Uma Esperança Digna da Realeza!
Capítulo 12 – Uma Esperança Digna da Realeza
Quando a luz do sol o acordou naquela manhã, Jimin jurou que tentaria fazer daquele um bom dia. Depois da conversa cheia de nuances com Jungkook, Jimin voltou para o seu quarto, levemente orgulhoso por não ter caído na tentação de abraçar o alfa.
De farejar seus feromônios e buscar calor como antigamente, quando o alfa lhe mantia quente e seguro. Não que o visconde não lhe desse todos os cuidados necessários, de uma forma respeitosa e fraternal, liberando os feromonios durante tardes de estudo e lições diplomáticas, apenas o suficiente para o ômega se manter saudável, mas Jimin sentia falta de ter aquilo, aquele calor íntimo e regrado de sentimentos que o deixava desnorteado e feliz, satisfeito.
Mas toda sua convicção de tornar aquele um bom dia, havia sido chutado para fora ao ser convocado para uma reunião com o rei de Katar, o conselheiro real, Rainha Charlote, Kim Taehyung, Jung Hoseok e até mesmo o Lorde e o Visconde.
Seu estômago revirava apenas de ver todos reunidos e Jungkook, que estava sentado ao lado de Gustave e Noah, não ajudava muito em toda aquela pressão.
Rainha Charlote lhe encarava com um olhar doce e preocupado, em uma mistura de melancolia, tristeza e culpa. A rainha ainda não havia trocado mais do que cordialidades, provavelmente por se sentir responsável e culpada por todo aquele sofrimento.
— Nós achamos uma brecha. — Gustave começou a dizer e Jimin engoliu a afirmação, porque ninguém poderia saber que Jungkook já havia lhe contado aquilo. — Jungkook é livre para se casar com qualquer um que tenha dote suficiente, sem necessariamente ser um herdeiro.
Jimin iria permanecer em silêncio, mas era difícil com todos os olhares virados para ele.
— O conselho deve ter a lista com o dote de todos os participantes da temporada. É só checar os elegíveis com eles. — Jimin explicou, consciente de que todos ali sabiam daquilo, mas sem saber o que mais esperavam dele.
— Estamos falando de você. — Noah o interrompeu e Jimin negou, cansado.
— Eu não tenho dote, majestade. — Afirmou mais uma vez. — Já disse isso outras vezes. Legalmente, nem mesmo herdaria o dote de meu irmão. Porque por mais que todos se esqueçam, e acreditem, eu também gostaria de esquecer, Mirla não é minha mãe biológica.
— Certo, sabemos disso, mas o importante é o que o senhor não sabe. — Noah continuou, com um olhar animado e Jimin iria rebater, confuso, mas Charlote o interrompeu.
— Você tem um dote. — Afirmou suspirando, desviando o olhar. — Durante anos reservei uma quantia para lhe presentear quando fosse participar da temporada. Apesar de tudo, você estava sob minha supervisão também e eu tenho muito carinho por você, Jimin. Sempre tive. — Jimin piscou algumas vezes, sem saber ao certo como reagir, mas emocionado pela rainha.
— Mas mesmo com o que a rainha poupou, ainda não está à altura do acordo com Burly. — Gustave informou e Jimin iria dizer que estava tudo bem, que aquilo não era realmente importante, mas Hoseok tomou a frente.
— Eu posso ajudar. Posso dar terras, gado e até mesmo uma parte das minas.
— Eu também posso ajudar. — O Visconde afirmou com convicção, chamando a atenção de todos para ele. — Também tenho terras e ouro.
Ao final da sua fala, Jimin caiu em um choro baixo e incontrolável. Deus, porque continuava em um looping.
— Não.
— Não? — Noah o encarou surpreso, com o peito apertado.
— Agradeço o que estão tentando fazer por mim. De verdade, não tenho como agradecer, mas isso é de vocês. Não posso roubá-los assim. São heranças de família e vocês precisam disso para viver. Não é justo aceitar algo assim, até mesmo da senhora, majestade. — Foi claro, com a voz molhada e os olhos escorrendo. — Fico feliz que tenha carinho por mim e que queira fazer isso, mas não há necessidade. Jungkook deveria se focar no próprio futuro e seguir em frente.
— E quanto a você? — O alfa questionou com o coração na mão.
— Ficarei bem se você estiver feliz.
— Só serei feliz com você. — Afirmou, mas Jimin negou.
— Sou eu quem está atrapalhando você. — Sua voz era carregada de Mágoa e Jungkook conseguia ver através dos olhos do ômega cada machucado aberto que tinha em seu peito. — Não vou pegar nada que não é meu, e isso inclui você, Jun.
— E se não tivesse que pegar algo. — Noah o interrompeu, com a voz carregada de uma carga explosiva e decidida. — E se o seu dote fosse apenas uma mera formalidade.
— O que quer dizer? — Jimin questionou confuso, enxugando os olhos.
— Ofereço Katar como seu dote. — Jimin arregalou os olhos, assim como todos naquela sala, chocados com a fala do rei. — Katar tem um acordo verbal com Thule, mas nunca foi oficializado. Ofereço Jimin como meu pretendente escolhido e se o casamento ocorrer, o acordo de paz e união estará oficializado. Nada mudaria, porque o tratado já existe, mas seria uma certeza para eles. Harrison continuaria no trono, é claro, mas ainda sim, duvido que recusariam ter essa cartada.
— Está falando sério? — Jungkook perguntou espantado e Jimin notou que o alfa não sabia sobre aquilo.
— Com toda certeza. — Afirmou sem receio e Gustave completou.
— Nada estaria mais a altura do seu tratado com Burly do que isso. Eles não vão recusar, nada que outros possam oferecer seria tão bom quanto isso. — O conselheiro explicou com confiança e Jimin ofegou, novamente todos o encaravam e o ômega não sabia o que dizer.
— Eles ainda podem contestar o título. — Jungkook murmurou, consciente do quão absurdos aqueles homens eram, mas Noah negou novamente.
— Podemos providenciar um. — Encarou Gustave, logo segurando a mão do alfa com carinho. — Então, nos resta saber, o que o senhor Park acha?
— Isso... na verdade... poderia dar certo. — Jimin murmurou, com o peito enchendo de medo e esperança. Sem saber como controlar a onda de expectativas que o preenchiam como uma avalanche.
Mas seu rosto era catatônico, sem reação ou expressão, porque a ideia parecia absurda e improvável, como se estivesse sonhando.
— Ótimo. Então seja bem vindo a temporada deste ano, Senhor Park.
//~//
— Eu estava tão animado com a sua chegada. — Taehyung disse mais uma vez, feliz por voltar a ter o seu melhor amigo a um braço de distância.
Após um dia movimentado dividindo Jimin com todos, finalmente Taehyung havia conseguido arrastar Jimin para seu quarto, onde poderiam sentar no tapete e ficar de frente a lareira, conversando em sussurros como quando eram mais novos.
Ele havia notado o quanto Jimin estava aéreo o dia todo. Respondendo a todos no automático, com um sorriso superficial e um olhar nublado. Queria ter um segundo a sós sem sua mãe ou a mãe do ômega os cercando, para conversar com ele e entender o que ele estava sentindo em meio aquela confusão.
— Yoongi estava com medo de que não viesse. — Voltou a afirmar e Jimin encolheu ainda mais as pernas, encarando o fogo que queimava.
— Eu pensei em não vir. — Admitiu com um tom sem vida. — Eu não tava pronto para enfrentar tudo isso de novo. — Respirou fundo. — Mas nunca me perdoaria se perdesse o casamento. Mesmo que só o Yoon carregue o título, você e o Hoseok também são como irmãos para mim. — Taehyung encarou o amigo com carinho, ciente de que aquilo era difícil para o mais novo.
— Você... — Hesitou, sem saber como perguntar e se queria mesmo ter a resposta, mas no fundo sabia que precisava tentar ajudar e entender Jimin. — Você estava feliz em Reynes? — Jimin o encarou sem expressão, antes de soltar o ar.
— Era difícil. Tinha dias que parecia impossível. — Sorriu fraco. — O Visconde e o Lorde Kim me ajudaram muito. Tentamos seguir em frente, mas tinha dias que eu não tinha forças para levantar. — Seu tom era fraco e carregado de dor. — O Visconde fez de tudo para me manter saudável, mas meu lobo o recusava quase sempre. Fiquei doente algumas vezes, mas ele sempre me ajudou.
— Eu sinto muito. — Foi sincero, abaixando a cabeça. Sabia que os últimos anos não haviam sido fáceis para seu irmão, mas não chegava nem perto daquilo. — Jungkook surtou depois que você foi. — Murmurou baixo, sabendo que Jimin merecia saber aquilo, mas que ninguém o contaria. — Quando meus pais descobriram que ele e Noah estavam sabotando a temporada de propósito, meu pai gritou com ele, que gritou de volta. Foi uma briga feia. Minha mãe disse que ele deveria ter contado sobre os sentimentos dele por você. Que teriam tentado achar uma solução antes que fosse tarde demais.
— Eu pedi para ele esperar. — Contou. — Eu não sabia que existia algo que nos atrapalharia, mas pedi que ele não contasse. Não queria perder a liberdade que tinha com ele. — Uma risada amarga saiu pelo seu nariz, ao perceber que tentando não perder, perdeu tudo. — E mesmo se tivéssemos contado, não havia nada que pudesse ser feito.
— Não tem como afirmar. — Taehyung negou. — Acharam uma brecha agora, poderiam ter achado antes. — O príncipe esperava por algo, qualquer coisa. Uma reação que fosse que mostrasse que o ômega estava feliz com como as coisas estavam, mas isso não veio. — Você não parece feliz com isso.
— Não é uma solução, é um tiro no escuro. — Corrigiu, encarando o fogo. — Entendo que Jungkook esteja desesperado, mas talvez isso só nos machuque ainda mais e... eu não sei se consigo passar por isso de novo. — Engoliu em seco, voltando a encarar o outro Ômega. — Não quero criar esperanças para elas serem amassadas no futuro. Vou ficar feliz quando for uma certeza, quando ele me marcar e não tiver mais perigos ou dúvidas. Por enquanto, é só mais um sonho que pode dar errado.
— Ele te ama.
— E eu amo ele. — Afirmou, mas logo negou sorrindo para o amigo. — Mas deveríamos estar falando sobre o seu casamento. — Taehyung sorriu, logo se debatendo em uma carga elétrica de animação.
— Eu estou tão feliz. Nem acredito que finalmente chegamos nesse momento. Parece que passei minha vida toda desejando me casar com eles e agora... — Jimin sorriu, feliz pelo amigo.
— Estou tão orgulhoso. Vocês três foram feitos um para o outro. — Jimin mordeu o lábio, observando as bochechas vermelhas do outro ômega, e de repente, a curiosidade o atingiu. — Taehy... você já teve... — Hesitou, envergonhado. — Encontros, com eles?
— Claro que já. Você sabe. — Taehyung respondeu confuso com aquela pergunta. — Estamos nos cortejando a anos. Não existe um único lugar em que ainda não fomos.
— Não. — Jimin negou, constrangido, tomando coragem para tentar explicar. — Quis dizer... de forma íntima. — A boca do príncipe se abriu em choque e Taehyung pareceu 3 tons mais vermelhos.
— Não. Quer dizer... já nos beijamos e até tivemos alguns momentos sem acompanhantes, mas nunca fizemos nada... íntimo. — Explicou embaraçado. O príncipe analisou o rosto do mais novo, que parecia uma mistura de embaraço e ansiedade, e um relance de entendimento passou pela mente de Taehyung. — Como sabe sobre isso?
— O que?
— É. Como sabe sobre isso? Minha mãe conversou comigo a algum tempo atrás sobre o ato conjugal, me explicou o que eu deveria esperar da noite de núpcias. Mas quem teria uma conversa tão imprópria com um ômega solteiro?
— Ninguém imagino. — Jimin respondeu baixo, mas se arrependeu ao ver compreensão brilhar nos olhos do ômega.
— Você... — O príncipe não conseguiu finalizar sua fala, mas não precisou, porque Jimin desviou o olhar, com um rosto perturbado e aquilo era a confirmação que Taehyung precisava. — Deus... Jungkook vai surtar se souber.
Jimin encarou o ômega confuso, mas Taehyung logo continuou a tagarelar.
— É por isso que está com medo de que algo dê errado? Tá com medo de que ele descubra e termine tudo? — Negou se endireitando. — Jungkook te ama, ele não te deixaria por isso. Talvez ele mate o outro alfa, mas ele não te deixaria por isso.
Jimin suspirou. Sabia que não deveria falar, mas havia guardado aquilo por tanto tempo, que parecia o sufocar, queria poder conversar sobre aquilo com alguém. Alguém que o entendesse.
— Como foi? — Taehyung questionou curioso. — Eu achei assustador quando ela me explicou, mas eu confio muito neles. — Suas bochechas voltaram a corar.
— Foi... — Havia tentado esquecer aquilo todos os dias, nunca havia pensado abertamente sobre o ocorrido, mas a lembrança fez um sorriso frágil tocar seus lábios. — Foi natural. Não foi assustador, talvez um pouco estranho, mas o alívio foi muito maior. — Jimin encarou o outro ômega. — Já passou pelo momento, onde os beijos não parecem mais o suficiente e tudo esquenta e o mundo roda e você não tem mais chão. Algo parece faltar e você não sabe o que fazer para resolver isso.
— Algumas vezes. — Admitiu, tímido.
— É isso que falta. É como transbordar de um coração para o outro. — Ao ver o olhar carregado de amor do amigo, Taehyung se sentiu inseguro de ter tropeçado no problema.
— Você ama esse homem? — Questionou. Com medo que Jimin nutrisse sentimentos por outro.
— Amo. — Afirmou. — Mesmo depois de tanto tempo, eu ainda o amo.
— Foi com o Jun. — Aquilo não era uma pergunta, era uma afirmação, uma chocada e horrorizada, porque não sabia que seu irmão havia feito algo como aquilo, mas se sentiu burro por não duvidar. — Ele disse que vocês se amavam, mas não falou que haviam se envolvido de forma alguma.
— Nós declaramos no seu baile de noivado. Passamos um ano com encontros escondidos e eu descobri a verdade poucas horas depois de ter me entregado para ele.
— Deus... — Ofegou. — Isso explica muita coisa. Por isso você foi embora. Por isso abdicou do casamento. Vocês tinham... Meu Deus. — Arquejou. — Quem sabe?
— Além dele, só você. — Deu de ombros, apertando os lábios. — Acho que Lorde Kim desconfia, mas ele nunca falou sobre o assunto comigo.
O olhar de Taehyung era angustiado em uma mistura de pena, dor e surpresa. Não culpava ou julgava Jimin. Se não tivessem supervisão, talvez também já tivesse atravessado aquela linha com os alfas que amava. E Jimin amava seu irmão, assim como Jungkook também amava Jimin.
Era crueldade que tivessem ficado longe e corresse o risco de não poderem ficar juntos, mas Taehyung tinha esperança de que o destino estava ao lado deles.
Esperava estar certo.
| ROYALS |
Espero que estejam gostando.
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