|Chapter 10|
You Will Find Me
Muitas vezes, em um relacionamento, você pode estar com uma pessoa há apenas alguns dias, mas já sentir que a conhece de dentro pra fora. Já outras, meses podem ter passado e mesmo assim, parece que você descobre algo diferente a cada dia.
Esse era o caso de James e Madison. O casal estava junto há oito meses e Mad podia contar nos dedos as coisas que sabia sobre o garoto. Ela sabia que ele era reservado, trabalhava muito e que principalmente, odiava tudo o que a morena gostava. Eram poucas as vezes em que eles acabavam fazendo algo que Mad havia sugerido, na maioria das vezes, James dava alguma desculpa ou simplesmente negava. Como no seu aniversário, quando tudo o que a morena queria era ficar em casa com o namorado, assistir um filme e comer alguma coisa que eles pedissem no delivery, mas ao invés disso, ela foi obrigada á se arrumar e jantar, com a família do rapaz, em um dos muitos restaurantes chiques que ela já havia frequentado.
Naquele dia, Madison lembrou de como havia comemorado a data no ano anterior, da pequena festa surpresa que os amigos haviam preparado, da comida chinesa espalhada pela mesa de centro da sala, da sessão de filmes e dos presentes simples, mas que valiam muito mais do que as jóias que James havia lhe dado.
Quando o mês de Outubro chegou e as folhas, que antes eram verdes, começaram a se tornar laranja, Mad sabia que sua estação favorita do ano havia finalmente chegado. Animadamente, ela foi até o namorado, que no momento tomava café da manhã, com os olhos fixados na tela do celular, perguntar sobre os planos para o fim de semana.
—Bom dia! — disse a morena, depositando um beijo no rosto de James.
—Bom dia! Porquê está de pé tão cedo? Eu te acordei? — questionou o garoto, deixando sua xícara de café de lado.
—Não, não... eu só queria saber o que vamos fazer hoje? Sabe... podíamos ir naquela plantação de abóboras que eu te falei. — Mad sorriu.
—Sério, baby? Plantação de abóboras? O que vai ser depois, festa á fantasia de Halloween? Não acha que estamos muito velhos pra isso? — respondeu James, tirando o sorriso do rosto da namorada.
—Oh, eu só... — Mad tentou se explicar, mas acabou sendo interrompida.
—Além do mais, você sabe que eu não gosto desse tipo de coisa, Mad! — afirmou o garoto.
—Eu sei... desculpa, eu não devia ter pedido! — a morena balançou a cabeça.
—Tudo bem, baby! — James levantou de seu lugar na bancada e abraçou a cintura de Madison, que suspirou. —Hey, você acha que vai ficar bem aqui sozinha hoje? Meu pai acabou de ligar e ele meio que precisa de mim na empresa. — indagou ele.
—Oh, eu... achei que vocês não trabalhassem em sábados?! — disse Mad, sentindo um peso se instalou em seu estômago.
—Não trabalhamos, mas você sabe como meu pai é... ele nunca descansa e parece que uns dos estagiários bagunçou algumas licenças e agora ele faz questão que eu dê uma olhada nelas. — James divagou.
—Okay... — a morena suspirou, sabendo que seria mais um dia passado sozinha naquele apartamento.
—Pode vir comigo, se quiser! — disse James, a fazendo ter vontade de rolar os olhos.
—Não, tá tudo bem, eu... vou ficar! — Mad afirmou, recebendo um beijo de James, que depois disso, trocou de roupa e em minutos, já estava saindo.
Era novembro quando Mad finalmente conseguiu arrastar James para uma festa e depois de não ter comemorado uma de suas datas favoritas, o Halloween, a morena sentia que, precisava mesmo de uma festa.
Então, depois de se arrumarem, o casal entrou em um táxi, que os levou até a casa onde a festa estava acontecendo. Ao entrarem, Mad sorriu ao avistar Harrison, Lisa, Zoe e Nora, acenando para os amigos, que foram rápidos em se aproximar.
—Ai meu, Deus! Eu senti sua falta! — exclamou Lisa ao abraça-lá.
—Eu também! — Mad respondeu abraçando os amigos.
James apenas acenou para o grupo, que trocou olhares entre si.
—Então... como estão as coisas? — questionou Zoe, que tinha um sorriso no rosto.
—Bem, estamos bem! — Mad respondeu, tentando parecer convincente.
—Legal! — disse Lisa, deixando o grupo sem assunto.
Antes mesmo que pudessem falar alguma coisa, eles foram interrompidos por Tom, que se aproximou dos amigos, sem perceber a presença de James e Madison.
—Hey, o que estão fazendo aqui? Vamos lá fora jogar beer pong! — ele exclamou animadamente, só se tocando da situação ao ouvir Haz coçar a garganta.
—Oi, Tom! — murmurou Mad, que tinha um leve sorriso no rosto por ver o garoto que não via há tanto tempo.
—Holland! — James também o cumprimentou, mas o sorriso malicioso que tinha nos lábios, fez o sangue de Tom ferver em suas veias.
—Eu... vou estar lá fora! — Tom afirmou, deixando os amigos pra trás.
James até tentou ir atrás dele, mas Mad foi rápida em segurar o braço do namorado, afirmando que estava tudo bem.
—Nós vamos pegar uma bebida... a gente se vê? — a morena questionou, sorrindo ao vê-los assentir.
Depois de acharem a cozinha e se servirem de dois copos de cerveja, James e Madison foram até a varanda, que dava para o lado de fora da casa.
Uma mesa de ping pong havia sido colocada no meio do jardim, onde algumas pessoas se acumulavam para observar o campeonato de beer pong que estava rolando. Tom estava lá também e assim que notou a presença de Madison, desviou o olhar e se concentrou em sua jogada, acertando a última de suas bolinhas, o declarando campeão. Como de costume, ele não estava sozinho e comemorou sua vitória beijando a ruiva, que estava praticamente grudada em sua cintura. Mad cerrou os dentes e quando James percebeu, convidou a namorada para entrar. Lá dentro, Mad voltou a se encontrar com os amigos, engatando em uma conversa com as garotas, enquanto James e Harrison trocavam algumas palavras. Algum tempo depois, Zoe, Nora e Lisa arrastaram Mad para a sala de estar, que havia sido transformada em uma pista de dança improvisada.
Quando a morena sentiu os pés começarem a doer, ela sabia que precisava descansar, então procurou o namorado, mas depois de não encontrá-lo ao lado de Haz, foi até o loiro perguntar onde ele estava.
—Eu não sei, ele disse que ia pegar uma bebida há um tempo atrás e não voltou. — respondeu o garoto.
Mad agradeceu o amigo e foi á procura de James, que parecia ter sumido. Ela procurou pela cozinha, pelos quartos, banheiros, em todos os andares daquela casa de fraternidade e nada dele aparecer. Contudo, quando colocou os pés do lado de fora, Mad viu o que ela menos esperava. James estava lá, mas ele não estava sozinho. Encostada na parede da casa estava uma garota, com um copo de cerveja em uma das mãos, enquanto enrolava uma mecha de seus cabelos loiros na outra. James tinha o olhar fixo na garota e se aproximou de seu ouvido, sussurrando algo que a fez rir. Mad estava ficando enjoada só de ver aquela cena, então como uma pessoa racional faria, ela foi até o "casal" e despejou o restante de sua bebida no agora, ex-namorado.
—Espero que esteja se divertindo! — exclamou a morena, antes de dar as costas e os deixar pra trás.
Passar no meio de tantos corpos embriagados não foi uma tarefa fácil, mas Madison estava com tanta raiva que, quando percebeu, já estava do lado de fora. Decidindo que não queria ficar e esperar por James e suas desculpas esfarrapadas, ela continuou caminhando até encontrar uma praça e sentar em um dos balanços infantis. Quando a realidade do que havia acabado de acontecer caiu sobre os ombros de Mad, suas emoções tomaram conta e ela não conseguiu conter o choro. Ela se sentia frustrada, com raiva, traída. Os sentimentos se misturavam e formavam um peso no estômago da garota, que naquela momento, só sentia vontade de chorar.
A morena tentava secar as lágrimas que corriam livremente pelo seu rosto, quando ouviu o som de passos se aproximando. Imaginando que fosse James, ela foi rápida em o cortar.
—James, eu não quero te ver... — dizia Madison, que parou ao perceber a presença de outra pessoa. —Ah, ótimo! — exclamou ao ver Tom se aproximar. —O que você quer? Falar que me avisou? — disse a morena, frustrada.
—Na verdade, só vim pra ter certeza de que não fosse acabar sendo sequestrada ou morta por bandidos aqui sozinha. — afirmou Tom, sentando no balanço ao lado dela.
—Tom, vai embora! Eu quero ficar sozinha! — disse Madison, passando as mãos na cabeça.
—Nah, eu sei que não quer... — disse o garoto e mesmo que ela odiasse afirmar, ele estava certo.
Mad estava com tanta raiva quando saiu da casa, que nem percebeu que o local onde estava não era nada seguro. Apenas um velho poste de luz os iluminava e a floresta que ficava á apenas alguns metros, não ajudava em nada a situação do local.
Depois de alguns minutos de completo silêncio, foi Tom quem decidiu falar.
—Quer que eu te leve pra casa? — questionou ele.
—Merda! — Mad blasfemou. —Agora eu não tenho nem pra onde ir. — disse a morena.
—Você sempre tem pra onde ir. — Tom afirmou.
—Não, tudo bem, não quero encomendar, eu... dou um jeito. — disse Mad, o obrigando á rolar os olhos.
—Qual é, Mad! Você sabe que aquela casa é tão sua quanto nossa. — disse o moreno.
—Eu não sei... tem certeza? — Mad insistiu.
—Sim, eu tenho! Vem, vamos pra casa! — afirmou ele, sorrindo.
Mad estava tão fora de si, que nem o questionou sobre o garoto aparentemente ter um carro agora, apenas sentou no banco, colocou o cinto e encostou a cabeça no vidro da janela, deixando que algumas lágrimas rolassem. Tom decidiu ficar em silêncio e apenas dirigiu, enquanto gotas de chuva começavam a cair e iam aumentando quanto mais eles se aproximavam. Quando finalmente chegaram, uma bomba d'água estava caindo, os deixando encharcados no pequeno caminho até a entrada do edifício. Ao entrar na casa, que há algum tempo atrás era sua, Mad notou que quase tudo estava igual e até se surpreendeu com a organização dos garotos.
—Damm, que chuva! Eu vou pegar umas toalhas pra gente! — disse Tom, desaparecendo e voltando segundos depois. —Você pode tomar um banho, se quiser. Posso te emprestar algo pra vestir?! — ele ofereceu.
—Isso seria... ótimo! — Mad respondeu, só então percebendo o quão seca sua garganta estava.
—Legal! Bom... você sabe onde é o banheiro. Eu... vou pegar algumas roupas. — disse Tom, indo até seu quarto e saindo de lá com um de seus moletons e uma calça de pijama.
—Obrigada! — agradeceu a morena.
—De nada! — respondeu ele.
No chuveiro, Mad deixou que a água quente levasse não só sua maquiagem, mas como as lágrimas, que ainda insistiam em cair. Ela aproveitou que a chuva havia molhado seu cabelo para lavá-lo e para sua surpresa, seu shampoo favorito ainda estava na prateleira do banheiro, mesmo depois de todos esses meses. Mad não soube o que pensar no momento, mas aquilo certamente colocou um sorriso em seu rosto.
Ao terminar, ela secou o corpo molhado e vestiu as roupas de Tom, que cheiravam como ele, o que instantaneamente trouxe uma sensação de conforto para a garota. Saindo de lá, a morena deu espaço para que ele entrasse no chuveiro, já que Tom ainda vestia suas roupas encharcadas. Ela aproveitou o tempo que esteve sozinha para ir até a cozinha e preparar um chá, pois conseguia sentir a garganta seca e o conforto do líquido quente a aquecendo, era tudo que ela precisava.
Poucos minutos depois, Tom saiu do banheiro com os cachos molhados, vestindo praticamente o mesmo que Mad, uma calça e um moletom.
—Espero que não se importe, eu fiz chá. — disse a garota, entregando uma das xícaras para ele.
—Tudo bem, Mad! Como eu disse, essa casa é tanto sua, quanto minha e do Haz. — Tom afirmou, pondo um sorriso no rosto da amiga.
Com as xícaras de chá agora em mãos, eles foram até o sofá, onde o silêncio se instalou, sendo Tom o primeiro á quebrá-lo.
—Quer conversar? — indagou ele.
—Não, eu só quero... esquecer! — respondeu Mad, sentindo um nó voltar a se formar em sua garganta.
—Tudo bem, Mad... — Tom a assegurou, deixando sua xícara de lado.
—Deus! Eu me sinto tão estúpida, fui eu que o arrastei pra aquela festa. Ele nem queria ir... — disse Mad, tentando (e falhando) em conter as lágrimas.
—Mad, olha pra mim... não foi culpa sua! — afirmou o moreno, a vendo assentir.
—Eu... eu sinto muito, Tom! Você disse pra não voltar aqui quando isso acontecesse e foi a primeira coisa que fiz! — disse ela, se sentindo culpada.
—Mad, para! Quem tem que se desculpar sou eu! Foi errado da minha parte ter dito aquilo e... eu sei que devia ter feito isso antes mas... eu sinto muito, de verdade! — Tom foi rápido em responder.
—No fim das contas, você estava certo. — Mad deu de ombros.
—Eu gostaria de não estar... — afirmou o garoto.
Mad assentiu e eles voltaram a ficar em silêncio, apenas o barulho da chuva era ouvido e Tom lembrou o quanto a morena gostava de assistir á um filme quando o dia estava assim.
—Hey, você quer ver um filme? Talvez ajude á, eu não sei, esquecer as coisas?! — ele ofereceu.
—Na verdade, isso seria ótimo! — disse ela.
—Clueless? — questionou o garoto, sabendo que esse era um dos favoritos de Mad.
—Por favor! — ela afirmou, com um leve sorriso.
Depois de escolher o filme, Tom foi até o seu quarto, voltando de lá com alguns cobertores e travesseiros, para que eles ficassem confortáveis no sofá.
—Hey, Tom! — Mad chamou sua atenção, pouco antes do filme começar.
—Sim?! — ele questionou.
—Obrigada! — disse ela, expressando sua gratidão.
—Sem problema! — ele afirmou, com um sorriso.
Mad estava tão exausta, que acabou dormindo em poucos minutos, fazendo com que Tom desligasse a televisão e a cobrisse com um dos cobertores. Depois de depositar um beijo na cabeça da morena, ele desligou as luzes da casa, a deixando dormir no sofá.
No caminho para o seu quarto, ficou pensando no quão feliz ele estava por Madison estar de volta, é claro que as circunstâncias não eram as melhores, mas pra ele isso não importava. Ela finalmente estava de volta e ele não a deixaria escapar.
(...)
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