Entre Irmãos

Francis estava procurando Angeline pelo colégio, o garoto sentia obrigação em se apaixonar por ela, mas não conseguia, e se perguntava se algum dia iria conseguir, havia horas que ele se pegava pensando em terminar tudo com a loira, arriscar-se a conquistar Emma, mas sua razão o impedia. Ele não conseguia esquecer o beijo que Emma dera em Nico, em sua frente, depois de tudo o que viveram na noite anterior, mas ela parecia não se importar, ou pelo menos tentava parecer não se importar.

Acontece que o garoto gostava de Angeline, gostava mesmo, mas não era apaixonado por ela, e esse era o grande problema. De repente, avistou a loira conversando com Emma, e elas riam o que demonstrava que as meninas haviam feito às pazes e haviam voltado a serem amigas. Ele ficou feliz por elas, ficou mesmo. Mas isso significava que as coisas poderiam ficar piores entre os três. Ele não sabia o que fazer, mas foi até elas.

– Oi. – disse ele, sem jeito.

- Francis! – exclamou a loira, surpresa em vê-lo.

- Fizeram as pazes? – ele quis saber, mesmo já sabendo a resposta.

- Sim. E nada e nem ninguém vai estragar a nossa amizade novamente. – falou Emma, olhando especialmente para o garoto, que a encarava com dúvidas.

Ele havia entendido o recado, ela estava deixando claro a ele que não adiantava insistir, que ela jamais ficaria com ele, pela amizade que a unia a Angeline.

- É verdade. Somos melhores amigas e vai ser assim pra sempre. – falou a loira, sorrindo.

- Fico feliz por vocês duas. Podemos conversar? – ele perguntou, olhando para a loira.

- Claro.

Angeline despediu-se de Emma e falou que depois voltava. Assim que se afastaram, a loira quis saber se o que ele queria era conversar algo sério ou apenas "ficar com ela", como os namorados faziam.

- Então... – ela começou dizendo.

- Não é nada de mais. Eu só queria ficar um pouco a sós com você. Deu saudades. – ele disse, e sentiu-se um mentiroso pelo o que estava dizendo. Ele queria ficar apaixonado por ela, e não havia jeito disso acontecer se ele não tentasse ficar mais próximo dela.

- Ah, que fofo. – ela disse.

- Vem cá. - ele fala, puxando-a pela cintura. Ela sorri, e em segundos, os lábios se tocam, e eles se beijam com intensidade. Até que o sinal toca, e eles se separam.

– Hum... Isso não é justo, estava tão bom. – ele fala, e ela ri.

- Estava mesmo. Mas o sinal não espera por ninguém, muito menos por nosso beijo. – diz ela, sorrindo.

- Nos encontramos no intervalo? – ele pergunta.

- É melhor marcarmos de nos ver depois da escola, pode ser? É que voltei a ser amiga da Emma hoje e queria dar mais atenção a ela, não quero que ela se sinta excluída.

- Está bem. Você é uma boa amiga Angeline. – ele fala.

- Estou tentando ser. – responde ela.

- Você já é. Bom... Se quiser eu posso ir à sua casa, hoje de tarde, o que acha?

- Eu vou adorar te ver lá. – ela responde, da um beijo no rosto dele e se afasta.

... ... ...

Ele estava em casa, se vestindo para o encontro com Angeline, quando Nathan entra no seu quarto, pegando o moreno de surpresa, pois Nathan nunca entrava em seu quarto, por não se "darem bem".

- Precisa de algo? – o moreno pergunta.

-Preciso que me responda à verdade. Pelo menos uma vez na vida. – diz Nathan.

Francis suspira, sabia que lá vinha... – O que é dessa vez?

- Eu sei que você está ficando com a Angeline ainda, e eu já aceitei isso, percebi que ela não gosta de mim da mesma forma, mas... Mas isso não impede que eu ainda me preocupe com ela, ela é uma garota legal, e por incrível que pareça, também é sensível. Não quero que ela se machuque, não quero que você a magoe. O que eu quero saber é se você realmente gosta dela, ou se só está com ela para se divertir. E aí? Gosta dela ou só quer diversão? – o garoto pergunta. Francis olha para o irmão e dá um longo suspiro.

Francis sabia que tinha que responder com a verdade, afinal, Nathan era seu irmão mais novo e apesar da "rivalidade" existente entre os dois por motivos do passado, o garoto amava o irmão e sentia falta de como tudo era antes entre os dois.

– Eu não estou apaixonado por ela, mas gosto dela sim, gosto dela como pessoa, ela é legal, linda. Mas ainda não estou apaixonado por ela, e eu jamais estaria com ela apenas por diversão, então não se preocupe. – respondeu ele.

- Por que está com ela se não está apaixonado? Normalmente, pessoas ficam uma com a outra por paixão ou interesse.

- É complicado...

- Não é. Apenas me conte. – pediu Nathan.

Francis estava pensando se contava ou não ao irmão, não sabia se podia confiar nele a esse ponto. Se fosse antes, ele contaria sem nem pensar duas vezes, mas depois de tudo o que aconteceu entre os dois, algumas coisas mudaram, como a confiança que ambos sentiam um no outro.

- Eu gosto da Emma. É por ela que sou apaixonado. Mas... Ela não quer ficar comigo por causa da Angeline, ela disse que a amiga jamais a perdoaria, e aconteceram umas coisas entre nós dois que nos fizeram brigar, nisso, eu fui atrás da Angeline a pedido da Emma, eu não ia, mas fiz no impulso, por raiva, e quando vi eu já estava voltando com a Angeline. Eu sei que eu não devia ter voltado com ela se não estou apaixonado, mas é que no fundo, eu pensei que se voltasse com ela, poderia realmente me apaixonar. – contou ele.

- Angeline vai se magoar se descobrir isso. Você por um acaso se envolveu fisicamente com a Emma?

- Sim...

Nathan ficou em silêncio por uns segundos. Os dois irmãos se encaravam como não faziam há tempos.

– Você tem que concertar isso. Precisa dizer a Angeline que não está apaixonado por ela e que gosta mesmo é da Emma. Talvez assim, ela entenda e não encrenque com isso. Não pode mais continuar com ela estando interessado na melhor amiga. – disse Nathan.

- Não é tão fácil assim, as duas voltaram a ser amigas hoje, se eu terminar com a Angeline, pode ser que ela pense que eu terminei por causa da Emma, e aí as duas vão brigar de novo. Eu não quero causar uma briga entre as duas. – falou ele.

- Se elas tiverem que brigar vão brigar de qualquer forma, mas cabe a você fazer o melhor para que isso não aconteça, e o melhor é conversar direito com a Angeline. Francis... Você não pode mais continuar brincando com o sentimento das duas, no final, você estará magoando as duas.

Francis passou a mão pelo cabelo, sentia-se perdido, não sabia mais o que fazer. Como sair dessa encrenca, era praticamente impossível. – Eu vou tentar conversar com ela, mas não garanto nada.

- Aí é com você. Já fiz a minha parte, você tem que decidir agora o que fazer, afinal, é você que está metido nesse grande problema.

- Nathan... Você vai contar algo do que falamos aqui para a Angeline?

O irmão revirou os olhos. – Claro que não. Eu não sou assim.

- Desculpa por duvidar... É que...

- Eu sei. Não nos damos bem e eu podia estar muito bem fingindo. Mas não estou. Eu realmente me importo com Emma e Angeline. São minhas amigas.

- Vai me perdoar algum dia? Pelo passado? – Francis arriscou perguntar.

- Eu faço a mesma pergunta a você.

- Eu não estava encobrindo o papai porque eu concordava com os atos dele, na verdade, eu só não contei nada para mamãe e nem para você, por que... Eu fiquei com medo de que os dois se separassem e que nossa família nunca mais fosse à mesma. Eu era mais novo naquela época e... Achava que se eu não dissesse nada e desse uma prensa no papai, ele iria terminar o caso dele com a amante e tudo voltaria a ser como antes, sem que ninguém além de mim sofresse. Eu não contei nada a vocês porque não queria que sofressem como eu. Sei que é estranho, mas essa é a verdade. – Francis se explicou.

O pai estava traindo a mãe na época, Francis descobriu e não contou nada a ninguém, até que um dia, Nathan descobriu, pois escutou Francis e o pai conversando e na parte da conversa, Nathan escutou Francis pedindo ao pai que desse um fim de vez ao "casinho" que estava tendo com outra, que ele não iria mais dar chances se o pai continuasse com isso. Nathan saiu sem que o vissem e ficou a espreita para poder ver o pai com a amante, o garoto seguiu o pai uma vez e o viu entrando em um motel com a mulher, no dia seguinte, ele levou a mãe com ele até o local, e ficaram escondidos, para que ela visse o marido com a tal mulher, dito e feito! Segundos depois, o homem apareceu beijando a mulher, entrando no motel. A mãe ficou muito abalada, Nathan pediu desculpas a ela no momento e disse que ela tinha que saber.

A confusão já estava armada, ao chegar em casa, a mulher brigou com o homem, jogou objetos nele, gritou, quase bateu também, só não partiu para a violência porque Francis a impediu, ele estava tentando acalmar os dois, mas em vão. O pai olhou para o filho mais velho e perguntou por que ele havia contado e a mulher olhou para Francis e perguntou se ele já sabia disso. Nathan se intrometeu na conversa e gritou que foi ele quem contou e não Francis.

Então, Nathan acusou Francis de ter acobertado o pai, e Francis acusou Nathan de ter contado a mãe dessa forma. A discussão parecia não ter fim naquele triste dia.

E desde então, os dois irmãos não se dão bem, uma mágoa ficou instalada na família desde aquele dia. Os pais se separaram por uns meses, quase se divorciaram, mas o homem implorou por perdão, até que um dia a mulher decidiu dar mais uma chance ao marido e voltar com ele. Nathan nunca entendeu porque a mãe aceitou voltar com seu pai, se fosse com ele, o menino jamais confiaria novamente na palavra de uma pessoa que o traiu.

- Eu sei. Comecei a pensar nisso recentemente, e entendi que você não fez por mal, que apenas queria nos proteger da dor, só que eu não entendia isso na época, achava que você estava encobrindo porque gostava mais do papai, afinal, vocês dois sempre foram mais próximos.

- Desculpa.

- Eu também quero pedir desculpas, afinal, eu... Eu nem conversei com você e já fui levando a mamãe para ver aquela cena horrível. Me sinto mal até hoje por não ter pensado no quanto ela sofreria ao ver o papai com outra. Eu te culpei, mas eu também estava errado. Me perdoa? Eu sinto sua falta, e quero que voltemos a ser como antes.

Os olhos de Francis ficaram marejados, ele mal estava podendo acreditar no que escutava, e no que estava acontecendo ali. Ele havia esperado tanto tempo por esse momento, e simplesmente sem que nem percebesse, o momento do perdão havia acontecido. Seu irmão mais novo enfim havia compreendido e o perdoado.

- Não se sinta culpado por nada, mais cedo ou mais tarde, a nossa mãe teria descoberto. Você apressou as coisas, mas não foi por mal, só estava com raiva, indignado e queria falar a verdade, era o que eu devia ter feito assim que eu descobri. Não há nada para perdoar, eu não guardo ressentimentos, sempre esperei por esse momento, eu te amo Nathan, sempre amei e vou te amar para sempre, somos irmãos, e irmãos sempre conseguem encontrar o caminho de volta, não é mesmo? – falou Francis, sorrindo, puxando Nathan para um abraço forte e carinhoso.

- Eu também te amo, Francis. E sempre vou amar. – disse Nathan, enquanto o abraçava algumas lágrimas escorreram pelo rosto dos dois, e naquele momento, ambos souberam que nada mais iria separá-los. Eles poderiam brigar quantas vezes fosse, pelos motivos mais idiotas possíveis, mas sabiam que não seria mais nada grave, nada que os afastassem, pois eram irmãos, e irmãos sempre se perdoam. 

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top