𝐒𝐇𝐈𝐄𝐋𝐃, chapter five.
TALVEZ NÃO FIZESSE TÃO BEM pensar em como o mundo poderia ser se metade da população ainda fosse poeira. Os Apátridas buscavam ter o que antes podiam chamar de "paz", vendo que o governo se importava mais com os blipados do que com as pessoas mais atingidas pelo estalo de Thanos. Tudo realmente era melhor após esse evento? A fome diminuiu? A desigualdade social acabou? Considerar essas hipóteses estava sendo uma tortura para Sabrina, olhando da janela o escuro da noite enquanto bebia uísque oferecido por Zemo.
Sam falava ao telefone, de pé. Bucky, ao lado dela, limpava a mão de metal com um lenço. A Carter o observou, não tão disfarçadamente. Afinal, ele não teve exatamente a mesma atitude com ela. Não procurava entendê-lo, muito menos confiar nele. Ele não era exatamente a pessoa ideal que se deve doar uma alta dose de confiança. Seu histórico afirmava isso.
— Você está bem? — Bucky inquiriu a Sam, que agora estava sentado.
— Só pensando no que a Sharon passou. E no Nagel se referindo ao Isaiah como uma cobaia, como se não fosse uma pessoa de verdade. Isso me faz pensar em quantas pessoas passaram um rolo compressor para abrir caminho para um pedaço de metal. — Sam encarou Bucky. Sabrina escutava atentamente a conversa.
— Depende. Esse pedaço de metal salvou muitas vidas. — Bucky retrucou, alternando a atenção entre o próprio braço e o Falcão.
— Eu sei disso. Talvez eu tenha errado. — Sam afirmou.
— Sim, errou.
— Talvez o escudo não devesse ter ido para um museu. Deveria ter sido destruído. — Sam falou a última frase com cautela, e seus olhos carregavam frustração.
— Ele representa muita coisa, pra muita gente. Incluindo pra mim. O mundo está de cabeça pra baixo, Sam. Eles precisam de um novo Capitão América, e não vai ser a fraude do Walker. Então antes que peguemos o escudo e você o destrua, eu vou pegar ele pra mim. — James falou, firmemente, decidido.
— Espera, o quê? — Sabrina vozeou, encarando o Barnes. — Pensei que iríamos investigar o mistério do soro e dos super soldados e limpar o nome da Sharon, não roubar algo que é propriedade do governo!
— O Steve ofereceu esse escudo ao Sam. Não é do governo. — Ele revirou os olhos, assim que ouviu a voz da Carter.
— Bom, talvez vocês não tenham a memória boa o suficiente pra lembrar que a Sharon roubou a porcaria do escudo pra vocês quando violaram o tratado de Sokovia, e àquela altura as suas asas, seus trajes, e incluindo o "pedaço de metal que salvou muitas vidas", passaram a ser propriedades do estado. — Sabrina contra-argumentou.
— Pessoal, calma. Bucky, a Sabrina está certa. — Sam tentou.
— É engraçado você falar sobre o que a Sharon fez por nós. E você? O que fez por ela quando tudo isso aconteceu? Onde você estava? — Bucky elevou o tom da voz. Não com o fim de intimida-la, mas saber quem ela realmente era.
Tudo no que ele conseguia pensar era em como a Carter era exatamente como Kathryn, e em como esse fato estava mexendo com seu emocional. Era algo que o fazia querer chorar. Ter ela por perto doía, pois o fazia lembrar de os anos com a Laurentis foram bons, como a família dela era acolhedora, e como ela cheirava a lar e proteção. Ele apenas queria sentir isso de novo. Estava apenas cansado do instinto de fazer qualquer bobagem, a qualquer segundo.
Ele não conseguia mais se ver como o James Buchanan Barnes de antes. Alguém que sorria, alguém com carisma. O que se auto dizia para fazer era impossível; demonstrar. Haviam o transformado em uma máquina de impassibilidade. E o trabalho e competência da HIDRA haviam sido "bons" o suficiente para deixar nele sequelas que ele jamais conseguiria apagar da sua vida. Pesadelos que o assustavam sempre ao tentar dormir. Aquele era o seu passado, e precisava lidar com ele ou aprender com os anos e anos que levou sendo um assassino.
E refletir sobre isso fez ele se arrepender de ter dito aquelas palavras a Sabrina.
A mulher lhe deu um soco forte o suficiente para fazê-lo quase deitar sobre a poltrona do jato. Sam a segurou, o afastando dele.
— Eu juro por Deus, Barnes, se questionar o meu caráter outra vez, eu acabo com você. Eu realmente não entendo seu problema comigo, já que sua "confusão" foi esclarecida. Passar anos sofrendo, fazendo o que não queria fazer, não te dá o direito de dizer coisas que não sabe ao meu respeito. Eu não sou a tal Kathryn pra achar que me conhece. — Sabrina olhava James. Ela não sabia exatamente o que havia lá, mas começou a se arrepender do soco que havia desferido contra ele.
— Sabrina, calma. — Sam a levou para outra cadeira, longe de Bucky. — Ele está frustrado com tudo que estamos lidando nesses últimos dias.
— Olha, Wilson, eu não disse que você não era digno do escudo. Você é. Eu só não quero viver fugindo se algo der errado. Eu só estou aqui por um motivo e você sabe qual. — Ela engoliu em seco, pedindo desculpas silenciosamente a Sam. Ele sorriu, compreensivo.
— Eu sei. Não vamos fazer nada de errado, eu prometo. Você era uma agente afiliada à SHIELD e ao governo, isso é uma vantagem pra nós. É bom você estar aqui. — Sam prestou apoio a ela, tocando seu ombro e se afastou, indo até Bucky. — A novata acabou com você. Não se preocupe! Vou torturar você com isso. — O Falcão riu, sentando.
— Não enche, Sam. — Bucky resmungou.
— Vamos pra Letônia. — Zemo apareceu. — O que aconteceu aqui? — Ele inquiriu, olhando assustado para o rosto machucado de James. Sabrina tombou a cabeça para o lado, soltando uma risada nasal.
O frio congelava as narinas de Sabrina conforme inalava o ar frio do jato. As lágrimas pareciam brotar nos olhos dela, mas simplesmente não tinha força para botar isso para fora. A atmosfera era quieta e caótica, ao mesmo tempo. A saudade que sentia de Peggy latejava a cada dia que passava, principalmente naquele momento, após as duras palavras de Bucky. E, sabendo que ele estava certo, doía ainda mais. Ela foi covarde. Era um fardo que era obrigada a carregar sozinha sabendo que não teve coragem de colocar tudo a perder quando sabia que Sharon precisava.
Querendo ou não, esses e alguns outros fatos influenciavam a mulher que era atualmente. Forte, mas não forte o suficiente para não sentir nada a respeito da situação.
Era irônico como as coisas conseguiam ser controversas. Jurar lealdade à família Carter parecia não ter adiantado, levando em conta que não esteve por perto até na morte de Peggy Carter. Sabrina Carter, definitivamente, se considerava uma covarde.
O cenho da mulher se franziu ao sentir a presença de Bucky ao seu lado. Abriu os olhos e se esforçou para encara-lo. Seu ânimo era nulo para iniciar uma nova discussão. Poderia simplesmente escolher ignorar e voltar a seus pensamentos vazios, mas esperou que ele falasse algo. Os dois agiam no automático.
— Eu te devo desculpas. — Ele disse baixo, quase timidamente. — Eu não deveria ter falado com você daquele jeito. — Ele esperou pela resposta dela, mas ela demorou tempo o suficiente para que ele pudesse analisar suas expressões.
— Eu aceito suas desculpas. Eu não deveria ter socado o seu rosto. — Ela respondeu.
— Eu mereci. — Ele disse rapidamente, quase atropelando sua última fala. — Apenas... Estou frustrado e surpreso com como você parece com ela.
— Frustrado? Eu parecer demais com essa Kathryn é ruim? — A Carter se fingiu de ofendida, soltando uma risada fraca e voltando a olhar para a janela.
— Acho que sim. — Ele respondeu. Ela voltou a encara-lo. — Lembrar dela é doloroso.
— Eu sinto muito. Quem era ela?— Sabrina se mexeu sobre a poltrona de couro. — Não o fato de ela ser sua namorada ou algo assim, porque isso não foi difícil adivinhar. Mas quero saber o que temos de diferente, já que te assusta tanto eu ser como ela.
— Você é tão irritante. — Ele revirou os olhos. — Está aí uma diferença entre vocês.
— E você é rude. — Retrucou. — O que te surpreende mais? Eu ser igual sua ex-namorada morta ou eu ser totalmente diferente dela?
Bucky ficou em silêncio por exatos sete segundos. Sabrina não achou que sua resposta viesse, afinal, havia sido uma pergunta retórica.
— O que me surpreende é a diferença de personalidade porque eu esperava que você fosse como ela. — Ele suspirou fortemente. — Na verdade, eu esperava que você fosse ela, e que ela não tivesse sido vítima do holocausto.
— Ela era judia? — O tom da voz de Sabrina pesou.
— Era, sim. A família dela passou algum tempo disfarçados, conseguindo viver normalmente, mas... — James pausou rapidamente. Seus olhos não estavam em Sabrina. Estavam em um ponto qualquer do jato, mas os olhos dela estavam fixados nele. — Quando eu voltei da guerra, já tinham morrido. Todos eles.
— Eu realmente sinto muito, Barnes. — Disse, dando um pequeno sorriso como se tal gesto pudesse conforta-lo.
Ele se limitou a concordar com a cabeça, engolindo em seco. Levantou do assento, sumindo do campo de Visão da Carter. Ela sabia que ele não estava confortável com a sua presença, mas saber o motivo do desconforto a fazia ficar mais curiosa sobre o passado do ex-soldado. Sabrina, definitivamente, iria descobrir quem era Kathryn Laurentis.
:: doeu demais escrever o bucky sendo babaca com a sabrina aff
:: sabrina vai investigar a kathryn, o bucky atiçou a curiosidade da coitada! e realmente tem algo que vocês vão ficar chocados. futuramente vocês descobrem!
:: qual a fav de vocês? sabrina ou kathryn?
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