Uma Angustia Digna da Realeza!

Capítulo 14 – Uma Angustia Digna da Realeza

— E vocês nunca pensaram em me contar isso?

— Pro Yoongi, meu melhor amigo, ou pro Yoongi, o irmão superprotetor que me mataria se soubesse que olhei com segundos olhos para o irmãozinho dele? — Jungkook questionou com humor enquanto observava o amigo mirar no alvo.

— Para qualquer um dos dois. — Respondeu antes de soltar a flecha, que acertou o alvo com força e precisão. — Não é como se eu não estivesse com o casamento marcado com o seu irmão.

— É diferente, Yoon. — Jimin rebateu, pegando uma flecha do coldre e se posicionando para atirar.

— Eu passei tanto tempo me perguntando o porquê de você ter ido embora e então todo mistério que Taehyung estava fazendo com a sua volta e a temporada deste ano, para só então ver vocês dançando tão intimamente no baile e perceber que aquilo não era a forma como amigos se olham.

— Você teria surtado se soubesse antes. — Jimin afirmou, soltando a flecha. — E antes que pense em brigar com Taehyung, eu pedi que ele não contasse.

— Ótimo. Mas alguma coisa que queiram contar? — Yoongi questionou irônico, soltando o arco na grama. — Alguma outra surpresa ou notícia que pode me causar um infarto prematuro?

— Não seja dramático, meu amigo. — Jungkook provocou rindo.

— Está ouvindo isso, Jimin? Seu pretendente está ofendendo seu querido irmão. É isso mesmo que você quer? — Jimin riu com a provocação dos dois, ignorando enquanto tentava contar as flechas em seu alvo.

— Está tentando fazê-lo mudar de ideia? — Jungkook questionou falsamente chocado. — Ainda nos pergunta o porquê de não termos contado.

— Você é um canalha. — Yoongi retrucou. — Não se aproxime novamente do meu irmão, ou vamos duelar até a morte. — Jungkook gargalhou com a ameaça.

— Estou morrendo de medo do Guinho. — Provocou com o apelido que seu irmão costumava usar.

— Deveria mesmo. Ou se esqueceu que lhe conheço desde que usava calças curtas?

— Okay, rapazes. Vamos parar enquanto os dois estão ganhando. — Jimin os interrompeu rindo. — Só queríamos ter certeza de que nós dá sua benção, Yoon. — Não passou despercebido para os dois alfas o quão tímido e inseguro Jimin ficou de repente e Yoongi sabia o porquê.

Na ausência de um pai, Yoongi era seu responsável e mesmo que não fosse irmão legítimo, Jimin ainda o respeitava mais do que tudo e queria ter a benção do irmão.

— Jungkook é um patife, mas você sabe disso melhor do que ninguém. — Continuou brincando, com um tom doce e suave, se aproximando do irmão, para segurá-lo pelos ombros e olhar em seus olhos. — Mas se ele te faz feliz. Tem a minha bênção e farei questão de entrar na igreja com você, Mimi.

Jimin sorriu, abraçando o irmão com força, tentando esconder o quão emocionado estava com aquele momento.

— Obrigado, amigo. Cuidarei dele com a minha vida. — Jungkook afirmou antes de também abraçar Yoongi com força. Feliz por finalmente poder contar aquilo para ele e ver um futuro feliz em seu futuro.


//~//


— Pretende dançar com ele em todos os bailes, Senhor Park. — Jungkook questionou com a voz séria, fazendo o ômega rir durante a valsa.

— É deselegante recusar, Alteza. — Afirmou com humor, vendo o olhar atento do alfa. — Além do mais, o senhor também dança com muitos ômegas em cada baile e ainda não elegeu um favorito.

O sorriso no rosto de Jimin era encantador e Jungkook sabia que aquelas provocações eram meras piadas, porque mesmo que ainda não pudesse dizer publicamente, já era do conhecimento de Jimin que ele era o escolhido.

Estavam no quinto baile, na segunda semana de temporada e alguns casais já haviam se formado, e mesmo que poucos pretendentes tivessem ficado, ainda irritava Jungkook que o mesmo homem tirasse Jimin para dançar tantas vezes seguidas.

Não que o ômega desse qualquer esperança, mas o alfa parecia gostar de discutir assuntos diplomáticos com Jimin, e Jungkook odiava não poder dar tanta atenção quanto gostaria para o ômega.

— Já tenho alguém em mente. — Devolveu a provocação.

Aquelas últimas semanas haviam sido tão tranquilas e felizes. Com olhares furtivos e alguns encontros à meia noite, apenas para darem as mãos e aproveitarem um pouco do tempo sozinho que tinham, com sorrisos e olhares carregados de esperança e felicidade.

Jimin se sentia completo e feliz, como nunca antes.

— Nesse caso, esperarei ansiosamente. — Se afastou para cumprimentar o alfa, ao final da valsa e teria se retirado, como de costume, mas o valete que se aproximou, aflito e preocupado, chamou sua atenção.

— Alteza. A Rainha Mary Stenfort está aqui.

— Aqui? O que ela faz aqui? — Jungkook questionou confuso e assustado. Não havia recebido uma carta ou sido avisado sobre a visita da rainha de Burly.

— Ela quer uma reunião urgente com vossa Alteza e o conselho. E ela não está sozinha. — O valete parecia assustado e com medo de passar a notícia para o príncipe. — Ela está com o príncipe Miles.

— Miles? Miles. Miles. O meu Miles? — Jungkook parecia tão chocado que nem mesmo se dava conta do que falava, mas Jimin percebeu, e sentiu o sangue evaporar de seu corpo com a percepção do que aquilo significava. — Como isso é possível? — O olhar perturbado no rosto do príncipe era nítido e teria seguido o valete se não tivesse se lembrado de Jimin naquele momento.

E ao olhar para trás, notou o ômega com o olhar opaco e levemente mórbido, assustado e paralisado, tentou se aproximar, mas Jimin se afastou um passo, sem saber o que pensar sobre tudo aquilo.

— Jimin...

— Você tem que ir. — Jimin afirmou, encarando o alfa, sem expressão em seu rosto bonito. — Eu sei.

A noite está linda hoje, não é? — Jungkook tremia, em pavor e pânico com a ideia do que poderia acontecer, mas esperava que Jimin ao menos aceitasse conversar após tudo aquilo, mas o ômega negou.

— Não é uma boa noite para olhar para o céu, Alteza. — Foi a resposta sem vida do mais novo, que dando um passo para trás, saiu em meio a multidão, deixando o coração de Jungkook assustado e perdido.

O alfa seguiu o valete até a sala ao lado, onde a rainha de Burly os aguardava. Diferente do que imaginou, a mulher não parecia feliz ou em êxtase ao ter seu filho de volta, seu olhar era aflito e preocupado, enquanto conversava com Henrique e Charlote.

— Majestade. — O alfa a cumprimentou em uma reverência, e notou o menino miúdo, de cabeça baixa ao lado da rainha.

— Jeon. É muito bom ver que está bem. — A rainha resmungou com um sorriso sem forças. — Me desculpe por vir de surpresa no meio de seu baile, mas tudo aconteceu muito rápido e eu não tive tempo de avisá-lo.

— Imagino. — Jungkook resmungou sem tirar os olhos de quem deveria ser Miles.

— Quero que conheça... — A rainha hesitou, antes de procurar o menino que se mantia quieto atrás de seu corpo. — Miles. Meu filho. — Sua voz parecia angustiada, mas ela tentava disfarçar. — O encontramos a alguns dias. Eu iria escrever, mas meu conselho nos orientou a vir pessoalmente. — Ela respirou fundo.

— Entendo. — Respondeu ainda em choque e logo se sentou ao lado de sua mãe, que assim como seu pai, mantinham expressões preocupadas. — Como exatamente o encontraram? — Questionou.

Jungkook! — Charlote o repreendeu ao notar o tom levemente desconfiado do filho.

— É uma pergunta plausível. — Jeon se defendeu. — Fazem anos. E...

— Tudo bem. — Mary concordou. — É normal ter perguntas, eu mesmo tenho milhares. — Tentou rir para descontrair, mas falhou quando seu olhar se voltou para o ômega. — Ao que parece, Miles foi sequestrado e abandonado na casa de fazendeiros, que o criaram como se fosse seu filho. — O ômega concordou com a cabeça, parecendo tímido. — Assim que lhe contaram a verdade, ele veio à minha procura.

— E ele tem alguma prova?

Jungkook!

— Ele tinha uma pulseira. Uma joia de família. Estava com ele no dia em que sumiu. — A rainha respondeu sem se importar com o tom de acusação do príncipe.

— Certo. — Jungkook concordou, com o maxilar travado, encarando o ômega, que o olhava por cima dos cílios.

— Eu estava ansioso para conhecê-lo, alteza. — A voz era doce e melodiosa, mas apenas embrulhou o estômago do alfa. O ômega carregava um olhar esperançoso, que morreu ao não ter uma resposta do alfa. — Certo... — Murmurou baixo, murchando e Jungkook se xingou mentalmente.

Havia passado anos esperando que Miles voltasse. Torcendo para que ele estivesse bem, que estivesse ali e agora que o tinha na sua frente, parecia frustrado e irritado por ele estar ali, por arruinar seus planos e destruir seu final feliz.

A culpa não era dele. Jungkook sabia disso, mas não conseguia impedir seu peito de doer ao pensar naquilo.

— Sinto muito. Também estava ansioso para te conhecer. — Mentiu, e talvez todos tivessem notado a mentira, mas Miles sorriu, alheio a tudo aquilo.


//~//


— Jimin, me explica direito. — Taehyung pediu, completamente em pânico ao ver o amigo se debulhando em lágrimas. — O que acabou?

Havia visto o momento em que Jimin havia se afastado de Jungkook, com a cabeça abaixada e passos rápidos para fora do salão. O encontrou caído no corredor, mal conseguindo respirar, em uma crise de pânico e choro crescente.

Tentou o acalmar como pode e o levar até o quarto, mas Jimin era pesado demais para conseguir carregá-lo sozinho e quase chorou de alívio ao ver o visconde aparecer preocupado.

O alfa o acolheu e contou a Taehyung que crises como aquela eram normais nos primeiros dias de Jimin em Reynes. Que havia convocado um médico que o orientou sobre o que fazer em momentos como aquele e que nos últimos meses, Jimin estava bem.

O alfa levou Jimin para o próprio quarto e após garantir que o mais novo não tremia mais, e respirava normalmente, se retirou, deixando Taehyung sozinho com Jimin para buscar Lorde Kim, que poderia o ajudar caso acontecesse novamente.

— Tudo. Tudo acabou. — Fungou, desesperado. Sem forças para se manter em pé. — Ele voltou e agora eu não...

— Quem voltou? — Perguntou preocupado.

— Miles. Miles voltou. — Só a simples menção do nome já trazia outra onda incontrolável de choro.

— Miles? Não. Impossível. — Afirmou assustado, mas o choro de Jimin aumentou e Taehyung o abraçou, com carinho e cuidado, porque o ômega parecia destruído. — Tudo vai ficar bem, Ji.

— Talvez fique para todos, mas para mim não, Taehy. — Fungou, abafado contra a roupa do amigo. — Ele veio aqui para assumir o lugar dele e eu vou ser descartado de novo, porque não tem nada que Jun possa fazer.

— Tem que ter um jeito. — Jimin negava, desolado. Sabia que não deveria ter criado esperanças, mas era tão lindo e mágico o que tava vivendo que se deixou enganar que realmente poderia ter um final feliz.

— Eu fui tão estupido. Tão, tão estupido. — Murmurou entre o choro.

— Não fala assim... — Murmurou, sem saber como ajudar, mas com o peito despedaçado ao ver Jimin daquela forma. — Você vai voltar para Reynes? — Perguntou com um tom baixo e chateado, consciente de que depois de tudo Jimin não aguentaria ficar e não o julgava, porque acreditava que se estivesse no lugar do ômega, também não ficaria.

— Do que adianta fugir? — Negou, tentando engolir o choro. — Isso não resolveria nada e só magoaria ainda mais pessoas. — Fungou, desviando o olhar. — Vou ficar até o seu casamento. Vocês não têm que pagar pelos meus erros. E eu já fui embora uma vez, a dor não diminui com a distancia. — Negou, perdido e desolado. — Vou ficar, vou fingir que está tudo bem até enquanto eu aguentar e então voltarei para Reynes depois do casamento.

— Isso parece cruel. — Taehyung murmurou, mas Jimin negou.

— Não. Não é. Porque dessa vez, sempre que sentir saudade e me lembrar dele, vou saber que ele tá bem, feliz e vivendo o que o destino preparou para ele. 

| ROYALS |

ISSO DOI. PQP.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top