Conta Comigo
Minutos antes de o Francis reatar com Angeline.
Emma estava perto da biblioteca, quando Francis puxou seu braço, e a beijou rapidamente, pegando-a de surpresa. Eles mal conseguiram se beijar direito, pois a garota já estava o afastando dela.
- Está maluco, Francis? – ela perguntou baixinho, com os olhos esbugalhados.
O moreno não estava compreendendo absolutamente nada. – Por que eu estaria?
- Me beijou aqui, em público, alguém poderia ver, se é que alguém não viu... A Angeline poderia ver.
- E qual o problema? Estamos juntos, você vai ter que contar pra ela em algum momento. – ele falou.
- Não... Francis... Não posso fazer isso com ela, não dá. Ela é a minha melhor amiga, não posso traí-la dessa forma. – disse a garota, sentindo um imenso desespero dentro de si, e uma culpa enorme.
O garoto sentiu algo forte dentro de si, mas era um sentimento ruim, algo que o fazia ter vontade de chorar.
- Você não pode estar falando sério. Pensei que estávamos juntos, que dizer, até ontem estávamos, nos beijamos e depois fomos embora juntos, eu te levei até a minha casa, e... Fizemos amor no meu quarto. Nos amamos ontem, você não pode ter se esquecido disso. – ele disse, com a voz um pouco falha.
Emma sentiu o rosto arder de vergonha e o coração doer. – Eu sei o que fizemos ontem à noite... E eu errei, eu nunca devia ter feito sexo com você. – disse a garota.
- Inacreditável... Não foi errado o que fizemos. Amar nunca é errado, Emma, por favor, não estrague isso, não se afaste por medo do que a Angeline vai pensar.
- Não, Francis! É você que não está entendendo, eu sou a melhor amiga daquela garota, e ela é a minha. Estamos juntas desde os nossos 14 anos, e eu não posso ficar com o cara por quem ela está interessada e ficando, vocês mal terminaram e eu transei com você, você acha mesmo que ela vai aceitar isso bem? Não vai... Foi horrível o que eu fiz, eu fui péssima como amiga, eu tenho vergonha de mim mesma por isso.
O garoto pegou na mão de Emma e olhou no fundo de seus olhos, queria a todo custo convencer a menina por quem estava completamente apaixonado a continuar em frente com o lance que tinham.
- Pode até ser que ela não entenda no inicio, mas sei que ela vai aceitar mais cedo ou mais tarde, se ela é realmente sua amiga, vai entender que você gosta de mim e que eu gosto de você. Não planejamos isso, na verdade, eu penso em você desde o dia em que você deixou aquelas balas caírem no chão. E ela não gosta realmente de mim, não de verdade, ela vai entender. Por favor, não desista da gente por algo que não é real. – pediu o rapaz, com os olhos brilhando, fazendo com que Emma quase aceitasse o pedido.
Ele era o seu ponto fraco, mas Angeline também era. E ela sabia que não podia fazer isso com a amiga, a loira não entenderia e poderia ser o fim de uma linda amizade e Emma não queria deixar de ser amiga da loira.
- Desculpa, eu não posso fazer isso com ela.
Francis soltou a mão da menina, estava decepcionado. – Não gostou? Não foi bom pra você? – ele perguntou.
- Foi ótimo, perfeito. Foi a minha primeira vez, e não poderia ter sido melhor. Mas... Eu fiz errado em ter me entregado á você, eu simplesmente nunca poderia ter feito sexo com você.
- Por Angeline... – ele disse, com desgosto.
- Sim... Por ela. Eu me sinto horrível por isso.
- Nos gostamos, isso é o que importa. Ninguém é de ninguém, o amor é livre, e não posso fazer nada se o meu coração escolheu você. – disse.
- Mas amigas não devem ficar com ex de amigas, seja ficante ou namorado. É uma regra da amizade, quebrar essa regra é como quebrar uma amizade. A amizade sempre deve estar acima dos garotos, esse é o lema. Esse clichê não devia estar acontecendo comigo...
- E nem comigo.
- Eu sinto muito.
- Emma... Por favor, não faz isso.
A garota respirou fundo, viu que Nico estava por ali e decidiu fazer algo que deixaria Francis com raiva dela, era o único jeito dele não insistir mais, pelo menos não naquele momento. Sem pensar direito, ela se afastou e caminhou rapidamente em direção a Nico, pegou na mão do rapaz e o beijou para quem pudesse vê-los, inclusive Francis, era ele que ela queria atingir, não por maldade, mas para que ele sentisse raiva dela e desistisse de algo que jamais daria certo.
Ela não quis demorar muito tempo beijando Nico, mas tinha que ser tempo suficiente para irritar Francis. Aos poucos, ela se afastou de Nico, que a olhava completamente assustado.
Antes que ela pudesse encara-lo, avistou Francis indo em direção a Angeline, e em segundos o viu beijando a loira. A jovem sentiu ciúmes, raiva e dor ao mesmo tempo, exatamente o que ele devia ter sentido ao vê-la beijando Nico.
Desviou o olhar daquela cena e encarou Nico. – O que foi isso? – o menino perguntou confuso.
- Um beijo. Não gostou?
- Por que me beijou?
Emma sorriu. – Porque eu sei que você me odeia e que não me suporta, por isso te beijei, queria que me odiasse mais, e claro, queria mostrar que eu faço o que eu quero. Sou Emma Bilson, e acredite, sou irmã do seu melhor amigo. Então, como irmã dele, sinto te informar que você vai ter que me aguentar. – disse a garota, mostrando prepotência. Nico revirou os olhos, estava muito irritado, ainda mais depois da resposta da garota.
- Você é ridícula e mimada. Esse beijo só me deu vontade de vomitar, você me enoja. – falou o garoto, saindo de perto de Emma.
A garota se encheu de raiva e sentiu vontade de chorar ali mesmo, mas segurou as lágrimas, não iria permitir que um nerd chato como ele a fizesse chorar. Ela respirou fundo e tentou se controlar.
.........
Atualmente.
Depois da briga que havia tido com a loira no intervalo, Emma saiu correndo e entrou no banheiro, não conseguiu controlar o choro na frente da amiga, ou seja, aproveitou que já estava em prantos e se trancou dentro de um cubículo. Abaixou a tampa do vaso para se sentar em cima e danou a chorar.
Não entendia como sua vida havia se transformado em todo aquele drama que estava vivendo. Aquele clichê de séries e filmes que ela havia crescido assistindo, nunca pensou que passaria por dramas tão parecidos como os de suas séries favoritas, como Gossip Girl e One Tree Hill. Quando foi que sua vida havia se transformado em uma série? Ela amava assistir a esses dramas, mesmo sendo séries mais antigas, mas estava odiando ter que vivê-los, pois nas séries tudo se resolvia em algum momento, mas na realidade era mais difícil, Angeline jamais a perdoaria se soubesse, ela sentia isso.
E chorou tanto que chegou a soluçar, fazendo alguém escutar. Foi interrompida de seu choro, com batidas na porta de seu cubículo, a garota se assustou, e tratou logo de secar as lágrimas rapidamente. – Quem é? – perguntou Emma.
- Emma? – perguntou uma voz conhecida, a garota dos cabelos cacheados quis chorar ainda mais naquele momento ao perceber que era Ana Júlia ali fora.
- Sim, sou eu. – respondeu sem vontade.
- Você está bem? – Ana Júlia perguntou.
- Da pra ir embora e me deixar sozinha? – gritou a garota, com raiva.
De repente, Emma começou a escutar um barulho e deu um gritinho de susto ao ver Ana Júlia do lado de cima, ela havia entrado no cubículo ao lado e subido em cima da tampa do vaso sanitário para poder ver Emma lá de dentro.
- Não quis abrir e aqui estou eu. – disse ela, lá de cima.
Emma ficou com raiva por não ter privacidade nem ao menos para chorar dentro de um banheiro, saiu revoltada lá de dentro, e Ana Júlia fez o mesmo, agora as duas estavam em frente ao longo espelho que havia no banheiro feminino.
- Satisfeita? O que quer? Zombar na minha cara? Zomba rápido e vai embora. – disse Emma.
- Nossa... Você nem parece a Emma Bilson. Que decepção. – disse Ana Júlia.
Emma arqueou a sobrancelha sem compreender o que ela queria. – Eu não estou com paciência para seus joguinhos.
- Eu não faço joguinhos com alguém que está no fundo do poço.
- Olha só aonde eu cheguei... Pode rir, eu não me importo. Estou tão cansada, que tudo o que costuma me irritar, não me irrita mais, pelo menos não nesse momento. – falou a garota, com cara de choro ainda, abriu a torneira e começou a lavar o seu rosto, que havia ficado vermelho.
- Seja lá o que estiver acontecendo com você, vai passar. Acredite... Tudo passa um dia. Essa fase também. – disse Ana Júlia.
- O que é isso? Por que está falando essas coisas pra mim? Você me odeia.
Ana Júlia sorri. – Eu não te odeio, eu só não gosto muito de você, mas não é ódio. E... Não sou um monstro como pensa que sou. Eu me importo com as pessoas, principalmente quando elas estão no fundo do poço. – disse ela.
- Jeito maneiro de levantar o astral de uma pessoa. – disse Emma, enquanto secava o rosto.
- Cada um com seu jeito, não é mesmo? Pelo menos eu me importo, aposto que tem a ver com a Ageline.
- Não interessa mais, eu só não quero tocar mais nesse assunto e nem pensar mais. Eu quero ir embora dessa escola agora.
- Então vamos.
- Como assim? – perguntou Emma.
- Uai... Vamos matar aula, garota. Ou quer que todos te vejam horrorosa desse jeito? Quer manchar a sua reputação de garota popular é?
Emma revirou os olhos, irritada. – Você não perde a chance de implicar, não é mesmo?
Ana Júlia ri. – Desculpa, mas eu não podia deixar essa passar. Vamos, pegue sua mochila sem que ninguém veja, aproveita que ainda é intervalo, e me encontre na subida da quadra.
- O quê?
- Só faz o que eu mandei. Anda, vai. – disse Ana Júlia.
- É uma armação sua? – Emma perguntou, estava desconfiada.
- Claro que não. Eu te dou a minha palavra. Não é armação.
A garota dos cabelos ondulados suspirou e assentiu com a cabeça, e foi até sua sala, aproveitou que não haviam trancado, entrou e pegou sua mochila. Assim que saiu da sala, o sinal do término do intervalo tocou, a garota apressou os seus passos e foi correndo até a subida da quadra.
Ao chegar, viu que Ana Júlia já estava ali, com a própria mochila. – Pensei que fosse amarelar. – disse ela.
- Como vamos matar aula subindo para a quadra? – perguntou Emma.
- Atrás das arquibancadas não tem matos?
- Sim, e daí?
- Vamos pular a última arquibancada e ir embora pelos matos.
- O quê? Está maluca? Nem a pau que vou entrar naquele mato, é super perigoso! Por acaso, você sabe onde ele dá?
- Óbvio. Já passei por lá várias vezes, nunca ouviu falar que lá tem saída? Nunca tentou ir por lá?
- Óbvio que não! É de o meu feitio entrar em matos?
Ana Júlia riu. – É... Não mesmo. Bom, vamos por lá, é só subir e descer uma trilha, eu decorei o caminho, fica tranquila, não é perigoso. E vamos sair direto pra rua depois do portão da nossa escola.
- Mas e se alguém nos vir da rua?
- Relaxa Emma. Estou acostumada, ninguém nunca vê. Vamos! – disse a garota, puxando na mão de Emma.
Quando enfim as duas pisaram na mata, Emma se arrependeu do que estava fazendo, e se algum inseto perigoso a picasse? Era o que estava pensando.
- E se tiver algum doido nessa mata? – a menina perguntou ainda em dúvida.
- Não seja medrosa, não tem ninguém. Poucos sabem desse caminho. Você sabia que essa mata dava para fora do colégio?
- Não.
- Pois então...
As duas subiram uma trilha que alguns alunos acabaram fazendo para ficar mais fácil de fugir, e depois desceram, não demorou muito e já estava na rua do lado de fora do portão do colégio. – Agora, vamos embora. – disse Ana Júlia, andando rápido, Emma a seguiu, apressando seus passos.
Já estavam fora da vista da escola, e já podiam andar normalmente, sem terem medo de serem pegas. – Ana Júlia.
- Sim?
- Por que fez isso comigo? Por que quis me ajudar? – ela perguntou.
- Ah... Não sei bem, acho que temos que ser solidárias quando é preciso. E você estava precisando.
- Mas eu pensei que você me odiava.
- Eu não te amo, mas também não te odeio. Só não se apaixone, eu não sou lésbica. – ela provocou, e riu em seguida.
Emma revirou os olhos. – Por que vive chamando a Angeline e eu de lésbicas? Por um acaso, você acha que eu sou lésbica? – Emma quis saber.
A outra garota riu. – Falo por pura implicância, vocês duas são tão grudadas, por isso eu falo isso. Mas é só para irritar vocês. Na verdade, eu nunca achei que vocês fossem realmente lésbicas.
- E não somos.
- Eu sei, mas eu precisava de algo para irritar a duplinha de populares mais chatas do colégio. – respondeu.
- Isso é ridículo.
- É... Eu sei.
Emma riu. – Garota... Você é inacreditável.
- Eu sei. – respondeu Ana Júlia, sorrindo e dando um leve empurrão de brincadeira em Emma.
As duas seguiram juntas e Emma a convidou para ir a sua casa, a outra garota ficou um pouco resistente com a ideia, mas acabou aceitando ir.
Era quase hora do almoço quando elas chegaram. – Chegou cedo filha. – disse sua mãe, estranhando.
- Eu não estava me sentindo muito bem... – Emma mentiu.
- Ah sim, e quem é essa linda garota ao seu lado? – perguntou a mulher, pela primeira vez vendo outra garota que não era Angeline ao lado de sua filha.
- Oi, o meu nome é Ana Júlia, é um prazer te conhecer, sou uma colega de classe da sua filha. – explicou a garota, estendendo a mão para cumprimentar a mulher.
- Oi, o prazer é todo meu, eu sou a Isabelly. Você é muito simpática.
- Ah que isso... Obrigada.
- Mãe, eu vou para o quarto e já desço para almoçar.
- Tudo bem querida. – respondeu Isabelly.
Assim que as duas subiram as escadas, Isabelly ficou se perguntando no motivo de Emma ter trazido essa garota, se era porque estavam criando uma amizade ou se era por algo do colégio. Era estranho para a mulher ver a filha andando com uma garota que não era a Angeline.
- Sua casa é enorme... Maior até que a minha. – comentou a menina, observando cada detalhe daquela mansão.
- É enorme mesmo... O da Angeline é maior que a minha.
- Meu deus...
Emma riu, e entrou em seu quarto. – E este é o meu quarto.
- Bem a sua cara.
- Vai almoçar aqui, não é?
- Sim, se não for incômodo.
- Não é. É estranho, mas não é incômodo algum. – disse Emma.
Ana Júlia suspirou fundo. – Não quer contar o motivo de estar chorando naquele banheiro?
- Não... Não agora, talvez um dia. Mas realmente envolve a Angeline, meio que brigamos.
- Eu imaginei... Bom, saiba que se precisar desabafar, eu estou aqui.
Emma riu. – Obrigada.
- Do que está rindo?
- É que você é mais sensível do que aparenta, jamais pensei que fosse esse tipo de garota, que sabe ser uma amiga mesmo quando não tem intimidade com a outra pessoa. Você nunca foi com a minha cara e ainda assim, escolheu me ajudar. Jamais iria imaginar que um dia eu estaria conversando de boa com você, e na minha casa.
A outra garota riu e passou as mãos pelo cabelo. – É... Também nunca imaginei que um dia eu estaria aqui, conversando de boa com você. Acho que você não é tão "ruim" assim.
- Ei... Eu nunca fui ruim! Você que era "ruim" comigo.
- Não importa. O importante é que você saiba que isso de ruim que está vivendo vai passar, e que não está sozinha, sempre vai existir alguém que você possa contar. E se precisar... Pode contar comigo.
Emma sorriu e pegou na mão da garota. – Obrigada por estar naquele banheiro exatamente no momento em que eu mais precisava.
- Ah que isso... Essas coisas acontecem.
De repente a porta do quarto se abriu, e era Isak entrando. O garoto se assustou ao ver Ana Júlia no quarto de sua irmã, pensou até que estava tendo alucinações, mas estava real de mais para ser alucinação.
- Ana Júlia?
- Isak... – a garota disse, sem jeito.
Emma arqueou a sobrancelha sem entender nada e sentiu que tinha "algo estranho" ali, então se segurou para não rir. Primeiro precisava entender o que exatamente havia "entre eles".
- Já conversavam antes? – Emma perguntou ao irmão, mas a pergunta também servia para Ana Júlia.
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