Um Final Digno da Realeza!

Capítulo 8 – Um final Digno da Realeza

— E quanto ao Jimin? — Era a voz de Lorde Kim, Jimin tinha certeza.

Seu coração acelerou com a ideia de ser descoberto. Ninguém podia saber o que tinha acontecido e só a mera ideia de aquilo chegar a conhecimento geral, já lhe dava calafrios. Não queria espiar ou ouvir a conversa, mas precisava ter certeza do que se tratava.

Nunca havia usado as passagens do castelo para espionar ninguém, mas ouvir Lorde Kim falar seu nome daquela forma, era tentador demais para simplesmente virar as costas.

— Jungkook conhece os riscos. Ele teria me contado se tivesse algo com Jimin. — Charlote afirmou com um tom melancólico. — Assim como Taehyung me avisou sobre Yoongi e Hoseok.

— São casos diferentes. — Lorde Kim insistiu. — Taehyung não é herdeiro do trono e mesmo que Yoongi seja um plebeu, Hoseok é um Duque, tem terras, títulos e dote. O suficiente para silenciar o conselho e os forçar a aceitar o casamento, mas Jungkook é o futuro Rei.

Jimin sentiu seu coração parar e por um segundo teve certeza de que havia ouvido errado, de que aquilo não era real. Deus, não podia ser.

— Ele tem responsabilidades com o povo. Para o conselho o casamento dele é apenas um acordo financeiro e Jungkook sabe sobre isso. — Lorde Kim insistiu e suspirou. — Vossa majestade sabe como a chegada de Jimin o mudou. Ele voltou a sorrir e é nítido como gosta do ômega.

— Ele conhece as responsabilidades dele. — Charlote negou, inconformada com a hipótese do futuro ser tão terrível. — Ele sabe que deve se casar com outro herdeiro ou nobre e que deve entregar herdeiros legítimos a coroa. Ele me contaria se tivesse sentimentos por Jimin. — Suspirou, frustrada, com medo do que o futuro poderia reservar. — Vou procurar Henrique. Ele já deve ter saído da reunião do conselho. Tenha uma boa noite, Lorde Kim.

— Boa noite, Majestade. — O barulho da porta ecoou pelo quarto, seguido pelo resmungo carregado de tristeza e preocupação. — Depois de Miles, duvido que ele admitiria ter sentimentos por qualquer outro ômega.

Jimin sentia seu coração se quebrar aos poucos com a percepção da sua realidade.

Jungkook era rei. Seu Jungkook, seu alfa, era o futuro Rei. Havia passado a vida toda mentindo. Tudo o que sabia e conhecia era uma mentira. Não existia Jungkook, o duque de Kisley, por quem havia se apaixonado, o homem que o amava e com quem se casaria, porque Jungkook era rei e nunca poderia se casar com um plebeu sem terras, dote ou qualquer valor simbólico para o reino.

Agora entendia o medo de Jungkook, a preocupação. Havia se entregado para uma mentira. Havia sido enganado e a culpa era sua, porque havia sido avisado sobre as consequências e mesmo assim, quis se encontrar sozinho com o alfa.

Sentindo seu peito apertado e a dificuldade em respirar em meio as lágrimas, se deixou cair no meio da passagem e chorou, um choro alto e sentido, desesperado, sem rumo e com o coração quebrado.

Nem ao menos se assustou ao ouvir o barulho da passagem se abrindo, porque nada mais importava. Jungkook não era seu Jungkook. Sua vida havia sido uma mentira e nada era pior do que aquilo.

— Jimin? — Lorde Kim se desesperou ao ver o ômega naquele estado.

— Eu... — Jimin não conseguia falar, estava sufocado e sua cabeça parecia explodir. — Isso dói. — Não sabia ao certo sobre o que se referia, sobre a dor física, de não conseguir respirar, ou a emocional, de ter seu coração esmagado.

— Vem, vamos pro seu quarto. — Indicou, tentando ajudar o menino a se levantar, imaginando que havia ouvido toda a conversa.

— Não. Eu... — O choro aumentou. — Eu amo ele.

— Quem? — Lorde Kim questionou confuso e preocupado, mas logo notou o cheiro forte de Jungkook que o ômega carregava. — Deus... o que aconteceu? — O Tom de voz carregava compreensão e preocupação e Jimin sabia que o mais velho havia entendido.

— Me ajuda. Por favor, me ajuda.

E Lorde Kim o ajudou. O puxou para dentro do próprio quarto com cuidado e não precisou de muito para notar que algo havia acontecido.

Havia manchas na roupa, o menino cheirava ao príncipe e pela forma como chorava, SeokJin soube o que deveria ter acontecido. O ajudou a tomar banho, o alimentou e o abraçou até que caísse no sono. E pela manhã, quando Jimin pediu que não contasse a ninguém onde estava, Jin concordou, entendia que o mais novo precisava de um tempo.

Três dias depois, Jimin finalmente disse as primeiras palavras, a voz rouca e machucada pelo choro compulsivo surpreendeu Lorde Kim. O ômega o encheu de perguntas e ouviu cada resposta com atenção.

SeokJin achou que aquilo ajudaria, mas Jimin parecia apenas mais desolado do que se era possível. E sempre que o aconselhava a sair e falar com alguém, sendo seus amigos ou seu irmão, Jimin voltava a chorar, apavorado com a ideia de enfrentar Jungkook.

Precisava se conformar que tudo estava perdido. De que o que tinha com o alfa não era e nem nunca seria real. E precisava juntar forças para conseguir olhar para Jungkook novamente.

Para encarar Jungkook de cabeça erguida e admitir com todas as palavras que: Estava tudo bem, que aquilo não era importante, que não estava despedaçado, que iria superar, juntar os pedaços e sobreviver. Sabia que não podia fugir para sempre, mesmo que aquela fosse sua vontade.

— Ele pediu para te entregar isso — Lorde Kim disse com um tom melancólico e preocupado, deixando um bilhete ao lado do ômega. — Ele parecia desesperado.

Jimin fungou, ainda agarrado às almofadas da cama, com o rosto inchado pelas noites sem dormir e o choro frequente, mas não disse nada, encarando o papel como se fosse uma cobra venenosa.

— Já faz quase um mês. Todos estão preocupados. — Jin tentou novamente, mas o ômega parecia catatônico.

Havia evitado fazer perguntas, por mais curioso e preocupado que estivesse, porque sabia que Jimin precisava pôr a cabeça no lugar antes de falar algo. E não era nenhum mistério, conseguia imaginar o problema.

— Ao menos leia a carta. — SeokJin insistiu, e prendendo o fôlego, Jimin a pegou nas mãos trêmulas, logo a abrindo e lendo seu conteúdo. — E então?

— Ele que me encontrar, disse que precisava falar comigo. — Um soluço escapou de sua garganta, e sentia que outro pico de choro começaria em breve.

— Ele deve querer te contar a verdade. Charlote e Henrique conversaram com eles a pouco tempo, irão ser apresentados formalmente como os príncipes daqui a 4 dias.

— Não sei se estou pronto para falar com ele.

— Não pode se esconder para sempre, sua mãe e seu irmão estão preocupados.

— Não consigo encarar o Yoon sabendo que Taehy está mentindo para ele também. — Foi sincero, mesmo consciente de que as situações não eram iguais. Aquilo não impediria Taehyung de ficar com seu irmão.

— Converse com ele. Fará bem para você dois. — Jimin não concordava, mas decidiu seguir o conselho e mesmo que sentindo que cairia em lágrimas a qualquer segundo, foi até o quarto que usava como ponto de encontro e esperou pelo alfa.

— Jimin? — A voz aflita e aliviada ecoou no fundo fazendo o pequeno coraçãozinho disparar, mas se manteve quieto, apenas esperando que o alfa se sentasse ao seu lado. — O que aconteceu? Você sumiu e eu fiquei tão preocupado.

Jimin não ousou levantar o olhar, esperou até que ele estivesse ao seu lado e como de costume, assistiu Jungkook pegar suas mãos.

Jimin tinha completa noção que não deveria, mas era apenas para matar a saudade, certo? Uma despedida de tudo aquilo que amava e que nunca teria. Agora sabia que Jungkook não era e nem nunca seria seu.

— Temos que conversar. — O alfa disse com a voz abalada e Jimin não sabia sobre o que o alfa falaria, se falaria sobre a noite que tiveram ou se finalmente lhe contaria a verdade.

E não sabia o que era pior, porque não queria ouvir o alfa falar sobre aquilo. Era covarde e sabia que era errado e injusto, porque Jungkook também deveria ter se machucado no caminho, mas não queria ouvir ele pedir desculpas pelo que haviam vivido juntos.

Mas notando a dificuldade de Jungkook em falar, Jimin decidiu dar o primeiro passo e remover como um curativo, para que machucasse e então pudesse se curar depois.

— Veio me contar que é o futuro rei?

Os olhos de Jungkook se arregalaram e seu coração parou, assim como sua respiração.

Durante todos aqueles dias acreditou que Jimin tivesse se arrependido. Que tivesse algo de errado, e se torturou em meio a hipóteses completamente desesperadas, porque Jimin havia sumido e por mais que Lorde Kim afirmasse que ele estava bem, Jungkook ainda queria ter certeza.

Mas de tudo o que havia cogitado, nem nos seus piores pesadelos, imaginou que aquele era o motivo.

— O que?

— Eu ouvi a rainha Charlote e o Lorde Kim conversando. — Um sorriso triste surgiu em seu rosto ao mesmo tempo que seu nariz pinicou, segurando o choro.

— Jimin... — Jimin o interrompeu, porque sentia que cairia em lágrimas a qualquer segundo e queria ao menos falar tudo o que sentia.

— Precisei de um tempo para me convencer de que foi real. De que tudo o que vivemos não foi uma brincadeira de mal gosto, porque uma parte de mim sabe que você não seria capaz de algo assim. — Jimin sentia as lágrimas na beirada e Jungkook negava desesperadamente, porque a ideia daquilo ter passado pela mente de Jimin o atormentava. — Mas outra parte, sabe que você era consciente sobre tudo e que por isso estava tão apavorado naquele dia. Porque sabia que não era real, que cada promessa... — Sua fala se perdeu em meio ao choro e Jungkook não hesitou em puxá-lo para seus braços.

Jimin afundou a cabeça contra o peito do alfa e parecia tentar de toda forma controlar o choro que saia compulsivamente sem sua permissão.

— Foi real, Min. Tudo foi real. Vamos dar um jeito...

Não vamos e você sabe disso. Sabe que não tem jeito. Que eles não vão aceitar. — Fungou, tentando se controlar, mas parecia impossível, porque quando estava com o alfa era como estar nu. Tudo era sincero e intenso demais para ser contido. — O Lorde Kim me falou que o conselho convidaria todos os príncipes, princesas e nobres para a sua temporada social. Que iriam encontrar um casamento bom pra você.

Uma nova onda de choro explodiu e Jungkook não sabia como consolar o ômega, que agarrado em seu corpo, desmoronava diante dos seus olhos.

Eu queria ser forte o bastante pra ficar, mas eu não sou. — Desesperado com o que aquilo significava, Jungkook o afastou para procurar seus olhos.

— O que quer dizer?

— Quer dizer que eu não sou forte o bastante para ficar e ver você se casar com outro. — Disse entre as lágrimas, sentindo seu coração se apertando. — Isso me mataria, Jun. Eu não consigo... Eu não posso fazer isso.

— Não. Não. Você não pode ir. — Jungkook negou desesperado. Não poderia viver sem o ômega. — Tem que ter um jeito.

Não tem. — Jimin negou, com o peito fundo, sentindo lágrimas quentes escorrendo pelo seu rosto. — Isso só vai machucar nós dois ainda mais.

Jungkook sentiu quando seu coração escureceu. Ver Jimin chorando daquela forma era de longe a pior coisa que já havia vivido.

— Eu nunca quis te machucar. — A voz era baixa e sentida, e o puxou para um novo abraço, talvez o último.

E pela última vez, Jimin se permitiu cair sobre seu corpo, completamente sem forças para fugir, porque Jungkook era o seu refúgio, era tudo o que conhecia e tudo o que era, e saber que aquilo não era seu, apenas o destruiu ainda mais. 

| ROYALS |

Eu sempre choro nesse, pqp. 

Espero que estejam gostando

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top