𝐀𝐋𝐈𝐕𝐄, chapter one.



DOIS MIL E VINTE E TRÊS.

A CABEÇA DE SABRINA LATEJAVA como uma artéria carótida, ou como uma bomba relógio, prestes a explodir. A mulher se autocondenou quando as lembranças da noite anterior dançaram lentas em sua mente, a torturando com um arrependimento exacerbado. Não lembrava bem como havia sido sua madrugada e não era convidativo saber. Cancún a esperava, a piscina do luxuoso hotel a esperava e, o melhor, ela estava viva. Não que se sentisse assim há alguns meses, mas com o mundo finalmente voltando aos seus "eixos", não era de todo mal se dar férias em alguns países.

Sabrina Carter nunca se sentira tão sozinha depois que descobriu tudo o que aconteceu. Esperava não ter que se sentir dessa forma, já que sua vida sempre foi carregada de relacionamentos pouco duradouros. Dessa forma, nunca ficou sozinha. No sentido físico da coisa.

A mulher sentia falta do que sua vida costumava ser antes de se desunir a SHIELD e ao Governo, antes de sempre ser questionada sobre o paradeiro da prima Sharon. Quando se sentia infinitamente mais preenchida por uma família, apesar de minúscula. Peggy e Sharon eram uma parte linda de sua vida, e se arrependia amargamente de deixar ambas para trás, pra no fim descobrir que sempre estivera em casa. Mesmo que não fossem sua família de sangue, a relevância dessa informação era nula quando se sentia tão amada por elas e seus falecidos pais adotivos.

— Pode me trazer um desses, por favor? — Pediu ao garçom do quiosque, apontando para o drink. Deitou-se na cadeira, sentindo o sol esquentar sua pele e o vento refrescar seu corpo.

       Sabrina se pegou pensando no que teria acontecido se sempre tivesse permanecido ao lado de Sharon, em cada passo, em cada momento difícil. Seja durante as estadias de Peggy no hospital, a morte da mesma, o tratado de Sokovia e como Sharon — corajosamente — se colocou em uma situação que poderia acabar com seu emprego e sua vida. E a Carter não conseguia ver um mundo onde Sharon não existia. Ela era tudo o que lhe restava como família.

— Seu drink, senhorita. — Disse o homem, colocando a taça ao lado de Sabrina, na pequena mesa de madeira.

     A mulher agradeceu, pegando o recipiente e sentindo o álcool se misturar com o gosto do morango quando o provou. Seguindo seus pensamentos, ela sentiu o celular vibrar sobre si e o visualizou. Sharon.

— É melhor que esteja com um tiro na perna ou pegando fogo pra atrapalhar meu drink de morango com muita vodca. — Disse ao atender, ouvindo uma risada nasal da prima do outro lado da linha. — Tô brincando, Shar. Tô com saudade.

— Eu também, mas podemos nos ver se vier até mim. Eu preciso de ajuda. Bom, eu e dois... Amigos. — A loira suspirou ao dizer a última palavra. Sabrina estranhou seu tom, mas não a questionou. Se Sharon precisava de ajuda, significava que era algo sério.

— Como assim? O que tá acontecendo? — Questionou Sabrina.

— Não confio em explicar a você por telefone. Me encontra em Madripoor? — Pediu.

— Claro, mas... Quem são seus outros amigos? E... Espera! Madripoor? Não me diz que você virou bandida. — Sabrina disse, abandonando sua bebida e seguindo para a parte interna do hotel para resolver o que precisava e ir embora de Cancún.

— Faz diferença? Você vai saber quando chegar aqui. Apenas traga armas e seu bom humor. — Sharon sorriu, apesar de Sabrina não poder ver. — Sabia que podia contar com você independente do tempo.

— Sempre.

SABRINA VISUALIZOU um grupo de criminosos se aproveitar da ingenuidade de 3 adolescentes. Teve vontade de agir, mas ignorar era a opção mais segura se quisesse passar a mesma impressão que qualquer morador daquele lugar. Lembrou de como sua vida parecia fazer mais sentido quando tinha pelo o que lutar, quando tinha quem a amasse. Em termos de família, tudo o que tinha era Sharon. E era porque a amava que estava indo ajudá-la, no que quer que fosse. Sabia que se precisasse, a loira também estaria lá por ela.

Tirou o celular da mochila que carregava e procurou o número da prima. Ligou e esperou que ela atendesse, ansiosa para dizer que estava mais perto do que nunca, em muito tempo.

— Você já chegou? — Foi o que Sharon disse quando atendeu.

— Sim, já. Pensei que fosse ficar aqui me esperando em qualquer lugar dessa droga de arquipélago. — Revirou os olhos, rindo.

— É mais complicado do que parece. — Sharon suspirou. Sabrina pôde ouvir duas vozes distintas. Haviam mais pessoas com Sharon naquele instante.

— Você age como se fosse seguro conversar por telefone. — Sabrina acenou para um táxi, esperando que ele parasse.

— Vou te passar o endereço por mensagem. Não se atrase. — Ela desligou, e logo depois o celular da Carter vibrou com uma mensagem, revelando o endereço para onde Sabrina deveria ir.

De repente, começou a temer o que poderia ter levado Sharon a precisar da sua ajuda. A morena esperava que o mundo fosse se tornar um lugar mais seguro e mais acolhedor para todos depois de tudo o que aconteceu, depois de tantas perdas, tanto sofrimento. Lhe custava acreditar que, ainda assim, poderia existir pessoas dispostas a arrumar problemas. Tal como Sharon Carter. Madripoor não era exatamente o lugar mais acolhedor do mundo. Se Sharon tinha o que comer, significava que de algum trabalho ela vivia.

       As memórias de quando as coisas eram consideravelmente normais em sua vida passaram por sua mente como um filme, que a lembrava sempre de proteger a família. E sempre iria manter essa promessa silenciosa até que parasse de respirar.

— Chegamos. — Disse o táxi.

— Obrigada. — Ela respondeu, atrapalhada, entregando o dinheiro ao homem e saindo do carro. Observou por alguns segundos o prédio, quando viu Sharon sair do mesmo. — Ai, Meu Deus! — Vozeou, se aproximando da prima e a apertando em um abraço.

— Eu também estava com saudades! — Ela retribuiu, rindo.

— Você está horrível. — Sabrina brincou, puxando de leve o cabelo loiro de Sharon.

— Vamos subir. Não é muito seguro ficar aqui.— Sharon puxou Sabrina para dentro do prédio.

     A Carter mais velha caminhou em direção às escadas na frente da prima, esperando que ela explicasse o que estava acontecendo, mas a explicação não veio.

— Você vai me dizer porque eu saí das minhas férias no México ou vou ter que deduzir algo como "violei o tratado de Sokovia, beijei o Capitão América e lutei contra o Soldado Invernal"? — Sabrina esperou que Sharon a alcançasse.

— Isso foi há 7 anos. — Sharon riu. — Muitas coisas mudaram.

— Pra quem foi blipado foram só há 2 anos. — A morena rebateu. Sharon soltou uma risada nasal. — Algumas coisas nunca mudam.

— Você ficaria surpresa. — Sharon parou mas, antes de abrir a porta, olhou para a prima. — Não se assuste com o trio improvável que você verá aqui dentro. — Disse, e abriu a porta.

     Sam, Bucky e Zemo encararam as duas mulheres assim que a porta se abriu. O Wilson começou a alternar sua atenção entre as duas e Bucky no instante que percebeu que James Barnes sequer piscava encarando Sabrina.

— Meninos, essa é a minha prima Sa...

— Kathryn? — Bucky levantou do sofá. Sabrina franziu o cenho. O homem mal conseguia sustentar o próprio corpo diante da pessoa que estava bem ali na sua frente, respirando. Não havia como Kathryn Laurentis estar viva, havia?

— Quem é essa Kathryn? — Ela disse, com um sorrisinho que carregava um quê de confusão.

::  primeiro encontrinho da
sabrina e do bucky! como será que
o bucky vai reagir diante disso, hein?

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