Polos opostos.
Madelaine e Lili haviam chegado na casa. Depois de quase matarem Cole, tentando tirá-lo de dentro do carro, conseguiram finalmente entrar com ele e colocá-lo no quarto, já que o mesmo chegou ao local ainda desacordado. O garoto provavelmente teria um traumatismo craniano de tanto que as duas amigas bateram com a cabeça dele pelo carro e depois pela porta para que entrassem em casa.
Camila se encontrava sentada encarando a televisão e se perguntando quando as duas amigas loucas colocariam finalmente KJ e Charles em seus quartos, para que os rapazes pudessem finalmente descansar.
Lili estava tomando banho no banheiro social da casa, para tirar a maquiagem e o cheiro de bebida e cigarro que tinha em sua roupa e cabelo por conta da festa, enquanto Madelaine trocava suas roupas para em seguida levar os meninos para o quarto.
KJ estava impaciente e se tivesse qualquer oportunidade, com certeza apertava o pescoço de uma das garotas, afinal, ele já havia notado que elas não fariam nada de mal com nenhum deles e que provavelmente eram apenas fãs desequilibradas. Charles olhava Camila fixamente, como se quisesse ler os pensamentos da garota que encarava a televisão com uma aparência frustrada e assustada, enquanto Cole começava a despertar em seu quarto.
A casa se encontrava em uma tremenda poluição sonora. KJ xingava palavrões que ninguém compreendia, Charles estava literalmente rezando, Madelaine gritava algumas coisas aleatórias no quarto, Camila se lamentava encarando a tv, Lili que estava no banho cantava What Now da Rihanna a todos pulmões. E o pior, Cole que agora havia acordado gritava por Lili com sangue nos olhos. Ele provavelmente mataria a loira assim que pudesse.
— Jesus, a fera acordou! — Mad gritou e saiu do quarto correndo, indo de encontro a Camila que estava paralisada na sala, olhando em direção ao quarto de onde vinha à voz de Cole. — Eu não entro lá nem fudendo, ele me machucou. — Mad falou apontando para o quarto onde Cole estava. — A Lili que vai ter que encarar essa.
— Pelo jeito que ele tá gritando ele vai apertar o pescoço dela, ou nós vamos ser pegas antes da hora. — Camila falou andando de um lado para o outro nervosamente.
— Ou vão achar que eles estão transando. — Madelaine deu um sorriso debochado que fez Cami revirar os olhos.
— Gente, o que é isso? O mundo tá acabando? — Lili falou saindo do banheiro e veio correndo e escorregando pela sala enrolada em uma toalha, o que chamou bastante atenção dos dois rapazes sentados na sala.
— Ainda não, mas se você não for lá dar uma boa desculpa pro Cole, vai acabar, porque aquele poste não cala a porra da boca. — Madelaine falou cruzando os braços. — Mas vê se coloca uma roupa antes.
— Eu vou lá vestir uma roupa, uma de vocês duas faz o favor de pegar uma garrafa de suco na geladeira, e a comida dele está separada em cima do microondas, tá com o nome dele em cima.
— Falou rapidamente e voltou em direção ao banheiro.
— É sério que ela comprou a comida dele separada? — Mad questionou com ar de deboche e apontou com o polegar para a amiga.
— Aham, parece que ele é alérgico a algumas coisas e não come outras. — Cami explicou. — Agora que você já terminou de xingar, sei lá quem lá dentro, nós podemos levar os garotos pro quarto? Eles devem estar cansados. E outra pergunta, nós vamos dormir aonde? Na sala? — Perguntou encarando a amiga que ainda estava olhando na direção que Lili havia saído, tentando absorver a informação, que na cabeça dela era pura frescura. — Madelaine?
— Hm? Oi? — Falou se virando. — Ah sim, podemos levar os garotos pro quarto.
— E nós vamos dormir aonde? — Perguntou mais uma vez.
— Ué, no quarto com eles, você acha que nós vamos tomar conta deles como? — Madelaine falou como se fosse óbvio.
— Você tem noção que eles podem asfixiar a gente durante a noite e fugir? — Cami falou baixinho.
— Eles não são loucos nem nada, e eles vão dormir amarrados, você acha que nós somos burras ou o que? — Falou revirando os olhos. — Agora vamos logo levar esses garotos pro quarto. — Madelaine ditou indo em direção a Charles e Camila a seguiu.
Lili que já havia vestido a sua roupa, passou pelas amigas no corredor quando as mesmas estavam movendo Charles para o quarto, mas não se moveu para ajudar, apenas correu para a cozinha, pegou a comida separada para Cole e triturou um comprimido sonífero dentro do suco que daria para o rapaz. Ela estava fazendo aquilo por desespero, já que o maior medo dela era que Cole a odiasse, e ela só havia pensado que isso poderia acontecer agora quando o ouviu gritar enfurecido. Madelaine não havia deixado que Lili desamarrasse os punhos Cole, então a menina sabia que ele não tentaria estrangulá-la, porém a loira tremia dos pés a cabeça.
Ela caminhou com passos largos em direção ao quarto em que Cole, que agora havia parado de berrar, se encontrava. A garota estava tão nervosa que foi um custo para que ela acertasse apenas com uma mão o buraco da fechadura, e quando conseguiu, até KJ já estava acomodado em seu quarto. Lili entrou no quarto equilibrando o jantar de Cole em uma das mãos e com a outra trancou a porta, quando a garota se virou e seus olhos encontraram os de Cole ela estremeceu dos pés a cabeça, mas foi surpreendida quando Cole sorriu abertamente.
— Você não está querendo me matar? — Perguntou com a voz baixa e se aproximou do garoto.
— Não... Eu prefiro acreditar que isso é uma brincadeira sua, e que você fez isso pra dar um toque especial no que vai rolar aqui e agora. — Disse dando um sorriso ladino, que fez com que a loira a sua frente se arrepiasse dos pés a cabeça. — Você vai me soltar, ou vai me dar comida na boca?
— Faz parte do meu "plano" te dar comida na boca, e depois que você comer tudinho, eu solto seus pulsos, ok? — Ela disse sorrindo e acariciou a bochecha do rapaz com o polegar.
— Ok, eu espero ser muito bem recompensado por isso. — Disse umedecendo os lábios.
"Ele realmente está caindo nessa?"
Lili se perguntou e não deixou de soltar uma risada abafada. Ela abriu a embalagem tentando não tremer, e Cole se surpreendeu ao ver que era uma de suas comidas favoritas no recipiente. Talvez se Lili estivesse em frente à Britney Spears não estaria tão nervosa, mas naquela situação a garota apenas respirava fundo e tentava não agir como uma total desvairada.
A loira dava comida na boca de Cole com toda calma e paciência do mundo. Enquanto ele tentava puxar assunto, ela apenas fazia os movimentos que pareciam já estar no modo automático e olhava o rosto do rapaz, como se pudesse decorar o que havia na face dele.
Assim que terminou de dar a comida de Cole, ela o desamarrou e entregou a garrafinha de suco em sua mão, pedindo a Deus para que ele não caísse em si e tentasse enforcá-la para sair dali. E por sorte, isso não aconteceu. Cole se aproximou da garota depois de tomar alguns goles de suco, e os dois trocaram algumas mínimas palavras e carícias até que os olhos azuis do garoto começassem a arder com o sono e suas pálpebras começassem a pesar, o fazendo apagar e cair para trás na capa.
"Meu Deus, esse remédio que minha mãe toma pra dormir é pra cavalos?" Lili pensou enquanto ajeitava Cole na cama.
A garota manipulava o corpo do rapaz como se pudesse quebrar a qualquer momento, todo cuidado que ela nunca teve na vida estava tendo agora. Ela o aconchegou na cama, tirou seus tênis, suas meias, camisa e o deixou apenas de calça.
Cole estava totalmente fora de órbita e a loira também, a diferença era que ele estava dopado, e ela perdida no corpo dele. Assim que caiu em si, Lili cobriu o corpo de Cole com o edredom que estava em cima da cama e se sentou na beirada da mesma, caindo em prantos, chorando como um bebê.
Enquanto isso, no quarto ao lado, os ruivos travavam uma tremenda guerra.
— Olha, se você ficar quietinho ajuda. — Mad falou como se falasse com uma criança de cinco anos que estava fazendo pirraça.
— Se não percebeu, estou tentando fugir. — KJ falou como se fosse óbvio, o que fez a menina rolar seus olhos.
Seria tão mais fácil se ele cooperasse como o Charles, ou estivesse quietinho como Cole, mas não, alguém quer fazer zona e esse alguém com toda certeza seria o Apa.
— Que tal você me ajudar a te ajudar, colega? — Mad falou levantando-se da cadeira em que estava e segurou com uma das mãos a cabeça de KJ. — Agora vamos tome logo esse suco. — Falou sério. — É só sugar a bosta do canudo.
O rapaz sacudiu um pouco a cabeça, mas acabou por tomar o suco de laranja que a menina lhe oferecia, afinal ele não poderia fazer greve de fome – principalmente ele que come por ver comida.
Enquanto isso no outro quatro Camila estava com o olhar num ponto fixo atrás de Charles, nunca lhe olhava nos olhos como o rapaz fazia – ele conseguia intimidá-la.
— Vo..você ainda quer tomar banho? — Perguntou num tom baixo após gaguejar na primeira tentativa.
Um sorriso pequeno formou nos lábios do menino de pele bronzeada, um mínimo sorriso, ele estava intrigado com aquilo tudo, tremendamente puto por está algemado, mas alguma coisa na morena que lhe dava toda atenção necessária lhe chamava atenção – meio redundante eu sei, mas na cabeça dele era assim que funcionava.
— Vai ter que me soltar pra tirar a blusa. — Charles falou baixo. — Sabe.. — Mostrou suas mãos e a menina suspirou dando um passo na direção do rapaz, mas recuou mordendo os lábios de nervoso.
"Patética" Pensou a morena após bufar.
— Então, vai me ajudar? — Charles perguntou tirando proveito da situação.
Camila respirou fundo duas vezes e esfregou as palmas das mãos suadas no short jeans que usava para em seguida andar até Charles. E em um ato de coragem a menina segurou a barra da camisa do rapaz a puxando para cima tendo que ficar na ponta dos pés para passar por sua cabeça e finalmente a camisa estava apenas presa pelas mãos no rapaz.
— Ok. — Camila murmurou olhando para peça de roupa presa a Charles. — Tesoura! — Afirmou girando nos calcanhares e saindo atrás de uma tesoura para cortar a camisa do rapaz.
Charles resmungou um tanto quanto frustrado olhando na direção da porta que agora era trancada pela menina de cabelos negros.
— Onde tem uma tesoura? E por que você está suja de suco de laranja? — Camila questionou Madelaine, franzindo o cenho.
— Primeiro, para que você quer uma tesoura? — Perguntou rapidamente. — E isso. — Apontou para sua blusa. — Você acredita que aquele trolho me jogou suco de laranja? Eu estava tentando ser legal com ele, mas ele vai ficar com fome! — Afirmou apontando para porta do quarto em que KJ estava agora em silêncio.
Camila gargalhou negando com a cabeça, finalmente alguém conseguiu deixar Madelaine irritada a ponto dela querer não ver a pessoa. Apesar da ruiva ser considerada uma menina irritadinha, eram poucas pessoas que lhe levavam ao limite e KJ Apa estava conseguindo isso com muito êxito.
— Nossa ele tá sendo difícil. — Cami falou ainda rindo.
— Impossível! Difícil é a Lili, aquele garoto é impossível! — Mad bateu no pé e fez uma careta.
— Ok, depois conversamos sobre isso. — Cami desconversou. — Então, onde tem uma tesoura? — Perguntou novamente.
— Cozinha. — Mad falou rapidamente. — Creio que esteja na bancada, mas você não irá tentar matar ninguém ou se matar não é? — Perguntou sorrindo.
— Não. — Cami afirmou. — É para cortar a camisa do Charles. — Falou de maneira rápida.
— Nossa e eu achando que a safada era a Lili. — Brincou e acabou por ganhar um empurrão da morena.
— Primeiro, a Lili continua sendo a safada e segundo ele quer tomar banho eu tirei a camisa dele mais ficou presa nas mãos então optei por cortá-la. — Informou.
— Ok. — Mad falou jogando as mãos para o alto em rendição.
Camila deixou a menina no corredor e fui em busca da tesoura.
Madelaine suspirou entrando no quarto onde Lili estava junto ao Cole e conteve sua vontade de dar meia volta quando olhou Lili sentada ao lado da cama, com o rosto marcado pelas lágrimas recentes, as mãos fazendo um carinho devagar nos cabelos de Cole.
A ruiva pediu aos céus para não ser indelicada e xingou-se por ter entrado no quarto, afinal, ela era a razão não o sentimento, ela agia não sentia, ela era uma péssima pessoa para conselhos sentimentais.
— Camila cadê você? — murmurou baixo e fechou a porta atrás dela.
Ajoelhou-se ao lado de Lili após uma pequena caminhada e sorriu sem jeito para amiga que lhe olhava um tanto desolada. Mad mordeu os lábios, após umedecê-los, abriu a boca diversas vezes buscando discursos feitos, mas nunca esteve na pele de Lili – na verdade ele nem sabia o porquê da loira estar chorando – então optou pelo mais viável para ela naquele momento.
— Me diz, por que do choro? — perguntou baixinho.
— Se ele me odiar, se ele quiser me matar, se ele não quiser me ver nem pintada de ouro, tipo nunca mais, se eu não for suficiente, se formos para cadeia, se ele não quiser nunca transar comigo.. — Lili atropela Madelaine com um sequência interminável de "ses" que deixou a menina confusa, tanto que sacudiu a cabeça e suspirou focando novamente seu olhar na amiga.
— Primeiro, não trabalho com hipóteses, segundo, você usou tanto a palavras "se" que me deixou confusa, e terceiro, vamos acabar sendo detidas de um jeito ou de outro. — Mad falou sério. — Olha, Lili, eu sou sua amiga, na verdade sou uma de suas melhores amigas e não sou a que age com o coração, não sou sentimental e muito menos fico chorando como você, eu sou apaixonada por minha liberdade mas admiro a sua devoção por esse menino. — Apontou para Cole que estava apagado na cama. — Eu realmente admiro esse amor que você sente por ele, não irei pedir para não chorar, afinal, chorar desestressa e alivia, então chore o quanto puder. Não irei pedir para deixar de amá-lo da maneira incondicional que o ama, mas irei te pedir para não se iludir, por favor, não se iluda. O que estamos fazendo é errado, nós somos menores de idade, mas vamos ser detidas e julgadas como adultas. Isso que estamos fazendo é crime, então você terá que amá-lo mas terá que também fazê-lo te amar de alguma maneira, nem que para isso você coloque uma porção do amor na porra de um suco desse aí, mas terá que fazer isso para que ele não coloque uma liminar na justiça para você ficar a não sei quantos quilômetros longe dele. — Riu fazendo com que Lili risse também. — Você vai continuar o amando, mas tem que colocar nessa cabecinha aí que talvez possa ser recíproco, ou não. — cutucou a cabeça de Lili e sorriu pequeno.
Lili secou seus olhos com o dorso da mão ainda rindo e olhando para sua amiga.
— Você sabe que não entendi uma vírgula do que falou, não sabe? — Lili falou rindo.
— Sei também que se faz de burra. — Mad falou sorrindo e dando tapinhas no ombro de sua amiga. — Agora nunca mais dê sonífero para uma pessoa que foi apagada por clorofórmio. — Levantou-se e sorriu para Lili. — A não ser que queira deixá-lo abilolado. — Gesticulou com a mão e sorriu.
Lili franziu o cenho e suspirou rolando os olhos.
Charles estava agora sentado na beirada da cama, de banho tomado e cabelo molhado.
Camila estava sentada no chão de frente para Charles, desta vez se permitindo olhar mais detalhadamente o rapaz que tinha o maxilar trincado e um olhar vago.
— Você não é como elas. — Charles finalmente falou alguma coisa.
A menina demorou um pouco para ingerir aquela afirmativa e soltou um suspiro, de fato ela não era como Lili ou como Madelaine, muito menos uma mistura das duas, a menina morena por mais nova que fosse era cautelosa, sempre pensava antes de agir, imaginava possibilidades, julgava possíveis erros, não era de fazer, era de esperar acontecer. Ela foi educada daquele jeito, seus olhos transmitiam verdade e um pouco de inocência.
E Charles conseguiu enxergar isso, era por isso que ele estava tão intrigado com a menina, que era prestativa, sorridente, cautelosa e amigável demais.
E as amigas eram pólos opostos, mas são os pólos opostos que sempre se atraem e se completam.
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