mexendo com a garota.

- A é? Não percebi. – disse ela, tentando parecer calma com a situação.

- A festa está repleta de gatinhas. – ele diz, enquanto a segura firme.

- E de gatões. – responde Luna, friamente. Isso faz Nathan rir um pouco.

- Você é uma das gatinhas.

- Para, isso não vai colar. E que eu saiba, amigo não elogia a amiga dessa forma.

- Que forma? – ele faz de desentendido.

- Parece que está dando em cima de mim.

- A é? E isso te incomoda?

- Você só pode estar de brincadeira...
Nathan passa a mão no cabelo de Luna, em seguida, desce para o rosto da garota e acaricia com malícia e ternura ao mesmo tempo. A garota fica ainda mais nervosa e antes que pudesse fazer ou dizer qualquer coisa, ambos foram interrompidos.

– Dança essa comigo, Nathan? – pergunta Emma, sorrindo, parada de frente a eles.

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